A recuperação da capacidade operacional das Forças Armadas e o desenvolvimento de projetos ligados aos três eixos estruturantes da Estratégia Nacional de Defesa (END) e do Programa de Articulação e Equipamentos de Defesa (PAED) – cibernético, aeroespacial e nuclear – marcaram o último painel do Seminário Estratégias de Defesa, realizado no auditório Nereu Ramos, na Câmara dos Deputados.

Durante mais de duas horas, militares representando o Ministério da Defesa, por meio do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), fizeram detalhamento minucioso daquilo que planejam para o horizonte de 35 anos. O seminário foi promovido pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara, com apoio do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Coube ao chefe de Operações Conjuntas (Choc), do EMCFA/MD, brigadeiro Ricardo Machado Vieira, a abertura do painel “Os grandes projetos estratégicos das Forças Armadas”. O militar fez sua exposição com base nas diretrizes traçadas pela END e pelo PAED. E apresentou os eixos estruturantes que cabem às Forças Armadas e os principais projetos em desenvolvimento por elas.

“Precisávamos de um plano para as nossas Forças Armadas dispostas em forma mais lógica. Por isso, buscamos prioridades em áreas estratégicas”, disse o brigadeiro Machado.

Submarino nuclear

Após a apresentação das diretrizes gerais, os oficiais-generais representantes dos comandantes da Marinha, do Exército e da Força Aérea Brasileira (FAB) deram detalhes daquilo que vem sendo desenvolvido. O contra-almirante Antonio Fernando Garcez Faria relatou que a Marinha tem trabalhado em projetos na área nuclear, que se divide no ciclo de combustível e no laboratório de geração núcleo-elétrica (LABGENE).

A Força Naval também trabalha no âmbito do núcleo de poder naval no desenvolvimento de navios-patrulha de 500 toneladas – corveta classe Barroso. A meta é incorporar 46 desses navios. A Força atua ainda no Programa de Obtenção de Meios de Superfícies com os navios-patrulha adquiridos recentemente na Grã-Bretanha.

O navio-patrulha oceânico Amazonas foi o primeiro de três unidades a ser incorporado para atuar na região denominada “Amazônia Azul”. Nas próximas semanas, a Marinha receberá a segunda embarcação em Londres, sendo a terceira no primeiro trimestre do próximo ano.

Em outra frente, a Força Naval trabalha no projeto de construção de submarinos convencionais e a propulsão nuclear no polo de Itaguaí (RJ). O esforço concentrado tem por finalidade, também, permitir a segurança da navegação.

Já na parte de tropas, a Marinha planeja constituir a 2ª Esquadra da 2ª Força de Fuzileiros que deverá ser instalada próximo à foz do rio Amazonas. Deste modo, o litoral brasileiro estaria sendo coberto pelos fuzileiros numa área que vai do Oiapoque (AP) ao Chuí (RS).

Sete projetos do Exército

Em seguida, o general-de-brigada Luiz Felipe Linhares Gomes, chefe do Escritório de Projetos do Exército, apresentou os setes projetos estratégicos da Força Terrestre. O primeiro deles é o blindado Guarani – que tem por finalidade produzir o carro de combate substituto do Urutu e do Cascavel. Segundo o general, serão adquiridas 102 unidades de combate, mas, antes dessa remessa, a Iveco produzirá 14 para a Argentina.

“Isso será importante, pois o Brasil irá exportar esses equipamentos, agregando divisas à balança comercial”, disse o militar, ao explicar que o projeto é viável economicamente para o país.

O Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron) foi o segundo projeto apresentado na palestra das Forças Armadas. De acordo com o general Luiz Felipe, o projeto piloto a cargo do braço de indústria de defesa Embraer, vencedora da licitação, será desenvolvido em Dourados (MS). Além disso, o Exército trabalha com o projeto Proteger, que tem foco nas 664 bases de infraestrutura do país, como porto, aeroportos, usinas nucleares e hidrelétricas, bem como redes de comunicação.

O Exército atua também no projeto Astros 2020, no Centro de Defesa Cibernética (CDCiber) e na Recop (Recuperação da Capacidade Operacional). O militar enfatizou em discurso que o investimento em defesa não tem custo. Segundo ele, o leque de projetos e programas permitirá, entre outras questões, gerar mais emprego, desenvolver a indústria nacional e transferir tecnologia.

Soberania do espaço aéreo

O brigadeiro Osmar Machado, da 6ª Subchefia do Estado-Maior da Aeronáutica, apresentou os projetos prioritários da Força Aérea. Ele começou a exposição informando que o Plano Estratégico Militar da Aeronáutica (PEMAER), para 2010/2013 traz, na prática, as determinações da END e do PAED, documentos norteadores do Ministério da Defesa. O plano, prevê entre outras coisas, o aumento da capacidade operacional da FAB e a capacitação científica e tecnológica da Força.

“Qualquer projeto dentro da FAB tem que chegar à missão principal, que é manter a soberania do espaço aéreo do Brasil”, destacou.

A Aeronáutica atua em projetos como a modernização do F-5M com lote de 46 aeronaves, sendo que 44 aviões já foram incorporados. Também investe na revitalização de 43 aviões do A-1M (AMX), cuja entrega deve ser concluída até o próximo ano. O brigadeiro citou ainda, que entrou em ação na Operação atlântico III, que ocorre entre o Rio de Janeiro e o Rio Grande do Sul. Aeronave tem por missão assegurar o patrulhamento marítimo.

Durante sua exposição, o militar mencionou também projetos como o A-29 (caça leve), o KC-390 – avião para transporte de tropas e cargas, além de outras funções – e os helicópteros H-XBR, que terão 50 unidades entregues para a Marinha, o Exército e a Aeronáutica, além da Presidência da República.

A FAB atua também no desenvolvimento de doutrina para utilização de veículos aéreos não tripulados (Vants), com dois equipamentos já em fase de testes pela Força. Já quanto ao projeto F-X2 – um dos temas mais esperados pela plateia –, o brigadeiro Osmar Machado informou que a análise da concorrência encontra-se em fase de decisão por parte da presidenta Dilma Rousseff.
“Posso apenas informar que, qual seja a decisão do projeto escolhido atenderá muito bem à FAB”, encerrou.

Após as apresentações, o público pôde formular indagações. Em seguida, o seminário foi encerrado pelo deputado Hugo Napoleão (PSD-PI) e pela presidenta da Comissão, deputada Perpétua de Almeida (PCdoB-AC).

FONTE: Ministério da Defesa

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daniell.filho
daniell.filho
11 anos atrás

Quantos erros na matéria. Não seria o P3 na operação Atlântico Sul?
“Posso apenas informar que, qual seja a decisão do projeto escolhido atenderá muito bem à FAB”, em outras palavras, POR FAVOR COMPREM ALGUMA COISA é melhor que nada…

ci_pin_ha
ci_pin_ha
11 anos atrás

Avibrás assina contrato para a construção de lote piloto de novo míssil de cruzeiro de projeto brasileiro. Nesta quinta-feira, dia 28 de novembro, o Presidente da Avibrás, Sami Hassuani, assina com o Exército Brasileiro um contrato para a fabricação de um lote inicial do míssil AV-TM 300. Míssil de cruzeiro terra-terra com 300 quilômetros de alcance, o AV-TM 300 será lançado desde os lançadores padrão da linha ASTROS da empresa brasileira. Segundo Hassuani este é um novo míssil que é movido por uma turbina que inova também por ter sido projetada no Brasil pela sua empresa: “existe um número muito… Read more »

Bosco Jr
Bosco Jr
11 anos atrás

Mísseis de cruzeiro se prestam mais à função estratégica que tática e nesse caso não seria preferível se usados pela Força Aérea (lançadores terrestres e em caças) e pela Marinha (em navios) ao invés do Exército? Tudo bem que a turbina proporciona um alcance maior em relação à massa total do míssil/carga útil, se comparado a um motor foguete, mas não seria preferível o Exército operar um SSM tático balístico/semibalístico da classe do ATACMS? Hoje já há condições de se desenvolver um míssil balístico/semibalísticocom massa de 700/800 kg e carga útil de 200 kg com alcance próximo ao do AV… Read more »