De origem militar, sistema ‘caça-tiros’ desembarca no país
No mês passado, numa tarde de domingo, o menino William Moreira da Silva, de 11 anos, empinava pipa em uma fábrica em Barros Filho, na zona norte do Rio de Janeiro, quando foi atingido por uma bala perdida. Algumas testemunhas disseram que o tiro partiu de policiais militares que costumam fazer ronda na região. A PM negou as acusações e informou que não tinha feito nenhuma operação por ali. Suspeita-se também que seguranças da fábrica possam ter trocado tiros com traficantes de drogas. William chegou a ser socorrido, mas não resistiu. O caso segue sob investigação.
Episódios de violência como esse, em que a identificação do culpado pelo homicídio é uma tarefa difícil, já levou a polícia de diversas cidades dos Estados Unidos a adotar uma tecnologia de uso militar para encontrar os culpados e, em muitas ocasiões, salvar vidas.
O chamado “sistema de detecção de disparos de armas de fogo” é uma invenção da americana ShotSpotter, empresa do Vale do Silício, na Califórnia. A companhia, que até agora só atuava nos EUA, acaba de montar um escritório no Rio. O plano é inaugurar mais duas instalações em breve, em São Paulo e Belo Horizonte.
A tecnologia da ShotSpotter funciona como um “caça-tiros”. A empresa instala sensores de áudio no topo de prédios de grandes áreas urbanas. Esses sensores se comunicam por meio de um sistema acústico desenvolvido pela empresa e fazem a varredura da região. Tudo está integrado a um sistema de mapeamento via GPS. Se o disparo de uma arma de fogo ocorre no perímetro coberto pela tecnologia – cada sensor alcança um raio de dois quilômetros, em média – o sistema acústico detecta automaticamente o som e, em no máximo nove segundos, exibe um mapa com a indicação precisa do local onde aquele tiro foi dado. O alerta pode ser configurado para chegar a centrais da polícia, redes de emergência ou uma viatura que esteja mais próxima do local.
Fundada há 15 anos por três cientistas, a ShotSpotter já instalou seus sensores em 45 cidades dos EUA, entre elas Los Angeles, Washington, Chicago, Boston e San Francisco. A precisão da informação e a agilidade no tempo de resposta, diz James Beldock, presidente e executivo-chefe da ShotSpotter, se tornaram ferramentas cruciais nas mãos dos policiais. Beldock, que esteve em São Paulo nesta semana, falou com exclusividade ao Valor.
“Nos EUA, quando um tiro é disparado, apenas 20% dos casos são informados ao [serviço de emergência] 911”, comenta. “Isso significa que, em 80% dos casos, ninguém é informado em tempo hábil de fazer alguma coisa.”
Nos últimos quatro anos, diz Beldock, as cidades americanas que adotaram o sistema conseguiram salvar a vida de 220 pessoas que foram baleadas porque a polícia e o serviço médico chegaram rapidamente aos locais do crime.
O desenvolvimento da tecnologia, segundo o executivo, custou US$ 35 milhões aos investidores da ShotSpotter, um grupo de empresas de capital de risco. Um dos aperfeiçoamentos permite ao sistema distinguir o som de um tiro – ou vários – daquele emitido por rojões e outros fogos de artifício. “Também passamos oito meses trabalhando em uma assinatura acústica para fazer com que o sistema não confundisse o som de uma metralhadora com o de um helicóptero”, comenta Beldock. “Uma pessoa percebe a diferença facilmente, mas ensinar isso a um computador não é algo tão simples, o registro do som é muito parecido.”
Além de acelerar o socorro a vítimas e aumentar a possibilidade de prender o autor do disparo, o sistema tem ajudado a diminuir o número de homicídios nos EUA, diz o executivo. “Ao ter uma visão detalhada das ocorrências, é possível direcionar esforços com mais precisão. Isso é fundamental para a polícia gastar energia e tempo com o que realmente é crítico.”
A ShotSpotter ainda não tem contrato fechado no Brasil, mas as negociações estão adiantadas com o governo do Rio, afirma Roberto Motta, diretor da ShotSpotter no país. Uma comitiva do Estado esteve nos EUA para ver a tecnologia de perto e já existe um projeto desenhado que cobriria a região da Tijuca. A previsão é de que o primeiro contrato no Brasil seja assinado nas próximas semanas, diz Motta.
O plano, segundo Beldock, é investir entre US$ 10 milhões e US$ 15 milhões em ações de venda e marketing no país nos próximos três anos. A empresa também está escolhendo integradores de sistemas e um fabricante local para os equipamentos. A produção consumirá mais US$ 4 milhões. “Vamos produzir no Brasil e, a partir daqui, exportar para a América Latina.”
A meta é espalhar seus sensores em uma área total de 500 quilômetros quadrados em todo o país, nos próximos cinco anos, o que geraria uma receita de aproximadamente US$ 400 milhões.
Nos EUA, a ShotSpotter é concorrente direta da também americana BBN Technologies. No mês passado, a BBN fechou um contrato de US$ 74 milhões com o o exército americano para entregar 8,1 mil detectores portáteis. O equipamento, conhecido como “Boomerang”, deverá ser usado nos conflitos dos EUA com o Oriente Médio.
FONTE: Valor Econômico, via Notimp / IMAGEM: tela do console do sistema – Shotspotter
Esse sistema se instalado aqui no RJ vai entrar em colapso,é muito tiro, eu que moro relativamente longe de morros e favelas(coisa difícil em todo o estado)escuto tiros todo santo dia.
Se instalar no rio o sistema não aguenta uma noite….vai ficar doido de tanto tiro que vai ter que reportar.kkkkkkkk
Concordo, esses sistemas funcionam maravilhas no papel mas a realidade e outra. O que possuiamos em nossos humvees nunca nos ajudou em nada…
Isso vai sujar mais ainda a PM.
Ai quero ver eles ”negarem veementemente” todas vezes que bala perdida sai do fuzil deles,ou qualquer morador baleado eles tacharem de bandido.
Espero que de certo,mas não acho que dê.
Gostaria de saber como tal sistema diferenciaria o estampido de um disparo por arma de fogo de um som similar, não ocasionado por armas
(guardadas as devidas proporções, obviamente).
Não seria passível que tal sistema forneça muitos alarmes falsos???
olha ,nos dias de jogos de futebol, reveion , vão ter que desligar o sistema aqui no rio, sem falar nos dias que comemoram “São Jorge”.
Se não vão ficar doidos.
“olha ,nos dias de jogos de futebol, reveion , vão ter que desligar o sistema aqui no rio, sem falar nos dias que comemoram “São Jorge”.”
Principalmente quando o flamengo ganhar, hahaha!
Aqui na Vila da Penha esse sistema estaria sempre sobrecarregado, pois eu perco a conta de quantos disparos dia eu escuto, e olha que são variados calibres. Esse sistema com certeza entraria em colapso, ainda mais com o parco contingente policial que não daria conta de atuar em mais de 10% das areas de disparo
Gostaria de saber porque ja tive 2 comentários censurados pela administração?….Quero agregar um pouco ao assunto do tópico e venho sendo censurando. Tanto fanboy ____________ em tópicos referente ao Fx-2,tanta gente qoutando wikipedia em seus posts e porque logo eu sou censurado? Voltando ao assunto,esses sistema seria mais para mapear as áreas com maior incidencia de tiros(e violência) do que realmente para agir de imediato creio eu,além de tentar mudar melhorar o quadro atual dessas operações da PMERJ em que qualquer morador baleado é suposto bandido,sabendo daonde o tiro vem vai ser difícil limpar a barra como fazem toda vez.… Read more »
Testando….
bala perdida??? suspeita-se também??? a bala sempre será do traficante. até parece que o vagabundo tem direito de portar arma e trocar tiro com a polícia. engraçado que exame balístico só é feito ou divulgado com sabe-se que é da polícia. Depois a população reclama da insegurança. Com uma campanha para desmoralização das forças policiais é claro que só tem a ganhar os agentes do caos. a propósito, LuLA critica as base americanas na Colõmbia, que servirão poara combater os narco-terroristas mas agora está visitando uma nova área de plantio de coca na bolívia do cumpanhero EVO, inclusive escoltado por… Read more »
“Ratazana em 22 ago, 2009 às 10:04 editar
Gostaria de saber porque ja tive 2 comentários censurados pela administração?….”
Ratazana,
Ninguém censurou seus comentários. O filtro de spam os capturou (talvez algo relativo ao e-mail cadastrado, mas pode ser por outros motivos) e, assim que um editor do blog verificou, foram liberados.
Se o mesmo ocorrer novamente, é só ter paciência.
O que foi editado agora, isso sim, foi a palavra de baixo calão no último comentário que você fez.
Atenciosamente,
Nunão
Nunão,equívoco meu…Os comentários demoraram muito para serem colocados aqui e do nada sumiram que eu achei que tinham sido deletados.
Quanto ao filtro por palavrões não sabia,ta aí a dica.
Abraços.