Quatro ‘Piranhas’ contra o tráfico
Maurício Thuswohl
A imagem de um veículo blindado ultrapassando diversas barreiras e obstáculos levantados pelos traficantes de drogas foi o momento de maior valor simbólico ocorrido durante a invasão e ocupação pela polícia das favelas da Vila Cruzeiro e do Complexo do Alemão no Rio de Janeiro.
Entre os blindados utilizados na operação estavam os Mowag Piranha, de fabricação suíça, cedidos pela Marinha do Brasil.
Chamado Mowag Piranha III, o novo “herói” dos cariocas nasceu na Suíça, construído na comuna de Kreuzlingen (cantão de Turgóvia) pela empresa Mowag GmbH. É um dos veículos blindados leves de maior sucesso em todo o mundo, graças à sua resistência e multifuncionalidade. Quatro Mowags Piranha participaram da operação na Vila Cruzeiro e no Complexo do Alemão, tendo sido fundamentais para transportar policiais em segurança para dentro das duas favelas consideradas os maiores bunkers da facção criminosa conhecida como Comando Vermelho.
O caminho do Mowag Piranha ao estrelato foi rápido, e o carro blindado suíço passou a ser objeto do interesse da mídia no Brasil. O primeiro a enaltecer suas qualidades foi Rodrigo Pimentel, comentarista da TV Globo, ex-capitão do Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar (Bope) e um dos autores do livro “A Elite da Tropa”, no qual foi baseado o filme “Tropa de Elite” e o personagem Capitão Nascimento. Segundo Pimentel, “o blindado foi fundamental para o sucesso da ação”.
Coordenador da ação policial, o secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, também elogiou o Mowag Piranha: “Sem os blindados emprestados pela Marinha, as operações dos últimos dias teriam sido impossíveis”, disse. Além dos veículos fabricados na Suíça, também auxiliaram a polícia carioca os modelos M113 e Clanf (Carro Lagarta Anfíbio), ambos fabricados nos Estados Unidos.
Nos dias que se seguiram à ocupação das favelas, diversos repórteres de mídia impressa ou de televisão quiseram dar uma “voltinha” no Mowag Piranha. Na matéria publicada pelo jornal O Globo sob o título “Blindado se torna estrela da operação”, o repórter Daniel Brunet relata: “Além dos vidros na frente do carro, é possível ter uma visão do ambiente externo através de uma escotilha no centro do Mowag. Apesar da sensação de clausura, o blindado não é quente, pois conta com um potente ar-condicionado”.
Segundo a repórter Manuela Andreoni, do Portal IG, que também “passeou” dentro dos blindados pelas ruas da Vila Cruzeiro, os Mowags Piranha “deixaram boquiabertos os cidadãos cariocas e passaram a legitimar o uso da palavra guerra para definir a situação de conflito armado vivida pela cidade”.
Estréia
Os quatro veículos Mowag Piranha III que participaram das ações na Vila Cruzeiro e no Complexo do Alemão são novos e foram fabricados este ano na Suíça. Comprados no final de 2007 pelo Corpo de Fuzileiros Navais da Marinha do Brasil, começaram a ser entregues no início de 2010 e fizeram sua estréia nas ruas do Rio. Ao todo, o Brasil possui doze unidades do veículo blindado suíço e, segundo o Ministério da Defesa, existe a possibilidade de compra de novas unidades já em 2011.
Versátil, o Mowag Piranha pode ser configurado de várias maneiras. Na forma utilizada pelos fuzileiros brasileiros, o carro tem capacidade para transportar até dez soldados, além dos dois tripulantes responsáveis por sua condução. Uma parte dos veículos blindados comprados pelo governo brasileiro na Suíça está sendo utilizada no Haiti, país onde o Brasil comanda as tropas da Força de Paz da ONU.
Letal
O Mowag Piranha pode ser apresentado em outras versões, como antitanque, ambulância ou carro de reconhecimento. Nestes casos, o veículo é dotado de armas e equipamentos que reduzem o número de soldados que é capaz de transportar. Na ação do Rio, cada carro estava equipado com fuzis calibre 7.62 e metralhadoras 105mm, mas outros armamentos – como metralhadoras M-2HB .50 e lança-granadas LAG-40 calibre 40mm – também podem ser acrescentados.
Principal comprador do Mowag Piranha III, os Estados Unidos utilizam atualmente o carro blindado fabricado na Suíça em suas operações militares no Iraque e no Afeganistão. Rebatizados pelos norte-americanos como LAV-25, os Mowags foram equipados com torres para canhões automáticos M-242 de 25mm, capazes de cuspir 200 tiros por minuto. Em uma mais recente adaptação realizada pelos militares dos EUA, o veículo ganhou o nome de Stryker e foi equipado com um canhão automático M-68 A1 de 105mm, morteiros de 81mm e lançadores de mísseis antitanque.
Indústria
A Mowag GmbH emprega em Kreuzlingen cerca de 800 trabalhadores altamente qualificados na indústria bélica. Além da linha Piranha, a empresa suíça produz outros veículos militares de sucesso, representados nas linhas Eagle e Duro. Desde 2003, a Mowag GmbH integra a General Dynamics Corporation (GDC), grande conglomerado industrial com sede no Canadá que atua nas áreas bélica, aeroespacial e de tecnologia da informação e emprega cerca de 90 mil pessoas em diversos países.
Projetado no final dos anos sessenta, o modelo Piranha é o principal produto da Mowag GmbH. Desde 1972, quando sua primeira versão começou a ser produzida, a empresa suíça já entregou mais de oito mil unidades do veículo blindado em todo o planeta. Atualmente, a Mowag trabalha no lançamento do Piranha IV que, segundo a propaganda da empresa, está “acima das capacidades” do Piranha III.
FONTE: swissinfo.ch
NOTA DO BLOG: “metralhadora 105mm”!
Piranha?????
Mas não foram os CLANFs os primeiros a passarem por cima das barricadas do tráfico????
Rapaz… é cada gafe que essa imprensa “não” especializada comete…
Ué o pau comeu solto e não haviam nem Marruás ou Guarás, mas tão somente Piranhas???