José Carlos de Nardi* – O Estado de S.Paulo

vinheta-clipping-forte1logo-estado-maior-conjunto-copyCriado há três anos como braço militar do Ministério da Defesa, o Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA) vem buscando a integração permanente das Forças singulares. Ao mesmo tempo que auxilia a Defesa, o Estado-Maior tem cumprido o papel de liderança nas ações que têm a participação da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.

Parafraseando Alfred Mahan, historiador e estrategista americano, navios, carros de combate e aviões não ganham guerras, são homens que ganham as guerras. Nesse contexto, o foco do nosso aniversário está no combatente. Homens e mulheres que, com seu vigor físico, sua inteligência e dedicação à Pátria, operam equipamentos complexos, planejando e conduzindo exercícios e operações na busca incessante da paz e da segurança do nosso território.

Por meio das Operações Ágata, que este ano completaram sua sétima edição, nossa presença se tornou efetiva ao longo dos mais de 16,8 mil quilômetros de fronteira terrestre. Com apoio dos valentes combatentes de selva, dos audazes homens do Pantanal e dos guerreiros do Sul, chegamos aos mais longínquos pontos, procurando minimizar o sofrimento daquela gente fronteiriça.

Alcançamos um resultado expressivo com a realização da Ágata: 25,342 toneladas de maconha e 657 quilos de cocaína, crack e haxixe foram apreendidos. Os números são considerados um recorde histórico. Ao retirarmos essa quantidade de entorpecente de circulação, estamos enfraquecendo as quadrilhas internacionais e impedindo que as drogas atinjam os grandes centros urbanos, um dos grandes males para a nossa sociedade.

Com a permanente prontidão dos nossos bravos marinheiros a bordo dos navios da nossa Armada, estendemos a cobertura sobre os quase 8 mil quilômetros de costa da Amazônia Azul, mantendo o Pavilhão Nacional soberano no nosso mar territorial até a zona do pré-sal. Também, graças à dedicação dos competentes pilotos da Força Aérea, conseguimos garantir a soberania do nosso espaço aéreo, permitindo que chegássemos aos rincões mais distantes do País. Dessa forma a interoperabilidade – palavra que já foi difícil articular – se firma de maneira indelével no conceito do emprego de Forças militares.

Acompanhar o trabalho de homens e mulheres, militares e servidores civis das três Forças singulares ou da carreira de defesa nos enche de orgulho e esperança. Começamos a falar a mesma linguagem e, apesar de valorizarmos de forma singular nossos uniformes e tradições, nosso olhar está focado no Brasil. A confiança demonstrada pelos brasileiros tem sido conquistada com suor, e assim permaneceremos com o árduo, porém profícuo trabalho.

Três anos parecem pouco, mas o trabalho desenvolvido e o apoio recebido da alta administração do governo federal nesse curto período provam a nossa maturidade. Nossa existência era necessária, o moderno conceito de emprego conjunto de Forças Armadas, aliado ao crescimento da importância do Brasil no conceito das nações, exigia a criação do EMCFA.

A coordenação executada nos dois primeiros grandes eventos que o País sediou foi fundamental para o sucesso. Uma quantidade expressiva de equipamentos da Marinha, do Exército e da Força Aérea, conduzida por dezenas de milhares de homens e mulheres bem adestrados, só foi possível porque a interoperabilidade já faz parte do nosso jargão e das nossas rotinas.

A marcante presença ultramarina dos militares do Brasil, reconhecida na esfera internacional, por meio dos contingentes no Haiti e no Líbano, da Minustah e da Unifil, respectivamente, é constantemente acompanhada e coordenada pelo EMCFA. A participação dos nossos homens e mulheres nos colegiados internacionais, principalmente com nossos vizinhos da América do Sul e da África, é motivo de orgulho nacional, pois nos estamos tornando referência mundial em assuntos de defesa e interoperabilidade.

Com destaque especial, antecipo que no próximo ano comemoraremos a marca de uma década da presença militar do Brasil em território haitiano. Pesquisas têm mostrado a aceitação de nossos militares por parte das populações dos países onde atuamos.

Ao mesmo tempo que revemos esse passado bem recente, quando o Estado-Maior Conjunto deu início a uma importante conquista de espaço no organograma do Ministério da Defesa, vislumbro o futuro. E, desse modo, nos permite reforçar o sentimento de que muitos projetos e ações serão desenvolvidos para o crescimento do nosso Brasil.

Destaco, por exemplo, as atividades desenvolvidas no âmbito dos grandes eventos, iniciadas com êxito no ano passado, por ocasião da Rio+20, a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável. E, num processo de continuidade, bem realizamos outras duas importantes missões em 2013: a Copa das Confederações da Fifa e a Jornada Mundial da Juventude, esta acompanhada da visita oficial do papa Francisco ao Rio de Janeiro e a Aparecida.

Para o próximo ano teremos como um dos maiores desafios atuar no planejamento de defesa da Copa do Mundo da Fifa. E também nos prepararmos para os Jogos Olímpicos que serão realizados no Rio em 2016. Dentro desse propósito, reforçaremos, nos eixos que cabem às Forças Armadas, a defesa de estruturas estratégicas, defesa aeroespacial e controle do espaço aéreo, defesa fluvial e marítima, cooperação nas fronteiras, fiscalização de explosivos, segurança e defesa cibernética, defesa química, biológica, radiológica e nuclear, emprego de helicópteros, prevenção e combate ao terrorismo e força de contingência.

Portanto, neste momento especial, em que as reflexões nos vêm à mente, concluímos que, integrados, Marinha, Exército, Força Aérea e EMCFA somos insuperáveis no cumprimento das nossas missões constitucionais. Com toda a certeza estaremos num esforço contínuo e interminável para que possamos levar cada vez mais alto a Bandeira do nosso querido Brasil.

*José Carlos de Nardi é general e chefe do EMCFA.

FONTE: O Estado de S. Paulo

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