Após caças, Saab agora vende mísseis ao Brasil
Roberto Godoy
Exército compra lote dos suecos antes de concluir negociação, ordenada por Dilma, com fabricante de produto similar da Rússia
O Comando do Exército comprou um lote de mísseis antiaéreos RBS70, suecos, fabricados pela Saab. É o mesmo grupo empresarial que fornecerá, a partir de 2018, 36 caças Gripen NG para a Força Aérea Brasileira, um negócio de US$ 4,5 bilhões.
O contrato dos mísseis é menor, vale R$ 29,5 milhões e inclui lançadores portáteis, suporte logístico, simuladores, equipamentos de visão noturna, ferramental, treinamento de manutenção e cursos de operação, além, claro, do próprio míssil, do tipo Mk2.
Ao mesmo tempo, prossegue a operação entre o Ministério da Defesa e o governo da Rússia para aquisição dos Igla-S9K38, versão recente do míssil leve de porte pessoal, disparado por só um artilheiro – a rigor, um produto da mesma classe do RBS70. Dirigido por laser, tem capacidade entre 250 m e 8 km.
A negociação com o fornecedor russo é uma determinação direta da presidente Dilma Rousseff, depois de reunião pessoal em Moscou com o primeiro-ministro Dmitri Medvedev e o presidente Vladimir Putin, em dezembro de 2012. Em nota oficial, o Exército destaca que “não há relação direta entre os temas”.
A acomodação dos modelos de mísseis na Força foi obtida pela dotação do Igla-S9K38, russo, para a Brigada de Infantaria Paraquedista. Já o RBS70/Mk2, sueco, será encaminhado para uso nos grupos da 1.ª Brigada de Artilharia Antiaérea e das Brigadas de Infantaria Mecanizada.
Pacote. Essa transação faz parte de um pacote maior, envolvendo três baterias (16 veículos semiblindados) do sistema de médio alcance Pantsir S1, destinado a cobrir alvos aéreos a 15 km de altura e 20 km de distância. É uma engenhosa combinação de mísseis e canhões duplos de 30 milímetros. A discussão abrange dois conjuntos do Igla e eventualmente uma joint venture para produzir a arma no País. Uma cláusula de transferência de tecnologia protege o acesso brasileiro ao conhecimento dos dois modelos. O investimento exige acima de US$ 1 bilhão.
O Ministério da Defesa enviará a Moscou nas próximas semanas um grupo que fará os ajustes finais na transação. Além dos militares, integram o grupo empresas como Odebrecht Defesa e Tecnologia, Embraer Defesa e Segurança, Avibrás Aeroespacial, Mectron e Logitech. Pelo governo, participaram analistas do Ministério do Desenvolvimento, do BNDES e da Agência de Desenvolvimento da Indústria.
A rigor, as empresas agregadas à missão que esteve na Rússia poderão receber incumbências de produção de partes e componentes. A fabricação local do Igla-S9K38 pode ficar a cargo da Odebrecht Defesa e Tecnologia, por meio da associada Mectron. Os radares caberiam à Bradar, da Embraer Defesa e Segurança, e propulsão e a fuselagem ficariam por conta da Avibras. Nenhuma das empresas comenta a informação.
A aquisição do sistema RBS70 segue o Projeto Estratégico de Defesa Antiaérea. A arma será integrada às facilidades de comando e controle desenvolvidas pelo Exército e fabricado pela Bradar.
FONTE: O Estado de S.Paulo
O negócio com os Russos, se depender do EB não sai tão cedo e agora , as se complicaram mais ainda.
Grande abraço
Ainda que o RBS esteja na mesma categoria de alcance o sistema de guiagem é diferente do Igla e do Mistral.
Afinal, eles são concorrentes, complementares ou o emprego de um não tem nada haver com o outro?
São sistemas que se complementam. Os sistemas guiados por IR tem a limitação de somente permitir o engajamento pela retaguarda e podem ser enganados por flares. Tem a a vantagem de não carecer acompanhamento do alvo pelo atirador apos disparo.
O guiado por laser permite engajamentos em qualquer ângulo e não há contra medida a não ser manobrar e tentar escapar da visada.
O ideal é o emprego de ambos os sistemas juntos. .
Renato, conforme o Colombelli precisamente explicou o Igla e o RBS se complementam. Acrescentaria, apenas, que o Igla é mais portátil que o RBS, sendo mais indicado para as organizações leves (aeromóvel, paraquedista e selva) e unidades orgânicas de DAAe das Brigadas.
A decisão pela compra do RBS em nada atrapalha ou dificulta o processo de aquisição das baterias de Igla, que pode, sim, ser inviabilizada por outro motivo: a Ucrânia.
Dependendo do desfecho da situação na Ucrânia, não acho difícil a imposição de um embargo econômico que pode dificultar negociações com a Russia sobre armamentos. [O último lote de AH-2 Sabre(MI-35M4 Hind-E) já veio?]
E, mais uma vez o Godoy espalha desinformação. A designação do Igla-S (SA-24 pela OTAN) é 9k338. Não 9K38, que é a versão anterior do Igla (SA-18, OTAN), já utilizado pelo EB e FAB.
Colombelli,
Há muito mísseis guiados por IR são all aspect, e os mais modernos são bem resistentes às IRCMs, com a vantagem de em geral serem mais portáveis, não exigirem o acompanhamento após o lançamento e operarem de forma completamente passiva.
Mas concordo que são complementares e que os mísseis guiados por laser tem a vantagem sobre os guiados por IR por serem praticamente imunes às contra-medidas e podem ser usados contra alvos de oportunidade no solo, embora exijam acompanhamento durante toda a trajetória até o alvo, sendo por isso menos portáveis e alertarem o alvo precocemente quando da emissão do laser, caso o alvo tenha um sistema de detecção de emissão laser, equipamento que está se generalizando mundo afora.
Embora praticamente imunes às contra-medidas, um míssil guiado por laser (laser beam rider) pode ter seu guiamento interrompido caso o alvo seja um helicóptero pairado próximo à superfície e que lance granadas fumígenas, se ocultando atrás da fumaça gerada.
Outra forma é usando flares no caso do lançador estar utilizando câmara de imagem térmica. Uma grande quantidade de flares pode “ofuscar” o sistema de pontaria e fazer o míssil errar. Portanto mesmo não sendo guiado por IR é interessante o uso de flares para se contrapor a um míssil guiado por laser, principalmente se for a noite.
Uma terceira maneira é utilizando um laser para “cegar” o lançador.
Bosco, misseis como o Mistral de fato não deixam quase nada a dever em termos de eficiência para um guiado a laser. Inclusive os dados que tive acesso apontavam índices entre 93% e 95% de acerto para o Mistral e o RBS 70, quase idênticos. Mas este não parece ser o caso do Igla.
E o custo de um missil IR que comporte atualização capaz de torna-lo eficiente em engajamento frontal e com seeker mais eficiente acaba sendo meio salgado se comparado a um guiado a laser ou a um IR de menor sofisticação como é o caso do Igla.
Quantos aos flares, poderão ofuscar o visor sobrecarregando-o, mas por apenas poucos segundos. O piloto terá de saber exatamente o momento de fazer isso, pois caso contrário o operador retoma a visada. Parece ser muito difícil e depender muito da sorte acertar o exato momento de acioná-los para evitar um míssil como um RBS. Claro que no gagá do desespero vale tudo para não ser atingido. Ja os sistemas de alerta laser, dependerá de o atirador retardar ao máximo o engajamento para minimizar o tempo de reação do piloto, o que pode não ser fácil quando se vê uma presa dando “sopra na crista”. isso dependerá de muito treino.