Na semana passada, o jornal norte-americano Los Angeles Times informou que o Pentágono pretende destruir as armas químicas da Síria. O plano, que espera somente o aval da Casa Branca, prevê uma série de pequenas operações terrestres realizadas secretamente por pequenos grupos de soldados treinados. Ainda segundo o veículo, “ataques aéreos pontuais” poderão também ser usados para destruir os arsenais sírios por completo.

Uma fonte dos serviços secretos norte-americanos, também citada pelo jornal, declarou que a Síria possui gases neuro-paralisantes, bem como depósitos de gás VX, perto das cidades de Aleppo, Hama, Homs e Latakia.

A pedido do jornal russo Vzgliad, o cientista político e especialista em assuntos árabes do Instituto de Estudos Orientais da Academia de Ciências da Rússia, Boris Dolgov, comentou sobre os planos do Pentágono e a probabilidade de o governo sírio usar armas químicas.

Vzgliad: De acordo com o Pentágono, os americanos planejam efetuar ataques aéreos contra os arsenais sírios. Quais seriam as consequências desse ato?

Boris Dolgov: Um ataque aéreo contra um país soberano como a Síria pode ter consequências muito graves. Mesmo assim, neste caso, um golpe aéreo deve envolver não só um ataque contra os arsenais de armas químicas, mas também a destruição do sistema de defesa antiaérea, pois tais instalações são normalmente bem protegidas. Em outras palavras, isso significaria uma intervenção militar.

Falando especificamente sobre as consequências, os primeiros a morrer seriam os soldados encarregados de guardar os arsenais de armas químicas. As consequências seriam imprevisíveis. As armas químicas iriam se espalhar e representar perigo para o meio ambiente, para a população e para a região em geral. De qualquer modo, não acho que a Casa Branca se atreva a tomar tal iniciativa durante a campanha eleitoral para a presidência do país.

Vzgliad: Os EUA estão preocupados em evitar que as armas químicas caiam nas mãos dos terroristas da rede Al-Qaeda, por exemplo. Os grupos de terroristas seriam capazes de tomar as munições químicas e transportá-las a grandes distâncias ou isso só pode ser feito por um exército regular?

B.D.: Os Estados Unidos têm assumido uma política curiosa em relação ao islamismo radical. Por um lado, lutam contra essa corrente no Afeganistão e no Iêmen, mas, por outro, apoiam um movimento semelhante na Líbia e na Síria. Portanto, a tese de que os EUA estão preocupados em evitar que as armas químicas sírias caiam nas mãos da Al-Qaeda é ambígua.

Mas, voltando à sua pergunta, isso é possível. Alguns componentes de armas químicas podem ser transportados não só pelas unidades de um exército regular, mas também por grupos terroristas.

Vzgliad: Qual o sentido de a Síria usar armas químicas em caso de intervenção da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte)?

B.D.: Os líderes sírios ameaçam usar armas químicas como uma pressão psicológica sobre aqueles que desejam lançar uma operação militar contra o país. Ainda assim, não acho a Síria ousaria a usar tais armas, mesmo no caso de invasão militar.

Vzgliad: Os militares dos países da Otan, em particular da Turquia, estão prontos para repelir ataques químicos?

B.D.: Todos os países da Otan possuem tropas de proteção química bastante desenvolvidas. A Rússia não é exceção, embora as armas químicas não tenham sido usadas desde a Primeira Guerra Mundial, exceto no Iraque.

FONTE: Gazeta Russa

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Vader
12 anos atrás

Nossa, pura contrapropaganda antiamericana russa.

É, como diz o Bosco, não nos enganemos: o mundo ainda é dividido em blocos.

Augusto
Augusto
12 anos atrás

Off-topic. Militares estadunidenses estariam no Paraguai, segundo o Terra: http://noticias.terra.com.br/mundo/noticias/0,,OI6103169-EI8140,00-Presenca+de+militares+dos+EUA+levanta+suspeitas+no+Paraguai.html