Capacidade instalada da indústria química brasileira despenca para 58%, o menor nível mensal da série histórica
Consequentemente com 42% de ociosidade, a situação geral do setor se agrava, com piora na eficiência, incluindo aqui maior percentual de emissões de CO², além dos riscos de paralisações
São Paulo, 17 de julho de 2024 – De acordo com os dados da amostra do Relatório de Acompanhamento Conjuntural (RAC), o índice de utilização da capacidade instalada da indústria química brasileira atingiu 58% em maio de 2024, menor nível observado desde o início da série histórica da pesquisa, em 1990. Esse resultado denota o cenário crítico, sobretudo, quando comparado ao mesmo período do ano anterior, ficando sete pontos percentuais abaixo dele (65%) e quatro pontos abaixo do patamar de abril deste ano (62%).
Segundo Fátima Giovanna Coviello Ferreira, diretora de Economia e Estatística da Abiquim, com este nível de ocupação, as empresas necessitam realizar mais paradas para manutenção. “Algumas empresas, portanto, acenam, no momento, para a hibernação de unidades, em decorrência da baixa eficiência operacional, além de aumento nas emissões de CO², por tonelada de produto, e, consequentemente, maiores custos de produção. Nesse nível de operação não há atratividade para manter a produção atual e tampouco atrair novos investimentos para o setor.”
No gráfico abaixo, confira a evolução da média mensal da utilização da capacidade instalada, bem como a média móvel dos últimos doze meses, demonstrando a forte deterioração do indicador desde janeiro de 2007, ocasião em que o setor operava quase a 90%.
Desempenho
Dentro desse panorama, os índices Abiquim/Fipe dos produtos químicos de uso industrial mostram um desempenho negativo do setor em maio de 2024 em relação ao mês anterior. A produção recuou expressivos 7,77%, segundo resultado consecutivo de forte queda (em abril de 2024, o índice caiu 9,11%, ante março de 2024), acumulando desaceleração expressiva de 16,17% no bimestre abril-maio. Com relação às vendas, o recuo foi de 0,76% em maio de 2024 e de -3,59% em abril, resultando em queda de 4,32% no bimestre abril-maio. Já o consumo aparente nacional (CAN) – medido pela equação produção mais importação menos exportação -, caiu 3,5% em maio de 2024, ante aumento observado em abril de 2024 (+2,6%), acumulando queda de 1,02% no bimestre abril-maio de 2024.
Em termos de preços, o IGP Abiquim-Fipe subiu ligeiramente em maio de 2024 (+0,24%), na comparação com o mês anterior, acumulando alta nominal de 1,21% no bimestre abril-maio de 2024. Em termos “reais”, o IGP Abiquim-Fipe, deflacionado pelo IPA-Indústria de Transformação, acumulou queda de 0,70% no bimestre abril-maio deste ano. Em igual período, deflacionando-se o IGP pela variação do Real, em relação ao Dólar, os preços médios registraram queda de 3,53% e, em relação ao Euro, o aumento foi de 3,91%.
Importações em alta
“O nível de penetração das importações da amostra do RAC vem aumentando ano a ano, passando de cerca de 7% no início dos anos 1990 para 48% nos últimos doze meses, até maio de 2024. Além da elevada participação das importações sobre a demanda nacional, deve-se registrar a manutenção do elevado déficit na balança comercial dos produtos químicos, que registrou um valor de US$ 44,21 bilhões no acumulado dos últimos doze meses, até maio de 2024. A título de comparação, nos últimos doze meses, até maio de 2024, a balança comercial total do Brasil registrou um superávit de US$ 100,2 bilhões, mostrando claramente um grave processo de desindustrialização da economia nacional”, afirma a diretora da Abiquim.
Como solução emergencial, em março de 2024, a Abiquim entrou com pleitos de elevação da Tarifa Externa Comum (TEC), pedindo a inclusão na Lista de Elevações Transitórias para 65 produtos químicos que sofrem com as importações predatórias, elevando temporariamente seus impostos de entrada no país até que se construa as necessárias medidas estruturais. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) abriu uma consulta pública sobre a Lista Transitória que se encerrou em abril e que por enquanto segue em análise.
Gás Natural
Ainda dentro desse contexto, a indústria química brasileira vem sendo muito impactada pela falta de competitividade de suas principais matérias-primas. No que se refere ao gás natural, enquanto a indústria nacional paga um valor de cerca de US$ 14,6/MMBTU, sem impostos, o mesmo gás é vendido por cerca de US$ 2,82/MMBTU nos Estados Unidos, quase cinco vezes menos, e por US$ 10/MMBTU na Europa, cinquenta por cento mais barato.
Essa situação foi agravada pela guerra entre Rússia e Ucrânia e o que se seguiu na sequência com já mencionado – o elevado ganho de competitividade na China, advindo da compra de óleo e gás russo a preços muito abaixo dos níveis praticados no mercado internacional e a entrada desenfreada dos seus produtos em destinos que não aplicaram embargos como o Brasil. “A Abiquim vem demostrando ao governo como essa situação está insustentável. Este,
por sua vez, está para editar o que talvez possa ser considerado um dos mais importantes projetos estruturantes para o Brasil, o Programa Gás para Empregar. O País precisa contemplar nesse projeto medidas que destravem investimentos em infraestrutura de escoamento e tratamento de gás, mas sobretudo que ajudem a indústria a enfrentar essas diferenças gritantes em relação aos comparativos internacionais de preços de gás”, afirma Fátima Giovanna.
Abiquim – Completando 60 anos em 2024, a Associação Brasileira da Indústria Química (www.abiquim.org.br) é uma entidade sem fins lucrativos que congrega indústrias químicas de grande, médio e pequeno portes, bem como prestadores de serviços ao setor químico nas áreas de logística, transporte, gerenciamento de resíduos e atendimento a emergências. A Associação realiza o acompanhamento estatístico do setor, promove estudos específicos sobre as atividades e produtos da indústria química, acompanha e contribui ativamente para as mudanças na legislação em prol da competitividade e desenvolvimento do setor e assessora as empresas associadas em assuntos econômicos, técnicos e de comércio exterior. Ao longo dessas seis décadas de existência representando o setor químico, a Abiquim segue com voz ativa, dialogando com seus stakeholders e buscando soluções para que a indústria química brasileira faça o que vem fazendo de melhor: ser a indústria das indústrias.
Sobre a Indústria Química
Provedora de matérias-primas e soluções para diversos setores econômicos – agricultura, transporte, automobilístico, construção civil, saúde, higiene e até aeroespacial – a indústria química instalada no Brasil é a mais sustentável do mundo. Para cada tonelada de químicos produzida, ela emite de 5% a 51% menos CO2 em comparação a concorrentes internacionais, além de possuir uma matriz elétrica composta por 82,9% de fontes renováveis – no mundo, essa equipes da Abiquim e Petrobrás seguirem avançando na formatação contratual do termo de cooperação entre as partes e de que nas discussões seja incluída as necessidades de suprimento do gás natural como matéria prima para a indústria química.
FONTE: Abiquim
Sem indústria, sem fomento à educação. Simples assim.
O sistema educacional brasileiro tá falido a uns 20 anos pelo menos. No início dos anos 2000 já estávamos formando alfabetos na 8a série, graças ao genial sistema de progressão continuada (uma aberração).
Sem gente minimamente instruída não existe a menor possibilidade de se criar uma mão de obra qualificada para trabalhar na indústria.
E hoje o Brasil não tem isso, e nem vai ter.
O bonde da oportunidade já passou e não embarcamos nele.
O Problema é o ambiente de negócios no Brasil e dos péssimos empresários que temos nesse setor. Esse negócio de culpar o trabalhador não cola mais a décadas…e sim existe salvação fora da indústria!
Ele não culpou o trabalhador. Culpou os governos pelos baixos e péssimos investimentos na área da educação.
E ainda sim está errado.
Sim, porque temos um sistema educacional absolutamente fantástico, afinal de contas, né?
O Brasil não investe tão pouco quanto pensa a maioria. poderia ser um pouco mais ? Poderia ! Mas também não é isso que inviabiliza a indústria nacional ao ponto do que estamos vendo.
Gás natural a 14 dólar o mmbtu e a Petrobrás reiinjetando gás natural nos poços para ganhar mais dinheiro com seu monopólio inviabilizando toda a indústria energointensiva está correto? Gás natural mais caro do mundo. Pode informar o que inviabiliza a indústria?
E qual seria ????
Dá uma olhada de leve no percentual que o turismo e os serviços ocupam no PIB da França.
França é o país que mais recebe turista no mundo. Tem algum maís parecido com o Brasil para comparar? Na França o gás natural é bem caro e está abaixo de 10 dólar o mmbtu, aqui está mais de 40,% mais caro. Vale mais a pena a indústria química operar lá ou aqui?
Você anda confundindo alhos com bugalhos.
Mas já que você quer comparar, vamos lá!
Nem vou falar da França.
Só pra efeitos de comparação, o museu do Louvre recebe ~9 milhões de turistas por ano.
O Brasil recebeu em 2023 ~3,6 milhões de turistas internacionais.
A indústria do turismo é uma piada de mal gosto no Brasil.
E digo isso com propriedade pois conheço bem o setor. Aqui se explora o turista e não o turismo.
Nem tanto mar, nem tanta terra. França, Espanha, Itália e EUA são tradicionais centros receptores de turistas. China vem gerando e atraindo turistas em larga escala no período recente. Agora, com a diversidade cultural, com o maior litoral voltado ao oceano Atlântico (turismo balneário) diversidade de paisagens naturais (ecoturismo é a modalidade de turismo que mas cresce no planeta) o Brasil SIM poderia gerar muita riqueza e postos de trabalho com a “indústria sem chaminé” (nome usado para a atividade turística). E olha que nem estamos falando de turismo de negócios, climático, religioso, histórico,etc. Já que pediu exemplos mais próximos do Brasil, dá uma olhadinha no número de turistas anuais do México, da Tailândia e da Arábia Saudita. Vai ficar surpreso. Nem chegamos perto deles.
Olá André,
O que eu escrevi não se contrapõe ao que você escreveu.
Sim, o Brasil tem um potencial turístico gigantesco e que não é explorado corretamente.
A comparação que fiz em números, foi apenas para demonstrar o quão pífia é a quantidade de turistas estrangeiros no Brasil.
A indústria é quem mais gera empregos qualificados e quem menos polui com menos de 8% das emissões brasileira. O agro é o setor que menos emprega e responsável por mais de 70% das emissões. Recebe 500 bilhões em subsídio todo ano com o plano safra e todo mundo acha pop. Na década de 70 produzimos antibióticos no Brasil,, não temos mais essa capacidade. Precisamos apoiar mais a nossa indústria.
Australia, nova zelandia e noruega mostram o contrario
Juntos esses países tem 15% da população do Brasil e um PIB industrial per capita maior.
Somos o país da soja, do suco de laranja, do açúcar, do café in natura e do minério de ferro. Esse é o filme dos últimos 40 anos e não vai mudar. Nossa classe dominante empresarial é vira latas, sanguessuga e entreguista, só isso.
Brasil vai perder toda a sua indústria ao longo da próxima década, isso ja se tornou irreversível
Outro setor que está começando a ficar complicado é siderurgia. A China está praticando dumping de uma forma tão descarada que até o Governo Federal abriu uma investigação para apurar esta questão.
Desde a liberado do mercado no governo Collor, que a indústria nacional, especialmente a de mais tecnologia agregadas vem sofrendo.
Tá certo que nos tempos de mercado fechado, elas não investiram em tecnologia para se adaptar a uma grande competição,
mas só abrir o mercado sem nenhuma contrapartida para as indústrias locais como: maior investimento do estado em educação de qualidade, e mesmo dando prioridade a elas na compra de seus produtos, são ajudo na derrocada delas.
Agora a situação só se complica, pois a concorrência acirrada dos EUA, China, Europa ocidental por mercados como nosso, não deixa muito espaço para reverter o quadro.
Tem o Modelio Chines , quer vender ao Brasil ? fabrique no Brasil, de preferencia com uma empresa Brasileira como socia.
Melhor do que só comprar pronto dos gringos.
Na verdade é pior porque quando a China assume (porque é isso o que ocorre) um intermediário local para distribuir, o PIB vaza duas vezes: na importação, e na distribuição.
Neste mesmo período foi criado o plano safra para subsidiar a agricultura. A partir daí o agro só cresceu. O agro também tem a LCA a construção tem a LCI. Não existe uma letra de crédito para a indústria. Quando custa o juro para comprar máquina agrícola e qual é para comprar uma máquina de usinagem? E os juros para comprar insumos e custear produção?
Ótima notícia!
O importante é ficar no nosso maior potencial, que é o agronegócio. Sugiro até mudar o nome do país para Fazendil.
Obs.: contém sarcasmo.
Igual a Nova Zelândia , Austrália e Noruega?!
Que horror!
Austrália, 25 milhões de habitantes.
Nova Zelândia, 5 milhões de habitantes.
Noruega, 5,5 milhões de habitantes.
Brasil, 203 milhões de habitantes.
Vamos ter de exportar muita soja e carne de vaca para enriquecer nossa população.
1) O Brasil já perdeu o bônus demográfico e rico não fica mais.
2) O Brasil cultiva apenas 7% do território com lavouras.
3) Exploramos muito pouco da nossa riqueza mineral.
Caro Gabriel,
O Brasil não vai ficar rico exportando matéria prima e produtos agrícolas.
Isso tem sido feito desde 1500 e não deixou o país rico, só uma centenas de famílias e nada mais.
O que você propõe é fazer mais do mesmo e esperar um resultado diferente.
Boa comparação. Esse países juntos só tem quase um sétimo da nossa população.
Nossos 215 milhões de habitantes vão viver muito bem, igual a eles .
Se eu ainda tivesse capital alocado na indústria brasileira eu pulava fora o quanto antes…é perigoso investir em indústria num país com as péssimas instituições que temos.
O mais engraçado que ao invés de tentarem combater o que mata tanto a indústria quanto o serviço aqui, que é nossa carga tributária, eles sempre vão para o lado de fazer reserva de mercado e taxar importações.
Huezil não é país sério enquanto não houve uma reforma tributária séria, invés de tributar consumo, tributar renda, só vai sufocar a população e consequentemente as indústrias que são dependentes do mercado interno, uma vez que a tributação aqui inviabiliza a exportação
Não só carga tributaria. Veja a situação das companhias aéreas: 98% dos processos judiciais contra companhias aéreas no Mundo estão no Brasil.
Pois é. Tem imposto na produção, no consumo e na herança. Como a indústria brasileira pode sobreviver assim?
O Brasil Voltou
Voltou pra onde estava nos anos 30…
Kkkkkkkk
Realmente voltou,a passar vergonha.
Refinaria não importa no nosso pais.
Não pode é faltar alambique!
Se fecharem os alambiques, pegaremos em armas.
Encarar a realidade do país de cara limpa não é para todos…
Conheço pouco de indústria química, mas é muito barato importar o produto e somente enviar no Brasil. Quando isso se manter barato complica para competir nacionalmente
Uma consequência não mencionada deste artigo refere-se à arrecadação fiscal. A queda no setor químico teve um impacto de R$ 8 bilhões na arrecadação do governo federal no ano passado.
Lembra aquele problema orçamentário que prejudica o Gripen?
É só aumentar os impostos que a população paga, ué.
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É só pedir que o Haddad taxa
O Taxxad não está para brincadeira,rs.
Setor químico tem o maior déficit de balança comercial. Importamos muitos produtos químicos. Vale informar que os maiores salário da indústria é no setor químico. É o que mais demanda profissional qualificados
Brasil tem boas instituições de ensino , tem problema de não ampliar , aqui em BH escola Santo Agostinho, escola militar , escola federal e referência nao consegue transferir essa qualidade para o resto do país e nem para todo estado. Sistema fiemg, cefet são instituição de ensino técnico e superior que tem mesmo problema Boa qualidade mais não consegue ampliar para todo estado.
Quando você tem um governo que yvstiga o analfabetismo funcional, doutrina ideologica nas escolas, construindo toda uma geralçao de NEMs & NEMs (nem estudam e nem trabalham), teremos borboletas ao ivés de abelhas e colheremos o caos.
indústria química, farmacêutica, alimentícia forte é questão de soberania nacional.