França multiplica ‘assassinatos de Estado’ no exterior
Governo de François Hollande intensifica uso do recurso na luta contra terror e transforma país em uma máquina de guerra secreta
ANDREI NETTO, CORRESPONDENTE / PARIS – O ESTADO DE S.PAULO
Nunca, desde a Guerra da Argélia, um presidente da França mandou perseguir e executar tantos “inimigos” da República fora de suas fronteiras quanto François Hollande. Antes mesmo dos atentados de Paris em janeiro, os assassinatos de Estado já haviam se transformado em um recurso frequente na luta contra o terrorismo internacional, e colocam o país como uma máquina de guerra secreta que só perde para os Estados Unidos de George W. Bush e Barack Obama.
A política de extermínio comandada pelo chefe de Estado socialista foi revelada no livro Les Tueurs de la République (Os Assassinos da República, em tradução livre), escrito por Vincent Nouzille, jornalista independente, ex-repórter especial da revista L’Express. Ela responde pelo nome de “Operações Homo”, de “homicídios”. Ou melhor, ela não responde por nenhum nome, já que oficialmente o Palácio do Eliseu não reconhece a existência de tais ações, definidas pelo autor como “ultrassecretas”.
As “Operações Homo” não são uma novidade nos serviços secretos da França. Criadas pelo presidente Charles De Gaulle em 1958 para eliminar os mercadores de armas que abasteciam o movimento independentista Frente de Libertação Nacional (FLN), na Argélia, a prática se estabeleceu e ganhou método e estrutura ao longo dos anos. Ela foi usada, por exemplo, por François Mitterrand para caçar e prender Carlos, o Chacal, no Sudão em 1994. Sem surpresas, passou a ser cada vez mais empregada a partir do 11 de Setembro, da guerra ao terror contra a Al-Qaeda e suas derivadas, e da Guerra do Afeganistão, contra o Taleban.
Trata-se, segundo Nouzille, de operações clandestinas, realizadas no exterior, como prevenção a ameaças à segurança nacional ou de vingança por atentados cometidos contra interesses da França. Seus protagonistas são anônimos, agentes de exceção, supertreinados, integrantes do Grupo Alfa, uma unidade especial que tem duas missões. A primeira é executar as ordens de eliminação de alvos específicos emitidas pelo presidente em pessoa. A segunda é sobreviver. Em caso de prisão ou de morte, os agentes não são reconhecidos como membros da segurança da França.
Em um livro com base em documentos e fontes anônimas, Nouzille – um jornalista reputado como preciso, rigoroso e talentoso em Paris -, faz a cronologia de operações bem ou malsucedidas realizadas até aqui. O autor aborda, por exemplo, o fracasso da operação Rainbow-Warrior, em 1985, que sabotou e afundou um navio do Greenpeace que pretendia protestar perto do Atol de Mururoa, local de testes nucleares franceses no Oceano Pacífico, ou ainda a operação para eliminar Hazrat Ali, um dos líderes taleban no Afeganistão, em 2012, considerado responsável por uma emboscada a tropas francesas que deixou 10 mortos e 20 feridos.
Retraçar a cronologia das operações mais relevantes permitiu a Nouzille chegar a uma informação-chave: a de que a França jamais praticou tantos assassinatos de Estado quanto na gestão de Hollande, iniciada em 2012. Afeito aos temas militares, o atual presidente acentuou a posição intervencionista de Jacques Chirac e Nicolas Sarkozy, transformando os serviços secretos e as forças especiais ligadas ao Grupo Alfa em uma das mais ativas células clandestinas antiterrorismo do Ocidente, atrás apenas dos EUA. “Poucos países têm o interesse ou a capacidade de projetar ao exterior pequenas equipes ou grandes meios para realizar esse tipo de operação”, explicou Nouzille ao Estado. “No campo ocidental, alemães, italianos ou espanhóis, por exemplo, não têm esses meios. Os únicos países são Grã-Bretanha e EUA.”
Segundo Nouzille, Londres freou o uso dessa estratégia desde a segunda guerra do Iraque, que provocou um terremoto político no país, abreviando a carreira de Tony Blair. “Não há muitos países com vontade de intervir. Os americanos aumentaram a potência de seu programa de assassinatos com os drones, decidido por George W. Bush e Barack Obama. Nem mesmo a Grã-Bretanha tem a pretensão de realizar esse tipo de operação, complicada e arriscada”, diz o autor, que tem dúvidas sobre a eficiência dessas ações, que podem expor as nações que as praticam à vingança terrorista.
Les Tueurs de la République foi finalizado pouco antes dos atentados de Paris de 7, 8 e 9 janeiro, cometidos por células da Al-Qaeda em nome do Estado Islâmico. Até aqui, diz Nouzille, foi impossível saber se há uma aceleração do programa de assassinatos de Estado. “As primeiras informações desde janeiro indicam que a França não mudou suas práticas”, afirma.
Não mudar, no caso, significa perseguir a estratégia de execuções cirúrgicas. Em 5 de fevereiro, um ataque com drone matou Hareth Al-Nadhari, chefe religioso da Al-Qaeda na Península Arábica, no Iêmen. Al-Nadhari havia ameaçado a França com atentados terroristas.
FONTE: Estadão
Pelo visto o FAMAS não tem uma “fama” muito boa.
O Mossad é o número 2 no mundo, não os gauleses.
Caro Corsario137
O Mossad possui um Modus Operandi distinto das forcas especiais dos EUA, ou de qualquer outro pais.
O Mossad e muito discreto, e procura exterminar os inimigos de uma maneira mais natural, ou seja, como atraves de acidentes sequestros, e claro que com chumbo tambem.
As operacoes especiais que exigem forca bruta e exterminio mais intenso, fica por conta do Sayeret Matkal, do Exercito de Israel.
O Benjamim Netanyahu serviu nesta unidade de elite, como capitao.
Bosco, de repente pode ser uma questão de manter esse tipo de ação secreta. Vários países usam o M-4 enquanto o FAMAS é tipicamente francês.
Mais uma vez quero reclamar com Alexandre a inclusão deste tipo de assunto na “Vala comum” das Forças Terrestres.
Os sitios da aeronáutica e naval são sagrados, e só recebem assuntos técnicos pertinentes.
O que é estranho vai para Forças Terrestres!!!
Por que não criar um quarto sitio para algo que fuja da função precípua dos três atuais?
Prezado Bacchi, o ForTe também aborda geopolítica e relações internacionais.
Abs
Caro Tadeu,
Mas o pessoal do sayrat não trabalha disfarçado no exterior. É uma força de elite sim mas é regular
Sayeret, corrigindo.
Caro Corsario, Como voce disse que o Mossad e o numero dois, e nao os gauleses, eu so queria me referir a fato que os gauleses sao uma tropa especial fardada e mais equipada, e o Mossad nao e uma tropa fardada e nao carrega muito equipamento, ou quase nada. Voce conhece bem o que eu estou dizendo, mas penso que estamos interpretando o tema de forma diferente. Como tropa de exterminio usando farda e equipamenot tatico, talvez os gauleses sejam o segundo lugar. O Mossad pode ate ser o segundo lugar, e voce sabe que eles sao militares, mas… Read more »
O texto diz claramente, serviços secretos Franceses e forças especiais, mas o grupo Alfa.
Tanto os serviços secretos(DGSE) , não usam farda, como é lógico e o grupo Alfa, claramente também não usa, como diz no texto, em caso de qualquer falha, têm que sobreviver sozinhos, para a França não ser prejudicada.
As fotos são de forças especiais fardadas, pois das outras duas unidades, que são o tema do texto, não existem fotos.
Renato,
Nessa foto em que os comandos tomam posicao defensiva, logo depois de baixarem do helicoptero, dava para ver claramente que estao usando os M-4 Carbine.
Actualmente(2022) as forças especiais Francesas usam principalmente a excelente HK416 Germânica.
Carissimo Galante, muito obrigado por sua atenção.
Por favor, note, que eu não escrevi que o Forte não deva abordar geopolitica e relações internacionais.
Longe disso!!!
Apenas, deveria ter um quarto sitio dedicado a estes itens, e deixar o Forças Terrestres para discussões sobre Forças Terrestres, como soe acontecer com Marinha e Aeronautica..
Galante, vou ser chato e me juntar ao Bacchi, sabemos que o Forte recebeu o fardo de carregar, junto a temas pertinentes às “Forças Terrestres”, geopolítica e relações internacionais. Mas, na minha opinião isto polui um pouco o brilho do sítio, que como os outros dois (poder aéreo e Naval) poderia tratar apenas de temas especializados, admito que me sinto um pouco frustrado quando venho em busca de matérias técnincas (ou notícias) pertinentes às temáticas das forças terrestres e me deparo com matérias repletas de debates relacionados à política, que acredite, me interessam e muito, mas acho que estou um… Read more »
Caríssimo Tadeu,
Agora o compreendi perfeitamente. Sem dúvida.
Quanto a essa operação, lembro bem, nomeada “Operação Engenheiro”. Mas o alvo não era do Hezzbollah, mas Yehiyeh Ayyash, construtor de bombas do Hamas e líder das brigadas Izz ad-Din al-Qassam. Muito prevenido, foi um alvo difícil de resolver. Através de um colaborador infiltrado, chegou até ele um telefone celular. Como ele trocava de telefone toda hora, não deu lá muita importância. Assim que atendeu perguntaram por ele, ele respondeu e BUMMM.
Abraço.
joseboscojr 27 de março de 2015 at 17:22 # Pelo visto o FAMAS não tem uma “fama” muito boa. Nunca teve mestre Bosco. O FAMAS foi originalmente concebido para receber a munição M193, mas (esse mas é importante), devido a maneira específica de trabalho de Famas (lever delayed blowback, mais detalhes no final do texto), a qualidade do estojo é muito importante, porque é o estojo que vai ter que suportar a energia gerada pelo disparo, que sera utilizada para mover todo o conjunto do ferrolho. Durante os testes preliminares em 1973-74) , ocorreram vários incidentes porque o estojo das… Read more »
Valeu Melky!
Bem interessante!
O FORÇAS TERRESTRES está de parabéns!!!
Depois do excelente comentário do Bosco, temos agora esta completa explicação sobre os problemas do FAMAS!!!
Melky, meus parabéns pela clareza e precisão da explicação!!!
Já tinha lido em revista francêsa sobre problemas com o FAMAS, e que estes problemas estavam relacionados com a munição. Mas não se alongaram em discussão sobre o assunto.
Pelo que entendi as forças especiais francesas estavam adotando fuzil estrangeiro, não sei de que marca.
Muito obrigado.