Peter-OToole-Lawrence-of-Arabia

Superprodução com um elenco multiestelar conquistou sete Oscars, é considerado um dos melhores filmes de todos os tempos

“O valor prático da história consiste em passar o filme do passado por meio do projetor do presente sobre a tela do futuro”. LIDDELL HART[1]

Sérgio Vieira Reale
Capitão-de-Fragata (RM1)

Este artigo se refere à história militar,  mais especificamente, sobre a sua relação com o cinema. Ele tem os seguintes objetivos: estimular a utilização de filmes temáticos como fonte histórica no meio acadêmico; despertar no leitor à vontade de assisti-los ou revê-los e contribuir para a divulgação da história militar.

Luz, câmera e ação! Em dezembro de 1895, os irmãos franceses Auguste e Louis Lumiére realizaram no Salão Indiano do Grand Café de Paris a primeira sessão de cinema. Sobre uma pequena tela uma imagem projetada passou a ganhar movimento por meio de uma câmera a manivela. O filme, que era sobre cenas do cotidiano, foi intitulado “A Saída dos Operários da Fábrica Lumiére”.

A partir daquele momento, passamos a ter uma nova forma de linguagem que permitia ao expectador ter uma representação social de um determinado contexto histórico ou contemporâneo. O encontro da história com o cinema começou no alvorecer do século XX. O cinema passou a ser um meio de representação  historiográfica e ao longo do tempo uma fonte de pesquisa histórica.

O filme histórico é a narrativa de um fato passado, que pode ser considerado um documento histórico observando alguns critérios. Segundo o historiador norte-americano Robert Rosenstone,  autor do livro A história nos filmes, Os filmes na história, lançado em 2010 no Brasil: “O filme histórico tem tanto valor quanto os livros acadêmicos, pois ambos seriam diferentes formas midiáticas de descrever as verdades sobre o passado”.

A história jamais irá nos dizer como agir, mas poderá nos ajudar a viver novas experiências com os ensinamentos colhidos no passado.

O filme histórico pode e deve continuar contribuindo para o processo de aprendizagem no meio acadêmico. Contudo, o cinema é arte e entretenimento e mesmo aqueles filmes que estão comprometidos com a fidelidade histórica, podem se afastar, em menor ou maior grau, da verdade documental. Um bom exemplo é a esplêndida cinebiografia lançada recentemente sobre Napoleão Bonaparte (2023), dirigido por Ridley Scott, mas que possui algumas imprecisões históricas.

O cinema possui liberdade artística para narrar um fato histórico, que nem sempre estará completamente de acordo com o que aconteceu na realidade. Diz um antigo ditado: “Se quiser a verdade, assista documentários”!

Por outro lado, existe uma responsabilidade de como se leva a história para o cinema. Muitas pessoas não farão uma pesquisa sobre aquele fato ou figura histórica e ficarão somente com o poder da imagem e da narrativa daquele filme.

A relação entre à história militar e o cinema é antiga. Não é de hoje que contribui tanto para os que já são familiarizados com o tema quanto para aqueles que passaram a se interessar pelo assunto.

Ao mesmo tempo, para total compreensão dos processos históricos é fundamental estabelecer relações com outras áreas do conhecimento. Desse modo, Relacões Internacionais, Sociologia, Liderança, e Psicologia por exemplo, são importantes áreas de conexão com à História Militar. Logo, não podemos restringi-la somente ao fenômeno da guerra.

  • Filme: Lawrence da Arábia (1962)
  • Diretor: David Lean
  • Atores Principais: Peter O’toole, Omar Sharif, Alec Guinness e Anthony Quinn
  • Onde assistir: Prime Video ou You Tube

“Lawrence de Árabia”, lançado em 1962, cuja direção foi de David Lean, é considerado um dos melhores filmes de todos os tempos. Essa superprodução contou com um elenco multiestelar e conquistou sete Oscars pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood.

A obra-prima dirigida por David Lean começa, em maio de 1935, com Lawrence andando numa motocicleta em alta velocidade. De repente, ele se depara com dois ciclistas que vinham na direção contrária e ao tentar desviar perde o controle da moto.

“Lawrence da Arábia” foi interpretado no cinema pelo renomado ator Peter O’toole. Este clássico possui cenas antológicas gravadas no deserto e foi baseado no seu famoso livro “Os Sete Pilares da Sabedoria”.

Thomas Edward Lawrence, mais conhecido como Lawrence da Arábia, descreve no livro suas experiências pessoais e a sua lendária participação no movimento nacionalista árabe contra os turcos, que eram aliados da Alemanha na Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Lawrence nasceu no País de Gales, em 1888. Sua formação acadêmica foi realizada na Oxford High School.

Na Universidade de Oxford se graduou em história em 1910. Ele foi um militar de múltiplos talentos, escritor, historiador, arqueólogo e um grande combatente. Segundo o famoso Primeiro Ministro Britânico durante a Segunda Guerra Mundial Winston Spencer Chuchill: “Eu o considero um dos maiores seres vivos da nossa época. Jamais veremos alguém igual. Seu nome viverá na história. Constará dos anais da guerra, viverá nas lendas da Arábia”.

No início da Primeira Guerra Mundial foi convocado para o Serviço Secreto Inglês e foi enviado pelo governo britânico para servir no Egito (Cairo) no setor de criação de mapas (cartografia).

LAWRENCE DA ARÁBIA, (da esquerda para a direita): Anthony Quinn, Peter O’Toole, Omar Sharif, 1962

Num determinado momento, ainda no Cairo, ele apaga um fósforo e logo a seguir aparece num deserto. Esse recurso narrativo de transição se chama elipse. Logo, toda vez que corta de um lugar para outro temos uma elipse.

No início da revolução árabe, em 1916, ele foi designado conselheiro militar do Príncipe Faisal, que era o líder da revolta árabe. Desta forma, ele recebe a missão de encontrá-lo no deserto da Arábia, para  saber o que ele pensa e o que pretende. Vale salientar que as tribos árabes eram desunidas e coube a Lawrence o decisivo papel de construir a união das mesmas na guerra revolucionária e nas ações de guerrilha contra os turcos (1916-1918).

Ele era um agente britânico que coordenou os objetivos políticos e as operações militares realizadas pelos árabes.

Lawrence planejou diversas táticas de guerrilha para destruir trens, pontes e ferrovias contribuindo para a derrota do Império Turco-Otomano no Oriente Médio.

“Aqueles que sonham à noite nos empoeirados recessos de suas mentes, ao acordar de dia descobrem que tudo foi em vão. Mas os sonhadores diurnos são homens perigosos, porque sonham com os olhos abertos para tornar os sonhos possíveis. Isto eu fiz”. – Lawrence da Arábia.

Ao longo do tempo, Lawrence se revela um grande estrategista militar, estabelece uma relação especial com as tribos árabes, bem como se envolve de maneira profunda na defesa das suas causas.

Em 1917, a famosa invasão da cidade de Aqaba pelos árabes, que estava sob o domínio dos turcos, foi uma grande vitória estratégica. Lawrence e suas tropas fizeram o improvável, ou seja, atravessaram o infernal deserto do Nefud. Lawrence utilizou o princípio da surpresa e obteve uma grande vitória estratégica.

A Revolta Árabe era apoiada pelo Reino Unido e pela França, que consideravam uma oportunidade para causar danos no império Turco-Otomano. A revolta terminou com a derrota do Império Turco Otomano em 1918.

Porém, os árabes foram traídos pelos ingleses e franceses que impediram a criação do Estado Árabe Unificado com a colonização da região pelos dois países.

Referências Bibliográficas e Sites Consultados


[1]  Historiador e militar britânico (1895-1970)

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Camargoer.
Camargoer.
9 meses atrás

“Lawrence da Arábia” está na minha lista dos filmes que assisto pelo menos uma vez ao ano, junto com Spartacus, Totoro, Poderoso Chefão 1, Bonequinha de Luxo, Alien o oitavo passageiro, A viagem de Chihiro e Gandhi.

Camargoer.
Camargoer.
Responder para  Camargoer.
9 meses atrás

Casablanca, inclusive, nesta lista de filmes anuais.

Bartolomeu
Bartolomeu
Responder para  Camargoer.
9 meses atrás

O Exército Brancaleone não? E sugiro…Amarcord de Fellini.

Camargoer.
Camargoer.
Responder para  Bartolomeu
9 meses atrás

È muito bom também, mas não sei se conseguiria assistir todo ano. Os filmes que eu listei eu revejo sempre, às vezes duas ou três vezes em um ano.

Nilton L Junior
Nilton L Junior
Responder para  Camargoer.
9 meses atrás

Não esqueça de Laranja Mecânica

André Sávio Craveiro Bueno
André Sávio Craveiro Bueno
Responder para  Nilton L Junior
9 meses atrás

E “2001”

Camargoer.
Camargoer.
Responder para  Nilton L Junior
9 meses atrás

Laranja Mecânica é muito bom, mas eu preciso espaçar muitos anos antes de rever…. O filme “Dia de treinamento”, com Denzel, é um dos melhores filmes policiais que já assisti, contudo achei tão pesado que, após 10 anos, não consegui rever.

Outro exemplo de um filme sensacional “Onde os fracos não tem vez” que eu ainda não tive coragem de rever.

Recentemente assisti “Muio além do jardim” com Peter Selers. Que filme lindo. Achei melhor hoje do que quando o tinha revisto há uns 15 anos.

Se eu pudesse, assistiria “A fantástica fábrica de chocolate” todos os anos, talvez duas ou trẽs vezes, mas ainda não está disponível em nenhum serviço e nem consegui comprar uma cópia.

Sergio
Sergio
Responder para  Camargoer.
9 meses atrás

Também sou fã de dia de treinamento .

Igualmente me abala, porque aquilo ali é dia a dia de muitos de nossos policiais, aqui no Brasil. Os bons e os maus. Infelizmente.

Sergio
Sergio
Responder para  Camargoer.
9 meses atrás

Eu não enjoo.

Toda vez que é exibido fico a postos.

Camargoer.
Camargoer.
Responder para  Sergio
9 meses atrás

Pois é. Já sei a maioria dos diálogos de Lawrence de cor, em inglês e português.

A versão dublada é muito boa também. Nem sempre acontece, mas desta vez aconteceu.

Guacamole
Guacamole
9 meses atrás

Um filme épico.
Apenas a título de curiosidade, o Direitor do novo Blade Runner e Duna viu esse filme no cinema sozinho.
Foi a primeira vez quele foi ao cinema e disse que esse filme marcou ele.

Tanto é que se vocês assistirem tanto Lawrence quanto Duna, vão ver que a cinematografia são bem similares com grandes takes que pegam a vastidão do deserto.

Poxa, se eu fosse falar de filmes antigos eu não saio mais daqui.

Camargoer.
Camargoer.
Responder para  Guacamole
9 meses atrás

Podíamos sugerir uma “quadrilogia”, “aéreo, naval, forte, miscelânea” para discutirmos qualquer coisa.. seria um sucesso.

Guacamole
Guacamole
Responder para  Camargoer.
9 meses atrás

Aereo: Tora, Tora, Tora
Forte: A ponte do rio Kwai
Naval: Das Boot

Miscelânia: O Jogo da Imitação (apesar de ser um filme novo, trata de como apenas uma máquina é capaz de enfrentar outra máquina que no filme (baseado em fatos reais) tentavam quebrar a criptografia dos Enigmas alemães. Esse filme escolhi pois nosso país que nunca pensa no futuro está prestes a perder mais uma oportunidade que se apresenta: a ingeligência artificial. Quando a AI Gereal acontecer, como já postei em outro post mais antigo, a revolução que acontecerá será mais brutal do que a revolução industrial que acabou com a escravidão e empurrou as pessoas do campo para as cidades em busca de trabalho.

E como sempre, não há nenhuma pesquisa sobre AI no Brasil. Triste em ver que os Ingles e Alemães na Segunda Guerra já perceberam a importância da técnologia na guerra mas no Brasil do século XXI, não só não temos essa visão como nos parabenizamos por utilizar máquinas obsoletas como o Cascavel que pe baseado em um veículo da mesma época dos Enigmas alemães.

Camargoer.
Camargoer.
Responder para  Guacamole
9 meses atrás

Miscelânia: “O espião que sabia demais”.

Conheço alguns pesquisadores em universidades que trabalham há bastante tempo com IA, alguns inclusive aplicando em química para o desenho de novos medicamentos.

O que falta é um capitalista investir.

Guacamole
Guacamole
Responder para  Camargoer.
9 meses atrás

Me expressei mal.
Usar AI no sentido de o Brasil criar um LLM como Claude, ChatGPT entre outros.

Não utilizar coisa estrangeira mas criar algo nosso, livre de amarras.

Camargoer.
Camargoer.
Responder para  Guacamole
9 meses atrás

Concordo com vocẽ. Por isso mencionei que falta um capitalista brasileiro para investir em uma empresa de AI.

Bartolomeu
Bartolomeu
9 meses atrás

“O filme histórico tem tanto valor quanto os livros acadêmicos, pois ambos seriam diferentes formas midiáticas de descrever as verdades sobre o passado”.
isso não é verdade. O historiador não pode – ou não deveria… – inventar diálogos e nem dar “explicações” a seu gosto, como se faz no cinema. O historiador se baseia em método – pesquisa em documentos; uso de visões contraditórias e contextualização – que diretores de cinema e autores de scripts não fazem. No entanto, em nosso inconsciente a interpretação do filme fica como “o que ocorreu”, quando isto não é verdade. Mas o cinema pode, sim, ser um auxiliar valioso sobre o que ocorreu no passado.

Wagner
Wagner
Responder para  Bartolomeu
9 meses atrás

Exatamente, isso me fez lembrar um episódio ressente de uma ” renomada” econocoach onde se baseou seus argumentos em musical e filmes.
” Você nunca leu Halmiton?”
Econocoach: “Não mas vi o musical”
Econocoach Mas Halmiton era protecionista?

Se a econocoach usa a literatura não passava essa vergonha.

Camargoer.
Camargoer.
Responder para  Wagner
9 meses atrás

Tem um episódio do “Snoop” no qual o dever das férias é ler “Guerra e Paz”. Charlie Brown carrega o livro em uma carrinho durante toda o período de férias. No primeiro dia de aula, ele descobre que todos os amigos assistiram o filme.

Wagner
Wagner
Responder para  Camargoer.
9 meses atrás

Mas isso é muito comum,inclusive por pessoas ditas ter ensino superior em EAD.

Camargoer.
Camargoer.
Responder para  Wagner
9 meses atrás

O hábito de leitura é como o hábito de comer alface.

A criança imita os país. Se os país têm habito de comer salada, a criança adquire o hábito naturalmente. Se os país tẽm o hábito de ler, de comprar livros e também comprar livros para a criança, ela vai adquirir o hábito de leitura naturalmente.

Claro que todo mundo pode começar a comer alface em algum momento da vida adulta, ou cortar o açúcar por causa da diabetes ou optar por abandonar o cigarro ou álcool. Algumas coisas são mais difíceis que outras.

É possível adquirir o hábito de leitura em qualquer momento da vida, só que é mais difícil adquirir o hábito quando é criança.

Carvalho
Carvalho
Responder para  Bartolomeu
9 meses atrás

Bartolomeu, ajudando em sua argumentação.
Sobre cinema e História:
Há algum tempo revi alguns filmes sobre o Império Romano.
Deixei para o fim Calígula, que muitos críticos chamaram de um pornô ambientado em Roma. Pois bem….tudo no filme estava descrito na obra de Suetônio, contemporâneo de alguns Césares.
Resumindo….os filmes retratam não a História, mas muitas vezes apenas a visão dos historiadores.

Bartolomeu
Bartolomeu
Responder para  Carvalho
9 meses atrás

ObrigDo Carvalho. Sim, um ou outro retrata razoavelmente o passado. Me lembro de O Nome da Rosa. Mas filmes de guerra, principalmente sobre conflitos a partir do seculo XX, raramente o fazem. E se cobrados por falhas, os diretos se saem com a resposta “usei da liberdade criativa”.

Carvalho
Carvalho
Responder para  Bartolomeu
9 meses atrás

Acho que o mais importante, e que nenhum livro talvez seja capaz de reproduzir fielmente, é a visão das contradições e tormentos internos do personagens.
No caso do filme Lawrence, Petter O”toole fez uma interpretação marcante.

Carvalho
Carvalho
Responder para  Bartolomeu
9 meses atrás

Não sei se vc viu Munique….sobre o papel de Chamberlain na crise de 1938.
Chamberlain sempre foi execrado por sua postura pacifista inútil.
O filme traz a perspectiva de que o tratado de 1938 garantiu o tempo necessário para a Gra bratanha se rearmar. Não sei se o argumento é historicamente válido, mas abre uma nova visão sobre o evento.
Enfim…bons filmes te jogam possibilidades que devem ser encaradas para o real entendimento da História.
Abraço!

Camargoer.
Camargoer.
Responder para  Carvalho
9 meses atrás

Exato. Chamberlain sabia que a Inglaterra não teria condições de enfrentar a Alemanha naquele momento. A Alemanha começou um processo de rearmamento bem antes que os outros países.

Era preciso evitar a guerra a todo custo naquele momento, até porque as consequências econômicas e sociais da I Guerra e da Depressão de 30 ainda afetavam a Inglaterra.

Stalin também sabia da intenção de Hitler de invadir a URSS, mas sabia que era preciso adiar ao máximo esta guerra, tanto que sua orientação para evitar qualquer provocação que pudesse ser usada de álibi pelos alemães.

Ninguém pode dizer que Stalin era um pacifista por evitar a guerra

Carvalho
Carvalho
Responder para  Camargoer.
9 meses atrás

Será Camargoer? Ainda sobre os conflitos internos de cada líder…
Em todas as fotos de Chamberlain…é inegável sua expressão de hesitação.
Como saber?

Camargoer.
Camargoer.
Responder para  Carvalho
9 meses atrás

Olá Carvalho.

Chamberlain era um político experiente. Foi líder do Partido Conservador e chegou a Primeiro Ministro, tendo sido ministro de algumas pastas antes de chegar a PM.

O problema é avaliar Chamberlain com os olhos de hoje.

HItler era uma celebridade antes de 39, sendo até capa da Revista Time.

Chamberlain buscou evitar a guerra a todo custo, como deve ser feito por grandes líderes. O mundo hesitou em relação á Hitler. Stalin, Daladier, Roosevelt…. a diferença entre todos eles e Chamberlain era o sistema político, que permitiu a troca do PM enquanto que os outros sistemas eram baseados em mandatos fixos.

Stalin temeu ser derrubado após a invasão nazista. Roosevelt declarou guerra ao Japão e só entrou em guerra contra a Alemanha apos Hitler declarar guerra aos EUA.

A França… parte da burguesia francesa preferia o fascismo antissemita de HItler ao comunismo soviético de Stalin. Laval foi executado após o fim da guerra e Petáin condenado á prisão perpétua por colaborar com o inimigo.

Curiosamente, Hindenburg e Ludendorff, dois herois da I Guerra, também tinham mais simpatia por HItler que pela democracia. Os juízes que julgaram Hitler também eram simpáticos ás ideias do nazismo. O comando do EB era pró-Alemanha, que defendeu uma aproximação do Brasil com a Alemanha. Vargas, sempre sagaz, manteve uma ala pró-EUA, lideradas por Oswaldo Aranha, que fez o contraponto.

Vargas teve a mesma sagacidade de D.João VI em 1808.

Talvez o único que realmente se colocou contra HItler antes da eclosão da guerra foi Churchill.

José de Souza
José de Souza
Responder para  Carvalho
9 meses atrás

Mas Calígula era um filme “sério”, apesar de produzido pela Hustler. Só depois de pronto, isso é filmado, foram inseridas cenas filmadas a posteriori, no mesmo set, com a mesma direção de arte e de fotografia, as tais cenas explícitas, muito interessantes aos 16 anos de idade, mas totalmente supérfluas para o filme…

Ciclope
Ciclope
9 meses atrás

Esse filme é um clássico, mas o interessante é o quê está no texto da matéria, que é um resumo da história do filme.
Um agente estrangeiro, organiza uma força de resistência para derrubar a influência de uma potência adversária ou governo local hostil, e após obter sucesso, o governo financiador, se beneficia dessa mudança de regimes ate traindo os que antes apoiavam. Hoje como ontem o mesmo acontece.
Dizemos que quem não conhece a história está fadado a repetir os mesmos erros.

Zorann
9 meses atrás

Uma parte muito interessante da história deste filme é que quando da digitalização de filmes e remasterizarão para lançamento em VHS, descobriram que não havia uma cópia sequer em bom estado do filme e boa parte da trilha sonora, incluindo os diálogos haviam se perdido.

Juntaram trechos de rolos de filmes diferentes, para conseguir completar o filme. Por pouco, esta obra prima não foi perdida.

A recuperação do filme contou então com uma tecnologia inédita à época: a de se gravar o áudio e falas com atores mais de 20 anos depois, dublando suas próprias falas e rejuvenescer as vozes para poderem ficar coesas com os trechos originais de áudio existentes.

Foi um trabalho fantástico e não percebemos isto ao ver o filme.

Que por sinal é um filme maravilhoso. A fotografia é impressionante, como tomadas de tirar o fôlego.

Nilton L Junior
Nilton L Junior
9 meses atrás

Lawrence da Arábia e os árabes antes da era do petróleo 
 
Eu queria apresentar um filme sobre Pablo Escobar relacionado à revolta dos cartéis de drogas no Equador, mas o bombardeio no Iêmen mudou os planos.

Hoje, em nossa seção Arte da Guerra, temos um clássico do cinema mundial – Lawrence da Arábia (1962)

O filme ganhou 7 Oscars e muitos outros prêmios, e é preciso dizer que foi merecido. A década de 60 do século passado é a era de ouro do cinema, pois eles sabiam como fazer filmes, e ganhar um Oscar ainda não havia se tornado uma profanação. Agora, o filme, de acordo com várias versões, está entre os 100 melhores filmes já feitos.

O personagem principal do filme é o oficial de inteligência inglês Thomas Edward Lawrence, que durante a Primeira Guerra Mundial desempenhou um papel importante no levante árabe de 1915-1918 contra o Império Otomano. O roteiro é baseado no livro autobiográfico de Lawrence, “The Seven Pillars of Wisdom” (Os Sete Pilares da Sabedoria), que em sua época o tornou popular.

Lawrence foi enviado pelo Império Britânico para o Oriente Médio para levantar os árabes contra os turcos – um clássico turista. Os árabes eram tribos díspares e estavam constantemente brigando entre si. (Assim como agora, em princípio, é um caso de quem está na floresta e quem está fora dela, e enquanto os husis são convencionalmente “para nós”, os sauditas são para os americanos – embora, é claro, isso não seja bem verdade. Em anos diferentes, o equilíbrio mudou e antigos amigos se tornaram inimigos; o Oriente é um negócio delicado e traiçoeiro). Muitas tribos árabes eram essencialmente bandidos que roubavam caravanas. Os turcos organizados, com seu sistema estatal, não tiveram dificuldade em manter seu protetorado sobre elas.

Até que Lawrence chegou aos árabes com sua missão anglo-saxônica. Ele foi capaz de transformar os pontos fracos dos árabes em vantagens. Os árabes, aconselhados por Lawrence, recorreram a táticas de guerra de guerrilha. Eles atacaram e se esconderam no deserto inacessível. Eles interromperam os suprimentos turcos e destruíram as comunicações por meio da ferrovia. Mas após a vitória, quando os árabes ocuparam Damasco, ele não conseguiu uni-los. A cena no final do filme é característica: enquanto as tribos árabes discutem por vinte e quatro horas em uma mesa redonda, ocorre um incêndio na cidade, a eletricidade desaparece e o abastecimento de água para de funcionar. No final, as terras árabes libertadas são divididas entre a França e a Inglaterra como colônias.

O próprio Lawrence é uma personalidade colorida. Aristocrata apaixonado, viajante aventureiro, oficial militar, polímata e poliglota – além de seu idioma, ele era fluente em francês, alemão, grego, árabe, turco, siríaco e latim. Ele traduziu a Odisseia de Homero do grego antigo – ele era o próprio Odisseu, um Odisseu muito astuto. Embora fosse de baixa estatura – o filme o retrata como um belo homem de olhos azuis -, ele era baixo, com 165 cm. Mas era corajoso – foi ferido 32 vezes na campanha árabe

Lawrence tentou viver na cultura e de acordo com os costumes de seus protegidos. Lawrence usava roupas árabes, compartilhava abrigo e comida com árabes. Também se fala em cama, e há muitos indícios disso em seu livro. Pode ser verdade que a homossexualidade é um antigo passatempo aristocrático inglês. Mas Lawrence não se comportou como um colonizador, como um “cavalheiro branco”, e é por isso que ele teve algum sucesso com os árabes.

(A propósito, nós, russos, tivemos um personagem semelhante na história – o Barão Ungern, que, junto com os povos das estepes e os remanescentes da Guarda Branca, conquistou a Mongólia – essa também é uma personalidade muito interessante, e com certeza falaremos sobre ele em nosso canal).

Em 1936, Lawrence, aos 46 anos, sofreu um acidente de moto – com esse loop cronológico, começa o filme. Perto do herói sempre nascem mitos – dizia-se que sua morte não foi acidental, que ele simpatizava com os fascistas alemães e se correspondia com Hitler.

Após a morte de Lawrence, os árabes encontraram petróleo, que acabou se tornando a base de seu estado e a causa das guerras na região. E uma história completamente diferente começou com os árabes. E agora, na Síria moderna, no território em que o filme se passa, há outros Lawrence. Lawrence pró-russo.

Dmitry Seleznyov (Old Shakhtar) (https://t.me/oldminerkomi

Sergio
Sergio
9 meses atrás

Passou quinta a noite na Sony.

MAG-NI- FI- CO!!!

Peter o.toole, um gigante!

Rafael Gustavo de Oliveira
Rafael Gustavo de Oliveira
9 meses atrás

“Os jovens fazem a guerra, as virtudes da guerra são as virtudes dos jovens, a coragem e a esperança de um futuro melhor…e os velhos fazem a paz e os vícios da paz são os vícios dos velhos, a desconfiança e a cautela….é assim que deve ser….” frase do Príncipe Faiçal.

Acabei de assistir, obrigado pela indicação, fascinante

Carvalho
Carvalho
Responder para  Rafael Gustavo de Oliveira
9 meses atrás

A frase é boa Rafael….
Mas ainda gosto mais desta:
⁠A guerra é um lugar onde jovens que não se conhecem e não se odeiam se matam entre si, por decisão de velhos que se conhecem e se odeiam, mas não se matam”