Técnicas de sobrevivência na selva – orientação e navegação parte 3
Observação direta do Sol
Em dois “posts” anteriores foram mostradas técnicas de orientação com o emprego de algum equipamento, no caso relógio de ponteiros e bússola. Mas mesmo que um determinado indivíduo não possua absolutamente nada, ele ainda pode se orientar de forma bastante razoável utilizado apenas o seu conhecimento.
Na selva, ou mesmo em qualquer outro ambiente hostil à fixação do homem moderno, a observação dos elementos naturais e o emprego da natureza em auxílio próprio é basicamente a sua principal forma de sobrevivência.
A utilização dos astros para orientação é uma medida relativamente simples e de fácil emprego. Um dos astros mais utilizados é o Sol e, por esse motivo, bastante empregado. Abaixo serão apresentadas algumas técnicas de orientação e navegação com o auxílio do Sol.
Direção obtiva através do Sol do meio-dia
Com o auxílio de um galho ou de um pedaço de pau (por experiência própria digo que alguns gomos de bambu fino com menos de um metro de altura são excelentes para este caso), crava-se no solo uma estaca (pode-se usar uma pedra ou um outro pedaço de madeira para servir como marreta).
Dê prioridade a um local de insolação constante. O terreno não precisa ser totalmente plano e a estaca não precisa estar necessariamente perpendicular ao solo, embora seja preverível que a mesma esteja aprumada.
De tempos em tempos risca-se a sombra da estaca no solo (quando maior a estaca melhor a resolução das sombras). Após algumas medidas, será possível observar que a sombra da estaca diminui com o passar do dia (obviamente se as leituras começarem pela parta da manhã), chegando -se ao mínimo ao meio-dia. Depois a sombra cresce novamente.
A linha de sombra mais curta, como é de se esperar, indicará o horário (meio-dia). Mas esta mesma linha também informará o meridiano local que, em outras palavras, representa a linha norte-sul.
Uma vez identificada a linha norte-sul, basta agora saber o rumo. Neste caso, a primeira informação importante a saber é a latitude aproximada em que a pessoa está. Quanto maior a latitude, mais fácil fica de saber. Na porção sul do Brasil, por exemplo, a sombra do meio dia aponta sempre para o Sul. Conforme caminhamos em direção à linha do Equador esta situação pode variar, podendo a sombra situar-se tanto ao norte como ao sul dependendo da data e da posição do indivíduo.
Direção obtida através do nascer e do por do Sol
As crianças aprendem desde cedo que estendendo o braço direito para onde o Sol nasce teremos o Norte na nossa frente e os demais pontos cardeais a partir dele (Oeste no braço esquerdo e Sul nas costas).
Esta é uma verdade relativa que, dependendo do caso, pode levar a erros graves de navegação e orientação. Somente para ilustrar este fato, toma-se como exemplo a cidade de Porto Alegre, situada próxima ao paralelo 30ºS. Em janeiro o Norte geográfico estará a aproximadamente 117º do ponto onde nasce o Sol (e não 90º como um aluno do primário imagina) e em junho o Norte estará a aproximadamente 63º do nascer. Neste caso existe uma diferença de 54º, o que é quase o dobro da leitura feita no inverno. Mesmo para aquele observador que estiver na linha do Equador (como a cidade de Macapá) a diferença é significativa.
Portanto, a partir do exposto acima é possível observar que a determinação da direção por este método varia em função de dois fatores principais: latitude e calendário anual.
Para uma uma determinação mais precisa usa-se uma tabela de correção que relaciona estes dois fatores (latitude e dia do ano). Na prática dificilmente um indivíduo terá esta tabela na mão quando estiver em ambiente hostil. Então vale a seguinte regra: de meados de outubro até próximo do final de março o Norte verdadeiro estará um pouco para a esquerda do observador (considerando que o mesmo está com o braço esquerdo apontado para o nascer do Sol e olhando para frente). Entre o final de março e o final de setembro o Norte estará um pouco para a direita do observador.
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