MTC-300 na Avibras. FOTO: JF DIORIO/ESTADÃO

Segundo matéria publicada pelo jornal O Estado de São Paulo, a Avibras, empresa brasileira da área de defesa em recuperação judicial desde 2022, está passando por um plano de salvamento que envolve capital privado nacional, com o objetivo de evitar sua falência ou venda para estrangeiros. O governo e as Forças Armadas estão envolvidos na busca por uma solução, incluindo a possibilidade de fusão com a empresa brasileira Akaer Engenharia Espacial, por meio de um grupo de investidores nacionais.

Criada em 1961, a Avibras foi pioneira no desenvolvimento de equipamentos militares, mas acumula uma dívida de R$ 600 milhões, resultando na demissão de 420 funcionários. A empresa está em recuperação judicial e conta atualmente com 900 empregados. Tentativas de compra por empresas estrangeiras, como a australiana DefendTex e a chinesa Norinco, causaram preocupação no governo brasileiro, levando à mobilização do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para encontrar uma solução nacional.

A fusão entre Avibras e Akaer busca criar a maior empresa de defesa do Brasil, com potencial de faturar US$ 1 bilhão até 2034 e empregar mais de 6 mil pessoas. Juntas, as empresas têm atualmente 4 mil funcionários, sendo que 3 mil empregos estão em risco com a possível falência da Avibras. Ambas são sediadas em São José dos Campos, e, enquanto a Avibras atende o Exército, a Akaer trabalha com a Força Aérea e o setor civil, sendo a única atualmente com projetos em andamento.

O mercado internacional de defesa apresenta uma oportunidade de crescimento, impulsionado pela escassez de armamentos decorrente dos conflitos na Ucrânia. A demanda por equipamentos militares cresceu, principalmente na Europa e na Ásia, levando os países a reforçarem suas defesas e aumentarem os investimentos no setor de defesa, com destaque para membros da OTAN e países como Japão e Filipinas.

Países árabes, como os Emirados Árabes Unidos, também buscam reforçar suas forças armadas e enfrentam dificuldades de fornecimento devido à alta demanda e restrições geopolíticas. Recentemente, o Grupo Edge, estatal de defesa dos Emirados, adquiriu participação em empresas brasileiras, como a Condor e a Siatt, visando acessar o mercado de armamentos.

Antes de entrar em recuperação judicial, a Avibras trabalhava no projeto Astros, um sistema estratégico de foguetes de artilharia de longo alcance para o Exército. Já a Akaer, com uma trajetória em projetos da Embraer, participou do desenvolvimento de aeronaves como o Super Tucano e o KC-390, além de colaborar na nacionalização do caça Gripen NG, utilizado pela Força Aérea Brasileira.

A fusão entre as empresas traria sinergias importantes, como a adaptação de tecnologias da Akaer para os lançadores de mísseis do projeto Astros. A viabilidade do projeto depende da captação de investidores nacionais e da conversão de créditos por parte de instituições financeiras, com o BNDES desempenhando um papel importante no financiamento.

A fase atual do processo envolve a busca por investidores e a formação de um consórcio de bancos para financiar o plano de recuperação. O BNDES e dois bancos privados estão analisando a conversão de créditos em participação acionária, com a expectativa de manter o controle nacional, limitando a participação estrangeira a um máximo de 20%.

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Willber Rodrigues
Willber Rodrigues
6 horas atrás

“Já a Akaer, com uma trajetória em projetos da Embraer, participou do desenvolvimento de aeronaves como o Super Tucano e o KC-390, além de colaborar na nacionalização do caça Gripen NG, utilizado pela Força Aérea Brasileira.”

Talvez seja apenas desejo meu, mas eu vejo isso como o impulso que faltava pra uma versão do Matador transportada pelo Gripen.
No mais, eu fico feliz em saber que tem gente que está realmente se mexendo pra evitar que a Avibrás seja uma Engesa 2.

PS: espero que se livrem da diretoria da Avibrás nesse processo…

Brito
Brito
Reply to  Willber Rodrigues
6 horas atrás

Mas já existe amigo, o MICLA BR, ar/ terra…

Willber Rodrigues
Willber Rodrigues
Reply to  Brito
5 horas atrás

Aquele MICLA-BR, que não tem mais nenhuma notícia de algo relacionado a ele nos últimos 2 anos?
Esse míssil está no mesmo limbo que o MSS esteve nas últimas décadas. Esta na geladeira, e não me parece que “alguém” vá tirá-lo de lá a curto prazo….

Willber Rodrigues
Willber Rodrigues
6 horas atrás
Vitor Botafogo
Vitor Botafogo
6 horas atrás

Me parece a melhor solução até então.

737-800RJ
737-800RJ
6 horas atrás

Seria excelente.
E isso ocorrendo, tenho CERTEZA de que o Exército Brasileiro compraria várias centenas de MTC-300, o que seria ótimo para os dois.
Tenho tanta certeza de uma aquisição desse porte por parte do EB que apostaria minha MV Agusta Brutale RR imaginária! 🤝🏻

Samuel Asafe
Samuel Asafe
Reply to  737-800RJ
4 horas atrás

Também acredito, o eb tem um gape imenso em matéria de mísseis; eles procurarão preencher essa lacuna assim que uma opção viável e nacional estiver disponível.

Carlos Campos
Carlos Campos
Reply to  737-800RJ
3 horas atrás

Eu ia te dar os parabés de não ter uma Ducati, e sim uma moto mais exclusiva e linda da MV, aí ela é imaginária, de qualquer forma vc tem bom gosto pra motos

737-800RJ
737-800RJ
Reply to  Carlos Campos
3 horas atrás

Obrigado, Carlos. Eu a tenho em meus sonhos.
Falta a grana, mas a vontade está sempre disponível.
Quem sabe um dia as duas se encontram?

Felipe
Felipe
Reply to  737-800RJ
1 hora atrás

O EB assinou um contrato de 100 mísseis MTC300 para depois do fim do seu desenvolvimento. Problema que o missel até hoje não entrou em produção.

Iran
Iran
Reply to  737-800RJ
1 hora atrás

EB compraria MTC-300, provavelmente a MB também, e teríamos o MICLA na FAB. Chuto, inclusive, que muitos países latinos e até na Ásia (incluindo OM) iriam ficar de olho nesses produtos.

Nilo
Nilo
4 horas atrás

A fusão entre Avibras e Akaer, certamente irá acontecer, será extraordinário, visto a competencia do eng. César Silva da Akaer, hoje essa empresa está em projetos das 3 Forças e tem reconhecimento internacional, com o potencial da infraestrutura da Avibras mais seus produtos, com possibilidade de termos uma óutra empresa a nível da Embraer, falo isso porque César demonstrou pretenções de atender também o mercado civil com sua soluções de engenharia.

Carlos Pietro
Carlos Pietro
4 horas atrás

Que notícia maravilhosa! Que se concretize o mais rápido possível.

Carlos Campos
Carlos Campos
3 horas atrás

Akaer em termos de enegenharia aeronáutica está no mesmo patamar de qualquer grande empresa, tendo trabalhado em projetos da Airbus, Boeing e Embraer, tem capacidade de projetar satélites, agora vai ter a capacidade de fazer foguetes e mísseis, e nessa área ela já atua fornecendo optrônicos para mísseis, e o Cascavel NG

Thiago Martins
Thiago Martins
3 horas atrás

Um governo que realmente luta para manter uma empresa dessa importância nas mãos de empresas nacionais. Parabéns pelo esforço.

Iran
Iran
Reply to  Thiago Martins
1 hora atrás

E é bom que isso q isso q vc disse fique bem claro.
Ações reais de um governo importam mais do que retórica e polarização.

Last edited 1 hora atrás by Iran
Emmanuel
Emmanuel
3 horas atrás

Seria algo muito bom.
Quem sabe o programa Astros não ganha um mais fôlego com novos mísseis e clientes.

Werner
Werner
3 horas atrás

Agora sim,nada de estrangeiros.
E mudar toda a direção e aumentar o portfólio de produtos.

Aéreo
Aéreo
3 horas atrás

Vai afundar a Akaer.

Filipe Prestes
Filipe Prestes
2 horas atrás

Meu único receio nessa fusão é que a diretoria da Avibrás, fruta podre, termine por apodrecer o todo e fazer murchar também a Akaer. Espero sinceramente estar errado e que o CEO atual da Avibrás passe bem longe de ter qualquer cargo de gerência nessa futura empresa reesultante da fusão tão necessária para a manutenção de tecnologias sensíveis á soberania nacional.

Emerson Gaspar Fermino
Emerson Gaspar Fermino
Reply to  Filipe Prestes
2 horas atrás

O diretor Almir Borges tem muita culpa nessa recuperação judicial

Nilo
Nilo
Reply to  Filipe Prestes
2 horas atrás

Certamente o atual dono majoritário da Avibras estará fora da gestão da empresa, o João, depois da FAB tirar da parceria da fábrica do motor S-50, com possibilidade de ver outras parcerias não prosperar, deve ter se tornado menos exigente, já que viu o governo demonstrar ser contrário também a negociação com empresas que não nacional. Vai ficar só contando as moedas dos rendimentos.

EduardoSP
EduardoSP
2 horas atrás

Só mais um daqueles arranjos do crony capitalism brasileiro.
Muita falação, palavras bonitas como desenvolvimento, estratégico, soberania, sinergia, etc. e, no final, o governo transfere muita grana da sociedade para um pequeno grupo de empresários.
Cansado de ver isso, na indústria do petróleo, na construção pesada, na área de energia elétrica, nas telecomunicações, na aviação civil, na indústria naval…..

Silva Junior
Silva Junior
Reply to  EduardoSP
1 hora atrás

Sim. Mais um mimimi de empresa cabide de emprego brasileira. Está ópera já e conhecida. Vende logo para o exterior e acaba com estes cabides de emprego…
Já passou da hora

Last edited 1 hora atrás by Silva Junior
Iran
Iran
1 hora atrás

Acho que muita gente conjecturava a EMBRAER comprar a Avibrás, mas se for a Akaer ou qualquer outra empresa brasileira competente eu apoio. Vida longa á BID.

Iran
Iran
59 minutos atrás

Já começo a ter delírios sobre um programa espacial brasileiro, mísseis balísticos, sistema AA nacional, mísseis com sistema scramjet etc kkkk