Invasion-Horde

Yaroslav Trofimov, do The Wall Street Journal, escreveu um artigo afiado sobre a virada de Putin para “um passado asiático”. Isso inclui a adoção de uma profunda história imperial, escreveu ele, bem como uma celebração dos conquistadores medievais da Rússia mongol:

“Menos de uma década atrás, parecia evidente que a Rússia, apesar de todas as suas diferenças culturais e políticas, estava reivindicando seu lugar de direito como parte do mundo ocidental. Em um artigo para um jornal alemão, Putin escreveu sobre uma ‘Europa de Lisboa a Vladivostok’, que aspira ao livre comércio e compartilha valores comuns.”

“Agora a Rússia está cada vez mais voltada para o Oriente, em direção a uma desconfortável aliança com uma China não liberal e muito mais poderosa e – em reconhecimento à crescente composição muçulmana do país – com nações como a Turquia e o Irã. Mas ainda mais pronunciado é o sentimento de que a Rússia tão singular em sua vastidão, deve permanecer um mundo em si mesmo, um país que deve esperar parentesco de ninguém – e que, em um lema cunhado pelo czar Alexandre III há mais de um século, pode contar apenas com dois aliados confiáveis: o Exército e a Marinha.”

“Alguns nacionalistas russos agora anunciam este estado mongol-turco, governado por descendentes do filho mais velho de Gengis Khan, como a fundação do império eterno da Rússia. Longamente expurgado da memória, a Horda é a tendência novamente na Rússia, o assunto de filmes populares e séries de TV, há até mesmo um parque temático no local da capital da Horda do século 15, Sarai Batu – um antigo cenário de filmagem de palácios e mesquitas onde visitantes andam em camelos, praticam habilidades de arco e flecha e tiram fotos em trajes mongóis.”

“Os historiadores oficiais da Rússia e a Igreja Ortodoxa viam o domínio da Horda sobre Moscou como um ‘jugo’ bárbaro, responsável pelo subdesenvolvimento da Rússia comparado ao Ocidente; estudar sua história foi banido pelo Kremlin em 1944.”

“Mas os revisionistas modernos, inspirados pela ‘ideologia eurasianista’ que distingue a Rússia do Ocidente vê o Estado russo como herdeiro e beneficiário desse império mongol, que admira seu centralismo implacável, seu desejo de conquista, sua capacidade de manter a lei e a ordem – e sua tolerância religiosa, que permitiu que o cristianismo e o islamismo coexistissem”.

Os jornalistas David Nakamura e Carol Morello exploram ainda mais as consequências diplomáticas da turbulenta turnê de Trump pela Europa:

“Um mundo em fluxo, com a liderança dos EUA entre as nações democráticas em retirada, é marcado pela oportunidade – para outras coalizões no Ocidente se afirmarem, mas também por governos autocráticos para preencher o vazio, disseram analistas.”

“Adversários podem tentar” construir uma imagem competitiva de como seria um mundo sem a liderança americana “, disse Suzanne Maloney, vice-diretora do programa de política externa da Brookings Institution.” É uma que é incrivelmente hostil aos nossos interesses e valores e os da maioria dos nossos aliados e outros países democráticos em todo o mundo.”

“Os associados de Trump notaram que, apesar de toda a sua arrogância, o presidente não tentou sair da aliança da OTAN ou levantar sanções econômicas dos EUA contra a Coreia do Norte ou a Rússia.”

“Mas Trump também tem pouco a mostrar sobre suas reuniões com Putin e Kim. O desempenho defensivo do presidente na coletiva de imprensa em Helsinque, durante a qual ele não denunciou a Rússia por interferir na campanha presidencial dos EUA em 2016, aumentou a repercussão política em ambos os lados do corredor em Washington.”

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Camillo Abinader
Camillo Abinader
6 anos atrás

A Rússia tem em sua cultura muito do Ocidente, mas também tem muito da Ásia, é um país singular, não vejo se colocando nem hoje nem no futuro como um simples membro de um bloco ocidental, a tendência é se alinhar cada vez mais ao Oriente, na história russa o Ocidente sempre foi uma ameaça real a sua existência, que o digam Napoleao e Hitler, pra não dizer mais

Antonio
Antonio
6 anos atrás

Povo forte. Guerreiro. Derrotou as piores hordas de guerreiros da História.
Hunos, Mongóis, Tártaros, Napoleão, Hitler. Todos derrotados.
E Putin veio para tornar a Rússia gloriosa novamente.

nonato
nonato
Responder para  Antonio
6 anos atrás

E tome fanatismo comunista.
Talvez você se torne um dos cavaleiros da nova dinastia turco mongol. Rs.

Marquês de São Vicente
Marquês de São Vicente
Responder para  nonato
6 anos atrás

Pois é.
É cada uma que a gente vê por aqui…

Gil
Gil
Responder para  nonato
6 anos atrás

A Russia de hoje tem pouco de comunista.

Rodrigo Martins Ferreira
Rodrigo Martins Ferreira
Responder para  Gil
6 anos atrás

Mas todos os mau costumes continuam lá.

tiago
tiago
Responder para  nonato
6 anos atrás

não sendo fanatismo comunista como deseja chamar. porem exaltar seu passado de lutas e vitórias. o povo gaúcho orgulha-se muito da guerra dos farrapos na qual passamos 10 anos em guerra bravamente contra o império. dizem que comemoramos uma guerra que perdemos , mas dela hoje temos nossa identidade, cultura, raça, garra, não é sobre comunismo ,facismo ou outra coisa

Fabrício Barros
Responder para  tiago
6 anos atrás

Paulistas também comemoram uma guerra que, felizmente, perderam. Mas, seja no caso gaúcho como no paulista, as derrotas serviram para tais estados fossem melhor contemplados pelo poder central no Império e na República. Enfim, é a corroboração exata da máxima de von Clausewitz: ‘A guerra é a continuação da política por outros meios’.

Hélio
Hélio
Responder para  nonato
6 anos atrás

O que isso tem a ver com comunismo? Desde os anos 70 os EUA são os promotores do comunismo no mundo, não a Rússia.

HMS TIRELESS
HMS TIRELESS
Responder para  Hélio
6 anos atrás

EUA promovendo o comunismo? Cara, eu também quero dessa erva!

Hélio
Hélio
Responder para  HMS TIRELESS
6 anos atrás

Você conhece os EUA? Conhece o comunismo? Onde surgiu essa new-left? Quem domina a politica americana hoje? Quem são os maiores financiadores da esquerda mundial? Essa sua tentativa de negar fatos de domínio público já está ficando feia

HMS TIRELESS
HMS TIRELESS
Responder para  HMS TIRELESS
6 anos atrás

Vai ver Karl Marx nasceu em Iowa e foi criado no Wisconsin e eu não sabia….

Fabrício Barros
Responder para  Hélio
6 anos atrás

A new-left dominando a cena política dos Estados Unidos?

Nos últimos quarenta anos os EUA tiveram três presidentes do Partido Democrata: Jimmy Carter, Bill Clinton e Barack Obama. Considerando o mandato destes (a partir do segundo ano de Carter), temos 19 anos de democratas e os 21 restantes com os republicanos (Reagan, G. H. Bush, G. H. W. Bush e Trump — e este é um egresso do Partido Democrata). Uma divisão bastante paritária.

Agora, ao ser olhar o espectro político de ambos os partidos dominantes, se nota que o Partido Republicano é mais homogêneo, tento representantes, em seu bojo, do centro à direita. Já o Democrata é bem mais diverso, não obstante seja dominado pelo Liberalismo e o Social Liberalismo, nele há gente conservadora (basta olhar para o sul dos EUA e legado histórico dos democratas por lá), centrista, socialdemocratas, enfim, é bem mais pluralista e claramente representa um posicionamento mais à esquerda que o Partido Republicano.

Porém, dizer que a política estadunidense é dominada pela ‘new-left’, é uma forçação de barra das maiores. Bill Clinton foi o maior dos liberais, promovendo a desregulação do mercado financeiro no mesmo sentido da promovida por Reagan, a qual estourou como uma bomba nas mãos de outro democrata, Obama (afinal aqui todos devem lembrar da crise do ‘subprime’, dos mercados de derivativos e da falência do Lehman Brothers).

Este pouco fez para melhor a regulação dos mercados. A única coisa que se consideraria à esquerda de mais significativo feito por ele seria o Obama Care que, convenhamos, dada as devidas proporções, é como se o SUS deixasse de existir e pagasse planos bem básicos às operadoras de planos de saúde.

E, enfim, nas prévias democratas em 2016 Bernie Sanders e sua retórica à esquerda foram decididamente derrotados pelo voto popular (55 a 43%) e pelos delegados do Partido Democrata (2842 a 1841).

E, convenhamos, a retórica belicista da Hillary Clinton e o franco apoio dos mercados financeiros durante o pleito de 2016 a ela, não representa nada das alas à esquerda do Partido Democrata que, embora significativas, estão muito longe de serem dominantes.

Como o HMS Tireless, interlocutor que raramente concordo, mas que neste caso faço da posição dele a minha, “Cara, eu também quero dessa erva!”

Rodrigo Martins Ferreira
Rodrigo Martins Ferreira
Responder para  Antonio
6 anos atrás

Mas tomou um pau no Afeganistão.

Defensor da Liberdade
Defensor da Liberdade
Responder para  Rodrigo Martins Ferreira
6 anos atrás

Nº de baixas ocorridas durante a invasão soviética do Afeganistão:
Soviéticas: em torno de 60 mil Afegãos: mais de 1 milhão.

Tens certeza que União Soviética tomou um pau no Afeganistão? É o mesmo que dizer que os EUA perderam a guerra do Vietnã, embora tenham mandando mais de 1 milhão de vietnamitas para o outro mundo, e também se retiraram da guerra por problemas internos, tal como a URSS no Afeganistão.

Mas espera, os EUA ainda estão por lá, e o Talibã segue firme e forte. A coisa ficou tão feia para o lado dos EUA no Afeganistão, torraram tantas doletas impressas pela HP por lá, que agora estão armando as forças locais para enfrentarem o problema. Meu caro entenda uma coisa, ninguém pode com os barbudinhos criadores de cabras e papoula do Afeganistão. Alexandre o Grande, Ghengis Khan e até o Império Britânico tomaram um pau por lá. Não venha com dois pesos e mil medidas, deixe de fanatismo.

HMS TIRELESS
HMS TIRELESS
Responder para  Defensor da Liberdade
6 anos atrás

Fanatismo é não reconhecer o mérito dos vietnamitas, que derrotaram além dos EUA os franceses e os chineses (esses últimos duas vezes no ano de 1979) e a inequívoca derrota soviética no Afeganistão nos anos 80. Mas como de costume os libertários nunca decepcionam, estão sempre a cumprir o vaticínio de Ayn Rand.

E falando em derrotas soviéticas, essa semana li uma reportagem sobre um confronto aéreo sobre o Canal de Suez quando cinco pilotos soviéticos foram derrubados pela Força Aérea Israelense sem baixas para essa última.

Defensor da Liberdade
Defensor da Liberdade
Responder para  HMS TIRELESS
6 anos atrás

E na segunda guerra mundial, na batalha de Villers Bocage, apenas Michael Wittmann com seu Tiger I massacrou uma coluna inteira de blindados americanos e britânicos em pouco mais de 10 minutos… Foi um verdadeiro exercício de tiro ao alvo da brilhante tripulação do Tiger alemão, e só não matou mais por que o apoio aéreo aliado destruiu o Tiger de Wittmann, senão teria despachado mais americanos e britânicos para o outro mundo… Ah e o Tiger de Wittmann estava sozinho, imagine se tivesse acompanhado…

Defensor da Liberdade
Defensor da Liberdade
Responder para  HMS TIRELESS
6 anos atrás

Meu caro Tireless,

Tanto os EUA como a URSS se retiraram destas batalhas, logo não foi uma derrota técnica, mas sim política, do contrário teriam massacrado ainda mais os vietnamitas e os afegãos. Dizer que a URSS levou pau no Afeganistão é muita fanfarronice, mesmo com os EUA armando os mujahideens estes últimos continuaram a serem massacrados pelos soviéticos. Só falta agora você dizer que os judeus do gueto de Varsóvia deram uma surra nos alemães, embora tenham sido massacrados pela Waffen SS, 13.000 baixas dos judeus contra apenas 15 perdas alemãs. Quem surrou quem?

Antonio
Antonio
Responder para  Defensor da Liberdade
6 anos atrás

Na verdade, a intervenção soviética não foi isso tudo. Em seu auge, chegaram a ter apenas cerca de 100 mil soldados por lá.
Tiveram 14.500 perdas contra 1 milhão de afegãos.
Foi quase uma expedição punitiva.
Foram embora apenas por ser uma causa perdida.
Já no Vietnã, os EUA chegaram a ter mais de 500.000 soldados (sem contar os aliados), perderam cerca de 60.000 e tiveram muitas perdas materiais. Cerca de 10.000 aviões e helicópteros. Foi outra escala de guerra.

tiago
tiago
Responder para  Rodrigo Martins Ferreira
6 anos atrás

os americanos tomaram no vietnam, iraque, e afeganistão também

Oráculo
Oráculo
Responder para  Antonio
6 anos atrás

Derrotou os mongóis?
Os caras que invadiram, saquearam e incendiaram Moscou… no inverno russo?!?!?

E que depois ficaram lá por 3 séculos? E que só perderam força pois os próprios descendentes de Gengis Khan resolveram se matar uns aos outros, abrindo espaço para os principados russos voltar a ocupar o próprio país?

Os esquerdistas do Brasil são tão cegos em sua devoção pela Rússia, que tentam reescrever a história.

Pro azar deles, os próprios russos não deixam isso acontecer. Prova disso é a matéria em questão.

nonato
nonato
6 anos atrás

Do pessoal que escreveu esse artigo, só se pode dizer uma coisa: são contra Trump.
Se Trump falasse mal da Rússia, esse pessoal falaria bem. E vice versa.
É só ver o teor do texto no que se refere a Trump. Não dizem coisa com coisa.
Criticam Trump por criticaria o islamismo.
Mas insinuam crítica a Putin por se aliar ao islamismo turco e iraniano.

Augusto L
Augusto L
Responder para  nonato
6 anos atrás

Apesar de eu tbm ter minhas ressalvas ao Trump, vc disse tudo !

Carlos Alberto Soares
Carlos Alberto Soares
6 anos atrás

Acompanho diariamente noticiário sobre a Rússia,
os desfiles militares idem, tudo ao vivo,
particularmente o dia da vitória em Maio 5
O Putin e o Medvedev são os arquitetos de uma nova Rússia.

Vai funcionar ?

É outra história.

Provavelmente em parte dará certo.

Porquê ?

Petróleo e Gás.

A Ukrania tá fod…….

sub-urbano
sub-urbano
6 anos atrás

A Rússia é asiática. A América Latina é mais próxima culturalmente da europa ocidental do que a Rússia.

Putin disse que a europa era de Lisboa a Vladivstok para fechar aquele emaranhado de gasodutos da Gazprom que chegam até a Itália.

É questão de hegemonia cultural querer se identificar com um ou com outro. No fim do século XIX onde é atualmente a espanha e portugal, tdo mundo queria se vestir como muçulmano, ficar barbudinho e usar turbante. Pq os muçulmanos eram os manda-chuvas na época.

sub-urbano
sub-urbano
Responder para  sub-urbano
6 anos atrás

Errata: fim do século XIV

sub-urbano
sub-urbano
Responder para  sub-urbano
6 anos atrás

E fechar é no sentido de abrir… Fechar o negócio. Meu comentário saiu todo confuso kkk

Hélio
Hélio
Responder para  sub-urbano
6 anos atrás

De forma alguma, o Brasil é latino e os países latinos são muito mais próximos dos árabes e gregos do que dos germanicos e outros povos mais europeus. Da mesma forma a Rússia, os russos são muito mais parecidos com nos do que os alemães e ingleses, que nos são completamente estranhos.
A Europa unida proposta pela Rússia é uma europa que preserva as suas tradições e culturas, como era na idade média onde existia um laço em comum, a cristandade. A Rússia não quer e não deve se integrar ao atual modelo de Europa, essa Europa liberal e globalista, nem os próprios europeus aceitam isso. O próprio texto é um manifesto contra a Rússia e a auto determinação dos povos.

_RR_
_RR_
Responder para  Hélio
6 anos atrás

Hélio,

A nossa composição cultural nos coloca muito mais próximos das culturas mediterrâneas e centro-africanas. Há a nossa raiz ibérica, que é muito forte; seguindo-se um condensado de culturas da França ( pesadíssima influência na vida cultural, passando por literatura e mesmo a nossa arquitetura original, que é uma mescla de modelos portugueses e franceses ), região atlântica da Africa e italiana.

Existe muito pouca influência árabe no Brasil e na América Latina como um todo…

Hélio
Hélio
Responder para  _RR_
6 anos atrás

A cultura ibérica difere da europeia justamente por causa da influência árabe dos mouros. Por isso somos mais próximos dos árabes, principalmente nas relações interpessoais. O calor humano dos ibéricos vem da influência árabe, que por sua vez vem da influência dos gregos antigos.

_RR_
_RR_
Responder para  Hélio
6 anos atrás

Hélio,

A influência moura é residual; bastante diluída pelo cristianismo… Mas concordo que as relações interpessoais dos ibéricos foram muito influenciadas por eles; um traço que ainda é presente.

Seja como for, pelos nossos dias, estamos muito mais ligados as culturas da Europa mediterrânea. Não há como negar a influência francesa e italiana em nossas artes e cotidiano, e no nosso pensamento político e filosófico nos dias atuais.

Se fosse traçar um “mapa de afetividade humana”, diria que ele corre de oeste para o leste do Mediterrâneo, sendo mais presentes nos ibéricos e italianos e, em escala menor, indo para povos da Macedônia e assim para o leste da Europa. Pelo menos, essa é a minha impressão…

Povos da Europa Central e norte europeu, de forma geral, foram pesadamente influenciados em suas relações interpessoais pelo protestantismo, que criou uma conduta consideravelmente mais conservadora.

Bruno w Basillio
6 anos atrás

As vezes fico a imaginar como Trump é perseguido, por não fazer o que um grupo de pessoas quer , este mesmo grupo que ama o caos ,que financia guerras e causa discórdia a redor do
mundo… Obama foi um carniceiro ,mesmo assim é tido por um deus ,por este “grupinho”…

Off Topic ,mais nem tanto..
Saiu na mídia Russa fotos e vídeos das armas que Putin anunciou em Março…

HMS TIRELESS
HMS TIRELESS
6 anos atrás

Uma coisa é certa: A história é implacável em demonstrar que nacionalismos extremados nunca acabam bem senão vejamos:

– A Alemanha nazista, após arrastar o mundo para uma guerra mundial, foi derrotada implacavelmente (eu diria tratorada) sendo que Hitler teve de se suicidar em um Bunker fedorento enquanto mais acima os russos reduziam a cidade a escombros;

– Sukarno na Indonésia pretendia dar um golpe de estado com o apoio dos comunistas ao mesmo tempo em que desestabilizava a península malaia e o Bornéu o que inclusive motivou a intervenção militar direta da Grã-Bretanha e outros países da Commonwealth como Austrália e Nova Zelândia ( “Confrontação”). Terminou derrubado por um contra golpe de estado desfechado pelos militares com o apoio dos EUA.

– O Pan Arabismo liderado por Nasser resultou em uma derrota militar acachapante e em perdas territoriais consideráveis para os países árabes. E logo após Nasser morreu de desgosto

– A junta militar genocida argentina quis inflamar sentimentos nacionalistas no povo quando invadiu as Falklands. Não apenas amargaram a inevitável derrota como ainda perderam o poder e foram presos e julgados.

100nick-Elã
100nick-Elã
Responder para  HMS TIRELESS
6 anos atrás

No caso de um nacionalismo extremado russo, é bom você torcer para estar errado, porque se um maluco assume o poder no Kremlin, o mundo inteiro iria sentir, mas principalmente o seu amado EUA e seu idolatrado Israel. Seriam reduzidos a cinzas radioativas.
.
“Terminou derrubado por um contra golpe de estado desfechado pelos militares com o apoio dos EUA.’
Finalmente está reconhecendo que os EUA se intrometem em assuntos alheios e promovem golpes de estado pelo mundo afora, incluindo aí o golpe militar no Brasil em 64 e agora recentemente, no caso do golpe contra a presidente eleita Dilma.
.
Pode citar outros exemplos de nacionalismo extremado, como no caso dos neocons, a elite ocidental, que não aceita de forma alguma que o mundo seja multipolar – querem porque querem que o mundo continue unipolar. Mas a unipolaridade foi um curto período da história, que os EUA gozaram logo após o colapso da URSS e que não souberam aproveitar. Perderam o penalti, agora o jogo segue e é duro para eles.

HMS TIRELESS
HMS TIRELESS
Responder para  100nick-Elã
6 anos atrás

Meu caro 100Nick, há um sem número de furos em seu arrazoado senão vejamos:

– Um nacionalista extremado que tomasse o Kremlin e resolvesse atacar EUA e Israel, com o necessário perdão ao saudoso Garrincha, precisaria combinar o jogo antes com norte-americanos e israelenses afinal o arsenal nuclear norte-americano é superior ao russo e o israelense, embora menor, pode atingir Moscou tendo em vista que o alcance do Jericho III é de 5.000km, mais que suficiente para que um presentinho radioativo das IDFs seja entregue no Kremlin

– No período de 1964 (Brasil) e 1965 (indonésia) vivíamos o auge da Guerra Fria, quando tanto EUA quanto URSS buscavam ampliar sua esfera de influência. Não custa lembrar que nesse mesmo período a URSS promoveu também uma série de golpes de estado, muitas vezes travestidos de “revoluções”, diretamente ou através de prepostos como os Cubanos.

– Golpe de Estado é todo rompimento da ordem institucional e constitucional feita por métodos espúrios por membros do aparato estatal ou não. Nesse sentido resta absolutamente impossível que o impeachment da ex-presidente Dilma Roussef tenha sido um golpe visto que o afastamento do chefe do executivo por cometimento de crime de responsabilidade está expressamente previsto na Carta Magna nos artigos 85 e seguintes da mesma. E no presente caso o processo de julgamento político seguiu fielmente os preceitos contidos na constituição tendo inclusive a ex-presidente o direito ao contraditório e à ampla defesa respeitados cabendo lembrar ainda que a sessão do Senado que deliberou pelo impedimento foi presidida pelo Presidente do STF. Diante do exposto eu pergunto a você: cadê o “golpe”? cadê a interferência dos EUA?

– Quanto ao tal “mundo multipolar” entenda que trata-se de mera retórica usada pelo ocupante do Kremlin no intuito de minar outros centros de poder e alianças para que ele próprio possa exercer influência no mundo em conluio com a ditadura totalitária chinesa. Não se trata de “uma ordem mundial mais cooperativa e justa” como ele e seus sicários gostam de propagandear mas sim de um instrumento de exercício de poder que convenceu fora do seu círculo apenas alguns incautos e pretensamente espertos como foi o caso do nosso ex-chanceler megalonanico.

– Por fim e já que você falou na elite ocidental, por que não falar de outras elites? Que tal falarmos dos oligarcas corruptos que cercam o ocupante do Kremlin? ou então dos burocratas igualmente corruptos do PC chinês, cada um deles sempre exigindo um pedágio de quem for fazer negócios no país? também podemos falar da elite religiosa (e fascista) que comanda o Irã e não apenas se apropria indevidamente das receitas do petróleo ( a família de Khomeini hoje é uma das mais ricas de lá), da elite bolivariana encastelada no Estado Venezuelano e que ainda por cima trafica drogas e também da elite cuja parte substancial encontra-se presa na capital do Estado do Paraná.

MGNVS
MGNVS
Responder para  HMS TIRELESS
6 anos atrás

100Nick e HMS Tireless
Vcs dois ae sao dois loucos de carteirinha.

O 100Nick louco falando sobre um fanatico nacionalista tomando o poder no Kremlin e começando a 3a Guerra Mundial.

E o HMS Tireless mais louco ainda por achar q EUA e Israel sao “indestrutiveis”. Israel ate pode ser uma potencia militar, mas é um país minusculo. Um ataque de saturacao rompe as defesas do Iron Dome e basta so um missil nuclear cair em Israel para deixar o país inabitavel por centenas de anos.
Os EUA tbm jamais sairiam ilesos de uma guerra nuclear contra a Russia. Da mesma forma a Russia tbm jamais sairia ilesa de uma guerra assim e ate a Europa seria comprometida.

Como eu disse… dois loucos de carteirinha.

Ainda bem que os governos de EUA, Russia e Israel sao responsaveis e nao se deixam levar por “achismos e maluquices”.

Imagina vcs dois no comando desses países? Estariamos agora vivendo o inverno nuclear.

HMS TIRELESS
HMS TIRELESS
Responder para  MGNVS
6 anos atrás

Amigo MGNVS, acho que você não leu com cuidado o que escrevi pois em nenhum momento defendi a invencibilidade de EUA e Israel mas sim que ambos os países possuem arsenais nucleares aptos a retaliar no cenário descrito pelo 100nick.

E se me permite uma correção o Iron Dome não se presta para interceptar mísseis balísticos e sim o sistema Arrow.

MGNVS
MGNVS
Responder para  HMS TIRELESS
6 anos atrás

Tireless
Sim… eu li oq vcs escreveram.

E sim… vc nao defendeu a invencibilidade dos EUA e nem de Israel.

Fui eu quem disse q eles nao sao “indestrutiveis” baseados no contexto da conversa sua com o 100nick.

Sei q vc admira o modo de vida dos EUA e eu tbm acredito q Israel tem direito de se defender, e tbm sei q outros ja pensam o contrario e defendem amplamente a Russia e China como players mundiais em oposicao aos EUA e Ocidente, respeito a opiniao de cada um de vcs msmo se eu nao concordar cm elas.

Mas o cenario q vcs retrataram é simplemente aterrador.

Caro Tireless,
Vc ja imaginou a Russia realizando um ataque nuclear de saturaçao contra Israel?

Mesmo Israel sendo uma potencia militar ele seria riscado do mapa por ser um país “anão”, pq é simplesmente minusculo. Precisaria apenas que um missil nuclear caisse em solo israelense para dxar a regiao inabitavel por anos… e ae… acabou-se Israel. Ahhh… mas Israel ia retaliar contra Moscou! É claro que ia. Mas a Russia é imensa. Eles rapidamente mudariam o comando tecnico-cientifico-militar e politico-economico para outra regiao e pronto. Israel ja nao teria essa opcao. Logicamente os EUA tbm atacariam, mas os EUA tbm nao sairiam ilesos e o pior, a escalada envolveria a Europa e pronto, a merda esta feita… do outro lado a China aproveitaria para invadir Taiwan e atacar o Japao, a Coreia do Norte atacaria o Sul e os países arabes se uniriam para terminar de destruir Israel, a Turquia atacaria a Grecia e tentaria exterminar de vez os curdos e India e Pakistao tbm iriam p o confronto direto e ae pronto esta garantida a extinçao da raça humana.

Por isso eu disse, que esse cenario é aterrorizante.

Obs.: Tireless… obrigado pela correcao, eu sempre confundo o Iron Dome com o Arrow. Mas independente disso nenhum dos dois sistemas suporta um ataque de saturacao ainda mais de Mirv’s.

Antonio
Antonio
6 anos atrás

E hoje, Trump acusou o povo de Montenegro de ser agressivo e que isso pode iniciar a 3ª Guerra Mundial.
Temos que reconhecer que esse sujeito se esforça.

Augusto L
Augusto L
Responder para  Antonio
6 anos atrás

Não foi hoje, foi em uma entrevista antes da conferência em Helsinki.

Antonio
Antonio
Responder para  Augusto L
6 anos atrás

Verdade. Eu que li a reportagem hoje.

Samuca
Samuca
6 anos atrás

Rápidos comentários, sem tomar partido para este ou aquele lado, e o mais importante sem maniqueísmos, de se achar ‘no lado certo’ da trama ou que seu rival ‘esteja do lado errado’, kkkk

1 – Após a queda do Muro de Berlim, o Ocidente (entenda-se os EUA) viveu um período excepcional (em ambos os sentidos da palavra, um período fora do comum e de estar acima da média), traduzida por um período de hegemonia, quando a Rússia estava ‘nas cordas’ e a China ainda então não ser o que é, apesar de já dar mostra do que seria (e o que ainda será), nas palavras de um amigo meu de Utah que conhece a China desde os anos 80.
O erro ocidental foi achar que esse período de hegemonia tenha-se estendido, a ponto de adotar algumas políticas externas que não poderiam ser executadas se não fosse em período de hegemonia.

2 – Uma delas foi a de cortejar nações fronteiriças a Rússia para entrar na OTAN, no período do Medvedev como presidente (e o Putin era primeiro-ministro) no começo da década passada, quando as relações do Ocidente com a Rússia estavam ‘normais’, pois o Ocidente imaginou que naquele momento a Rússia, enfraquecida, política e militarmente, além de preocupada em ‘arrumar a casa, economicamente falando’, não se oporia ao cortejo ocidental para cima destas nações, que outrora, eram do Pacto de Varsóvia.

3 – Sem falso moralismo, não havia nada de errado em ‘dar em cima’ daqueles países (É que aquela estória…quer dar em cima da namorada de outrem, tudo bem. Agora, só não pode é se queixar da reação do ‘corno’, porque daí é hipocrisia e medo de apanhar, o que é inadmissível para quem se dispôs a tal ousadia), kkkkk. O erro estratégico ocidental foi imaginar que os russos ‘deixariam por isso mesmo’, ou talvez que os russos, no máximo, só reclamariam dos aliciamentos da OTAN/EUA naquelas sessões que induzem ao bocejo do Conselho de Segurança da ONU, por isso a (re)tomada da Crimeia, só deixou surpresos aqueles que só se dedicaram a compreender a História apenas sob uma narrativa unilateral, ou seja, esses mesmos que achavam que os russos só reclamariam na ONU.

4 – Por fim, um rápido comentário sobre a China apesar de não ser tema deste tópico: achar que a China vá ser uma ‘inabalável’ aliada do Ocidente é outro pensamento ‘caolho’ sobre História Internacional: basta ver se já foi nos 2000, 2500 anos anteriores. E basta lembrar que no momento de maior aproximação entre ambos, sobreveio a Guerra do Ópio que, caso algum ocidental não saiba o que significou pros chineses, eles chamam de ‘século da humilhação’.

Antonio
Antonio
Responder para  Samuca
6 anos atrás

A possibilidade atual é da China se aproximar da Europa Ocidental e apenas por questões econômicas, visto que ela está no caminho para se tornar hegemônica nessa área.
A grande quantidade de delegações europeias que estão indo beijar a mão de Jiping é reveladora dessa situação.
Paralelo a isso, Trump vem colocando os EUA numa situação de isolamento sem precedentes nas últimas décadas.
A Rússia vai surfando nisso. Mantém excelentes relações com a China (e Ásia em geral) e começa a melhorar sua imagem na Europa.
Putin é um político muito hábil.

_RR_
_RR_
Responder para  Antonio
6 anos atrás

Antonio,

O que os chineses tem é um imenso mercado consumidor a oferecer, com a ascensão dessa nova classe média chinesa. E os europeus apostam pesado nisso.

Trump tem se esforçado, isso sim, para manter o status dominante dos EUA e principalmente chamar os europeus para suas responsabilidades. E uma das razões se encontra justamente nos chineses, que vem crescendo exponencialmente no Pacífico, o que requer cada vez mais atenção de forças americanas. Aliás, não é de hoje… Já a tempos os americanos vem deslocando o que há de melhor em suas forças para aquela parte de mundo. Se ele colhe desagrados dos seus aliados, paciência… Mas não está errado no que exige…

Quanto aos russos, Putin certamente não é burro… Ele certamente compreende suas limitações ( não pode bater de frente com chineses e muito menos com americanos ) e se coloca de pronto, como uma espécie de terceira via para outros desgarrados ou caso chineses e americanos terminem batendo cabeças de fato… E se for realmente esperto como penso, acredito que estenderá a mão a Trump, mesmo que isso seja com o “desconfiometro” ligado.

Antonio
Antonio
Responder para  _RR_
6 anos atrás

Na verdade, os chineses além de terem o maior mercado consumidor, têm, desde 2010, a maior base industrial do planeta. Dependendo do critério de cálculo, já são a maior economia e se mantivermos os índices de crescimento atuais, terá economia maior que a dos EUA e da Europa Ocidental juntas em cerca de 10 anos Só a título de curiosidade, o comércio terrestre entre China e Europa está a pleno vapor com milhares de composições ferroviárias saindo da China para lá.

_RR_
_RR_
Responder para  Antonio
6 anos atrás

Sim, Antonio.

Por certo que os chineses, a depender do critério, já se constituem na maior economia do globo, neste momento da história. Mas repito o que já disse outras vezes: se fosse apostar, apostaria nos indianos… Aquele país vem recebendo investimentos abundantes, e vai crescer… Eles só estão mais atrasados, mas é também questão de tempo para acelerarem o passo.

Seja como for, é inegável que americanos ainda superam ( e nada indica que perderão seu status pelas próximas décadas ) os chineses onde mais importa: produção de cérebros; P&D, de forma geral… É aí que “começa” o dinheiro… e o poder…

Penso que no futuro imediato, teremos chineses e indianos disputando a hegemonia na Eurásia ( militar e econômica ), com russos correndo por fora e restritos ao seu entorno, e americanos buscando assegurar zonas de influência junto a América Latina e Caribe, além de picotar o sudeste da Ásia, Península Arábica, Oceania e arredores. Já africanos, certamente cairão nas graças da China e suas facilidades, como já vem ocorrendo. E aos europeus, restará buscar politicas de boa vizinhança com russos e se manterem alinhados aos americanos, se desejarem evitar uma grande influência chinesa.

Antonio
Antonio
Responder para  Antonio
6 anos atrás

Devo concordar em grande parte contigo. Só discordo na possibilidade da diferença de P&D demorar tanto tempo.
Lembro que a China tem investido muito em IA (acho que já tem 40% de todo o investimento do mundo nessa área) e ainda vem acelerando bastante a parte relacionada à eletrônica avançada (processadores, computadores e etc.).

tulio762
tulio762
6 anos atrás

Enquanto isso na América central, a Nicarágua pega fogo e nada de notícia por aqui, só a tentativa de desqualificar Trump.
https://www.tercalivre.com.br/oea-se-reune-pela-3a-vez-para-discutir-violenta-repressao-na-nicaragua/

Fawcett1925
Fawcett1925
6 anos atrás

Pelo menos os russos não jogaram seu passado na lata do lixo. Aqui no Brasil poucos sabem quem foi José Bonifácio mas idolatram contoras de funk que só sabem rebolar e falar obscenidades. É deprimente ver como o Brasil despresaa o seu passado, suas origens.

Bravox
Bravox
Responder para  Fawcett1925
6 anos atrás

Nada de novo no Bananistão sempre a velha historia que Portugal roubava nosso “oro” e isso e aqulo familia imperial é associado a escravidão na mentalidade comum nada de novo…

Mateus von Marchi
Mateus von Marchi
6 anos atrás

Quem jogou Europa Universalis 4 sabe que não foi nem um pouco fácil formar a Rússia que conhecemos hoje.

Amauri Soares
Amauri Soares
6 anos atrás

Eu quero é que se dane os estados unidos a Rússia e a China , quero é que o Brasil se torne império e supere todos os três , se tornando assim a mega potência global , viva ao império do Brasil ??

Defensor da Liberdade
Defensor da Liberdade
Responder para  Amauri Soares
6 anos atrás

Eu não desejo isso, esse negócio de brincar de imperialismo só serve para jogar as nações umas contra às outras, criar inimigos terríveis. Quero apenas que o povo brasileiro se liberte desse estado escravagista que nos cerce não só a liberdade econômica, como também política e individual.

HMS TIRELESS
HMS TIRELESS
Responder para  Defensor da Liberdade
6 anos atrás

Ayn Rand estava certa….rs!

A propósito, como é ler “A revolta de Atlas” e não entender?

Fabrício Barros
6 anos atrás

No mesmo esteio e para entender bem como os russos lidam com a Ucrânia, isso daqui é bem interessante: https://www.quora.com/Why-are-Russians-denying-the-existence-of-Ukrainian-ethnicity

Gilson Moura
Gilson Moura
6 anos atrás

Muitos falam disso e daquilo, mas pouco falam da história militar da Rússia, a qual exemplifico como uma das mais interessantes de se estudar e conhecer. Alexander Suvorov foi como soldado, um dos atores mais marcantes da política russo-européia no século XVIII, a qual levou ao desmembramento do Império Otomano, à destruição da Polônia, à anulação temporária do predomínio francês na Itália. foi do ponto de vista relativo às virtudes intrínsecas do soldado, a figura mais representativa do gênio militar russo. No quadro da evolução da guerra, é uma figura magnífica de chefe militar, desprendido dos esquematismos e artificialismos, tão caros aos doutrinadores da época pré-napoleônica, sua própria época, incapazes de compreender o sentido profundo das atuações do próprio Frederico II.
É, sem dúvida, com Frederico, cujos ensinamentos assimilou, um predecessor de Carnot e Napoleão, na compreensão do que se chamou depois, com influência da Revolução Francesa, de as guerras nacionais. Forma com eles, nesse sentido, um bloco na história da evolução da arte militar.
Mikhail Kutuzov combateu Napoleão, presidindo, a bem dizer, apenas às explosões da alma russa, mas sem o ímpeto agressivo nem a compreensão nítida da guerra moderna de Suvorov e antes, em vez de estimular os entusiasmos nacionais, refreando-os em seus impulsos. Pyotr Bragation, se não houvesse sido morto na célebre batalha de Borodine, seria, muito mais que Kutusof, continuador do mestre, cuja virtuosidade aprendera nas lides dos campos de batalha.
A tendência a lutar pela passividade, procurando cansar o adversário, foi sempre, aliás, característica russa, talvez consequente de entorpecimento produzido pelos grandes frios de intensos e prolongados invernos.
Deixa mesmo, por isso, de ser figura meramente russa para inscrever-se no rol das personalidades mundiais que, como Carnot e Napoleão, compreenderam a guerra moderna de seu tempo, transformando em arma eficiente a alma de seus comandados, que sabem exaltar, tal como fez Alexandre, O Grande. Foi ele o mais famoso e ao mesmo tempo o mais experimentado e mais ardente chefe que as coligações europeias opuseram aos exércitos da Revolução Francesa.
Não obstante, a fama que adquiriu ficou um tanto paradoxalmente obnubilada pelas originalidades de sua forte personalidade, fazendo esquecer em muitos espíritos o seu considerável valor, pois de tão fortes que eram feriram demasiadamente os coevos e pósteros imediatos. Lembra, a esse respeito, o nosso Osório, cuja personalidade magnífica vai ficando injustamente esquecida nas sombras das lendas gloriosas que a envolvem.
O soldado russo gabava-se de ser um “guerreiro cristão” e considerava todos os inimigos da sua pátria como “infiéis”, confundidos nesse labéu turcos, germânicos, poloneses e franceses. Resultava daí que as lutas externas eram para ele “guerras santas”, pois que nelas defendia a “santa Rússia”. A religião era, portanto, para o soldado russo, a cavilha mestra da disciplina militar, ele seria tanto melhor quanto melhor cristão. Coisa análoga ocorria com os seus próprios chefes. Ao entrar no regimento um novo soldado ou recruta, a primeira pergunta que lhe faziam era se sabia rezar, se se confessava. A importância da confissão, da comunhão e anotavam os costumes dos soldados a tal respeito, criavam para ele uma espécie de catecismo militar. Após uma batalha vinham todos fincar cruzes nos túmulos dos mortos, recomendá-los a Deus e implorar proteção para si mesmos àqueles que, por terem tombado no campo de batalha, haviam ingressado no céu. O regimento russo tornava-se assim a santa Rússia em marcha, com suas velhas instituições patriarcais, sua mística poética, ternuras e heroísmos, superstições e crenças, acalentados por suas melodias primitivas.
Paulo I, sucedendo a Catarina II, introduziu no Exército importantes reformas. Algumas úteis porque corrigiam abusos resultantes de hábitos criados por Catarina e seus favoritos, causadores de descuidos de disciplina e de certo relaxamento administrativo. Outras, porém, apenas copiavam servilmente costumes prussianos, ao que se opunha a alma russa. A fascinação do Imperador da Rússia pelas instituições militares prussianas não foi fato isolado na História do século XVIII, Frederico II inovou ao produzir resultados gloriosos de suas aplicações militares, que tal admiração se propuseram a copiar, às vezes só na forma, as ordenanças prussianas, sem curarem sequer de saber se elas convinham ao caráter nacional, o resultado foi evidentemente negativo.

J.B. Magalhães – Civilização, Guerra e Chefes Militares

MGNVS
MGNVS
Responder para  Gilson Moura
6 anos atrás

Gilson Moura

Excelente!

Soldat
6 anos atrás

Muito…..boa essa matéria…

Isso prova mais uma vez que somente o Nacionalismo a volta dos Impérios e o Fortalecimento da Ortodoxia e no futuro quem sabe o fim CVII podem ser o fim de vez do liberalismo da Globalização e da Nova Ordem Mundial!

Parabéns aos editores da Trilogia que tragam mais matérias assim com essa.

Viva ao Império Russo e ao Eurasianismo e a Aleksandr Dugin.

Eita 2 oh May good será que terei meu comments wiped out???

Paulo Costa
Paulo Costa
6 anos atrás

Todo pais deve ter sua historia ,arte e cultura,preservadas para serem vistas pelo seu povo,
e também gerar impostos e prosperidade a cada região.Temos como nunca bons livros desde o descobrimento ate hoje,cidades históricas com turismo crescente,cidades menores com bibliotecas
isto inimaginável a 50 anos atrás.Na AL so nós tivemos Rei e Imperador,as Universidades tem cursos de historia e Geografia.Assistam ao Brasil visto de Cima,uma aula de Historia e Geografia em vários capítulos,com ótimas imagens.A vida é dura mesmo,o sujeito sai de manhã para o trabalho e volta a noite cansado,no fim de semana se dedica a família.

Rodrigo Tavares
Rodrigo Tavares
6 anos atrás

Maioria sempre citam Hitler ou Napoleão

Mas esquecem da Grande Guerra do Norte, aonde Rei Carlos XII (Charles) da Suécia com seu exercito de mais de 70 mil homens bem treinados e armados sendo derrotado pelos astutos russos dando território “terra arrasada” ao inimigo no inverno.

Antunes 1980
Antunes 1980
5 anos atrás

A estratégia da Rússia é de gradativamente ir reconquistando seus territórios da época da união soviética.
Crimeia, depois leste da Ucrânia, posteriormente regiões do Turcomenistão, Kasaquistao, etc.
Daqui uns 50 anos veremos como mapa mundial estará diferente naquela região oriental da Europa.