Canhões da Coroa Portuguesa são revelados devido à seca severa no interior do Amazonas

A seca severa que afeta Tabatinga, no Amazonas, revelou dois canhões usados na proteção do Forte São Francisco Xavier de Tabatinga, que ficaram visíveis junto às ruínas do forte devido ao baixo nível das águas. Esta é a maior seca registrada na localidade nos últimos 42 anos. O Rio Solimões atingiu uma cota negativa de -1,91 metros, a menor desde o início do monitoramento pela Agência Nacional de Águas em 1982.

Os canhões, que pesam cerca de duas toneladas cada, foram descobertos por acaso durante uma pescaria no sábado (14). O militar Alex Cajueiro encontrou as peças enquanto navegava pelo rio e chamou os amigos para verificar, identificando-as como parte do arsenal usado pelos portugueses para defender o forte contra expedições espanholas no Alto Solimões.

O historiador Luís Ataíde explicou que, além de proteger contra a presença espanhola, os canhões também serviam para coibir o contrabando na região. Quatro canhões existiam no forte, sendo dois de ferro de calibre 12 e dois de bronze de calibre 4. A luta pela conquista da área de fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru foi marcada pelos Tratados de Madri (1750) e Santo Idelfonso (1777), que definiram a soberania da região.

Para homenagear a história militar da região, o Exército Brasileiro construiu um memorial que reproduz parte do Forte São Francisco Xavier, incluindo canhões e outras peças da época, disponível para visitação no Museu do Comando de Fronteira Solimões, no Parque Zoobotânico de Tabatinga.

Apesar de ter sido inundado pelas águas do Rio Solimões em 1932, o forte permanece como um símbolo de resistência e está inscrito no Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O Exército será responsável pela remoção dos canhões encontrados.

FONTE: G1