Indústria global de armas: vendas das 25 maiores empresas aumentam 8,5%
ESTOCOLMO — As vendas de armas e serviços militares pelas 25 maiores empresas do setor totalizaram US$ 361 bilhões em 2019, 8,5 por cento a mais do que em 2018. As maiores empresas têm uma presença internacional geograficamente diversa. Isso está de acordo com novos dados divulgados hoje pelo Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI).
Novos dados do Banco de Dados da Indústria de Armas do SIPRI mostram que as vendas de armas pelas 25 maiores empresas de produção de armas e serviços militares (empresas de armas) totalizaram US$ 361 bilhões em 2019. Isso representa um aumento de 8,5 por cento em termos reais sobre as vendas de armas das 25 maiores empresas de armas em 2018.
As empresas dos EUA ainda dominam, Oriente Médio representado no top 25 pela primeira vez
Em 2019, as cinco principais empresas de armas estavam sediadas nos Estados Unidos: Lockheed Martin, Boeing, Northrop Grumman, Raytheon e General Dynamics. Essas cinco juntas registraram US$ 166 bilhões em vendas anuais de armas. No total, 12 empresas dos EUA aparecem entre as 25 principais em 2019, respondendo por 61 por cento das vendas de armas combinadas das 25 principais.
Pela primeira vez, uma empresa do Oriente Médio aparece no ranking das 25 primeiras. A EDGE, com sede nos Emirados Árabes Unidos, foi criada em 2019 a partir da fusão de mais de 25 empresas menores. Ela está em 22º lugar e foi responsável por 1,3% do total de vendas de armas dos 25 maiores.
“A EDGE é uma boa ilustração de como a combinação da alta demanda nacional por produtos e serviços militares com o desejo de se tornar menos dependente de fornecedores estrangeiros está impulsionando o crescimento das empresas de armamentos no Oriente Médio”, disse Pieter Wezeman, Pesquisador Sênior da Programa de Despesas Militares e de Armas do SIPRI.
Outro recém-chegado no top 25 em 2019 foi a L3Harris Technologies (10ª classificada). Ela foi criada por meio da fusão de duas empresas americanas que estavam entre as 25 melhores em 2018: Harris Corporation e L3 Technologies.
Aumento das vendas das empresas chinesas de armas, queda das vendas das empresas russas
As 25 maiores também incluem quatro empresas chinesas. Três estão entre as 10 primeiras: Aviation Industry Corporation of China (AVIC; classificada em 6ª), China Electronics Technology Group Corporation (CETC; classificada em 8ª) e China North Industries Group Corporation (NORINCO; classificado em 9ª). A receita combinada das quatro empresas chinesas entre as 25 principais – que também incluem a China South Industries Group Corporation (CSGC; classificada em 24º) – cresceu 4,8 por cento entre 2018 e 2019.
Refletindo sobre o aumento nas vendas de armas das empresas chinesas, o pesquisador sênior do SIPRI Nan Tian disse: “As empresas chinesas de armas estão se beneficiando dos programas de modernização militar para o Exército de Libertação do Popular”.
As receitas das duas empresas russas entre as 25 principais – Almaz-Antey e United Shipbuilding – diminuíram entre 2018 e 2019, em um total combinado de US$ 634 milhões. Uma terceira empresa russa, a United Aircraft, perdeu US$ 1,3 bilhão em vendas e saiu das 25 maiores em 2019.
Alexandra Kuimova, pesquisadora do SIPRI, disse: ‘A competição doméstica e a redução dos gastos do governo na modernização da frota foram dois dos principais desafios para a United Shipbuilding em 2019.’
Outros desenvolvimentos e tendências notáveis entre as 25 principais
Depois dos EUA, a China foi responsável pela segunda maior parcela das vendas de armas em 2019 pelas 25 maiores empresas de armas, com 16%. As seis empresas da Europa Ocidental juntas responderam por 18%. As duas empresas russas no ranking responderam por 3,9 por cento.
Dezenove das 25 maiores empresas de armas aumentaram suas vendas de armas em 2019 em comparação com 2018. O maior aumento absoluto na receita de armas foi registrado pela Lockheed Martin: US$ 5,1 bilhões, equivalente a 11 por cento em termos reais.
O maior aumento percentual nas vendas anuais de armas – 105% – foi relatado pelo produtor francês Dassault Aviation Group. “Um forte aumento nas entregas de exportação de aeronaves de combate Rafale empurrou a Dassault Aviation para uma das 25 maiores empresas de armamentos pela primeira vez”, disse Lucie Béraud-Sudreau, diretora do Programa de Despesas Militares e Armas do SIPRI.
O mapeamento mostra que o Sul Global está se tornando integrado à indústria global de armas
O relatório também analisa a presença internacional das 15 maiores empresas de armamento em 2019. Essas empresas estão presentes em um total de 49 países, por meio de subsidiárias de propriedade majoritária, joint ventures e instalações de pesquisa.
Com presença global abrangendo 24 países cada, a Thales e a Airbus são as duas empresas mais internacionalizadas – seguidas de perto pela Boeing (21 países), Leonardo (21 países) e Lockheed Martin (19 países).
O Reino Unido, Austrália, EUA, Canadá e Alemanha hospedam o maior número dessas entidades estrangeiras. Fora dos centros da indústria de armas da América do Norte e da Europa Ocidental, o maior número de entidades de empresas estrangeiras são hospedadas pela Austrália (38), Arábia Saudita (24), Índia (13), Singapura (11), Emirados Árabes Unidos (11) e Brasil (10).
Alexandra Marksteiner do SIPRI Arms and Military Expenditure Program disse: “Há muitas razões pelas quais as empresas de armas podem querer se estabelecer no exterior, incluindo melhor acesso a mercados em crescimento, programas de armas colaborativas ou políticas nos países anfitriões que vinculam compras de armas a transferências de tecnologia.”
Dos 49 países que hospedam entidades estrangeiras das 15 maiores empresas de armas, 17 estão em países de renda baixa e média. “Os países do Sul Global que buscam impulsionar seus programas de produção de armas deram as boas-vindas a empresas estrangeiras de armas como um meio de se beneficiar das transferências de tecnologia”, disse Diego Lopes da Silva, Pesquisador do SIPRI.
Siemon Wezeman, Pesquisador Sênior do SIPRI, disse: “As empresas de armamentos chinesas e russas entre as 15 principais têm apenas uma presença internacional limitada. Sanções contra empresas russas e limites impostos pelo governo às aquisições por empresas chinesas parecem ter desempenhado um papel na restrição de sua presença global.”
Sobre o mapeamento da presença internacional da indústria de armamentos
Este ano, o SIPRI está divulgando seu conjunto de dados sobre as vendas de armas das maiores empresas de armas do mundo, juntamente com os resultados de um exercício de mapeamento sobre a internacionalização da indústria de armas. Para isso, um novo conjunto de dados foi criado, compreendendo 400 subsidiárias, joint ventures e instalações de pesquisa vinculadas às 15 maiores empresas de armas em 2019. As fontes de dados incluíram registros de investimentos da empresa, informações em sites da empresa, registradores públicos e artigos de notícias.
Para ser incluída no mapeamento, uma entidade deveria estar ativa durante a maior parte do exercício fiscal de 2019; estar localizada em país diferente daquele em que sua matriz está sediada; e (a) fabricar bens militares ou fornecer serviços militares a clientes militares; ou (b) fabricar ou fornecer serviços para bens de dupla utilização a clientes militares.
Para ler o relatório completo (28 páginas em PDF), no site do SIPRI, clique aqui.
FONTE: SIPRI
Temos de considerar duas questões.
Primeiro o peso dos gastos governamentais americanos que dão uma turbinada nas empresas locais, mesmo às custas do mega-endividamento federal..
Segundo que, muito provavelmente, os gastos estatais russos e chineses devem estar sendo calculados em moedas locais e depois convertidas para dólar, o que distorce o valor ‘real’ dessas vendas.
Correto.
O segredo não está em gastar muito , mas em gastar bem.
A China gasta bem e aposta em tecnologias de preço vantajoso que podem ser fabricadas e empregadas em grande escala. A demanda interna chinesa sozinha já permite uma economia de escala tremenda que faz o preço unitário cair…o mercados da África , Oriente Médio , sudoeste asiático, caribe e América Latina , leste europeu vão demandar produtos relativamente baratos nessa próxima década para recuperar capacidade operacional…resumindo essa próxima década os chineses vão vender equipamento de defesa numa quantidade gigantesca !
Chora viúva da URSS.
As maiores e melhores empresas de material bélico são ocidentais.
São nada!
A maioria das vezes é transferência de renda do Governo para as empresas, tipo comprar F-18.
Ou forçar a Dinamarca a comprar F-35.
Coisa feia.
https://www.srf.ch/news/international/spionageverdacht-in-daenemark-usa-sollen-daenische-kampfjetbeschaffung-beeinflusst-haben
Transferência de renda para as empresas?? Sério isso? Você queria que eles comprassem outra aeronave para a US Navy em lugar do F-18 SH? E a china e a rússia fazem o que? Compram das indústrias deles ou de outros?
O Governo americano já declarou que encomendou F-18, inclusive, para não fechar a linha de produção.
Afinal, quem mais se interessa por esse avião?
O Super Hornet tem mais qualidade e tecnologia embarcada do que qualquer caça chinês de mesma geração, incluindo aí qualquer um dos J-10 e qualquer versão/cópia xing-ling da família Flanker…..o resto é retórica político-propagandística pró-china de sua parte….
Quanto das vendas chinesas são exportações e quanto se refere à vendas para as próprias forças deles? Quanto aos valores, ou calcula tudo em dólar, ou em real, ou em patacas, ou qualquer outra porcaria…..mas, vc quer sempre fazer uma relativização em favor da china…..
Idem para os americanos que têm o maior orçamento.
Tu parece o Gilmar Mendes, defendendo o indefensável.
O numero de vendas da China vai aumentar de uma maneira assustadora nessa próxima década. principalmente nos países periféricos não alinhados que precisarão recompor força de blindados , aviação de caça , armas de fogo , marinha de guerra e etc. O preço dos equipamentos ocidentais não está cabendo mais no bolso de muitos países em desenvolvimento tanto quando se trata de aquisição quanto de manutenção e operação.
E quem vai acabar se dando mal nisso são os russos, o que é uma pena para quem gosta das soluções deles.
Não.
O mercado russo atualmente está mais sofisticado.
A Rússia não pretende vender Armata, ou S-400 para Etiópia, Sudão e afins, mas para países com mais ‘potencialidades’ como Índia, Turquia, Irã, Indonésia e etc.
Cada um tem seu mercado específico.
Que escolha ruim de exemplo hein….com a notícia do interesse russo em abrir uma base naval em troca de equipamentos no Sudão.a
Por falar em armata, já conseguiram entregar 50 para o exército Russo?
Interessante observar o crescimento da China em cima dos mercados antes atendido pela Rússia.
O que vai se observar nos próximos anos, será como os equipamentos chineses se sairão em combate!
A Rússia (ex-URSS) tem uma longa história de produtos comprovados em combate.
Devemos observar como se darão as compras daqui para a frente.
Serão gravemente afetadas pela pandemia e, principalmente, para os países do O,M. pelo esfarelamento dos seus orçamentos com a queda dos preços do petróleo.
Insta lembrar que essas monarquias são clientes importantes das empresas ocidentais, mormente americanas.
Teremos dias interessantes pela frente.
AS, Catar, EAU, …..compram o que querem, na hora que querem……
Assisti na CNN interessante documentário sobre a Arábia Saudita.
Um ex-funcionário do Governo americano disse que ela vai enfrentar a tempestade perfeita com riscos até de desmoronar.a Casa de Saud.
Dizia o sujeito que a AS precisa do petróleo a US$ 80 o barril para se manter e que ela já havia torrado US$ 70 bi de suas reservas nos últimos três anos.
Com o preço a US$ 40 atualmente, não é difícil prever que algo não vai dar certo.
https://www.istoedinheiro.com.br/sauditas-veem-preco-do-petroleo-afundar-e-se-preparam-para-o-pior/
Tenho dois amigos sauditas que conheci em um intercâmbio no Canadá.
Um da área da saúde pediátrica e outro do setor de bens e consumo.
Ambos dizem que o país está muito bem sem nenhum problema pontual más já existem rumores em alguns setores ligados ao mercado do petróleo, de que o futuro não se apresenta tão promissor quanto em outros anos.
Dizem que o governo não passa muita informação e o que chega é dúbio.
Um inclusive está pensando em ir morar na Austrália ou outro país que possibilite exercer sua profissão, já o outro ligado a bens de consumo, pensa em ficar e apostar que tudo será uma época ruim más transitória para algo melhor lá na frente.
Moral da história.
Onde já fumaça há fogo.
Se estão com este discurso, essa percepção é pq se fato algo cheira mal no ar e estão se preparando, assim como muitos devem estar.
Perguntei algumas vezes sobre o que pensam das guerras, TB não fico forçando o tema. Pois lá isso é muito delicado.
O que ouvi foi que existe um receio, sobre se tornarem um futuro novo Iran onde os EUA davam total apoio ao governo iraniano tendo como principal aliado na região e por inúmeras questões se tornaram nos maiores inimigos da América.
Eles sauditas não confiam nos EUA. Más ao mesmo tempo precisam ter os EUA como verdadeiros aliados.
Perfeito.
Li também reportagem que mais para a frente a Arábia Saudita vai ‘apelar’, ou seja, vai inundar o mercado com seu petróleo, mesmo que o preço caia.
Desse modo, pelo menos está roubando mercado dos outros.
Certamente esse mercado ficará desequilibrado e será muito interessante observar o que vai acontecer.
Os produtores de petróleo vão levar isso até quando eles quiserem. Quando decidirem, fecham as torneiras e o que o mundo vai fazer? Os outros produtores vão manter a demanda mundial sozinhos? O mundo ainda vai depender muito do petróleo por muito tempo….
O problema é que em época de crise isso não funciona.
Cada um quer vender o seu.
Exemplos: A Líbia aumentou sua exportação em 1 milhão de barris dias por fora da OPEP+.
O Irã, essa semana, anunciou que quer exportar (e está se preparando) mais 1,2 milhão de barris dia, logo que as sanções acabem (desconfio que vai fazê-lo mesmo com sanções para importadores independentes).
O Iraque anunciou que que aumentar sua produção ao nível da Arábia Saudita.
No fim será cada um por si.
Estou com muito medo!
Medo de que??
Provavelmente medo de um aumento maior da inflação no Brasil porque muitos produtos e serviços dependem do Petróleo.
A Rússia vai deixar a China tomar o mercado dela assim tão fácil?
Acho que não tem muito o que eles fazere ….
desse artigo retiramos uma importante conclusão: não passamos de uma indústria montadora de equipamentos militares. O “software” é nosso, mas a rebimboca da parafuseta, que o roda, não. e muitas “peças de reposição” devem ser encomendadas do fabricante ou perde-se a garantia. e tem gente que diz que estamos evoluindo, construindo um caça bilugar que não existe na suécia, que faz transição direta de pilotos. temos um projeto de submarino nuclear obsoleto, defasado em 30 anos – no mínimo – e que não oferece nenhum risco no cenário mundial. de que adianta um bicho atômico se o armamento tem raio curto de ação? e mesmo que fabricássemos todas as peças de um armamento, não temos com quem dividir os custos astronômicos. e o orçamento já foi pro espaço, produzindo um estoque inútil de 18 anos de cloroquina, que não serve para nada.