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Análise das recentes políticas tarifárias dos EUA e a sua justificação face à concorrência chinesa

O presidente Donald Trump, em seu segundo mandato, reintroduziu o uso de tarifas como instrumento central da política económica dos Estados Unidos. Durante um discurso ao Congresso em 4 de março de 2025, Trump mencionou o termo “tarifas” 17 vezes, enfatizando-as como essenciais para proteger a “alma” do país. Desde a sua posse em 20 de janeiro, implementou tarifas sobre países como China, Canadá e México, adotando uma política de reciprocidade para igualar ou retaliar tarifas estrangeiras superiores às americanas. Essas medidas visam desde a proteção de indústrias críticas para a defesa até a pressão sobre nações vizinhas para combater o fluxo transfronteiriço de imigrantes ilegais e drogas, como o fentanil.

Contrariando a visão tradicional de que as tarifas são prejudiciais e contrárias aos princípios económicos básicos, muitos países desenvolvidos têm adotado medidas protecionistas para defender suas indústrias contra importações chinesas subsidiadas pelo Estado. O Canadá impôs uma tarifa de 100% sobre veículos elétricos chineses e um adicional de 25% sobre aço e alumínio provenientes da China. A União Europeia aplicou tarifas que variam de 7,8% a 35,3% sobre veículos elétricos fabricados na China, além da tarifa padrão de 10% para automóveis importados. A Índia, por sua vez, estabeleceu tarifas entre 70% e 100% sobre veículos elétricos importados da China e de outros países.

Durante a administração de Joe Biden, houve uma continuidade e intensificação dessas políticas protecionistas. Em maio, foram impostas novas tarifas não apenas sobre veículos elétricos chineses, mas também sobre aço, alumínio, semicondutores, baterias, minerais críticos, células solares, guindastes portuários e produtos médicos fabricados na China. O governo Biden justificou essas medidas citando práticas chinesas de transferência forçada de tecnologia e roubo de propriedade intelectual, que resultaram no domínio chinês sobre a produção global de insumos críticos para tecnologias, infraestrutura, energia e saúde, criando riscos inaceitáveis para as cadeias de suprimentos e a segurança económica dos EUA.

Além disso, em dezembro, a administração Biden anunciou novas restrições à exportação de tecnologias de fabricação de chips para a China, destacando a necessidade de proteger setores tecnológicos estratégicos. O governo também criticou o acordo comercial da administração Trump anterior com a China, afirmando que não conseguiu aumentar as exportações americanas ou impulsionar a manufatura nacional conforme prometido.

Historicamente, a adoção de tarifas e políticas protecionistas desempenhou um papel crucial no desenvolvimento industrial de várias nações. Nenhum país alcançou a industrialização seguindo estritamente o livre comércio; em vez disso, utilizaram medidas protecionistas para proteger e promover suas indústrias emergentes até que fossem competitivas no mercado global.

A ascensão da China como potência económica global é frequentemente atribuída à transferência de manufatura por empresas ocidentais em busca de mão de obra mais barata e regulamentações menos rígidas. Essa transferência resultou na desindustrialização de várias economias ocidentais e no fortalecimento da capacidade produtiva chinesa. Diante desse cenário, a reintrodução de tarifas é vista como uma tentativa de reverter essa tendência e revitalizar a manufatura doméstica.

Críticos das tarifas argumentam que elas aumentam os preços para os consumidores e podem provocar retaliações comerciais. No entanto, defensores sustentam que, sem essas medidas, indústrias nacionais essenciais podem ser sufocadas por concorrência desleal de países que subsidiam suas exportações ou não seguem práticas comerciais justas. As tarifas, portanto, servem como ferramentas para nivelar o campo de jogo e garantir a sobrevivência de setores estratégicos.

A aplicação de tarifas também é vista como uma resposta à necessidade de segurança nacional. Dependência excessiva de nações estrangeiras para produtos críticos pode deixar um país vulnerável a pressões geopolíticas. Ao proteger certas indústrias, os governos buscam assegurar autonomia e resiliência em áreas vitais para a economia e a defesa.

É importante notar que a eficácia das tarifas depende de sua implementação estratégica e da capacidade do país de adaptar-se às mudanças no mercado global. Políticas tarifárias mal concebidas podem levar a ineficiências económicas, enquanto medidas bem planejadas podem fomentar o crescimento industrial e a inovação.

Em conclusão, a reavaliação das tarifas como ferramentas legítimas de política económica reflete uma mudança na abordagem das nações diante da concorrência global, especialmente em relação à China. Embora existam riscos associados ao protecionismo, muitos países consideram as tarifas essenciais para proteger suas economias e assegurar sua soberania económica e segurança nacional.

FONTE: www.tabletmag.com

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Henrique A
Henrique A
3 horas atrás

Tarifas são burrice, os americanos vão se dar muito mal.

George A.
George A.
3 horas atrás

Tem dois erros comuns ao analisar o Trump:

1) O de achar que ele não tem plano nenhum e é cercado apenas por malucos sem nenhum conhecimento, erro comum dos economistas ortodoxos;

2) Achar que ele tá jogando xadrez 4D sempre e que seu plano é super bem estruturado prevendo todas as consequências possíveis.

A política dele das tarifas tem de fato o fim de reindustrializar os EUA, mas o que vemos é que ela é fruto muito mais de voluntarismo do que de analise das engrenagens que ela move pelo Globo e por isso, nesse primeiro momento o que ela vai gerar mesmo é recessão lá (o próprio Trump já tá preparando o publico dele pra isso).

Enfim, tem quem diga que uma recessão estaria nos planos dele e dos bilionarios que o cercam, pois seria uma forma de forçar a baixa de salários (ele herdou o país em pleno emprego e com remunerações subindo), mas como acho esse um plano burro, sou cético.

JuggerBR
JuggerBR
2 horas atrás

Tarifas geram inflação. No caso, mais inflação, já que estamos vivendo um ciclo inflacionário desde a pandemia de 2020. Inflação afeta a todos, mas quem mais sofre é a base, os mais pobres.
Talvez por Trump não poder concorrer a reeleição ele faz o que faz sem pensar no futuro dele, porque a popularidade dele vai ficar negativa com tantas medidas inflacionárias.
Se existe um plano, só ele (ou talvez nem ele) sabe…