América Latina: aumento da violência e desigualdade no acesso à Segurança
(Heraldo Muñoz, subsecretário geral da ONU e diretor regional para América Latina e Caribe do PNUD – El País, 11) 1. O lado frágil da América Latina é o crime, a violência e a insegurança. Com diferentes intensidades entre os países, a região sofre de uma epidemia de violência, acompanhada pelo crescimento e disseminação de crimes, bem como pelo aumento do medo entre os cidadãos.
2. Entre 2000 e 2010 a taxa de homicídios da região aumentou 11%, enquanto que na maioria das regiões do mundo diminuiu. Se considerarmos os países com dados entre 1980 e princípio de 1990, em comparação com o momento atual, veremos que os roubos quase triplicaram nos últimos 25 anos.
3. Por que isso ocorre? Uma razão é que os países da região ainda sofrem com a incompetência na área de justiça e segurança. Isso se reflete em níveis alarmantes de impunidade, na crise que aflige seus sistemas prisionais e da desconfiança dos cidadãos em relação às instituições policiais e judiciais.
4. É justamente à luz dessas deficiências que a privatização da segurança tem ganhado força, o que tende a aprofundar a desigualdade no acesso à segurança e deixa sem solução os desafios enfrentados pelo Estado como o principal responsável pela segurança.
5. Outra razão de fundo são os laços comunitários como a família, escola e comunidade que perderam sua força em alguns contextos como tensores sociais que permitem desenvolver formas positivas de convivência. A insegurança reconfigurou o tecido social das sociedades latino-americanas, reduzindo os espaços de cooperação, confiança e participação cidadã e propiciando, em alguns casos, formas de organização distorcidas pelo medo e pela desconfiança, como a “justiça pelas próprias mãos”.
6. Apesar de o crime organizado ter ganhado notoriedade como um catalisador da violência e criminalidade em nível local e transnacional, a afetação cotidiana dos cidadãos revela que estão expostos a muitas outras ameaças, como a criminalidade de rua, a violência sexual e a violência exercida pelos e contra os jovens. Estas ameaças, na prática, estão interligadas e em um ciclo contínuo.
FONTE: Ex-Blog do Cesar Maia