Economia e militarismo
Mesmo sob crise em suas finanças, os EUA mantêm 1 mil bases no exterior
Toda a turbulência vivida pela economia mundial tem origem nos Estados Unidos, que ainda não se refez da crise iniciada em setembro de 2008 e que contaminou mercados das potências europeias e de muitos países emergentes, inclusive o Brasil, embora em grau de intensidade menor aqui. Mas ao mesmo tempo em que sua dívida atinge um montante equivalente ao Produto Interno Bruto (PIB), de US$ 14 trilhões, os EUA insistem em manter cerca de 1 mil bases militares mundo afora, das quais 268 na Alemanha e 124 no Japão, depois de 66 anos do término da Segunda Guerra (2/9/1945). Outros países que abrigam a ostensiva presença norte-americana são Cuba, Paraguai, Colômbia, Iraque (mais de 100 bases), Afeganistão (80), Coreia do Sul, Austrália, Egito, Barein, Grécia e Romênia, entre cerca de 70 nações.
O custo militar dos EUA em 2010 passou dos US$ 800 bilhões, acrescidos de despesas extraordinárias inseridas no orçamento daquele ano pelo presidente Barack Obama no valor de US$ 1 trilhão, o que no total equivale a aproximadamente 13% do PIB do país. Os gastos militares norte-americanos representaram cerca de 45% das despesas globais em 2010. Seus aliados despenderam aproximadamente 28% dos aportes em defesa. Washington e eles, que são normalmente Estados clientes, muitos deles hoje vivendo grave momento econômico (Grécia, Itália e outros), responderam por 73% dos dispêndios militares globais em 2010.
Quando a crise foi tida como séria, no fim de 2008, os EUA mantinham aproximadamente 550 mil soldados no exterior, excluídos os serviços prestados por contratados em alguns países, como no Iraque. Esse número é 10% superior ao de 1985, no auge da chamada Guerra Fria, o que demonstra que o complexo industrial militar norte-americano encontrou justificativas para a manutenção e mesmo expansão do poderio bélico do país, ainda que em fase de distensão do quadro político internacional. Hoje, as Forças Armadas dos EUA contemplam comandos do Pacífico (de olho na China), da Europa (foco na Rússia e na África), central (monitorar e intervir no Oriente Médio) e do Sul (criado em julho de 2008, logo depois do anúncio das grandes descobertas do pré-sal no Brasil).
O historiador inglês Paul Kennedy, em The rise and fall of the great powers (1986), afirma que o grande teste da longevidade do poderio hegemônico no mundo seria no futuro igualmente aplicável aos EUA. Dez anos depois dos atentados de 11 de setembro, com a capacidade de endividamento esgotada e obrigados a emitir moeda para comprar os títulos de sua própria emissão, os EUA hoje dependem financeiramente de países como a China, Brasil e Rússia, fora do G-7. Até quando tais países aceitarão financiar a manutenção de um complexo militar tão oneroso, mantido por um país cuja economia estando, como está, em situação vulnerável, ameaça levar consigo muitas outras ao redor do planeta? Tomara que os EUA, com 46,2 milhões de pobres, consigam se livrar desse imbróglio com as próprias pernas.
FONTE: Estado de Minas
Este tema foi “quente” no ultimo debate das primarias republicanas (levantado por Ron Paul). Inclusive se discutiu a diferenca entre gastos com “defesa” e “militarismo”. Nao sei se os numeros estao corretos com relacao as mil bases (serah que nao estao incluindo os marines que fazem protecao das embaixadas, consulados?). Mas, embora nao sabendo dos numeros, eh certo que existe um exagero. Os EUA nao precisam de uma presenca forte na Alemanha, talvez nao no Japao, e em alguns outros paises deveriam avaliar a conveniencia da proximidade. Eh sabido que a grande maioria dois mulcumanos nao gostam dos Ocidentais proximos… Read more »
Também acho que os EUA podem reduzir suas bases terrestres, já que tem seus tentáculos no mar, seus porta-aviões.
Mas nenhum Estado nesse mundo quer perder poder e influência. Um fechamento de bases poderia ser visto como uma sinalização de fraqueza.
Galante, O fechamento de bases seria sinal de fraqueza se o mundo e até mesmo os extraterrestres já não soubessem do déficit público norte americano. Nas verdade vários países se “acomodaram” com os EUA bancando o Xerife do mundo, tipo velho oeste. Basta observar a imensa redução das forças armadas da Alemanha, por exemplo. Acredito que o Bundeswehr de hoje, 2011, possue no solo alemão menos Leopard II operacionais que os Abrams do US Army na Europa. Quando a OTAN foi para a Líbia a maior parte do REVO era da US Air Force. Os Yankees precisam deixar (ou exigir)… Read more »
Partilho do pensamento do Dr. Barata…mil bases, não posso afirmar que este numero esteja certo ou errado, mas com certeza é bem representativo.
A América continuará a ser a maior potencia militar do Planeta ainda por um longo tempo. Mas está claro que sua economia não suporta manter o ritmo de gastos militares que consomem aproximadamente 20% do Orçamento Federal, e para piorar, a capacidade de endividamento se não chegou, está muito próxima do limite.
Já no Brasil, aproveitando a deixa:
http://defesaepolitica.wordpress.com/2011/09/16/operacao-do-exercito-no-complexo-do-alemao-ja-custou-r-237-milhoes/
Abraços.
“Hoje, as Forças Armadas dos EUA contemplam comandos do Pacífico (de olho na China), da Europa (foco na Rússia e na África), central (monitorar e intervir no Oriente Médio) e do Sul (criado em julho de 2008, logo depois do anúncio das grandes descobertas do pré-sal no Brasil).” Mais uma vez, mais uma reprotagem ingenua, simplista e talvez ate tendenciosa. O Comando do Sul nao foi criado em 2008, mas o reporter nao tem conhecimento do fato. Ele insinua na cara de pau e sorrateiramente que a 4th Frota (essa sim re-criada em 2008) surgiu por interesse no pre-sal, como… Read more »
Eu não dou nem atenção para essas reportagens porque se tem uma coisa que não sabem ou fingem é o que é uma Base, o que aliás nos últimos anos diminuiu pra caramba. Outra coisa são os gastos onde sabemos que estao computados as ajudas ao Afeganistao e ao Iraque. Resumindo sai tudo na fatura do DoD…inclusive turbante e tapete voador. Quero ver um levantamento no hard mesmo, no convencional para que fique claro que na proporçao esse estado de hoje, não chega perto de 1989.
O gráfico é interessante, mas o autor não soube explorá-lo de modo correto.
Falou muito de base, mas não sabe realmente o que é uma. Se conhecesse o BRAC dos governos Bush pai e Clinton não diria isso.
Não dá para chamar qualquer acampamento de base.
Os EUA estao presentes em 148 paises, mas em muitos em pequeno numeros. Em 13 paises com mais de 1,000 soldados: Belgium, Germany, Italy, Spain, Turkey, the United Kingdom, Japan, Bahrain, Djibouti, South Korea, Iraq, Afghanistan and Kuwait. Soh a Alemanha ten 53,951! Eh um enorme exagero, a guerra fria acabou, o mesmo vale p/ o Japao com 34,385, curiosamente nao eh revelado na Coreia. O link p/ os Colegas: http://siadapp.dmdc.osd.mil/personnel/MILITARY/history/hst1009.pdf []s! P.S.: Prezados Marine e Shipbuilderbr, obrigado pelos esclarecimentos, mas nao adianta, fico mesmo com o amassadinho/chapeu de cozinheiro dos rangers, o mais bonito!!! O bone eh claro, nao… Read more »
Em termos de bases, os EUA tem 662 bases em 38 paises, mas isto exclui Iraque e Afeganistao por razoes de seguranca.
Algumas sao pequenas (apenas um escritorio) outras sao bem grandes. O relatorio traz, inclusive, dimensoes, valores, etc. bem detalhado; pronto, fiz o tema de casa.
http://www.acq.osd.mil/ie/download/bsr/bsr2010baseline.pdf
[]s!
Ok, apenas olhando supervisialmente o ultimo relatorio, percebe-se que os EUA tem 215 bases na Alemanha com PRV- Place Replacement value ($M) de 35 bilhoes e oitocentos milhoes de dolares; no Japan PRV ($M) de 46 bilhoes de dolares; somente isto jah daria 12% de todo orcamento anual militar; pode-se ainda incluir despesas com civis, terceirizados, etc, etc, etc. Os dados sao do relatorio, a conta eh de padaria (afinal, o DrCockroach tb tem que trabalhar nos seus proprios assuntos), mas tem muita coisa interessante p/ se discutir: custos, geopolitica, diplomacia, militarismo, etc, etc, etc. O DrCockroach gosta de passar… Read more »