Celso Amorim em Audiência na Câmara - 9 de junho 2010 - foto Agência Brasil

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O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, afirmou hoje (9) que o Brasil votou contra as sanções ao Irã no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) porque não deve ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e pode seguir suas convicções. O chanceler negou que a posição brasileira, acompanhada pelos turcos, seja de isolamento. Mais uma vez, o diplomata reiterou o direito de os iranianos desenvolverem seu programa nuclear.

“O Brasil não está defendendo o Irã, mas defendendo a paz, concebida pelos Estados Unidos e a Agência Internacional de Energia Atômica [Aiea]”, disse o chanceler, em audiência pública na Câmara dos Deputados.

Em seguida, Amorim ratificou a defesa do voto brasileiro contrário às sanções. “Felizmente o Brasil não deve ao FMI e votou de acordo com suas convicções. Não me sinto isolado, eu me sinto em boa companhia. Não vejo esse desgaste e não percebo isso. Eu ando sem segurança e converso com as pessoas nas ruas”, disse ele.

Brasil e Turquia podem deixar de intermediar negociações com Irã em acordo sobre urânio

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, reconheceu hoje (9) que o Brasil e a Turquia podem não dar continuidade às tentativas de negociações em busca de um acordo para o fim do impasse envolvendo o Irã e a comunidade internacional. O chanceler disse que a indefinição se deve à dependência das reações do governo do presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad depois que o Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) aplicou sanções contra seu país. Segundo Amorim, sob sanções, a possibilidade de o Irã negociar se tornam mais difíceis.

“Não sei se o Brasil e a Turquia vão continuar a trabalhar para buscar um acordo”, disse Amorim, em entrevista coletiva concedida no Palácio Itamaraty. “Sob sanções, a possibilidade de o Irã vir a negociar é muito menor. É o fim de uma etapa, de um processo”, concluiu. “Foi uma decisão irrazoável [a definição pelas sanções ao Irã por parte do Conselho de Segurança].”

Celso Amorim em entrevista no Itamaraty - 9 de junho 2010 - foto Agência Brasil

Para o chanceler, as relações entre o Brasil e os Estados Unidos não serão prejudicadas pelas divergências no Conselho de Segurança da ONU. “Espero que a nossa relação continue se aprofundando, como já houve tantas outras discordâncias”, afirmou Amorim, sem demonstrar preocupação com o acirramento das tensões.

Segundo o ministro, as divergências são naturais entre os grandes países. “Não conheço um país grande que não tenha tido discordâncias em relação aos Estados Unidos. Por exemplo: França e Rússia tiveram [divergências]. Temos de nos acostumar que somos um país grande.”

Amorim afirmou que, para se firmar uma parceria estratégica, é necessário que todos estejam em um mesmo nível e não em posições de comando e obediência. “Eu quero uma parceria estratégica com os Estados Unidos. Se houver uma posição de subserviência, não será uma parceria estratégica, mas o alinhamento automático”, declarou.

Dos 15 países que integram o Conselho de Segurança da ONU, 12 votaram hoje a favor das sanções. Somente o Brasil e a Turquia foram contra, enquanto o Líbano se absteve. Em maio, os dois países contrários à decisão intermediaram acordo para que o Irã enviasse urânio leventemente enriquecido a 3,5% para a Turquia, recebendo de volta o produto enriquecido a 20%. Para grande parte da comunidade internacional, o programa nuclear iraniano é uma ameaça pois esconderia a produção de armas atômicas.

As resoluções aprovadas hoje definem várias limitações para o Irã que afetarão os setores do comércio, militar, de empresas marítimas e de operações bancárias. Entre as medidas, haverá uma fiscalização mais intensa aos carregamentos de exportação destinados ao Irã, a suspensão da venda de armas pesadas para o país e uma rigorosa inspeção nos navios de origem iraniana.

Decisão do Conselho de Segurança da ONU sobre o Irã foi um “equívoco”, diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva classificou como um “equívoco” a decisão” tomada hoje (9) pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) de impor sanções ao Irã. Para Lula, a decisão foi tomada por “birra” e joga fora a oportunidade de negociação com o Irã aberta por Brasil e Turquia.

“Em vez chamarem o Irã para a mesa [de negociação], eles resolveram, na minha opinião pessoal, apenas por birra, manter a sanção. Acho que foi um equívoco a tomada de decisão. Às vezes, me dá a impressão daquele pai duro que é obrigado a dar umas palmadas no filho, mesmo que ele não mereça. Acho que o Conselho de Segurança jogou fora uma oportunidade histórica de negociar tranquilamente o programa nuclear iraniano”, disse, depois de participar de evento em Natal (RN).

Segundo Lula, o Brasil e a Turquia, ao assinarem um acordo com o Irã sobre o enriquecimento de urânio, deram aos outros países a oportunidade de negociar e eles provaram que não queriam negociar. Mais uma vez, o presidente defendeu a reforma do Conselho de Segurança da ONU, afirmando que a instância não representa mais a realidade política do mundo. Segundo ele, a decisão tomada hoje de impor sanções ao Irã enfraquece o conselho.

O presidente afirmou ter conversado por telefone, pela manhã, com o primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan. Ambos fecharam a posição de votar contra as sanções na reunião do conselho. “Espero que o companheiro Ahmadinejad [Mahmoud Ahmadinejad, presidente do Irã] continue tranquilo”, completou Lula.

O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou no final da manhã de hoje um novo pacote de sanções contra o Irã. Dos 15 países que compõem o órgão, 12 votaram favoravelmente. Apenas o Brasil e a Turquia foram contrários e o Líbano se absteve.

Para a maioria dos integrantes do conselho, o programa nuclear iraniano é uma ameaça por esconder a produção de armas atômicas e não seguir as orientações da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea).

FONTE / FOTOS: Agência Brasil

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Tito
Tito
14 anos atrás

Ta bom Celsito, o Brasil não deve ao FMI, e que que o c… tem haver com as calças?

Rogério
Rogério
14 anos atrás

É Tito, com essa frase fica bem evidente que isso foi uma jogada eleitoreira, a la Chavito.

[]s

Vader
14 anos atrás

O Brasil não deve ao FMI???????? Foi por isso que votou contra 12 dos 15 países do Conselho de Segurança da ONU, incluindo nestes 12 as 5 potências nucleares com poder de veto, diga-se de passagem competidoras ferozes entre si? Deixa eu ver se eu entendi: porque “não deve ao FMI”????????????? E o que que uma coisa tem a ver com outra, que mal lhe pergunte? 🙂 Ou isso é mais uma de suas piadas, como a de que Mel Zelaya não tentou o golpe em Honduras, ou de que os 10.000 soldados do USMC no Haiti iriam seguir as… Read more »

Tito
Tito
14 anos atrás

iap49 disse:
10 de junho de 2010 às 1:36

giap49 disse:
10 de junho de 2010 às 1:41

Pô cara, você já tentou acupuntura?

Vader
14 anos atrás

giap49 disse:
10 de junho de 2010 às 1:41

“Na verdade eles criaram uma nova diplomacia”

Uma que funciona muito bem, como visto… 🙂

PS: não queira dourar a pílula não parceiro: a diplomacia do Itamaralívia de Lula, MAG e CA é um fiasco e um mico mundial.

jawsbacc
jawsbacc
14 anos atrás

O Brasil hoje em dia se faz ouvir. E mesmo quando aparentemente não vence, como nesse caso, ganha, porque demonstra que não vai mais a reboque de quem quer que seja. Finalmente podemos andar mundo afora de cabeça erguida e em segurança, porque o Brasil luta pela paz e pelos seus interesses. Como disse Amorim, não precisamos de guarda costas e entramos e saímos de qualquer lugar sem medo. E Amorim foi preciso no que disse: Não temos mais que vincular nosso voto com a dívida com o FMI. Quem não vota não recebe ajuda. A toda poderosa Europa está… Read more »

Vader
14 anos atrás

jawsbacc disse: 10 de junho de 2010 às 11:25 Não iria comentar seu comentário, mas como vc citou-me textualmente, lá vai, vamos de “vermelho e azul”, hehehe: “Brasil hoje em dia se faz ouvir” Imagina então se não se fizesse né? Aí invês de 12 países que contrariaram a pantomima de Banânia, seriam 14 né? Que bom que somos ouvidos… Que todo mundo respeita nossas posições… 🙂 “E mesmo quando aparentemente não vence, como nesse caso, ganha, porque demonstra que não vai mais a reboque de quem quer que seja.” Mais uma vez, procuram encontrar vitória onde apenas há fragorosa… Read more »

ditongo
ditongo
14 anos atrás

Claramente foi uma alegação puramente eleitoreira do Chanceler.

Uma vez que o presidente Lula já alegou que na época de FHC “a diplomacia praticada pelo Brasil se limitava as negociações de empréstimos de “pacote$” ao FMI”.

Vader
14 anos atrás

Caro Giap, respeite meu direito de expressão, ou, se não gosta de que os outros escrevam as verdades inconvenientes que vc não gosta de ler, caia fora do Blog, até porque esse espaço é livre. Vá discursar seu proselitismo lá no Dirceu, no Nassif, no PHA, etc… Lá será bem vindo por seus pares… E bobagens diz você com seu dogmatismo esquerduxo ridículo. Tente ver a realidade e não seus sonhos vermelhuxos. E tente comentar alguma coisa que preste, só pra variar, ao invés de ficar tentando atravancar todos os meus comentários. Muitos interlocutores melhores que você já tentaram me… Read more »