Para entender a Guerra na Síria
Esclarecendo a Confusão: HTS, Proxies Turcos e a Ameaça a Rojava (AANES)
Muitos “especialistas” estão confusos sobre os objetivos de Hay’at Tahrir al-Sham (HTS) e do Exército Nacional Sírio (SNA), apoiado pela Turquia. Como suas ações ameaçam Rojava (Administração Autônoma do Norte e Leste da Síria – AANES)? Vamos esclarecer.
No centro desse caos estão duas principais salas de operações: Al-Fath al-Mubin (الفَتح المُبين) e Fajr al-Hurriya (فجر الحرية). Embora ambas sejam coalizões rebeldes, seus objetivos e lealdades são totalmente distintos. Al-Fath al-Mubin, liderada pelo HTS, é uma coalizão jihadista que aplica estrita sharia e foca em combater o regime de Assad. Já Fajr al-Hurriya é composta por mercenários islâmicos apoiados pela Turquia, com o objetivo de desmantelar a autonomia curda e servir aos interesses de Ancara.
Desde a queda de Aleppo, o HTS concentrou-se em manter Idlib. No entanto, suas forças agora avançam pelo norte da Síria, capturando em poucos dias mais território do que possuíam em 2014. O HTS não está apenas defendendo terreno, mas também redesenhando o mapa da Síria. Apesar de sua rápida expansão, opera de forma relativamente independente da Turquia. Durante a ofensiva de Afrin em 2018, o HTS não participou, pois estava atacando facções rivais, o que irritou Ancara. Seus objetivos nem sempre se alinham aos da Turquia.
Por outro lado, a sala de operações Fajr al-Hurriya é uma reformulação de milícias apoiadas pela Turquia, conhecidas por reciclar veteranos do ISIS, como Ahrar al-Sharqiyah. Sua razão de ser é a destruição da AANES e a eliminação da identidade curda da fronteira turca. Recentemente, Fajr al-Hurriya moveu-se de al-Bab, capturou Taduf e Aran, cortando linhas de abastecimento curdas críticas. Eles ocuparam partes da rodovia M4, isolando o bolsão curdo de Aleppo e Tel Rifaat do restante de Rojava, com o objetivo de sufocar a população curda e preparar um cerco.
Essas ações refletem os objetivos de longo prazo da Turquia: desmantelar a AANES, um modelo de democracia, igualdade de gênero e justiça ecológica, e promover a limpeza étnica da população curda, reassentando facções árabes pró-islamistas e suas famílias. Embora o HTS também se oponha ao secularismo da AANES, sob a liderança de Jolani, tenta rebranding como moderado e busca legitimidade internacional, algo que pode mudar dependendo das pressões políticas.
O bolsão curdo de Aleppo, incluindo Tel Rifaat, é crucial para Rojava. Se Fajr al-Hurriya cortar as rotas de abastecimento, pode desencadear um desastre humanitário para 300 mil deslocados internos (IDPs) que fugiram da invasão turca de Afrin e agora vivem no campo de Shahba. As milícias de Fajr al-Hurriya são acusadas de crimes de guerra, incluindo o brutal assassinato da política curda Hevrin Khalaf em 2019, além de limpeza étnica e execuções extrajudiciais, apesar das sanções internacionais.
Desde 2014, a inteligência turca (MİT) foi flagrada contrabandeando armas para jihadistas na Síria, incluindo o ISIS, sob o pretexto de “ajuda humanitária”. Embora jornalistas como Can Dündar tenham revelado essas ações, resultando em sua prisão, hoje essas práticas são menos ocultas. Com bilhões de dólares do Catar, acesso ao arsenal turco e treinamento intensivo de recrutas entre os dois milhões de deslocados internos em Idlib, a força esmagadora do HTS parece menos misteriosa e mais um produto de apoio estratégico calculado.
As duas salas de operações — Al-Fath al-Mubin do HTS e Fajr al-Hurriya da Turquia — representam uma ameaça existencial para Rojava: uma mais iminente e a outra mais distante. Ambas são ferramentas do Estado turco. No entanto, a luta por Rojava está longe de terminar.
FONTE: @karimfranceschi, no X / MAPA: ThomasVLinge
O sujeito autor do texto primeiro critica os “especialistas”, depois passa um enorme pano, chamando os terroristas de “coalizões rebeldes” e “mercenários islâmicos”. O autor está mais preocupado com os Curdos do que em falar a verdade, aliás, os terroristas estão capturando mulheres curdas, exatamente como o Hamas fez em Israel, além de decapitar os soldados sírios, mas claro, são apenas “moderados e rebeldes”. Esse tal “HTS” nada mais é o Estado Islâmico, EI, Daesh, ISIL, ISIS, (ou qualquer outro nome que queiram dar) com outro nome, simples assim. Quanto a quem patrocina e ajuda no treinamento desses terroristas contra… Read more »
O pessoal tem uma obsessão pelos EUA. Mesmo quando o grupo apoiado pelos EUA (SDF, ex-YPG) está apanhando, perdendo território sob o risco de sofrer (outra) limpeza étnica, o pessoal quer colocar a culpa nos EUA.
Os interesses da Turquia e dos EUA são completamente diferentes na Síria. Faz 10 anos que o Erdogan está criticando o apoio dos EUA aos curdos, mas ainda assim o pessoal acha que os grupos apoiados pela Turquia, na verdade é apoiada pelos EUA.
“O pessoal tem uma obsessão pelos EUA.” Não é “obsessão”, são fatos, simples assim! Mas, para não contrariar, e não virar uma bola de neve, vou fingir que acredito que os EUA só apóiam os curdos, e os “moderados” e agora “rebeldes” é só uma invenção criada pela própria Síria. De resto, tudo é apenas culpa da Turquia, só ela que traficava armas da Líbia para os “rebeldes” na Síria, só ela que ajudava no treinamento, só ela que recebia em seus hospitais os “rebeldes” feridos e assim por diante, os EUA e seus aliados só apóiam os curdos, confia!… Read more »
“Everything is a conspiracy when you don’t know how anything works.”
Os americanos ja abandonaram os curdos inúmeras vezes, não só na Siria como também no Iraque.
Agora é conveniente o fato que os russos estão envolvidos em campanha de bombardeiros na Siria. Essa açao desse grupo terrorista desvia tanto atenção dos russos bem como do lado iraniano que também apoia o atual governo em Damasco.
O autor desta publicação, traduzida e postada pelo Forte, combateu com as forças do YPG… É óbvio que o autor está preocupado com os curdos. Ele esteve na linha de frente, combatendo o Estado Islâmico e agora outros grupos ganham força, com apoio turco. . Mas talvez você saiba mais do que o autor, que esteve em campo, vivenciando a complexa situação daquele terreno e a trama de diferentes interesses que envolvem diferentes grupos. Talvez você seja um dos poucos no Brasil, que realmente entende algo sobre Síria. Um “especialista”, de fato, rsrsrs… E dentro de todo o teu conhecimento,… Read more »
“O autor desta publicação, traduzida e postada pelo Forte, combateu com as forças do YPG… ” Então está explicado! É por isso que ele defende mais os curdos… O que será que ele acha do Trump e dos EUA, que abandonaram eles em 2019 contra a Turquia?🤔 “Mas talvez você saiba mais do que o autor.” “Um “especialista”, de fato, rsrsrs…” Agora eu entendi! Então tem que ser um “especialista” para saber o que de fato acontece na Síria, então tu concorda com tudo o que o coronel Richard Black diz sobre a Síria, né? https://www.forte.jor.br/2022/05/29/coronel-richard-black-eua-esta-conduzindo-o-mundo-para-a-guerra-nuclear/ “Só fico curioso com… Read more »
Excelente, Bardini.
É infinitamente mais fácil entender buracos-negros e física quântica, do que entender ese “balaio de gato” de grupos terroristas / moderados / rebeldes ( chamem do que quiser ) e suas afiliações pelo OM.
Que bagunça, meu Deus.
Um território coalhado de pessoas armadas, cada grupo com objetivos e inimigos distintos, direitos humanos extintos. Não é um lugar pra se entender, só manter distância segura.
São questões religiosas (alauitas + xiitas + cristão x sunitas), étnicas (árabes x turcos x curdos) econômicas (litoral x interior) e internacionais (Rússia + Irã x Turquia x EUA) que se entrelaçam de forma caótica. A mesma receita macabra também deu origem á guerra civil no Líbano na década de 80, tirando os turcos e colocando os israelenses e palestinos na confusão. A paz só foi alcançada (no Líbano) quando houve um acordo de divisão de poder entre todos os participantes e mesmo assim uma paz precaríssima.
Impossível entender os objetivos das centenas facções que atuam no oriente médio.
Mas conseguimos rastrear os grandes patrocinadores destas turmas.
Estados Unidos, Israel, Rússia, Arábia Saudita, Catar, Irã e Turquia.
A ganância pelo poder e petróleo jamais deixará essa região em paz.
Arábia Saudita e Catar também.
A Arábia Saudita? Imagina, nem parece que ela ajudou no treinamento dos “moderados/rebeldes”…Rsrsrs.
https://jovempan.com.br/noticias/arabia-saudita-recebera-treinamento-de-rebeldes-sirios-a-pedido-dos-eua-2014-09-11.html
Será que no mundo globalizado do Século XXI ainda vale a pena gastar bilhões de dólares, ceifar a vida de centenas ou milhares de pessoas, perder anos e anos, com conquistas militares por conta de … petróleo?
Não fica mais em conta só compra-lo não?
Concordo. Então porque empresas americanas, britânicas e francesas estão “controlando” poços de petróleo no Iraque e na Síria?
Não era mais fácil deixar na mão dos locais a gestão e segurança destes locais?
Não conheço a fundo a situação dessas empresas, mas acho que para ser justo você teria que citar também a China na África.
Dependendo do ponto de vista tudo então pode ser considerado uma apropriação indevida da riqueza alheia que só subsiste por meio da força.
A compra de hoje é a negativa de amanha e consequentemente efeitos.
O ponto estratégico é garantir fluxo e reservas ao longo dos anos com condições cada vez mais favoráveis.
Seria a guerra na Séria a mais complexa (ou bagunçada) que já existiu? Precisar ter um PHD em geopolítica pra entender exatamente como aquela zona funciona.
Eu não acho tão complexa, na verdade, é até bem fácil de entender.
EUA, seus aliados e a Turquia, patrocinam os “moderados/rebeldes”, contra a Síria, nesse caso EUA e Turquia estão unidos.
Só que os EUA, também patrocinava (sim, foram abandonados pelos EUA) os curdos separatistas na fronteira turca, coisa que desagradava a Turquia.
E no meio de tudo isso, tem a Rússia, o Irã e seus fantoches terroristas ajudando o Assad.
E claro , tudo isso começou com a tal da “primavera árabe”, exatamente no mesmo estilo da “primavera africana”, que aconteceu em Burkina Faso, Mali e Niger…Rsrsrs.
Nessa briga eu claramente torço para a briga.
Eu torço pela paz.
Há 1300 anos eles querem briga. Eu fico do lado deles.
Infelizmente eles brigam há mais tempo. Um lugar desértico cheio de todos os sabores de fanáticos monoteístas. Imagina se fosse um paraíso, com um clima mais agradável…
O OM é o maior “cemitério à ceu aberto” do mundo; até mais que a própria África.
Conflito na Síria é retratado da hipocrisia da humanidade e a confusão que esta nosso mundão!
todo mundo que se diz civilizado e limpinhos estão apoiando terroristas e genocidas de todos os lados nesta colcha de retalho que virou a Síria