DCF 1.0

vinheta-clipping-forte1O grupo antiterrorismo Alfa, a  divisão antiterrorismo na Rússia, comemorou em 29 de julho o seu 39º aniversário. Serguêi Gontcharov, presidente da Associação Internacional dos Veteranos da Divisão Especial Antiterror Alfa, concedeu entrevista à agência RIA Novosti, e comentou sobre o que mudou na estrutura da divisão especial desde o dia de sua fundação, e quais problemas o grupo de oficiais terá que enfrentar durante o período dos Jogos Olímpicos de Inverno 2014, em Sôtchi.

RIA Nóvosti: Como deve ser um oficial do Alpha? Os critérios de seleção mudaram desde a época da criação do grupo?

Serguêi Gontcharov: No geral, as diferenças são enormes. Enquanto na longínqua década de 1970 apenas os funcionários do Comitê de Segurança do Estado (KGB) podiam integrar a divisão especial, o Alfa tem atualmente o direito de selecionar oficiais de qualquer departamento. Existem muitos interessados em se juntar à divisão especial, mas nossa seleção é rigorosa.

Também houve mudanças no aspecto técnico, pois a divisão passou por um reequipamento em grande escala. A única coisa que não se alterou foi a postura dos oficiais, o senso do dever para com a pátria. O resto, é claro, mudou drasticamente. E quero enfatizar que a mudança foi para melhor.

RN: Há planos de criar outras divisões semelhantes à Alfa?

SG: Não acho que neste momento existam quaisquer premissas para a criação de divisões paralelas àquelas que já existem no Serviço Federal de Segurança [FSB, na sigla em russo]. Elas são representadas principalmente pelas divisões de elite Alfa e Vimpel. Novos destacamentos não são necessários, pois os existentes já cumprem 100% de todas as tarefas que a liderança do país propõe.

RN: O trabalho da divisão se intensificou nos últimos anos?

SG: Sim, os ataques terroristas na década de 1970 eram vistos pelo povo como uma grande situação de emergência para todo o país. E agora quase não há um único dia sem que uma agência qualquer informe sobre assassinatos encomendados ou atos terroristas, que ocorrem principalmente no território do Cáucaso do Norte ou em outras regiões vizinhas. É preciso entender que a ameaça terrorista hoje é muito maior do que antes.

RN: Quais são os programas especiais de treinamento para o Alfa frente às Olimpíadas em Sôtchi?

SG: Os treinamentos são realizados praticamente todos os meses. Todas as divisões estão trabalhando na solução dos problemas com os quais irão se deparar. O componente operacional e o da inteligência de Alfa funcionarão a todo vapor. E o mais importante é que todos entendem que o Cáucaso do Norte e os territórios adjacentes constituem uma área de atenção especial. A garantia da segurança durante a realização dos Jogos Olímpicos é o elemento essencial para as forças de segurança. Para nós, o mais importante é que as Olimpíadas transcorram sem que haja nenhuma emergência. Essa é a tarefa número um.

RN: O Alfa está interagindo com colegas estrangeiros?

SG: Para divisões como a Alfa é indispensável aprender as melhores práticas das forças especiais estrangeiras. Nós analisamos as experiências de israelitas, americanos, espanhóis, ingleses e assim por diante. Mas, pelo menos eu acho que a nossa divisão está entre as três melhores do mundo. Então, pelo visto, a maior parte dos nossos colegas estrangeiros é que está aprendendo conosco.

Da URSS aos Jogos de Inverno

A divisão Alfa do Comitê de Segurança do Estado foi criada em julho de 1974 sob o nome “A”. Foram os jornalistas que a batizaram de Alfa e, em seguida, o novo título foi aprovado oficialmente. De acordo com o Regulamento sobre a sua criação, a divisão inicialmente tinha a função de “suprimir atos de terrorismo, sabotagem e outras ações criminosas particularmente perigosas cometidas […] com o objetivo de capturar as missões estrangeiras, seus colaboradores, e especialmente instalações estratégicas”.

Até 1985, a divisão Alpha encontrava-se subordinada à autoridade pessoal do Secretário-Geral e da liderança do KGB. O número inicial de colaboradores não passava de 40 pessoas. Eram arregimentados exclusivamente oficiais do KGB da antiga URSS, que haviam passado por um treinamento especial.

Mais tarde, o número de combatentes foi crescendo e e passou a ter divisões regionais  na Ucrânia, Bielorrússia, Cazaquistão, no Extremo Oriente russo, nos Urais e no Cáucaso do Norte. Em 1991, o efetivo chegava a mais de 500. Em Moscou, servem atualmente cerca de 250 pessoas, sem contar as três divisões regionais (Krasnodar, Iekaterinburgo e Khabarovsk).

O grupo “A” realizou dezenas de operações de combate. Em 27 de dezembro de 1979, durante uma operação especial, em conjunto com outras divisões, os oficiais do grupo “A” tomaram o palácio bem fortificado do presidente Amin, em Cabul (a partir dessa investida teve início a guerra da URSS no Afeganistão). Em 17 de junho de 1995, o grupo “A” participou da tomada do hospital de Budennovsk (região de Stavropol), no qual terroristas liderados por Basaiev mantinham presas mais de mil pessoas.

Na conta dos combatentes do Alfa existem muitos casos de libertação de reféns capturados pelos terroristas, incluindo o Centro de Teatro de Dubrovka, em Moscou (de 23 a 26 de setembro de 2002) e em Beslan (de 1 a 3 de setembro de 2004). Por várias vezes os colaboradores da divisão, garantiram a segurança pessoal dos altos funcionários do Estado durante as suas visitas a Tchetchênia e outros “pontos quentes”.

No arsenal do departamento “A” encontram-se amostras únicas de armas e dispositivos especiais. Pistolas silenciosas, fuzis e metralhadoras (incluindo armas que são capazes de disparar debaixo d’água) são produzidas sob encomendas especiais. Muitos colaboradores do Alf são capazes de conduzir todos os tipos de veículos blindados e possuem treinamento de alpinismo e de mergulho.

Publicado originalmente pela agência RIA Nóvosti

FONTE: Gazeta Russa (adaptação do Forças Terrestres. Título original: “Cáucaso do Norte e áreas adjacentes precisam de atenção especial”)

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