A tentativa de desenvolver medidas uniformes para prevenir o tráfico de armas é praticamente impossível porque a indústria está, antes de tudo, ligada à grande política. Foi assim que peritos russos comentaram a ausência de resultados na Conferência da ONU sobre a elaboração de um tratado internacional de comércio de armas.
As negociações exaustivas sobre a regulamentação do mercado mundial de armamentos duraram quatro semanas. Nelas participaram delegações de 193 países e, por insistência dos EUA, o documento deveria ser aprovado por unanimidade. É por isso que os especialistas inicialmente reagiram à possibilidade de adoção de medidas comuns com bastante ceticismo. Afinal, com este procedimento, a posição de qualquer país se torna decisiva, e todos têm interesses muito, muito diferentes.
Na conferência, os Estados Unidos, por exemplo, exigiram que o futuro acordo tivesse em conta o direito garantido dos americanos de usar armas. Os EUA, a China, a Síria, o Irã e o Egito ainda exigiram excluir do documento qualquer menção à proibição do comércio de munições.
A Rússia, por sua parte, insistiu desde o início que o acordo apenas regulamentasse a venda de armas leves. Alguns países ocidentais achavam que a lista deveria também incluir armas pesadas. A Rússia propunha conceder o direito de celebrar contratos de fornecimento de armas apenas a entidades estatais. Os Estados Unidos e vários países ocidentais acharam essa posição inaceitável. Eles defendem os seus interesses na Síria, disse o perito Vladimir Evseev:
“A introdução de uma proibição à venda de armas através de entidades não-estatais dificultaria extremamente a ajuda à oposição síria armada. Afinal, ela é amplamente apoiada por mercenários, cujo número chega a cerca de seis mil. Como fornecer-lhes armas se houver uma proibição de fornecimento de armas através de entidades não-governamentais? Deste ponto de vista é perfeitamente compreensível o desejo de bloquear a iniciativa.”
O projeto do tratado sobre o comércio internacional de armas foi transferido para a Assembleia Geral. É ela que agora vai determinar os passos seguintes para a sua adoção. Os EUA já anunciaram a necessidade de uma pausa de um ano. A proposta de adiar a questão foi apoiada pela Rússia e pela China.

FONTE: Voz da Rússia

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