Novos voos são cancelados, e país tem segundo dia sem internet e telefone, provavelmente cortados pelo regime. Ativistas temem que “apagão” na área de comunicações seja estratégia de Assad para cometer novo massacre

 

A Síria registrou ontem seu segundo dia sem internet e com telefones fixos e celulares praticamente inoperantes, ao mesmo tempo em que bombardeios da Força Aérea atingiram posições de insurgentes nas cercanias do aeroporto da capital, Damasco.

É a pior queda no sistema de comunicações do país desde o início da revolta contra a ditadura de Bashar Assad, em março de 2011 -que acabou se transformando em uma guerra civil e já deixou ao menos 40 mil mortos, segundo cálculos de ativistas.

A verificação independente das informações é impossibilitada pela censura que o regime sírio impõe à mídia.

Conforme relatos de oposicionistas, forças de Assad e rebeldes entraram em choque nos distritos de Aqraba e Babilla, no sudeste de Damasco, por onde é preciso passar para chegar ao aeroporto.

Um porta-voz da insurgência na capital, Musaab Abu Qitada, disse à agência Reuters que a intenção era “liberar” o aeroporto e evitar a chegada de carregamentos de armas para o governo sírio.

Ontem, as informações sobre os voos para Damasco eram contraditórias. O diretor da empresa aérea nacional, a Syria Air, disse que a companhia operava normalmente. Porém voos de empresas estrangeiras, como Emirates e EgyptAir, continuaram suspensos durante todo o dia.

O chefe do Observatório Sírio para os Direitos Humanos (baseado em Londres), Rami Abdelrahman, disse que os aviões de Assad atacaram áreas rurais perto de Aqraba e Babilla e a estrada para o aeroporto ficou aberta, mas com pouquíssimo tráfego.

Ainda ontem, pelo menos 12 atiradores libaneses foram mortos numa emboscada do Exército sírio perto de Tel Kalakh, na província de Homs (centro do país), aumentando os temores de que o conflito se espalhe pela região.

Fora da rede

O segundo dia de “blecaute” nas comunicações sírias despertou entre ativistas a desconfiança de que o regime sírio planeje um ataque longe das vistas do público. A internet tem sido um dos principais meios de arregimentação dos oposicionistas.

A Síria já atribuiu a queda da internet a “terroristas” e a “problemas técnicos”. Especialistas, porém, dizem que um eventual sabotador teria de cortar, ao mesmo tempo, três cabos submarinos e mais um que passa pela Turquia para tirar o país da rede -o que é altamente improvável.

Ontem, a França manifestou “extrema preocupação” com o corte nas comunicações sírias. “É mais uma mostra do que Damasco está fazendo para manter as pessoas reféns”, disse um porta-voz da Chancelaria francesa.

FONTE: Folha de São Paulo, via Sinopse da Marinha

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