Taleban assume atentado suicida em Jalalabad e diz ser resposta à queima de cópias do Alcorão em base americana

 

Um ataque suicida deixou nove mortos nesta segunda-feira em uma base e aeroporto da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) no Afeganistão. O Taleban assumiu o atentado e disse se tratar de uma resposta à queima de cópias do Alcorão (livro sagrado muçulmano), em uma instalação militar americana em Cabul.

O atentado na cidade de Jalalabad acontece em meio aos protestos no país contra a queima de exemplares do Alcorão e outros materiais islâmicos religiosos durante o descarte de lixo em uma base aérea dos EUA. O autor do ataque desta segunda-feira lançou um carro cheio de explosivos contra o portão do aeroporto, que serve aeronaves militares internacionais.

De acordo com o porta-voz da polícia da província de Nungarhar, Hazrad Mohammad, a forte explosão matou nove afegãos: seis civis, dois guardas do aeroporto e um soldado. O ataque também deixou seis feridos. O porta-voz da Otan, Justin Brockhoff, reforçou que nenhum militar estrangeiro foi morto e disse que a base não foi danificada pela explosão.

Por causa da onda de violência, a Organização das Nações Unidas (ONU) anunciou nesta segunda-feira que está transferindo todos os seus funcionários de um escritório em Kunduz, norte do Afeganistão, atacado por manifestantes na semana passada.

Segundo a ONU, o fechamento do escritório é temporário e todos os funcionários serão levados a outros locais, até que as condições de segurança sejam melhores. O ataque ao prédio da ONU no sábado deixou três mortos e 50 feridos.

Os protestos contra os Estados Unidos deixaram mais de 30 mortos desde que a queima dos livros sagrados foi divulgada, na terça-feira. Entre as vítimas estão quatro soldados americanos.

No domingo, manifestantes lançaram granadas contra uma pequena base americana no norte do país. Uma troca de tiros deixou dois afegãos mortos e sete soldados da Otan feridos.

Na quinta-feira, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pediu desculpas pelo incidente na base americana, na tentativa de acalmar os manifestantes afegãos. Em carta enviada ao presidente do Afeganistão, Hamid Karzai, Obama prometeu uma investigação.

“Quero estender a você e ao povo afegãos minhas mais sinceras desculpas”, afirmou. “O erro foi impensado. Garanto que vou tomar as medidas necessárias para evitar que ele aconteça novamente e para punir os responsáveis.”

O incidente estimulou o sentimento contra o exterior que já está em crescimento no país depois de uma década de guerra no Afeganistão e alimentou os argumentos dos afegãos que acreditam que os soldados estrangeiros não respeitam sua cultura ou religião islâmica.

Ahmad Zaki Zahed, chefe do conselho provincial, disse que oficiais do Exército americano o levaram para uma área de queima na base onde 60 a 70 livros, incluindo cópias do Alcorão, foram recuperados. Os livros foram usados por detentos que estiveram encarcerados na base, disse. “Alguns estavam completamente queimados, enquanto outros pela metade”, relatou Zahed.

Segundo Zahed, cinco afegãos trabalhando no local lhe contaram que os livros religiosos estavam no lixo que dois soldados da coalizão liderada pelos EUA transportaram para a área em um caminhão na noite de segunda-feira. Quando perceberam que os livros estavam no lixo, os operários trabalharam para recuperá-los, contou. “Eles me mostraram como seus dedos ficaram queimados quando tiraram os livros do fogo.”

Em abril de 2011, uma manifestação de afegãos contra a queima do Alcorão por um pastor da Flórida se tornou mortal quando atiradores na multidão invadiram um complexo da ONU na cidade de Mazar-e-Sharif, no norte do país, e mataram três membros da organização e quase guardas nepaleses.

FONTE: iG/AP, AFP e EFE

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