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Em um avanço que pode alterar o equilíbrio da indústria global de semicondutores, a Semiconductor Manufacturing International Corporation (SMIC), principal fabricante de chips da China, conseguiu produzir processadores de 5 nanômetros sem utilizar litografia ultravioleta extrema (EUV). A informação foi divulgada pelo analista de semicondutores William Huo em publicações na plataforma X (antigo Twitter).

Impedida de acessar os equipamentos da holandesa ASML — única fornecedora de máquinas EUV — devido às sanções impostas pelos Estados Unidos e seus aliados, a SMIC adotou uma abordagem alternativa: utilizou litografia ultravioleta profunda (DUV) combinada com um processo complexo de múltiplas etapas conhecido como Self-Aligned Quadruple Patterning (SAQP).

Embora mais lenta, cara e sujeita a erros em comparação com a tecnologia EUV, a técnica permitiu à SMIC alcançar a fabricação de chips em escala de 5nm. Segundo Huo, o resultado já estaria presente em dispositivos como o Huawei Mate 60, equipado com o processador Kirin 9000S, o primeiro smartphone a oferecer chamadas via satélite antes do lançamento do iPhone 15.

O feito representa não apenas uma conquista técnica importante, mas também um forte sinal geopolítico, evidenciando a capacidade da China de avançar em semicondutores mesmo diante de restrições internacionais severas.

Até então, o consenso na indústria era de que o desenvolvimento de chips em nós abaixo de 7nm sem EUV seria praticamente inviável, um cenário que agora a SMIC começa a mudar com inovação e engenharia intensiva.

Comentário de William Huo

Durante anos, especialistas repetiram: “Sem litografia EUV, sem chips de 5nm”. No entanto, a fabricante chinesa SMIC contrariou essas previsões. Depois de lançar discretamente o chip Kirin 9000S e soluções 5G fabricadas em 7nm, a empresa melhorou ainda mais seu rendimento e densidade usando a técnica de Self-Aligned Quadruple Patterning (SAQP). Agora, a SMIC já opera na classe de 5nm — utilizando apenas litografia DUV.

O segredo? Empilhar múltiplos ciclos de litografia e gravação, uma abordagem considerada lenta, cara e tecnicamente desafiadora. A técnica de SAQP representa uma versão “forçada” da continuidade da Lei de Moore, baseada na persistência e na precisão, não na elegância.

Essa conquista parecia impossível. Washington acreditava que, ao bloquear o acesso da China aos equipamentos EUV da holandesa ASML, a indústria chinesa de semicondutores estagnaria. Em vez disso, a SMIC fabricou o nó DUV mais complexo já registrado — sem assistência externa.

Enquanto gigantes como TSMC e Samsung dependem da tecnologia EUV para fabricar chips de 5nm, a SMIC alcançou resultados comparáveis apenas com passes adicionais de DUV, controle rigoroso de dimensões críticas e alta precisão de gravação, utilizando ferramentas avançadas da fabricante chinesa AMEC, que agora rivaliza com líderes como a americana Lam Research e a japonesa TEL.

Cada chip lançado pela SMIC representa uma resposta direta às sanções: a indústria chinesa não colapsou — evoluiu. Embora os chips DUV de 5nm não estejam no mesmo nível de desempenho dos modelos mais recentes da Apple, como o M3, eles são mais do que suficientes para a maioria das cargas de trabalho de inteligência artificial, aplicações 5G e produtos de consumo de alto padrão.

E a estratégia já mostra resultados: o Huawei Mate 60, equipado com o Kirin 9000S, foi o primeiro smartphone a oferecer chamadas via satélite, superando o iPhone 15 — e tudo isso sob forte regime de sanções e sem acesso a EUV.

O futuro reserva mais surpresas. Rumores indicam que a SMIC já trabalha em um nó de 3nm usando SAOP (Self-Aligned Octuple Patterning), um processo ainda mais extremo. Enquanto o Ocidente preserva sua vantagem em EUV, a China redefine os limites da tecnologia com determinação e inovação prática, mostrando que a Lei de Moore, longe de morrer, encontrou nova vida em fábricas iluminadas por DUV em Xangai.

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Rodolfo
Rodolfo
12 horas atrás

O problema dessa técnica será o baixo yield por wafer, varios processadores serão descartados.
Mas já existem rumores que a primeira lito EUV chinesa deve ser lançada ainda esse ano pela SMEE, financiada com ajuda da Huwaei. Quando isso ocorrer, vai ser o game changer que vai acabar com o quasi monopolio da Nvidia em chips de IA.

Rafael Aires
Rafael Aires
Responder para  Rodolfo
10 horas atrás

Concordo com você. Mas acredito que o objetivo da China nem é lucrar, é ter a tecnologia.

Carlos Campos
Carlos Campos
Responder para  Rodolfo
1 hora atrás

Bora ver, se eu fosse a China faria o possível para trazer os Japoneses da Nikon e outras

Rafael Aires
Rafael Aires
10 horas atrás

A necessidade é a mãe da invenção!

Elint
Elint
Responder para  Rafael Aires
9 horas atrás

Enquanto isso, em Banárnia, discutimos quantos banheiros são necessários nos estabelecimentos, para estabelecer “funções sociais”…

George A.
George A.
Responder para  Elint
7 horas atrás

Ngm discute isso no Brasil, projetos como esses não avançam por Ciência e Tecnologia sempre serem alvos fáceis de cortes orçamentários mesmo, e como aqui a inovação é concentrada no setor público ficamos pra trás na maioria das corridas tecnológicas, isso pra não falar da estrutura de muitos campi definhando por falta de manutenção…

wilhelm
wilhelm
Responder para  Elint
7 horas atrás

Não se esqueça de outra grande inovação do governo: RG para cães e gatos.

Mas verdade seja dita: grande parte dessas pautas bizarras são importadas dos EUA e potencializadas no debate público por gente interessada em manter o país na estagnação.

Hamom
Hamom
9 horas atrás

E ainda tem alguns ”gênios”, dizendo que os chineses não são criativos…

Vinicius Momesso
Vinicius Momesso
Responder para  Hamom
8 horas atrás

Hoje Pequim é quase tão tecnológico quanto Tóquio.

wilhelm
wilhelm
Responder para  Hamom
6 horas atrás

Hoje em dia não existe região no mundo que tenha tanto fôlego e potencial para produção científica quanto os países asiáticos, especialmente a China.

Ouso dizer que eles vão carregar nas costas a maior parte da produção científica de base pelas próximas décadas.

Gabriel BR
Gabriel BR
8 horas atrás

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Heinz
Heinz
7 horas atrás

Parabéns a China por investir na sua indústria e tecnologia, sem dúvidas já é uma grande player na área de chips, junto com Japão, Coreia do Sul, Holanda, EUA e Taiwan.

Hamom
Hamom
Responder para  Heinz
5 horas atrás

Pelo que entendi;
para produzir chip menores do que 7nm,
Japão, Coreia do Sul, Holanda, EUA e Taiwan,
todos dependem da tecnologia da empresa holandesa ASML.

A China foi o primeiro país a produzir chips em escala de 5nm, sem uso da tecnologia EUV da ASML.

Carlos Campos
Carlos Campos
Responder para  Hamom
1 hora atrás

Situação rasa, a tecnologia EUV, exige patentes nos EUA, tecnologia, Holandesa, alemã e Japonesa, Japão por ter tentando ter sua máquina EUV adquiriu tecnologias chaves, mas perdeu em entregar uma máquina ao mercado antes da ASML, a A alemanha fábrica um espelho e umas lentes que sem elas não existe EUV, o resto vem da Holanda, pouco dos EUA, sei que a Intel ajudou nos custos, além de Univerdiades dos EUA

Hamom
Hamom
Responder para  Carlos Campos
1 hora atrás

Interessante, então quando produz uma máquina EUV, a empresa ASML é meio que como a Embraer produzindo um jato, com componentes oriundos de diversos países.

Última edição 1 hora atrás por Hamom
Carlos Campos
Carlos Campos
1 hora atrás

Japão já disse que conseguia fazer isso, o problema, é que os Chips de EUV serão sempre mais rápidos, e mais baratos, devido a escala.