Exército Brasileiro celebra 375 anos - 3

Os gastos com Defesa no Brasil são disfuncionais e se contraem há décadas. O País é pacífico, mas, se quiser se manter independente num mundo mais perigoso, precisará se armar melhor.

Segundo o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, os gastos militares no mundo aumentaram 7,4% em 2024, atingindo um recorde de US$ 2,46 trilhões. É o reflexo de um cenário geopolítico marcado por incertezas: a truculência russa; a agressividade chinesa; as ameaças dos EUA à sustentação do multilateralismo e da aliança transatlântica; a volatilidade no Oriente Médio; os conflitos na África e na Ásia; a proliferação de antigas tecnologias, como armas nucleares, e o avanço de novas, como a inteligência artificial. Os gastos crescem há pelo menos dez anos, mas nos últimos três o aumento foi exponencial: 3,5% em 2022, 6,5% em 2023. Na proporção do Produto Interno Bruto (PIB) global, aumentaram de 1,59% em 2022 para 1,94% em 2024.

O Brasil está na contramão. A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) preconiza um gasto mínimo com defesa de 2% do PIB. Mas nos últimos 30 anos os gastos brasileiros caíram de 1,8% para quase 1,1%. Além da defasagem quantitativa, há disfunções qualitativas. Entre os 29 países da Otan, 86% gastam mais de 50% com pessoal e só 3 gastam menos de 20% com investimentos. No Brasil, cerca de 85% do orçamento de Defesa se destina a pagamento de pessoal e pouco mais de 6% a investimentos. Do pouco que se investe, a maior parte é alocada na manutenção de uma estrutura defasada e só uma parcela marginal em novas tecnologias.

Os problemas orçamentários refletem uma carência de ideias. O último conflito em que o País foi protagonista foi há mais de 150 anos, no Paraguai. As fronteiras foram consolidadas há mais de cem anos pela diplomacia. A América do Sul está distante das zonas de choque militar. Tudo isso explica, mas não justifica, a defasagem de uma cultura de defesa.

Fatores como esses deveriam ser, em tese, ativos, mas transformaram-se, na prática, em passivos, pela complacência com uma estratégia de defesa em um mundo cada vez mais perigoso. Agora mesmo, um país vizinho, a Venezuela, nutre ambições de ocupar territórios de outro, a Guiana, ao lado da Margem Equatorial brasileira, que, tudo indica, contém imensas reservas de petróleo. Uma ocupação estrangeira da Amazônia é uma hipótese surreal, mas há algumas semanas também o era a anexação do Canal do Panamá ou da Groenlândia. Esses riscos reais, mas relativamente remotos para a soberania nacional, convivem com outros prementes, como a expansão do narcotráfico e ameaças cibernéticas.

Na fronteira cibernética, assim como na nuclear e espacial, as defesas brasileiras estão fossilizadas. Ao contrário das cadeias de valor em geral, na defesa a autossuficiência é uma prioridade estratégica, mas a base industrial nacional é pequena e dependente de importações. O governo anunciou R$ 112,9 bilhões em investimentos na indústria de defesa até 2026 (R$ 80 bilhões dos cofres públicos e o resto da iniciativa privada). É um alento, mas insuficiente, mesmo na hipótese remota de esses recursos saírem do papel.

Estratégias de defesa exigem investimentos pesados e planejamento de longo prazo. A indústria nacional de defesa poderia atrair investimentos privados e exportar armamentos de complexidade média, gerando empregos e divisas. Mas isso exigiria mais segurança jurídica e relações diplomáticas menos erráticas. De todo modo, na Defesa o investimento estatal sempre será crucial. Uma condição para sustentar uma estratégia nacional seria criar regras orçamentárias plurianuais blindando políticas de Estado das oscilações dos governos de turno.

Na falta dessas regras, os recursos militares são sempre os primeiros a serem sacrificados nos contingenciamentos orçamentários. Reflexo disso são as defasagens nas compras de caças ou de tecnologias para submarinos. Após uma longa licitação do Exército, a compra de blindados de uma empresa israelense foi obliterada por razões puramente ideológicas do governo. Em 2025, os investimentos em Defesa devem cair 1%.

Num mundo em que impera cada vez mais a lei do mais forte, o Brasil ainda é uma potência regional média. Mas se não repensar rapidamente sua estratégia de defesa, pode se ver reduzido antes cedo do que tarde à mais humilhante (e custosa) impotência.


FONTE: Estadão

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Nilo
Nilo
3 horas atrás

O presidente quer posicionar o Brasil como liderança nas decisões mundiais com uma Força Armadas de “brechó”.

José 001
José 001
Responder para  Nilo
3 horas atrás

Já imaginou se Rússia e Ucrânia entram em um acordo de paz, e que para garantir aceitam o envio de tropas do Brasil?

Vamos ter que mandar escolas de samba e caipivodka.

É o que temos por enquanto.

Camargoer.
Camargoer.
Responder para  José 001
3 horas atrás

Eu acredito que o Brasil não enviará tropas para missões de paz por muito tempo…

Sulamericano
Sulamericano
Responder para  José 001
2 horas atrás

Por mim pode mandar as filhas pensionistas no pelotão de frente.

Willber Rodrigues
Willber Rodrigues
3 horas atrás

“No Brasil, cerca de 85% do orçamento de Defesa se destina a pagamento de pessoal e pouco mais de 6% a investimentos. Do pouco que se investe, a maior parte é alocada na manutenção de uma estrutura defasada e só uma parcela marginal em novas tecnologias.”

Única parte do texto que vale a pena, e que é sabido por quase todo mundo que acompanha a trilogia e que tem um mínimo de honestidade.
O resto do texto é aquele lenga-lenga de sempre, que o Brasil é um “país pacífico”, que “ainda é potência regional”, e que “gastamos pouco com Defesa”, coisas pra enganar molecada que acompanha pseudo-canais de temas militares de Youtube.

Não me entendam mal, eu sou do tipo que defende mais Gripens, mais Riachuelos, mais FCT’s e mais Guaranís, que vibra quando vê projetos como MANSUP, MAX indo em frente, e que comemora quando o 390 ganha mais um cliente.
Eu sou do tipo que defende que as FA’s deveriam comprar mais equips. nacionais, e que essas compras deveriam ser em maior quantidade, que defende que o MD deveria ser mais incisivo e ter mais projetos de obrigar a maior interoperabilidade de meios das 3 FA’s, e defende que o Brasil deveria ter um órgão como o DGA francês, pra unificar a aquisição de meios e o P&D das 3 FA’s.

Mas sou do tipo que também sabe que as 3 FA’s são perdulárias, antigas, defasadas, e que deveriam passar por reformas profundas.
Não há absolutamente NADA que justifique gastar quase 90% de um orçamento bilionário anualmente com Defesa com pensão e soldo.

Camargoer.
Camargoer.
Responder para  Willber Rodrigues
3 horas atrás

O problema do gasto com pessoal é mais grave porque a maior parcela dos gastos é com o pessoal inativo.

O MinDef gasta mais com pessoal inativo que com o pessoa ativo.,. enquanto isso, o Secretário do Tesouro, Rogério Ceron diz que o aumento da expectativa de vida e o envelhecimento da população tornam inevitáveis ajustes constantes nas regras previdenciárias….

O modelo previdenciário dos militares e insustentável….

Obviamente, aumentar os gastos para 1,5% ou 2,0% do PIB servirá apenas para cobrir os crescentes gastos previdenciários…

Ou os militares fazem esta reforma ou a reforma será feita de fora para dentro,

Lonely Beatle
Lonely Beatle
Responder para  Camargoer.
2 horas atrás

Obviamente?

Que declaração mais sem sentido.

Se “obviamente” aumentando para 2% os gastos previdenciários aumentariam, então o que aconteceram com eles quando o orçamento foi diminuído de 2 para 1%?

Sabe responder?

Camargoer.
Camargoer.
Responder para  Lonely Beatle
1 hora atrás

Então.. fazendo as contas…

hoje, os gastos com defesa são 1,1% do PIB, dos quais 85% são gastos com pessoal, sendo que mais da metade dos gastos com pessoal são previdenciários, mas estão em crescimento.

Com o aumento da expectativa de vida e com o envelhecimento, significa que os gastos previdenciários continuarão aumentando porque de um lado (felizmente) as pessoas vivem mais e receberão previdência por mais tempo… e por outro, a cada ano, o número de ex-militares que ingressam como beneficiários também vai aumentar…

então, supondo que hoje dos 85% com pessoal seriam 40% ativo e 45% inativo, se o tamanho do efetivo for o mesmo, os gastos previdenciários irão subir para 46, 47, 48%… até que atinja 60% dos gastos com defesa.. neste momento, os gastos com pessoal irão demandar 100% dos recursos..

Suponha que neste momento, os gastos com defesa subam para 1.5% do PIB (ou um aumento de 50% dos valores).

Neste casos, os gastos com pessoal seria 75% dos recursos, sendo que 25% daqueles “1,5%” do PIB seriam dos salários ativos.. e 40% dos “1,5%” seriam com inativos… mas como o sistemas previdenciário não cessa porque as pessoas continuam vivendo mais (felizmente) e a cada ano mais militares estarão se aposentando e entrando na conta dos inativos, os gasto previdenciários vão crescer dos 40% dos “1,5%” do PIB para 41, 42, 43… até atingir 75% dos recursos com defesa.. chegando ao mesmo ponto de colapso…

espero ter explicado.,

o problema é a insustentabilidade do sistema previdenciário.

Lonely Beatle
Lonely Beatle
Responder para  Camargoer.
11 minutos atrás

Se importa dizer de onde pegou os dados?

Mais atrapalhou do que ajudou, eles estão errados.

Willber Rodrigues
Willber Rodrigues
Responder para  Camargoer.
2 horas atrás

“O problema do gasto com pessoal é mais grave porque a maior parcela dos gastos é com o pessoal inativo.”

Sim, tem esse “pequeno elefante na sala” que esquecí de citar.
Ja teve uma matéria do PN mostrando que temos 3x mais alm. e contra-alm. inativos, do que ativos, e olha que temos excesso de almirantes.

As FA’s BR adoram falar de “padrão OTAN” pra defender 2% do PIB pra Defesa, ao mesmo tempo em que querem manter suas instituições e estruturas parados na década de 40.

Buscar maior integração, eficiência, controle de gastos, dar cabo de prédios e bases inúteis e antigas, se livrar de equipamentos obsoletos?
Não, não, pra quê isso? Mais fácil pedir 2% do PIB.

Não se veem reformas estruturas profundas, e quando tem reformas, afeta apenas os sub-oficiais pra baixo, gente que pouco impacta, enquanto mantém o excesso de oficiais e altos-oficiais.
Mas é mais fácil vir de conversinha fiada e culpar os civis por não liberarem 2% do PIB pra eles, do que fazer mea-culpa.

Camargoer.
Camargoer.
Responder para  Willber Rodrigues
33 minutos atrás

Você tem razão…

venho repetindo. ou os militares fazem a sua reforma adequada (se for reforminha vira puxadinho) ou a reforma virá de fora feita pelos civis…

os eventos que ocorreram ao longo desses anos recentes mostram que reforma militar terá que ser muito profunda

George A.
George A.
Responder para  Willber Rodrigues
3 horas atrás

Pior, desse orçamento enorme com pessoal a maior parte é pra pagar inativos e pensionistas*…

Infelizmente isso só vai mudar quando essa geração de políticos que veio da ditadura deixar o poder, pois em geral são tudo uns frouxos pra enfrentar os militares.

*https://www.cnnbrasil.com.br/blogs/fernando-nakagawa/economia/macroeconomia/gasto-militar-com-pessoal-no-brasil-e-proporcionalmente-mais-que-o-triplo-dos-eua/#:~:text=Or%C3%A7amento%20para%20pessoal&text=A%20m%C3%A9dia%20mensal%20indica%20que,13.233%20por%20m%C3%AAs%20na%20m%C3%A9dia.

Hamom
Hamom
Responder para  Willber Rodrigues
3 horas atrás

”Mas sou do tipo que também sabe que as 3 FA’s são perdulárias, antigas, defasadas, e que deveriam passar por reformas profundas.”

Ponto!
Este é o primeiro passo fundamental antes de aumentar o percentual do PIB destinado ao orçamento militar.

Lonely Beatle
Lonely Beatle
Responder para  Willber Rodrigues
2 horas atrás

O que é repetitivo e lugar comum na trilogia é essa crise rasa.

O próprio texto diz que o investimento em Defesa caiu de 1,8 para 1,1% do PIB, uma diminuição de 40%.

É óbvio que esse corte foi praticamente 100% em investimento e quase nada em pessoal, já que os salários não foram diminuídos.

Ou seja, quanto mais orçamento for cortado, maior será a proporção de gastos com salários.

Da mesma forma, se o orçamento em Defesa aumentasse, presumivelmente o gasto com pessoal diminuiria como proporção.

Willber Rodrigues
Willber Rodrigues
Responder para  Lonely Beatle
2 horas atrás

“presumivelmente”

Ok, vamos mandar 2% do PIB pra essa esteutura inchada, antiga e ineficiente que sáo as 3 FA’s sem passar por nenhuma reforma administrativa, vai dar MUITO certo sim, confia…

Lonely Beatle
Lonely Beatle
Responder para  Willber Rodrigues
1 hora atrás

Não é questão de “vai dar”.

O Orçamento de Defesa era de 1,8% e foi cortado.

Por que você acha que mal temos escoltar, diminuímos o número de KC-390, recebemos 1 Gripen por ano e afins?

Você que a fonte disso é pensionista?

Camargoer.
Camargoer.
Responder para  Lonely Beatle
36 minutos atrás

Na década de 50, os gastos representavam 4% do PIB, descendo para 2,5~2,0% durante a década de 70… em 1980 ainda durante a ditadura militar os gastos com defesa ficaram em torno de 1,1%, indo para 2% na década de 90 e voltando para 1,5% a partir do início do Sec.XXI. Em 2020 caiu para 1,3%, em 2021 para 1,2% e ficando em 1,1% a partir de 2022.

Bem, a partir deste histórico, é preciso lembrar que as forças armadas nunca foram bem equipadas e treinadas, mesmo quando os gastos eram da ordem de 2% do PIB..

Então é equivocado assumir que as Forças Armadas já foram uma instituição de excelência quanto recebiam mais recursos relativos ao PIB…

Por outro lado, o analfabetismo aduto na década de 50 era de 50% e havia um deficit de vagas no ensino básico para crianças e jovens e o sistema de saúde publico era restrito..

Os gastos com saúde e educação só crescem a partir da CF88, tanto pela criação do SUS e dos fundos de educação. Foi apenas no fim da década de 90 (período FHC) que foi atingido uma condição de vagas no ensino básico para todas as crianças e adolescentes.

então… temos por um lado uma força militar que nunca esteve bem aparelhada mesmo quando tinha relativamente mais recursos do PIB e antes de uma universalização dos serviços de saúde e educação.

Desde a CF88, o sistema previdenciário dos servidores civis foram sucessivamente reformados para atender o aumento da expectativa de vida e envelhecimento da população e ajustar os gastos com pessoal inativo, enquanto isso, o sistema militar continuou inerte enquanto os gastos previdenciários dos miliares continuam crescendo ano a ano, seja em valor absoluto, seja em proporção do PIB seja em porcentagem do orçaemnto do MInDef

Rafael Gustavo de Oliveira
Rafael Gustavo de Oliveira
Responder para  Willber Rodrigues
2 horas atrás

Não está errado não caro Wilber, para complementar só acho que temos pessoal suficiente com o porte e importância do Brasil no teatro sul-americano….isso nenhuma estatística e/ou balancetes vão mostrar….é ingenuidade achar que cortar pessoal fará “aparecer dinheiro” para programas.
O que é errado são programas saírem da a pasta do exercito quando deveria ser algo de interesse de Estado e vir direto do cofre publico, certos programas vem sendo abordados da forma “interessante para o exercito” pela classe politica….deveria ser abordado como tema de interesse da nação.
Voltando ao assunto de pessoal, no Tratado de Versalhes a Alemanha foi forçada a criar uma força de autodefesa de no máximo 100 mil homens que era um valor aceitável para um país (sem inimigos no pós guerra) defender suas fronteiras. Trazendo para uma informação mais atual as Forças de Auto Defesa Terrestre Japonesas tem um efetivo de 150 mil homens, deve ter mais exemplos e olha que não entrei em comparação de tamanho de fronteiras com a do Brasil…enfim acredito que temos um exercito até modesto e aceitável.
Mal equipar o exercito faz parecer que temos gente demais, não caia nessa…um militar seja da reserva ou não tem seu conhecimento e treinamento merece ser respeitado, as guerras atuais estão aí para mostrar que um equipamento sem um operador qualificado é um “peso de papel” e Israel nos mostrou recentemente que uma “reserva mobilizável” qualificada é sem dúvidas o “ás na manga” do estrategista militar…abraço

Willber Rodrigues
Willber Rodrigues
Responder para  Rafael Gustavo de Oliveira
1 hora atrás

Pra não dizerem que estou sendo injusto, sim, concordo contigo que “simplesmente” fechar os concursos da AFA ou AMAN, e “simplesmente” mandar 50% dos efetivos de cada FA, além de ser irreal, não resolvem o problema.
Sim, também concordo contigo que certoa programas, e nisso destaco principalmente o programa-nuclear, não deveria ser programa das FA’s, e sim de Estado, e ter recursos garantidos pra esses programas.
Não vou entrar no mérito se as FA’s tem gente demais ou de menos, isso aí tem gente que entende melhor do que eu e pode dizer.
Em suma, concordo com quase tudo com o que você disse.

Mas ainda bato na tecla SIM que as FA’s, enquanto instituições, são perdulárias, antigas, ineficientes, e que precisam SIM de um “enxugamento” e reformas.
É simplesmente inaceitável ter quase 90% de verba gasto com pensão e soldo.
Não há nada que justifique isso.

Faver
Faver
Responder para  Willber Rodrigues
1 hora atrás

Não se esqueça das bandas e fanfarras, nunca faltam em nenhum lugar do Brasil. Afinal tem de ter contingente para treinar músicas, fazer desfiles e espetáculo a população.

Ozawa
Ozawa
2 horas atrás

“Os gastos com Defesa no Brasil são disfuncionais e se contraem há décadas.”

LEIA-SE:

“Os gastos com Defesa no Brasil são irracionais e se desperdiçam há décadas.”

Não se pode falar em investimentos de Defesa quando não se há uma Defesa no Brasil.

O que há é um Ministério das Forças Armadas. Uma burocracia armada que se reúne em um prédio para uma única defesa: de seus soldos, vantagens e prerrogativas classistas.

As Forças Armadas do Brasil deveriam ser refundadas e reorganizadas a partir do contexto geopolítico e tecnológico atual e previsível. Nesse contexto o EB e a MB seriam praticamente inúteis (como forças de defesa) como se apresentam hoje, restando alguma utilidade à FAB.

Enquanto isso não ocorrer (e não vislumbro que ocorra enquanto eu viver), os gastos com defesa serão apenas isso: gastos …

Willber Rodrigues
Willber Rodrigues
Responder para  Ozawa
2 horas atrás

MD é uma das coisas mais inúteis que existem nesse país, e olha que a lista é farta.
Na metade do tempo, eles servem como uma espécie de “sindicato” pra fardado, e na outra metade, tá colocando panos-quentes e “deixa-disso” pra fardados que cometeram crimes.

Comte. Nogueira
Comte. Nogueira
Responder para  Willber Rodrigues
1 hora atrás

E o treinamento desses militares também merecem maior atenção… Ver um coronel chorando igual criança prestando depoimento é deprimente.
Imagina se fosse capturado pelo inimigo?

Ozawa
Ozawa
Responder para  Comte. Nogueira
49 minutos atrás

Não se treina um oficial das Forças Armadas para dar golpe de Estado. Isso é questão de caráter individual. Se estava chorando não era pelo depoimento, mas talvez de vergonha de ver publicizado seu ato e de ódio de seu plano ter fracassado.

Só esse (último) episódio demonstra o quanto às Forças Armadas brasileiras estão ociosas e, assim inúteis, para defesa … Então lhes sobra tempo para articular golpe.

Bueno
Bueno
2 horas atrás

E eu pensava que o PACdaDefesa apresentado há dois anos teria mudado este estado de penúria Estadão! .

E a mudança completa seria agora pelo ultimo pomposo anuncio de investimentos para a defesa

PACdaDefesa 2023 53 Bi

https://www.forte.jor.br/2023/08/11/com-novo-pac-defesa-investira-r-53-bilhoes-em-tecnologias-estrategicas-que-garantem-a-soberania-nacional/

Nova propaganda 2025 – R$112 Bi para industria de defesa

https://www.aereo.jor.br/2025/02/12/presidente-anuncia-r-1129-bilhoes-em-investimentos-na-industria-de-defesa/

Então tudo nao passa de Marketing para enganar os Incautos das FAs com o futuro do paias do futuro,

Última edição 2 horas atrás por Bueno
danieljr
danieljr
Responder para  Bueno
1 hora atrás

Como vão existir os grupos de estudos estratégicos se não ter temas para estudar?

Lonely Beatle
Lonely Beatle
2 horas atrás

Para evitar o mesmo lugar comum de culpar os gastos com pessoal pela falta de investimentos em equipamentos, deixo a reflexão abaixo:

“Diante da alegação de que o Brasil gasta demais com pessoal militar, duas perguntas precisam ser feitas.

1. O Brasil tem militares em excesso?

Segundo o Instituto Internacional de Estudos Estratégicos, o Brasil possui 366.500 militares ativos, ocupando o 14º lugar no ranking global.

No entanto, números absolutos podem ser enganosos. Se compararmos os 20 países com maior número de militares e suas respectivas populações, o Brasil cai para o 17º lugar, com 1,68 militares ativos para cada 1.000 habitantes.

Dentro da América do Sul, o Brasil lidera em número absoluto de militares ativos, mas, quando considerada a relação de militares por habitante, fica atrás de todos os países do continente, exceto a Argentina.

Dessa forma, parece que a resposta à primeira pergunta é não – o Brasil não tem um número excessivo de militares.

2. Os salários militares no Brasil são altos demais?

Para responder a essa questão, seria necessário comparar os salários de entrada, médios e finais de carreira de diversas funções do setor público, incluindo benefícios. Como essa análise detalhada é inviável, podemos recorrer a uma comparação com os cargos mais bem remunerados do Executivo Federal.

Os dados mostram que um General de quatro estrelas tem um bom salário, mas equivalente ao de um ministro, que recebe ainda mais. Além disso, generais representam apenas 0,11% das Forças Armadas, o que tem pouco impacto no orçamento total de pessoal.

Já os coronéis aparecem entre os cargos mais bem pagos, mas os oficiais de nível inicial recebem os menores salários da lista. Além disso, os suboficiais e praças, que compõem a maior parte das Forças Armadas, estão entre as categorias menos remuneradas.

Essa comparação não é perfeita, mas ajuda a formar um panorama geral. Com base nesses dados, não parece que os altos salários sejam a razão pela qual 76% do orçamento de defesa é destinado a pessoal.

O que está realmente acontecendo?

Depois de analisar o número de militares e seus salários, podemos abordar o problema real. E a verdade é simples: o Brasil gasta pouco com defesa.

Se analisarmos os gastos de defesa como percentual do PIB entre 2000 e 2023, veremos que o último ano em que o Brasil se aproximou da meta de 2% do PIB definida pela OTAN foi em 2001. Nos anos recentes, os gastos caíram para 1,07% e 1,08% do PIB em 2022 e 2023, respectivamente.

Se o Brasil aumentasse os gastos com defesa para 2% do PIB, mantendo os gastos com pessoal constantes, a porcentagem do orçamento destinada a salários e benefícios cairia automaticamente para cerca de 41%.

Portanto, o problema não é que o Brasil gasta demais com pessoal, mas sim que gasta muito pouco com defesa.

Possibilidades Impossíveis

A solução parece óbvia: aumentar o orçamento de defesa. Há, inclusive, uma proposta no Congresso para reservar 2% do PIB para a defesa. No entanto, essa proposta está parada, sem avanços. Até o próprio ministro da Defesa afirmou que 2% seria “demais” e que o Brasil não precisa de um orçamento tão alto para defesa.

De fato, a América do Sul é uma região relativamente pacífica, sem conflitos significativos. No entanto, a violência associada ao crime organizado faz com que as Forças Armadas frequentemente sejam empregadas em operações de segurança interna.

Se aumentar o orçamento de defesa não é uma opção, a alternativa seria reduzir o tamanho das Forças Armadas. No entanto, mesmo que fosse possível demitir 50% dos militares (o que não é viável devido às leis trabalhistas), isso não garantiria um aumento nos investimentos ou operações militares, pois os recursos remanescentes ainda seriam distribuídos entre os ministérios concorrentes.

Existe algo que pode ser feito?

Sim, mas exigiria grande esforço e planejamento estratégico.

Primeiro, é necessário estabelecer um percentual fixo do PIB para a defesa, seja 1,5%, 1,6% ou, no mínimo, 1,1%. Além disso, é essencial definir uma meta realista para os gastos com pessoal, reduzindo essa fatia gradualmente para algo entre 40% e 50% do orçamento de defesa.

Para alcançar esse objetivo, seria necessário revisar a estrutura de carreiras militares, ajustar critérios de promoção e criar novas faixas salariais para evitar um inchaço nos postos mais altos.

Por fim, enquanto ajustamos o número de militares, também precisamos investir melhor em equipamentos e operações. Para isso, o Brasil precisa superar a visão isolada de cada Força e adotar um planejamento conjunto, garantindo que cada investimento realmente fortaleça a capacidade de defesa do país.”

Sulamericano
Sulamericano
Responder para  Lonely Beatle
2 horas atrás

Fazendo um rápido contraponto a sua publicação.

1. O Brasil tem militares em excesso?
Resposta: Sim.
Por exemplo, a MB conta com cerca de 80 mil marinheiros.

2. Os salários militares no Brasil são altos demais?
Resposta: Sim.
Os militares brasileiros, levando em conta o pacote completo de remuneração, estão entre os mais bem remunerados da América Latina.

O que está realmente acontecendo?
Resposta: Os militares constituem uma elite no Brasil, cujo principal interesse parece ser a manutenção dos privilégios.

Possibilidades Impossíveis
Resposta: Os militares do BR fazerem uma reforma administrativa e previdência justa e condizente com as necessidades da nação.

Existe algo que pode ser feito?
Resposta: Sim, para além das reformas citadas acima – para acabar com o desperdício de recursos públicos – é fundamental desenvolver um projeto de nação, com uma estratégia de soberania que priorize o fortalecimento de uma indústria de defesa nacional.

Última edição 1 hora atrás por Sulamericano
Boitatá
Boitatá
Responder para  Sulamericano
45 minutos atrás

Ótimo contraponto.
Complemento dizendo que o Exército até pode ter uma número de membros que se baseia em tamanho territorial e populacional. No caso de Marinha e Força Aérea, não faz sentido pessoal sem equipamento.

Digo ainda que, os salários não são tão altos assim. O que é absurdamente alto são os benefícios previdenciários. Isso desbalanceia o gasto com pessoal.

Camargoer.
Camargoer.
Responder para  Boitatá
20 minutos atrás

Oi B.

A FAB tem um efetivo de cerca de 72 mil.. sendo que 25 mil são do DECEA que faz o controle do tráfego aéreo… então a gente precisa considerar 47 mil que é muito grande considerando o tamanho da frota da FAB.

O efetivo da MB é da ordem de 75 mil, sendo 15 mil dos fuzileiros.. então a gente precisa pensar em 60 mil… que é um número muto grande para o tamanho da frota de navios

O EB tem cerca de 230 mil.. sendo 85 mil jovens fazendo serviço militar.. então é um efetivo de 145 mil.. que é um absurdo também.. é uma relação de 1 soldado : 1,5 acima dele na hierarquia…

Claro que as forças armadas têm os institutos de ensino e pesquisa, os sistemas de saúde e o sistema de ensino básico, sem falar na estrutura redundante em todos os comandos que deveriam estar unificados e ligados diretaemtente ao gabinete do ministro

Lonely Beatle
Lonely Beatle
Responder para  Sulamericano
29 minutos atrás

“Por exemplo, a MB conta com cerca de 80 mil marinheiros.”

A Marinha hoje tem menos de 70 mil militares, isso incluindo todos os militares em formação (Academia, recrutas, etc).

“Os militares brasileiros, levando em conta o pacote completo de remuneração, estão entre os mais bem remunerados da América Latina.”

O Salário de todos está na mesma faixa.

Um Capitão no Brasil ganha 16 mil reais.
Um Capitão no Equador ou no Chile ganha 14~15 mil reais, a depender do câmbio.
Não foge disso América Latina afora.

Um 3ºSG ganha no Brasil pouco menos de 7 mil.
No Equador ganha pouco mais que 7 mil.
No Uruguai ganha 6 mil.

“Os militares constituem uma elite no Brasil, cujo principal interesse parece ser a manutenção dos privilégios.”

Elite em comparação a quem?

O Militar médio é um 3ºSG, ganha R$ 6.800,00 brutos.
Qual é o privilégio dele?

“Os militares do BR fazerem uma reforma administrativa e previdência justa e condizente com as necessidades da nação”

Qual exatamente deveria ser a Reforma?

Você conhece os sistemas de aposentadoria das Forças Armadas pelo mundo?

Por exemplo, em vários países (inclusive na América do Sul) o militar pode optar por sair em meados da carreira (digamos, 2ºSG), e levar uma aposentadoria proporcional ao tempo que contribuiu.

Aqui não existe. Se pedir baixa, recomeça a vida do zero.

Quer reformar isso também?

Esse é um curioso caso de site que trata de assuntos militares onde o foristas médio, além de desconhecer esses detalhes, parece ter raiva dos próprios profissionais dar armas.

Camargoer.
Camargoer.
Responder para  Lonely Beatle
1 hora atrás

O problema mais grave é o sistema previdenciário que demanda cada vez mais recursos porque as pessoas estão (felizmente) vivendo mais e a cada ano mais militares se aposentam e entram no sistema…

ou seja, a cada ano o número de pessoas que recebem benefícios aumenta… o que demanda cada vez mais recursos…

Henrique A
Henrique A
Responder para  Camargoer.
12 minutos atrás

Acredito também que o problema previdenciário virou bola de neve pelo sistema “up or out” criado pelo Castelo Branco que forçou muito militar a ir pra reserva relativamente jovem. A política de promoção de carreira dos oficiais teria que ser modificada.

Hamom
Hamom
Responder para  Lonely Beatle
59 minutos atrás

Nesta questão comparativa de gastos de diferentes países [e os resultados obtidos para defesa com estes valores…], não se pode levar em conta somente o percentual do PIB, mas também o tamanho total do PIB de cada país.

Por exemplo;
– O percentual do PIB da Argélia destinado a ”defesa” em 2023 aingiu um pico de 8,2% [em 2014 foi 5,5%]
– Em 2023 o Brasil destinou 1,1% de seu PIB para ”Defesa” [em 2014 foi 1,3%]

Colocando em valores ↓
Em 2023 a Argélia gastou U$18,3 bilhões e o Brasil U$22,9 U$ bilhões.

Agora compare os equipamentos da marinha e força aérea
de ambos países…

Pode comparar também o que nosso vizinho Chile faz com um valor 4x menor do que o brasileiro → U$5,5 bilhões [2% do PIB] destinados a ‘Defesa’.

Este não é um problema exclusivo da Forças Armadas, o mesmo ”mal” acomete o Brasil em sua forças de segurança pública, judiciário, procuradoria, executivo e legislativo…gasta muito e com baixos retornos,

Última edição 45 minutos atrás por Hamom
danieljr
danieljr
Responder para  Lonely Beatle
53 minutos atrás

Existem militares demais no Brasil sim.

Coloque todos os veículos, navios e aviões a postos, com reservas, administração e tudo, verá quanta gente não tem para onde ir.

A Itália tem mais ou menos 200 militares, em tudo. Olha a quantidade de equipamentos que eles operam, em todas as forças, não existe sequer comparação conosco, nós só ganhamos nos batalhões de pintura de sarjetas.

Existem unidades blindadas do EB quase sem veículos, mas eles não se importam, desde que mantenham as estruturas em pé e com o quadro de pessoal cheio.

Qual a finalidade do esquadrão falcão da MB? Ter caças para missões de combate e operações em porta-aviões que não existe ou manter “doutrina”, com 4 aviões de 1955 e centenas de pessoas no entorno desses 4 jatos, consumindo uma bala do orçamento?

É melhor ter uma estrutura para comportar 200 MBT mas na realidade ter uns 50 carros de 1960 ou ter uma estrutura enxuta, com pouca gente, poucas propriedades imobiliárias, mas com 75 carros fabricados em 2023?

Os nossos novos navios já deveriam (talvez até tenha um pouco) ter design e automação o suficiente para baixar para o máximo possível o número de tripulações, manter pessoal em pouco quantidade mas em excelente qualidade. O mesmo vale para o equipamento.

Hamom
Hamom
Responder para  Lonely Beatle
40 minutos atrás

Nesta questão comparativa de gastos de diferentes países [e os resultados obtidos para defesa com estes valores…], não se pode levar em conta somente o percentual do PIB, mas também o tamanho total do PIB de cada país.

Por exemplo;
– O percentual do PIB da Argélia destinado a ”defesa” em 2023 aingiu um pico de 8,2% [em 2014 foi 5,5%]
– Em 2023 o Brasil destinou 1,1% de seu PIB para ”Defesa” [em 2014 foi 1,3%]

Colocando em valores ↓
Em 2023 a Argélia gastou U$18,3 bilhões e o Brasil U$22,9 U$ bilhões.

Agora compare os equipamentos da marinha e força aérea
de ambos países…

Pode comparar também o que nosso vizinho Chile faz com um valor 4x menor do que o brasileiro → U$5,5 bilhões [2% do PIB] destinados a ‘Defesa’.

Lonely Beatle
Lonely Beatle
Responder para  Hamom
23 minutos atrás

Existem diversos gastos que estão atrelados ao tamanho do país.

A Força Aérea é responsável pelo Controle do Tráfego Aéreo, gasta muito pessoal com isso.

A Marinha é Guarda Costeira, o número de militares espelhados em capitanias país afora é grande, do Amazonas aos lagos do Sul-Sudeste.

Tudo isso é gasto que não teríamos (ou teríamos bem menos) se fôssemos do tamanho da Argélia ou da Tailândia.

Hamom
Hamom
Responder para  Lonely Beatle
17 minutos atrás

Isto entra na necessidade de profissionalização e especialização das FA

Angus
Angus
Responder para  Lonely Beatle
23 minutos atrás

Parabéns pela objetividade e conhecimento.

Poucas vezes é possível verificar alguém que apresente dados que espelham a realidade, com o contexto correto.

Infelizmente muitos entusiastas apenas repetem informações parcialmente corretas, em contextos equivocados, conforme suas convicções de guerra de torcidas.

A questão se agravou nos últimos anos, pois em muitos comentários percebe-se perfeitamente um viés ideológico embutido, o que deixa o debate raso e sem critérios ou compromisso com a verdade.

Obviamente, além de aumentar o percentual do PIB destinado a defesa, é necessária uma reforma administrativa, para que sejam suprimidas Seções/Divisões/etc que pouco ou nada acrescentam (a começar dentro do Min Def).

Lonely Beatle
Lonely Beatle
Responder para  Angus
17 segundos atrás

O grande problema é, ao meu ver, uma decisão do país sobre quais FFAA deseja ter.

Entre 2003 e 2013, o país crescia de vento em popa e as forças admitiram milhares de militares em preparação para o futuro glorioso que o país prometia.

Tudo deu errado, mas os militares já estavam formados e servindo.
Nosso arcabouço legal impede uma resolução rápida, demitindo aqueles excedentes.

Agora demorará tempo (décadas) até readequar o tamanho das FFAA, num processo que já vem acontecendo desde o fim da década passada.

Independente disso, não é possível planejar Forças eficientes com uma variação absurda de 50% de gastos em um período de menos de 10 anos.

Noves fora todos os problemas internos dos militares (e eles existem), o país precisa primeiro decidir o que quer e, através de seus representantes eleitos, dizer claramente: “Queremos X, para tal vamos dar a verba Y.”

O que aconteceu nas últimas 2 décadas foi: “Queremos 2X, vamos dar 2Y”, mas, na hora H, deram só Y/2.

Diogo
Diogo
Responder para  Lonely Beatle
20 minutos atrás

Parabéns, excelente analise, isto que falta para nosso pais tentar sair do lugar…..

José Luís
José Luís
2 horas atrás

Entra ano, sai ano, passam décadas e eu nunca vi nada mudar positivamente aqui, infelizmente é a realidade. Desde que me “entendo por gente” quando via lá na década de 80, nas revistas de defesa, propagandas sobre os Amx, Fragatas, SubNuc….ficamos eternamente presos ao passado, um país fracassado, onde o desperdício do dinheiro público é normalizado, os mega projetos de transferência de tecnologia que não dão em nada, muitos morreremos sem ver esse país melhorar.
Nunca estivemos realmente preparados para nada, nem nunca estaremos, a cultura do próprio país impede isso, é sempre aquele bla bla bla, ” somos pacíficos, nossos vizinhos estão pior que nós” etc etc

Última edição 2 horas atrás por José Luís
Emmanuel
Emmanuel
2 horas atrás

O Estadão querendo virar comediante.

BraZil
BraZil
2 horas atrás

Bom dia. Parei de ler em ” o país é pacífico”…sério? Então o país parece estar em guerra com seus próprios cidadãos, vejamos: 1) com os níveis de mortes violentas (tiro de pistola e tiro de fuzil), que temos por ano…mais do que em muitas guerras; 2) a quantidade de populações retiradas de suas próprias moradias, por grupos armados paramilitares; 3) a quantidade de forças policiais que temos e todas armadas; 4) a quantidade de repórteres mortos anualmente, mais que correspondentes de guerra em certos teatros; 4) o arsenal, quantidade e poder das forças paramilitares dentro desse tal país; 5) a quantidade de atividades essenciais (escolas, hospitais, transporte público, direito de ir e vir), que são afetadas diretamente e diariamente por ações de fogo (tiroteios); 6) a quantidade de droga e armas que entram diariamente pelas fronteiras desse mesmo país; 7) a quantidade de viúvas de militares.que são produzidas a cada ano (das FFAA e das FF policiais), novamente: mais do que em muitas guerras (alguém já parou para pensar nisso?)…e 8) a quantidade de cirurgias médicas de urgência em casos de pessoas alvejadas por tiros de pistola e fuzil (de novo, mais do que em muitas guerras) e muito mais pode ser dito para mostrar o quanto esse país é “pacífico”, mas já cansei…

Comte. Nogueira
Comte. Nogueira
1 hora atrás

Primeiramente, gostaria de discordar do mantra que diz que o Brasil é pacífico. O número de mortes causadas por armas de fogo ou qualquer outro meio violento não natural, incluído o trânsito, desmente qualquer tese sobre o pacifismo brasileiro.
Defesa é assunto de Estado. Como não temos políticas de Estado, o problema emerge. A política partidária, que muda ao sabor do vento dominante a cada quatro anos, não permite qualquer planejamento duradouro. Recursos são desperdiçados e o país continua indefeso.
Também falta a idéia de que a indústria de defesa gera renda, tributos e tecnologia, que também pode ter uma destinação dual.

danieljr
danieljr
Responder para  Comte. Nogueira
50 minutos atrás

Não é só o Brasil que é violento, o continente também é, mas pouca gente coloca o dedo nisso.

Só não existem mais combates por aqui porque todo país da AM é um país falido. Só sobram combates com narcotraficantes e similares.

existem tensões com Venezuela- guiana- colombia | equador – peru | bolivia – chile – argentina e outras mais, tudo aconteceu num prazo razoavelmente recente (século XIX, XX)

Se os países daqui tivessem mais dinheiro, com o tipo de pensamento que os políticos daqui têm, já teriam ocorrido mais conflitos.

Dr. Mundico
Dr. Mundico
1 hora atrás

Talvez nosso maior erro estratégico seja não avaliar nosso tamanho e nossa importância no cenário regional e mundial. Somos apenas uma potência regional sem maiores ambições de conquistas ou ocupações de territórios alheios. Enfim, não queremos nem precisamos invadir ninguém
Mas isso não impede que tenhamos um sistema defensivo sólido, estruturado e eficiente, coisa que muita gente por aqui confunde com outra coisa.
Ñão precisamos ter 5 porta-aviões, 15 submarinos,20 fragatas, 120 caças ou milhares de blindados que terão mais chance de enferrujar do que atuar em algum conflito.
Precisamos ter dimensão, escala e mobilidade adequada ao nosso território.
Acredito que a Amazônia seja nosso ponto-fraco nessa equação mas também acredito ser muito difícil vencermos algum eventual agressor por meios convencionais.

Última edição 1 hora atrás por Dr. Mundico
danieljr
danieljr
1 hora atrás

Como assim o Brasil não investe em defesa? Cada 30 dias tem concurso novo, mais grupos de estudos para projetar novos programas de mais equipamentos. Tudo caminha a todo vapor.

Bardini
Bardini
34 minutos atrás

Acompanho essa questão do orçamento de defesa há muito tempo. Fui um dos primeiros a martelar esse tema de forma constante neste espaço… E, sabendo que o tamanho do gasto com pessoal será amplamente comentado — já que o próprio texto do Estadão traz essa questão — digo o seguinte:
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O tamanho do quadro de militares da ativa em nossas Forças Armadas não é o maior problema quando se fala em gastos com pessoal. Enquanto em algumas frentes e carreiras sobra gente, em outras, diante de tantas necessidades e avanços tecnológicos, o quadro é pequeno — e a tendência é ficar ainda menor! Então, o número do quadro em si, não é o problema. A questão é como o número está distribuído.
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Hoje, por exemplo, o Exército Brasileiro sequer tem cabos suficientes para fechar a dotação completa de algumas unidades. Existem frentes em que sobra material, por mais absurdo que possa parecer. E, com a evolução tecnológica impactando todos os sistemas imagináveis, os custos para atrair, capacitar e reter o material humano só vão aumentar.
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O grande problema — e o foco que deveria guiar esse tipo de discussão — está na quantidade de pessoal da ativa que transita para o quadro de inativos dentro das mais diversas funções. Há muitas funções que simplesmente não deveriam ter acesso a esse benefício e ainda têm.
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Não é difícil entender que “desviar” recursos destinados à defesa do país para pagar inativos é um dos maiores gargalos do orçamento da Defesa. Como isso não pode ser dissociado, as Forças têm adotado medidas para lidar com a questão por conta própria, vide temporários… Mas, na prática, as medidas tomadas até agora são pífias. E os resultados, igualmente pífios. Sempre sob a justificativa de que os efeitos só serão percebidos no médio e longo prazo. Pois bem, já chegamos ao tal médio prazo… e ainda há muito espaço para melhorar. Muito!
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Só que não adianta apontar o dedo para as Forças, porque a culpa não é exclusivamente delas. A sociedade brasileira não construiu uma estrutura legal que imponha ou estimule uma reestruturação de gastos militares, focando na melhoria da qualidade do gasto, na redução do desperdício e no aumento da eficiência. Hoje, mesmo que as Forças economizem dinheiro em qualquer área, nada garante que esses recursos serão reinvestidos no futuro. Nada!
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Não existe incentivo real, vindo da sociedade, para melhorar. As Forças, assim como diversas outras estruturas do Estado — a grande maioria em situação muito pior — simplesmente não estão armadas para combater esse problema. O resultado? “Mais do mesmo”:
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O percentual alocado à defesa é definido basicamente, pela folha de pagamento e pela manutenção de dívidas já contratadas, decorrentes dos ultrapassados e mal elaborados “Programas Estratégicos”. Logo, dentro de uma série histórica, é possível ver que o Brasil não está investindo menos em defesa. O Brasil está investindo o mesmo, para manter o “mesmo de sempre”… Ou seja, o percentual do PIB nunca foi, de fato, um fator determinante na elaboração de uma LOA. Trata-se apenas de um dado vazio, sem impacto real em um “planejamento estratégico” que, sejamos francos, sequer existe…
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Assim, o percentual do PIB alocado à defesa vem aparentemente diminuindo porque tudo se resume à manutenção do que já existe, perante ao montante representado pelo PIB, que tem crescido. E além disto, há dois fatores que tornam esse cenário ainda pior: a perda do poder de compra do real frente ao dólar e a inflação. Dessa forma, qualquer tentativa interna das Forças para otimizar gastos simplesmente desaparece.
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Diante desse cenário, muitos dirão: “É preciso aumentar os gastos com defesa.” E, sim, de fato, é necessário gastar mais. Mas antes de gastar mais, é preciso arrumar a casa. Mais importante do que ampliar o orçamento, é melhorar a qualidade do gasto. E, para isso, é essencial criar ferramentas de controle e reformular a Estratégia Nacional de Defesa (END) e a Política Nacional de Defesa (PND), que nunca passaram de peças de ficção — documentos genéricos, mal elaborados e que justificam qualquer coisa, inclusive um amontoado de ideias ruins que cada comando decide implementar.
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Precisamos de estruturas e ferramentas eficientes para avaliar e otimizar os gastos, além de mecanismos que integrem de forma inteligente as necessidades e demandas das três forças. É essencial aprimorar as compras e desenvolvimentos, tornar o treinamento mais eficaz e, sobretudo, integrados, pois no combate, o que realmente importa é a capacidade do conjunto. Para isso, é fundamental a criação de um sistema centralizador, composto por especialistas altamente qualificados, que esteja acima das três forças na hierarquia das decisões estratégicas de investimento, garantindo uma gestão mais racional e eficiente dos recursos da defesa. Precisamos, enfim, de um Ministério da Defesa, porque até hoje, nunca tivemos um de verdade!
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Finalizando, com a bandeira que defendo há muitos anos: toda essa discussão em torno de 2,00% do PIB para a defesa é uma gigantesca perda de tempo, por tratar-se de algo completamente inviável dentro da estrutura imposta pelo mundo político. O Brasil não mudou e nem vai mudar…
Sendo assim, o que deveria ser feito — por ser viável e já ter ocorrido no passado, dentro do histórico orçamentário — é lutar para estabelecer 1,50% do PIB como mínimo obrigatório para a defesa e, a partir disso, impulsionar as reformas necessárias. Com um piso garantido, as Forças finalmente teriam incentivo para realizar verdadeiras modernizações. Neste país, as instituições militares são as únicas que têm real capacidade de fazer bom uso de um orçamento engessado.

Última edição 20 minutos atrás por Bardini