Brasil corre risco de regredir 40 anos na Defesa, alerta comandante do Exército Brasileiro
Por Sergio Vieira
O comandante do Exército, o general Eduardo Villas Bôas, alertou hoje (24), em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), que todos os projetos da área da Defesa vem sofrendo com fortes atrasos por causa dos cortes orçamentários e que isso representa um “risco real” de uma grande regressão nessa área.
— Podemos retornar a uma situação de 30, 40 anos atrás, quando éramos a oitava maior indústria de Defesa do mundo, e tudo foi perdido. Mais dois anos nessa situação e todo o esforço pode se perder — alertou durante o debate, sugerido pelo senador Ricardo Ferraço (PMDB-ES).
O comandante do Exército fez questão de defender o ministro da Defesa, Jaques Wagner, que, na opinião dele, tem se esforçado para reduzir o impacto desses cortes sobre a pasta. Villas Bôas garantiu que o ministro tem pleno conhecimento do quadro hoje existente.
Diante da gravidade dessa situação, o presidente da CRE, senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), informou que vai buscar junto ao Ministério da Defesa e ao próprio Exército definir quais projetos são os prioritários, para que recebam as emendas da Comissão no Orçamento 2016.
Relator do Livro Branco da Defesa — documento público que expõe a visão do governo sobre o tema da defesa, a ser apresentado à comunidade nacional e internacional —, Ricardo Ferraço criticou Jaques Wagner por, segundo ele, estar hoje mais envolvido com a crise política do que com a crise que atinge a própria indústria de Defesa no país. O senador Informou que há vários dias vem tentando se reunir com o ministro, “mas sem sucesso”.
Fronteiras
Um dos principais pontos abordados durante a reunião foi o atraso na implantação do Sistema Integrado de Monitoramento das Fronteiras (Sisfron).
O programa começou a ser implantado em 2013, com prazo de conclusão de 10 anos, mas, segundo Ferraço, se for mantido o cronograma atual de repasses, esse projeto só estará finalizado daqui a 60 anos. O senador acredita que tudo que foi planejado e começou a ser realizado a partir da gestão de Nelson Jobim na pasta (2007-2011) está hoje “em colapso”.
— O quadro hoje é de desemprego, atraso tecnológico e perda de mercados em virtude da orgia fiscal praticada pelo governo em outras áreas — lamentou Ferraço.
Villas Bôas confirmou que o atraso no Sisfron também é o que mais lhe preocupa. Ele revelou que apenas 7,2% dos investimentos previstos até agora foram feitos.
Para o general, a atuação dos cartéis internacionais ligados ao tráfico de drogas é hoje a maior ameaça à sociedade brasileira. O Sisfron será um elemento forte de dissuasão e combate à atuação desses grupos quando estiver em funcionamento. E para o general, hoje milhões de brasileiros sofrem a consequência direta do desguarnecimento das fronteiras, por onde entra a droga responsável por 80% da criminalidade urbana, segundo dados da Polícia Federal.
De acordo com o comandante do Exército, já foi detectada a atuação desses cartéis na região amazônica, inclusive com a plantação e cultivo de drogas na região fronteiriça.
— Isso é extremamente preocupante, pois são grupos muito violentos e com um grande poder de corrupção das instituições — informou, temendo que ocorra em nosso país fenômenos que já fazem parte do cotidiano de outra nações latinas.
Programas em atraso
Indagado pelos senadores, o general Eduardo Villas Bôas detalhou o atraso existente em outros programas.
A senadora Ana Amélia (PP-RS) mostrou sua preocupação com a grande vulnerabilidade existente no país na área de defesa cibernética. Ela citou especificamente o caso de espionagem feita pela Agência Nacional de Segurança dos EUA sobre a presidente Dilma Rousseff e outras autoridades.
O general concordou e classificou essa área hoje como “fundamental”. Apenas durante a Copa do Mundo, revelou o comandante do Exército, foram neutralizados 756 ataques contra o aparato cibernético utilizado na organização do evento. E disse que a maior utilidade de se preparar nessa área é o resguardo de sua infraestrutura industrial.
VIllas Bôas também destacou a grande ameaça que ronda hoje todos os programas relacionados ao desenvolvimento de mísseis, foguetes e blindados. O comandante reiterou que um país que é a oitava maior economia do mundo, relevante em nível mundial e com a presença de efetivos em diversas nações (Haiti, Líbano, Congo e outras), não pode ficar desguarnecido.
— São áreas geradoras de empregos altamente qualificados e grandes exportadoras — frisou.
Democracia
Os senadores pediram a opinião do general sobre a presença de manifestantes em protestos populares que pedem o “retorno do regime militar”. Para ele, a sociedade brasileira amadureceu democraticamente e “não precisa ser tutelada”. Para ele, parte desses manifestantes na verdade clamam por gestões baseadas em valores, e que a classe militar seria percebida por eles como “portadores desses princípios”.
— Temos compromisso com a legalidade e com a estabilidade, jamais seremos agentes de instabilidade. Nossa missão é clara e determinada pela Constituição — definiu Villas Bôas, recebendo elogios dos senadores Aloysio Nunes Ferreira, Ana Amélia, Tasso Jereissati (PSDB-CE), Edison Lobão (PMDB-MA) e José Agripino (DEM-RN).
FONTE: Agência Senado
COMO? ‘CORRE O RISCO’?? Isso JÁ ACONTECEU!!
Basta olhar para nossos soldados e seus equipamentos, nossos tanques, peças de artilharia, aviões, helicópteros, navios, etc! TUDO já estava presente nos anos 70/80!
Uma vergonha!
De novo: quem votou nesse governo, e o manteve no poder, meus parabéns…
Aliás, em termos gerais, especialmente em política e economia, o Brasil foi lançado de volta, na melhor das hipóteses, aos tempos do governo Sarney.
Quem viveu aqueles tempos, vai concordar comigo.
É, mas vejam só quem apoia o comandante do Exército, o general Eduardo Villas Bôas:
“…recebendo elogios dos senadores Aloysio Nunes Ferreira, Ana Amélia, Tasso Jereissati (PSDB-CE), Edison Lobão (PMDB-MA) e José Agripino (DEM-RN).”
É possível acreditar que melhorará?
Creio que o retrocesso ao qual o general se refere é a falência da indústria dde defesa, tal qual já aconteceu a 3 décadas atrás. Além disto foi importante ter uma idéia do quanto os cortes estão atrasando alguns programas, pelo visto o SISFRON continua sendo resumido apenas a um projeto piloto. Quanto à atuação do Centro de Defesa CIbernética do EB durante a copa do mundo, foi interessante a divulgação dos números relativos à contenção de ataques cibernéticos, dados como estes deveriam ser mais divulgados, pois ajuda a divulgar para a sociedade o trabalho da instituição e os resultados… Read more »
General!
Muita bravata e pouca ação!
CM
Lyw, para quê divulgar? O importante é o sigilo das informações.
Enquanto isso, gasta-se bilhões com propaganda que nada acrescente ao país. É melhor propagandear as mentiras do bolsa família e correlatos do que as ações e resultados que efetivamente são praticadas.
Lyw, tive o mesmo entendimento e acredito que, pelo menos nisto, temos o intendimento do que pode acontecer se não levarmos em consideração o que ocorreu no passado, ou seja, se não aprendermos com nossos erros.
Apareceu a Margarida para dizer o óbvio.
– Enquanto vc’s (FFAA) não tiverem uma Base Política de Defesa com total independência nunca vai servir de nada a tal BND, END e PND…
… e é uma Base Política de Defesa com “interesses” operacionais e industriais e não de Partido, Governo e muito menos Ideológicos.
Nada melhor que um conceito militar para explicar a atual situação ridícula que vc’s, FFAA, se encontram.
– “Fogo sem movimento é disperdício de munição, assim como movimento sem fogo é suicídio.”
Simples Assim.
Grande Abraço.
*entendimento
Alarmismo.
Não tem como piorar muito mais.
Infelizmente.
OFF TOPIC… …mas nem tanto!!! A pindaíba chic argentina: “Os equipamentos expostos incluíam: demonstrador de tecnologia de treinador primário IA-100 fabricado pela FAdeA (Fabrica Argentina de Aviones), dotado de motor Lycoming AEIO-360B1F de 180hp e aviônicos Garmin G3X Touch; protótipo do IA-63 Pampa III; foguetes de 122mm com sistema de planeio, para aumentar o alcance para 60km, lançados a partir de unidades CP-30 (sobre chassis Iveco Trakker 420); carro de combate modernizado TAM 2C; nova versão, modernizada, do obus Citer III de 155mm; radar 3D RPA (Radar Primario Argentino), produzido pela INVAP; e VLEGA (Vehículo Liviano de Empleo General, Aerotransportable)… Read more »