Comandante do Exército Brasileiro visita a Norinco enquanto avançam negociações de participação na Avibras

39

O comandante do Exército, general Tomás Paiva, e o ministro da Defesa da China, almirante Dong Jun, durante encontro em Pequim, em 8 de julho de 2024 - Reprodução/CCTV

Segundo reportagem da Folha de São Paulo, o comandante do Exército brasileiro, general Tomás Paiva, visitou a empresa chinesa de armamentos Norinco, em Pequim, enquanto negociações estão em andamento sobre a participação minoritária na Avibras. Há um mês, a Norinco manifestou interesse em adquirir 49% da Avibras, que também está em negociação com a australiana DefendTex para assumir o controle. Os EUA ameaçaram o Brasil com sanções caso o negócio com a Norinco se concretize. Paiva se reuniu com o ministro chinês da Defesa, almirante Dong Jun, e discutiu questões de cooperação entre os países.

A Avibras, criada em 1961 e em recuperação judicial há dois anos, atraiu interesse de empresas dos Emirados Árabes Unidos, além da Norinco e DefendTex. A Norinco, fundada em 1980, fabrica desde drones até armas leves e munição, e se expandiu para a engenharia civil em diversos países. A proposta da Norinco chegou às autoridades brasileiras em junho, após a desistência temporária da DefendTex. O governo brasileiro, incluindo o presidente Lula, tem demonstrado interesse em revitalizar a Avibras, importante fornecedora de mísseis e foguetes para o Exército.

A Avibras está finalizando o desenvolvimento do Míssil Tático de Cruzeiro AV-TM 300, que possui precisão de nove metros e alcance de 300 quilômetros. A participação chinesa na Avibras não é vista como surpreendente, considerando que a indústria bélica chinesa já participa de licitações brasileiras. A diversificação dos fornecedores de armamentos é uma característica atual do Brasil, com helicópteros fornecidos pelos EUA e interesse no sistema de artilharia antiaérea Akash da Índia.

A China, como membro do grupo Brics, é vista como prioridade estratégica pelo Brasil. No encontro com Dong Jun, foi destacado o cinquentenário das relações diplomáticas e a oportunidade de aprofundar a cooperação em áreas como operações de paz, desastres naturais e gestão ambiental. A delegação brasileira também discutiu o aumento do intercâmbio de militares, reduzido durante a pandemia. Esta visita foi a primeira de um comandante do Exército brasileiro à China em duas décadas.

Dong Jun, do Ministério da Defesa chinês, afirmou que as relações sino-brasileiras se tornaram um modelo para outras nações sob a orientação dos chefes de Estado, defendendo a melhoria conjunta das capacidades e a elevação das relações entre os Exércitos a novos patamares. O general Paiva teve reuniões com o comandante da força terrestre do Exército de Libertação Popular da China (PLA) e visitou a 3ª Divisão de Guardas do PLA e a Universidade de Defesa Nacional, entre outros compromissos em Pequim.

Subscribe
Notify of
guest

39 Comentários
oldest
newest most voted
Inline Feedbacks
View all comments
Gabriel
Gabriel
3 meses atrás

Norinco, EDGE ou DefendTex, quem dá mais ❔

Se fizerem nos moldes da Siatt (controle e produção aqui, 49% deles) eu levanto as mãos pro céu rs
Dado que Brasília não botará $ na jogada, nos resta esperar pelo resgate…

Willber Rodrigues
Willber Rodrigues
Reply to  Gabriel
3 meses atrás

Por mais que eu critique os GF’s e as FA’s, consiserando-se a quantidade de grana que JÁ FOI enterrada na Avibrás, e que sua diretoria nunca teve capacidade em desenvolver e diversisifcar a empresa, vocês querem que o co tribuinte continue enfiando grana nessa empresa, sem que ela apresente resultados, até quando?

Allan
Allan
Reply to  Willber Rodrigues
3 meses atrás

Não é bem assim, o fato é o principal cliente de empresa de defesa é o Estado, em qualquer lugar do mundo é assim, é o preço pela independência na defesa e é algo que muita gente não entende, e em um pais que as FAs não conseguem colocar volume nas aquisições e onde os lideres não se interessa em vender acontece isso as empresas quebram.

Willber Rodrigues
Willber Rodrigues
Reply to  Allan
3 meses atrás

O EB já tem milhões em produtos encomendados, que foi pago adiantado ( coisa rara por aqui ) e que a Avibrás nunca entregou até hoje.
Além do mais, uma empresa que tem como carro-chefe praticamente apenas UM produto, o EB e o GF vão fazer o quê? Comprar 5.000 ASTROS pra distribuir até pra PM de cidade do interior?
Se eles tivessem loitering-munitions, produzissem coletes, ou outros produtos em que dá pra comprar em quantidade, aí sim eu seria a favor de volumosos encomendas.

Gabriel BR
Gabriel BR
3 meses atrás

Nada contra.

Bispo de Guerra
Bispo de Guerra
3 meses atrás

“australiana DefendTex” – se pesquisar: os EUA tem “N” investimentos na mesma , até há uma DefendTex USA..

Creio que o pentágono tem planos para “matar a Avibras” absorvendo sua tecnologia e alguns técnicos o resto , historia e enfraquecimento de nossas defesas (vide Ucrânia mendigando armamentos).

Negociar com os chineses ,nessas condições, muito mais patriótico e inteligente.

𝐏𝐚í𝐬𝐞𝐬 𝐧ã𝐨 𝐭𝐞𝐦 𝐚𝐦𝐢𝐠𝐨𝐬, 𝐭𝐞𝐦 𝐢𝐧𝐭𝐞𝐫𝐞𝐬𝐬𝐞𝐬.

Allan
Allan
Reply to  Bispo de Guerra
3 meses atrás

Precisa de planos para isso não, a gente mesmo faz isso, quantas capacidades a gente perdeu por vontade própria a AVIBRAS é só mais uma em uma longa lista.

EduardoSP
EduardoSP
Reply to  Bispo de Guerra
3 meses atrás

Rapaz, que tecnologias a Avibras rem que os EUA necessitam?
E técnicos, o que temos que eles não consigam formar com melhor qualidade?

Mateus
Mateus
Reply to  EduardoSP
3 meses atrás

Já ouviu falar nos mísseis ar.ar do Brasil? utilizados até mesmo em guerras no oriente médio. Os mísseis ar ar desenvolvidos pela avibras são superiores aos dos EUA. E eu não estou brincando ou sendo tendencioso. Vender essa empresa para qualquer nação é um retrocesso de anos de pesquisa e tecnologia adiquiridas pelos engenheiros brasileiros. Uma lástima!

Last edited 3 meses atrás by Mateus
BraZil
BraZil
Reply to  Mateus
3 meses atrás

Misericórdia…que míssil P… das galáxias é esse fi?

BraZil
BraZil
Reply to  EduardoSP
3 meses atrás

Eduardo, meu filhinho. A questão não é essa. Os EEUU não precisam de nada que a AVIBRAS tenha, querem é destruir nossa independência. É isso que potências dominantes fazem em sua área de interesse (quintal)…

Carlos Zema
Carlos Zema
Reply to  BraZil
3 meses atrás

É óbvio; mas para quem ama hardware obsoleto via FMS de desertos dos EUA…

Wellington Junior
Wellington Junior
3 meses atrás

A China se metera em algum conflito em até 10 anos, a pergunta que fica o Brasil quer mesmo sair da neutralidade que supostamente possui e buscar briga com a vizinhança? O ideal seria um país como a Austrália, que não possui aspiração para caçar conflitos. Eu tenho em minha visão que dinheiro e interessados nacionalmente temos, o problema é a administração que tá bagunçado, já jogamos muita grana fora para entregar uma empresa tão importante de bandeja e para piorar dependendo da decisão poderemos cair na mão de uma superpotência bélica com aspirações ditatoriais.

Talisson
Talisson
Reply to  Wellington Junior
3 meses atrás

De neutra a Austrália não tem nada, ela pulou na cova em todos os enterros promovidos por EUA e UK.
Achei interessante que em seu livro, TE Lawrence nutria verdadeiro asco em relação aos australianos.

Akhinos
Akhinos
Reply to  Wellington Junior
3 meses atrás

Olha, vou falar viu, aja criatividade nas teorias conspiratórias que leio nesse blog. Imagine o Brasil receber investimento na Avibrás e despertar a fúria da poderosa Argentina. Que tragédia isso seria para nosso país. Já consigo imaginar as colunas de tanques TAM na rodovia Washington Luis, rumo à Brasília.

Felipe M.
Felipe M.
Reply to  Wellington Junior
3 meses atrás

E por qual razão, exatamente, a compra de 49% de uma empresa brasileira faria o Brasil se indispor com a “vizinhança”?

Wellington Junior
Wellington Junior
Reply to  Felipe M.
3 meses atrás

China é a opositora dos EUA, o proximo presidente dos EUA possivelmente será Trump ( que já declarou que seu foco sera combater a expansão chinesa) e mesmo que continuasse sendo o Biden haveria alguma represália da venda mesmo de 49% de uma empresa de defesa brasileira aos chineses, deve-se lembrar que os motores do Gripen são norte-americanos. Geopoliticamente a proximidade com os chineses militarmente pode nos jogar como opositores aos EUA e cá entre nós os chineses possuem ambições imperialistas muito maiores que os EUA em seu apogeu de insanidade, pois os mesmos querem voltar a era de conquista… Read more »

Krest
Krest
Reply to  Wellington Junior
3 meses atrás

Quais são essas pretensões expansionistas?? Pq o que eu vejo foi um país vizinho deles adquirindo armas nucleares e em nenhum momento fizeram pressão na ONU para impedir.
.
O país que sempre interferiu na nossa política nacional, e justamente o EUA.

Emmanuel
Emmanuel
3 meses atrás

A China não vai comprar porque o embargo norte americano ao Brasil vai ser pesado. Os motores do Gripen, por exemplo, são americanos.

Governo federal curte um chinês até certo ponto. Não vão querer briga com cachorro grande ainda mais quando ele é teu vizinho. Estatiza e arrasta como cabide emprego pelos próximos 20 anos.

Daniel
Daniel
3 meses atrás

Olha, normalmente sou contra a estatização de empresas. Mas nesse caso, tornar a AVIBRAS uma empresa de economia mista é essencial para a nossa soberania.

Willber Rodrigues
Willber Rodrigues
Reply to  Daniel
3 meses atrás

Se for fazer isso, há de se tomar cuidado, pra que seja bem feito para que, no futuro, quando ela for reestatizada, ela vire uma “Embraer”, uma empresa realmente moderna e competitiva.
Caso contrário, ela vira uma FAdeA ou Imbel da vida, e aí, já viu, né?

J L
J L
Reply to  Daniel
3 meses atrás

Pois é, porque o BNDS não financia a compra da AVIBRAS pela AKAER ou MACJEE e eles não só ajustariam a parte administrativa para voltar a funcionar como uma empresa privada como dariam sequência nas tecnologias envolvidas no ASTRO e MCT 300, e isso ainda com a empresa continuando a ser nacional e estratégica.

Felipe M.
Felipe M.
Reply to  J L
3 meses atrás

Cara, vocês ficam repetindo isso de compra da Avibras pela Akaer, Macjee e outras empresas brasileiras, vocês, pelo menos, sabem se essas empresas possuem interesse no negócio?

Até onde pude acompanhar, não há nenhum tipo de publicação nesse sentido.
Não sei de onde estão tirando isso.

Luciano
Luciano
3 meses atrás

A China tem balança comercial desfavorável com a gente, e tem excelentes sistemas de armas. Na minha opinião, o general está estudando o que na indústria de defesa deles pode nos servir, sem comprometer a nossa relação com o Ocidente. Acredito que ele deve estar considerando sistemas defensivos e mais táticos do que estratégicos. Exemplo: artilharia autopropulsada, antiaérea de médio alcance e antidrone, munições, carros de combate, e sistemas elétricos para sustentabilidade em campo de batalha(algo que eles sao muito bons). Nenhuma dessas armas comprometeria nossa doutrina, até porque algumas delas, nós nunca tivemos. Quanto a Avibras, a Norinco não… Read more »

fewoz
fewoz
Reply to  Luciano
3 meses atrás

É o comentário mais realista aqui.

Orivaldo
Orivaldo
3 meses atrás

Vão copiar até o talo e jogar oq restar no lixo

NBS
NBS
3 meses atrás

Em 2023, o superávit comercial do Brasil com a China atingiu um recorde de 51,1 bilhões de dólares. Em janeiro de 2024, o comércio total entre os dois países subiu 33%, com as exportações brasileiras aumentando 53,7%. Portanto, é fundamental que o país estreite as relações nos mais variados aspectos com seu principal comprador e investidor. Essa relação deve ter caráter estratégico, onde não se deve trocar uma admiração subserviente, diria, de alienação cultural por outra. O relacionamento deve ser construído entre parceiros que genuinamente buscam crescer e continuar com seus próprios caminhos. O Brasil deve buscar independência de fornecedores… Read more »

Heinz
Heinz
3 meses atrás

VT4 vindo ai? Quem aposta?

Iran
Iran
Reply to  Heinz
3 meses atrás

Se usar o canhão do Centauro II, e tiver todas aquelas compensações econômicas, vale a pena demais

Thiago
Thiago
3 meses atrás

Avibrás deveria ser estatizada. Não deve ser vendida a estrangeiro nenhum. O governo não fazer nada em relação a isso é praticamente traição.

Dudu
Dudu
3 meses atrás

Se fizer sociedade com a Norinco, o VLM decola, chega ao espaço e coloca um microssatelite em órbita, porque a Norinco vai fazer a ponte entre a Avibras e a CASIC.

E quando o ciclo de vida dos blindados da IDV chegar ao fim, serão substituídos por similares da Avibras, fabricados pela Tctran sob licença da China. Já poderia começar agora montando alguns blindados para tentar exportar na América Latina.

Jeferson
Jeferson
3 meses atrás

Em um país sério jamais uma empresa estratégica seria vendido. Turquia e Índia hoje tem muito tecnologia militar porque não deixaram isso acontecer , a Ucrânia pagou caro por ter feito isso.

Akhinos
Akhinos
Reply to  Jeferson
3 meses atrás

Nós não somos um pais sério. Se fossemos o Collor e seus sucessores não teriam deixado uma das 5 maiores indústrias militares do mundo morrer. A nossa sorte é que esse país não fica numa hot zone.

Mas tudo irá mudar com a transição energética e o crescimento exponencial de importância dos recursos naturais que a América do Sul é a maior detentora do mundo.

Thiago
Thiago
Reply to  Akhinos
3 meses atrás

Acho muito difícil nossa indústria ter sido a quinta maior. Tinham muitos países com indústrias de armas bem grandes nessa época. URSS, EUA, Alemanha, França, Reino Unido, China. A da Coreia do Norte também já tinha um certo tamanho.

Rafael Oliveira
Rafael Oliveira
Reply to  Thiago
3 meses atrás

Além desses, Itália e talvez até a Espanha e a Suécia.

Desc
Desc
3 meses atrás

Vi a matéria sobre a Norinco me lembrei do Atmos…
Que fim deu???

Fresney
Fresney
3 meses atrás

Avibras tem que ser estatizada !!!!!!! E nao vendida para ninguem !!!

Sivaldo
Sivaldo
3 meses atrás

Parabéns!

Clesley dos Santos Aquidauã
Clesley dos Santos Aquidauã
3 meses atrás

O problema não é a empresa ser pública, mista ou privada. O problema é tornar as FFAA do Brasil em clientes leais, permanentes e constantes do complexo militar industrial brasileiro. Troque esse projeto de lei por “Exercito Brasileiro ou Marinha firma acordo de compra de tantas unidades tais e tais da Avibras”. Nesse momento a falta dos Ministros Militares aparece com dor para quem viu de fato o que FHC fez.