Canal do Panamá

Panamenhos temem retaliação de Washington em relação aos interesses chineses no canal estratégico para comércio mundial

No bairro de El Chorrillo, na Cidade do Panamá, moradores ainda lembram a invasão dos EUA em 1989, que derrubou a ditadura de Manuel Noriega. Agora, com o presidente Donald Trump ameaçando retomar o Canal do Panamá, o temor de um novo conflito cresce entre os panamenhos.

Trump afirmou que o canal, controlado pelo Panamá desde 1999, deveria ser devolvido a Washington, alegando que a China influencia sua operação. Durante seu discurso de posse, no último dia 20, o presidente americano declarou: “Nós não o demos à China, nós o demos ao Panamá e estamos pegando-o de volta!”.

O Canal do Panamá é vital para o comércio global, movimentando US$ 270 bilhões anualmente, com 70% desse tráfego ligado aos EUA. O aumento dos investimentos chineses no Panamá, como a construção de infraestruturas estratégicas e a administração de portos, tem gerado preocupações em Washington.

Em resposta, Trump reclamou que os EUA pagam taxas abusivas para transitar pelo canal, apesar de um tratado de neutralidade assinado em 1977. Autoridades panamenhas, como Ilya Espino de Marotta, vice-administradora do canal, negam qualquer influência chinesa e garantem que a hidrovia é operada 100% por panamenhos.

O governo panamenho ordenou uma auditoria das operações da Hutchison Ports, empresa chinesa que administra terminais portuários no país. A iniciativa veio logo após o discurso de Trump, demonstrando um esforço para acalmar tensões com Washington.

Embora uma invasão militar pareça improvável, fontes do governo panamenho temem retaliações econômicas dos EUA caso Trump não consiga o que deseja. A Casa Branca já indicou que negociações podem ocorrer para garantir um maior controle americano sobre os portos panamenhos.

Especialistas como Ryan Berg, do think tank CSIS, acreditam que a pressão de Trump pode ser um pretexto para garantir contratos americanos nos portos operados pela Hutchison. Para os EUA, há um receio de que a China possa usar sua presença no Panamá para espionar a navegação ou até bloquear o canal em caso de tensões geopolíticas.

O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, viajará ao Panamá na próxima semana para discutir a crise. Enquanto isso, Pequim continua expandindo sua influência na América Latina, aproveitando o vácuo deixado pelos EUA na região.

Jorge Eduardo Ritter, ex-ministro das Relações Exteriores do Panamá, reforça que o avanço chinês é consequência da diminuição do envolvimento americano na região desde o fim da Guerra Fria. Segundo ele, “Os EUA pararam de prestar atenção ao que consideram seu próprio quintal, e foi aí que a China entrou.”

FONTE: Financial Times, via Folha de São Paulo

SAIBA MAIS:

Operação Just Cause – a Invasão do Panamá pelos EUA em 1989

Inscrever-se
Notificar de
guest

28 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários
Scudafax
Scudafax
15 horas atrás

O que aconteceu foi a negligência do Panamá para com sua soberania. Assim como toda a América Latina e Central, o Panamá é indefeso, existindo pela simples benevolência do império do Norte. Pode sofrer todo tipo de sanção econômica, tecnológica, pessoal, sem meios de defesa.

Gabriel BR
Gabriel BR
13 horas atrás

Melhor entregar…é uma luta inútil.

Comenteiro
Comenteiro
Responder para  Gabriel BR
13 horas atrás

Imagina se antes de entregar decidem aterrar tudo… Acidentes acontecem.

Matheus
Matheus
Responder para  Gabriel BR
12 horas atrás

Eu fico imaginando… e se realmente entregarem?
Como voce reagiria se isso realmente acontecesse?

Voce ficaria satisfeito? Voce acha mesmo que voce sairia ganhando com todo esse entreguismo?

Gabriel BR
Gabriel BR
Responder para  Matheus
11 horas atrás

Pouparia muitas vidas humanas , evitaria um enorme sofrimento ao povo panamenho…lutar nessas condições não é inteligente.

Sulamericano
Sulamericano
Responder para  Matheus
3 horas atrás

O sonho do Gabriel USA é que um dia os EUA invadam o Brasil e ele possa passar a morar em uma colônia Norte Americana.

Willber Rodrigues
Willber Rodrigues
Responder para  Gabriel BR
9 horas atrás

Você está ciente de que essa mesma “lógica” do “é inútil resistir, deve-se entregar” poderia perfeitamente ser usada na Guerra russo-ucraniana, certo?
Ou nesse caso, essa lógica não vale?

Gabriel BR
Gabriel BR
Responder para  Willber Rodrigues
8 horas atrás

Completamente diferente.
A Ucrânia é um colosso perto do Panamá.

Alexandre Costa
Alexandre Costa
Responder para  Gabriel BR
2 horas atrás

Um colosso que absorve toneladas de equipamento ocidental. E sem previsão de acabar esse conflito. Acho que está na hora de sentar e negociar um cessar fogo.

Willber Rodrigues
Willber Rodrigues
Responder para  Gabriel BR
30 minutos atrás

Ah, entendí…pela sua “lógica” então, capitulação e rendição em massa é só quando o invasor é os EUA, e só quando o país é pequeno.
Qualquer outro país invasor, deve-se pegar em armas e resistir até a última pessoa…

Hum, entendí…

MGNVS
MGNVS
Responder para  Gabriel BR
1 hora atrás

Partindo desse principio entao a Ukrayna tbm tem que entregar 1/3 do territorio perdido para a Rússia?
E tem mais, se os EUA ameaçam de invasao países soberanos e tbm sistematicamente descumprem resoluções da ONU e do Direito Internacional, então que moral eles tem para cobrar a Russia e a China sobre isso?
Se invadir o Panamá e a Groelandia, Trump vai estar dando aval para a invasao da Russia na Ukrayna e tbm para uma possivel invasao de Taiwan pela China.
Vamos ver a sua resposta, se vc vai ser realista ou hipocrita.

Krest
Krest
13 horas atrás

Deveriam aterrar esse canal inteiro e devolver para o megalomaníaco

MMerlin
MMerlin
Responder para  Krest
4 horas atrás

Quase oito porcento de todo comércio mundial passa por este canal.
Se fosse aterrado e inutilizado, o impacto financeiro para este país seria imenso.
Sacrificaria a economia do país.

Comenteiro
Comenteiro
Responder para  MMerlin
2 horas atrás

Mas perder a administração do canal e dos portos para agentes alienígenas não sacrificaria do mesmo jeito, sem contar a humilhação no patriotismo dos locais)

Gustavão
Gustavão
12 horas atrás

E aí a hora dos nossos políticos, militares buscarem desenvolver a nossa indústria defesa para ser a mais autossuficiente possível.

Última edição 12 horas atrás por Gustavão
Charle
Responder para  Gustavão
12 horas atrás

Acho que o sr. sabe o que acontecerá se mais verbas forem destinadas às forças. No discurso e no papel será tudo por e pela nação. Contudo, a realidade…

Gabriel BR
Gabriel BR
Responder para  Gustavão
11 horas atrás

Daqui uns 40 anos a gente veria os primeiros resultados.

RPiletti
RPiletti
12 horas atrás

Americanos provando do seu amargo remédio. China no Panamá não pode, bilhões em armas para Taiwan, ok.

Gabriel BR
Gabriel BR
Responder para  RPiletti
11 horas atrás

Não vai durar muito , agora os EUA têm um Presidente de verdade.

Alexandre Costa
Alexandre Costa
Responder para  RPiletti
2 horas atrás

Nem adianta querer mostrar o óbvio, a maioria segue o que a imprensa ocidental prega. E ainda por cima vão dizer que foi você que passou por lavagem cerebral.

adriano Madureira
adriano Madureira
12 horas atrás

esse palhaço está começando bem o seu mandato…

São ladrões cheirosos, e usam como justificativa a ameaça chinesa para passar a mão no canal,lembra até aquela falácia de armas QBN no Iraque.

estão querendo passar a mão na riqueza das Groelândia e estão até apoiando a desocupação de Gaza, todos sabemos oque há lá.
E ainda mais se juntando com os israelenses, que´o modus operandi deles já é notório,não há surpresa.

comment image

Trump fez seus comentários enquanto falava com repórteres a bordo do Air Force One, o avião presidencial americano.

“Quase tudo foi demolido e as pessoas estão morrendo lá.”

“Então eu prefiro me envolver com algumas das nações árabes e construir moradias em um local diferente onde talvez eles possam viver em paz.”

Trump não deu mais detalhes da proposta, e o assunto não foi citado na comunicação oficial da Casa Branca sobre a ligação.

Como disse Edmund Burke :

Para que o mal triunfe, basta que os homens de bem não façam nada.

adriano Madureira
adriano Madureira
12 horas atrás

Se for para entregar, preferiria dinamitar as paredes do canal caso a ameaça estivesse para se concretizar….

Deixaria tudo pronto, ao menor sinal de militares americanos, faria o canal novamente entrar para a história.

Gabriel BR
Gabriel BR
Responder para  adriano Madureira
11 horas atrás

E o país viraria um cinzeiro depois.

comenteiro
comenteiro
Responder para  Gabriel BR
11 horas atrás

E mais imigrantes batendo nas portas do EUA.

naval762
naval762
12 horas atrás

estão acreditando no bravateiro de washington.

EduardoSP
EduardoSP
Responder para  naval762
11 horas atrás

Sim, aqui um resumo dos limites institucionais da presidência americana. E onautor nem menciona a competência do Senado Americano em relação à política externa, especialmente a política comercial.

https://www1.folha.uol.com.br/colunas/marcus-melo/2025/01/trump-o-exagero-inocente-e-as-instituicoes.shtml

Última edição 11 horas atrás por EduardoSP
André Macedo
André Macedo
11 horas atrás

Os EUA assinaram um acordo entregando o canal ao Panamá, o canal é extremamente benéfico aos panamenhos mas não foi um favorzinho, os americanos o administraram por anos e lucraram com isso, e mesmo que houvesse prejuízo não chega nem perto do que os EUA causaram ao continente como um todo com suas intervenções e golpes (vide a própria colaboração com Noriega no Panamá).

Disse e repito: O mundo precisa isolar os EUA da forma mais contundente possível, Trump foi da água ao vinho: Antes tinha um discurso até isolacionista, agora distribui ameaças à soberania dos países de diversas formas.

Vila Nova
Vila Nova
10 horas atrás

Boicotem TUDO o que for possível de origem dos EUA!!!
Basta não comprar uma arruela fabricada por eles!

Quanto ao Canal existem TNT, C4 e etc justamente pra derrubar cada metro quadrado das paredes!