Casa Branca avalia substituição de Pete Hegseth no Departamento de Defesa após nova polêmica

A Casa Branca iniciou discretamente o processo de busca por um substituto para o secretário de Defesa Pete Hegseth, segundo um oficial do governo dos EUA que falou sob condição de anonimato. A medida surge em meio a mais uma polêmica envolvendo Hegseth, acusado de compartilhar informações confidenciais sobre operações militares em um grupo de mensagens com familiares e seu advogado.

Segundo a fonte, Hegseth usou o aplicativo Signal em seu celular pessoal para divulgar detalhes minuto a minuto sobre ataques aéreos contra alvos houthis no Iêmen. O episódio ocorreu em março, quando o secretário também teria compartilhado informações semelhantes com autoridades da Casa Branca em outro grupo de Signal — que acidentalmente incluía um jornalista. A divulgação prematura desses dados poderia ter colocado pilotos americanos em risco, uma vez que os Houthis já abateram dois drones americanos.

A Casa Branca nega oficialmente qualquer tentativa de afastamento. A secretária de imprensa Karoline Leavitt publicou no X (antigo Twitter) que o presidente Trump “apoia fortemente” Hegseth. O próprio Trump reforçou essa posição ao dizer que as preocupações com os vazamentos no Signal são uma “perda de tempo” e elogiou o desempenho do secretário com sarcasmo: “Perguntem aos Houthis como ele está se saindo”.

Durante evento de Páscoa na Casa Branca, Hegseth negou qualquer irregularidade e criticou a mídia, atribuindo as acusações a ex-funcionários descontentes. A declaração pareceu se referir à saída repentina de quatro assessores seniores do Pentágono na semana anterior, incluindo o ex-porta-voz do Departamento de Defesa, John Ullyot, que classificou o mês recente no órgão como um “colapso total” marcado por disputas internas.

Além de Ullyot, outros três conselheiros — Dan Caldwell, Colin Carroll e Darin Selnick — foram escoltados para fora do Pentágono e acusados de vazar informações à imprensa. Eles negaram as acusações em nota conjunta publicada no X, alegando nunca terem sido informados oficialmente sobre o conteúdo dos supostos vazamentos. Ressaltaram ainda sua experiência militar e compromisso com a segurança da informação.

Caldwell e Selnick são aliados antigos de Hegseth e trabalharam com ele na organização conservadora Concerned Veterans for America. O episódio amplia a tensão nos bastidores do Departamento de Defesa e levanta questionamentos sobre a condução do órgão sob a gestão de Hegseth, cuja nomeação já era considerada controversa por setores políticos e militares.

A senadora democrata Jeanne Shaheen, membro do Comitê de Serviços Armados, declarou que Hegseth deve assumir responsabilidade pelos acontecimentos. Ela criticou duramente o presidente Trump por ter escolhido para o cargo “um ex-apresentador de TV de fim de semana, sem experiência na liderança de grandes organizações, para comandar o maior departamento do governo e tomar decisões de vida ou morte para o país”.

FONTE: NPR