O poder nas relações internacionais – 2
A evolução do conceito de poder
Num mundo em que a interdependência entre os Estados – particularmente no plano econômico – é cada vez maior, parece mais difícil a um país impor completamente a sua vontade aos outros. O poder parece exercer-se de maneira menos coercitiva e menos violenta. Assim, o uso da força para responder a ameaças não militares torna-se cada vez menos previsível.
O poder tende a tornar-se a matriz das interdependências, o que se traduz em processos menos diretivos de dominação. Já não basta afirmar e conquistar, é preciso negociar, convencer e tentar controlar as regras do jogo neste ou naquele domínio. Isso é particularmente verdadeiro nos âmbitos econômico, comercial e técnico, que ocupam um lugar considerável nas relações internacionais contemporâneas. Esta é a tese defendida pelo politólogo americano Joseph Nye em Bound to lead, the changing nature of the american power (1990). Ele também desenvolveu mais tarde, em 2004, o conceito de “Soft Power”, no livro Soft Power: The Means to Success in World Politics.
Observa-se igualmente que os Estados procuram hoje menos o poder como um meio de expansão do que como forma de proteção e de “santuarização”. Doravante, um país será poderoso se conseguir escapar às pressões que se pretenda fazer recair sobre ele. Daí uma situação paradoxal: os Estados ocidentais hesitam em comprometer-se na cena internacional quando seus interesses não estão diretamente em jogo. A sua relutância em disponibilizar tropas para operações de manutenção da paz são disso uma ilustração.
Em próximo post, os elementos do poder.
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