Avibras coloca 400 trabalhadores em licença remunerada por tempo indeterminado no interior de SP

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Avibras

Período de layoff terminou no dia 31 de maio. Empresa enfrenta crise há pelo menos dois anos, com funcionários sem receber os salários há mais de um ano

Cerca de 400 funcionários da Avibras em Jacareí, no interior de São Paulo, encerraram, na última sexta-feira (31), o período de layoff (suspensão temporária do contrato de trabalho) na empresa. Agora, segundo a própria empresa e o Sindicato dos Metalúrgicos, os trabalhadores iniciaram o período de licença remunerada.

Ao g1, a Avibras confirmou que são cerca de 400 funcionários nessa situação e que a licença remunerada será aplicada por tempo indeterminado.

O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região apontou que a medida atinge, ao todo, 420 trabalhadores na unidade.

A aplicação da licença remunerada ocorre no momento em que a Avibras enfrenta uma crise financeira, que foi desencadeada há pelo menos dois anos, além de passar por uma recuperação judicial.

No fim de maio, a Justiça pediu esclarecimentos sobre as negociações envolvendo a venda da empresa a um grupo australiano.

Em março, trabalhadores da Avibras fizeram uma manifestação em frente à empresa. O protesto reuniu cerca de 100 funcionários. O protesto foi para reivindicar o pagamento de salários atrasados.

Ainda segundo o sindicato da categoria, ao todo, cerca de 800 trabalhadores estão em greve e outros 400 funcionários estavam em layoff – agora em licença remunerada – sem receber os salários há mais de um ano.

O Sindicato dos Metalúrgicos alega que quer uma decisão sobre a situação, com a empresa efetuando o pagamento dos salários atrasados, já que a crise está se estendendo por anos.

Recuperação judicial

Em 22 de março de 2022, a Avibras pediu recuperação judicial, alegando uma dívida de R$ 600 milhões. Em julho de 2023, credores aprovaram o plano de recuperação judicial da empresa.

A recuperação judicial serve para evitar que uma empresa em dificuldade financeira feche as portas. É um processo pelo qual a companhia endividada consegue um prazo para continuar operando enquanto negocia com seus credores, sob mediação da Justiça.

Demissões e greve

A crise na Avibras se arrasta há alguns anos. Em 18 de março de 2022, a empresa demitiu cerca de 400 trabalhadores na fábrica em Jacareí. Na época, o Sindicato dos Metalúrgicos informou que não houve nenhum comunicado prévio ou tentativa de negociação sobre medidas para evitar as demissões, como adoção de um layoff (suspensão de contratos), por exemplo.

A fábrica alegou que teve de adotar “ações de reestruturação organizacional da empresa, mantendo as atividades essenciais para o cumprimento dos compromissos contratuais assumidos junto aos seus clientes”. Ao mesmo tempo em que fez o corte, pediu à justiça a recuperação judicial alegando dívida de R$ 600 milhões.

A entidade recorreu à Justiça do Trabalho e conseguiu reverter o corte porque o juiz entendeu que não seria possível ter recuperação, se não havia força de trabalho na empresa.

Com a readmissão, a empresa colocou os funcionários em layoff. Os trabalhadores da Avibras de Jacareí entraram em greve, reivindicando a garantia de estabilidade para todos os funcionários, pagamento dos salários atrasados e também para que a empresa adote um sistema de trabalho rotativo, no qual os grupos se revezem entre o layoff e o trabalho na fábrica.

A Avibras

A Avibras Aeroespacial é a maior indústria bélica do país e foi fundada em 1961 por engenheiros do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), de São José dos Campos (SP). Ela é uma das primeiras empresas nacionais a atender o setor aeroespacial.

A empresa desenvolve tecnologia para as áreas de Defesa e Civil. A organização foi uma das primeiras no Brasil a construir aeronaves, desenvolver e fabricar veículos espaciais para fins civis e militares.

Presente no mercado nacional e internacional, a empresa tem sede em Jacareí, no interior de São Paulo, e desenvolve diferentes motores foguetes para a Marinha do Brasil e para a Força Aérea Brasileira, além de produzir sistemas fixos ou móveis de C4ISTAR (Comando, Controle, Comunicação, Computação, Inteligência, Vigilância, Aquisição de Alvo e Reconhecimento) e Aeronave Remotamente Pilotada (ARP) – o Falcão.

FONTE: G1

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Filipe Prestes
Filipe Prestes
6 meses atrás

O governo deveria socorrer a Avibrás mediante três condições: i. Num primeiro momento estatizar 100%, renegociar passivos trabalhistas e credores. A posteriori encontrar estritamente dentre empresas nacionais que assumam pelo menos 50% da Avibrás e faze-la uma PPP aos moldes do que é a Dassault Defence, na qual o estado francês detém 1/3 das ações. Possíveis empresas nacionais para isso poderiam ser a Akaer e/ou SIATT e MacJee. ii. Ao estatizar, dar prioridade as encomendas já pagas pelo EB, deixar que o próximo ceo seja apontado dentre as empresas nacionais que adquirirem a Avibrás e financiar os programa do MTC-300… Read more »

Willber Rodrigues
Willber Rodrigues
Reply to  Filipe Prestes
6 meses atrás

As idéias são boas;

Mas se nem o EB, que, em teoria, deveria ser o mais preocupando com isso, tá ligando, de que adianta a gente se indignar com isso?

Felipe M.
Felipe M.
Reply to  Willber Rodrigues
6 meses atrás

Pois é. Queria saber com o que o EB e o MD estão tão preocupados/ocupados, há tanto tempo, pra não estarem fazendo de tudo para que essa venda, lesa pátria, não aconteça.

Gabriel
Gabriel
Reply to  Filipe Prestes
6 meses atrás

Discordo quanto à estatização, vai acabar virando uma Imbel da vida e aí já era de vez
A DGA francesa aparenta fazer um bom trabalho, talvez criar um orgão similar para gerenciar compras e favorecer os produtores nacionais

Porém, concordo com a remoção do João e demais diretores, pois já provaram sua incompetência administrativa várias vezes

Talvez colocar grana via BNDES pra empresa voltar a andar, condicionando a um choque de gestão e entrega das encomendas

Mas tudo isso envolve a boa vontade de Brasília, a qual sabemos bem como funciona…

Filipe Prestes
Filipe Prestes
Reply to  Gabriel
6 meses atrás

Gabriel, a estatização temporária é o meio mais rápido de sanar os passivos trabalhistas e as dívidas com os credores, além de ser o método mais eficaz pra remover a direção ineficiente da Avibrás. Eu concordo com a visão do estado de que pouco ou muito pontualmente adiantaria dar empréstimos via qualquer que seja o banco público e deixar as pessoas no comando da empresa em seus mesmíssimos lugares fazendo exatamente o que fizeram até então. Seria só questão de tempo pra que a empresa necessitasse outro resgate e viver assim simplesmente não dá. Além do mais, como escrevi, acredito… Read more »

Guacamole
Guacamole
Reply to  Filipe Prestes
6 meses atrás

Para governo, qualquer programa temporário vira permanente.

Antunes 1980
Antunes 1980
6 meses atrás

Como estão as negociações envolvendo a venda da empresa ao grupo australiano DefendTex? Isso pode salvar a Avibras da falência?

Underground
Underground
Reply to  Antunes 1980
6 meses atrás

Até onde se sabe, as coisas subiram no telhado. Um ponto importante, quem comprar, não poderá vender equipamentos sem autorização do Governo do Brasil. Assim, se acaso fossem fornecer equipamentos para a Ucrânia, o governo vetaria. Somos da paz.

Augusto
Augusto
6 meses atrás

Essa situação da Avibrás é uma vergonha completa.

A administração provou ser incompetente e, como há projetos estratégicos para as forças armadas e muitas tecnologias sensíveis, o governo deveria fazer pressão pela estatização ou por um arranjo com empresas privadas nacionais.

Entretanto, por óbvio, os sócios vão aproveitar a situação para querer ganhar muito em cima disso e, por outro lado, o atual governo só gosta de conversar muito e fazer populismo barato para o povão ignorante, e nada de se mexer por uma solução de interesse nacional.

Lopes
Lopes
Reply to  Augusto
6 meses atrás

Só faltou você informar que em 2022 a Avibras já estava nessa situação e decidiram comprar 98 blindados da Itália.. sendo que poderia ser comprado aqui .

Filipe Prestes
Filipe Prestes
Reply to  Lopes
6 meses atrás

Também achei um cúmulo o EB escolher o Guaicuru em detrimento do produto nacional, ainda que esse fosse inferior. Se for pra comprar até jipe lá fora, melhor acabar de vez com essa história de BID e autonomia nacional.

Charle
Charle
Reply to  Lopes
6 meses atrás

Essas informações são devidamente “varridas para debaixo do tapete”.

Willber Rodrigues
Willber Rodrigues
Reply to  Augusto
6 meses atrás

Fazer mais o quê?

Continuar injetando bilhões da grana do contribuinte numa empresa cuja diretoria parece entender menos de finanças e de gestão que o almirantado da MB?

Gustavo
Gustavo
Reply to  Willber Rodrigues
6 meses atrás

Vamos injetar bilhões em 12 helicóptero, melhor em uma empresa nacional que gera emprego, receita e tecnologia.

Willber Rodrigues
Willber Rodrigues
Reply to  Gustavo
6 meses atrás

Por mais que eu critique MUITO o GF e as FA’s BR, o EB tem milhões de reais que ele pagou adiantado em produtos que a Avibrás atrasou a entrega.

Então, até quando a gente tem que ficar mandando grana nesse saco sem fundo criado pela diretoria incompetente dessa empresa?

Gustavo
Gustavo
Reply to  Willber Rodrigues
6 meses atrás

Descobriu que indústria Defesa, pedido que exército foi mínimo, pelos problemas e projetos que avibras tem, até boing atrasa seus pedidos de entrega pq avibras a beira de fechar as portas não, estamos falando defesa e isso é dinheiro, mais isso jogo de adultos o Brasil e criança no Parker perdida.

Nativo
Nativo
Reply to  Augusto
6 meses atrás

No governo anterior tivemos o “sério” projeto na defesa, de empregar militares em cargos civis nas empresas públicas.
A segurança do país ganhou muito com isso não foi?

Charle
Charle
Reply to  Nativo
6 meses atrás

O pessoal da caserna se esbaldou. Reberam como militares e como civis. Enquanto isso, as listas de chamada para o preenchimento das vagas por civis nos órgão públicos, geradas por concursos públicos, caducaram. E ainda reclamam da vida…

Charle
Charle
Reply to  Augusto
6 meses atrás

De qual “povão ignorante” você está se referindo? Provavelmente você não faz parte desse “povão ignorante”. Que sorte…

Antes do atual governo, nos seis anos anteriores, o “povão ignorante” era mais sábio?

Mas talvez sejamos ignorantes no sentido de sustentar um máquina pública imensa, não por ela ser pública, mas por pouco servir à população que a mantém.

Pelo menos ela serve bem a quem nela se encontra como funcionário. Militares de carreira inclusos. Então, pelo menos para alguma coisa a nossa ignorância serve, não é mesmo?

Jefferson B
Jefferson B
6 meses atrás

Enquanto isso o Brasil de bolsonaro/Lula apoiando abertamente a guerra de invasão da Rússia. Uma janela imensa de oportunidades para o Brasil, deveríamos estar vendendo drones XMobots, mísseis da Avibras e Guarani da Iveco. Eu já teria fornecido os 220 leopard 1 para a Ucrânia e com recursos iniciado a compra de blindados sul-coreanos K2 Black. O Brasil erra feio em apoiar a Rússia. Somos o 5 maior país do mundo e deveríamos nos opor abertamente a guerras de invasão e anexação igual a Rússia costuma fazer. O Brasil apoia algo que é péssimo para a gente no médio prazo.… Read more »

Talisson
Talisson
Reply to  Jefferson B
6 meses atrás

Os liberais brasileiros entregaram nossos fertilizantes à Russia e a outros países instáveis mundo afora e agora querem que fiquemos contra eles.
O Brasil é comandado pelo “agro”. Pergunta pra algum bilionário do agro se ele quer que vendamos munição de Gepard pra Ucrania.

Jefferson B
Jefferson B
Reply to  Talisson
6 meses atrás

Dos 10 maiores produtores de fertilizantes, 5 estão no ocidente (Europa e Américas). Basta comprar de outros países, não dá Rússia.
Outra coisa, agronegócio é 1 dos setores da nação, empresários não devem dar pitacos no rumo do país de forma autoritária, Estado acima de interesses particulares.

Daniel Teixeira
Daniel Teixeira
Reply to  Jefferson B
6 meses atrás

Jefferson, Veja a distribuição demográfica do Brasil e compare com a ocupação de cargos nas mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal. Veja quantos cargos de 1º e 2º escalão foram ocupados por membros do agro nos 4 últimos governos. O Brasil sempre foi comandado pelos barões do agronegócio cujas descendentes, no século XX, impediram a incipiente industrialização nacional. Aqui, perdemos a chance de fazer como os EUA na Guerra Civil: mandar essa pseudo-nobreza enfiar a viola no saco e aceitar que o feudalismo já acabou. Porém, no século XXI, ainda temos grupos políticos que se dizem “novos”,… Read more »

Marcelo De Luca Penha
Marcelo De Luca Penha
6 meses atrás

É muito triste ver uma empresa estratégica como a Avibrás morrer aos poucos. Já vimos uma história parecida: a da ENGESA. Parece que a dependência de produtos militares importados caminha para a totalidade. O futuro nos lembrará dos erro cometidos … Brasil, um pais de tolos.

MMerlin
MMerlin
6 meses atrás

Certo. Os colaboradores estão com salários atrasados mas agora vão entrar em licença “remunerada”.
Tem gente que acredita que “malandragem” é sinônimo de esperteza. Mal sabem eles que é exatamente o contrário.

Last edited 6 meses atrás by MMerlin
Felipe M.
Felipe M.
6 meses atrás

Uma pergunta aos moderadores, não podemos fazer um manifesto, da trilogia, com a assinatura dos interessados, contra a venda da empresa e sugerindo alternativas que poderiam ser adotadas para evitar a venda e salvar a empresa?

Seria bacana um manifesto dos sites da área (trilogia, defesanet, T&D, DAN etc) e de seus participantes.

Rodrigo
Rodrigo
6 meses atrás

Tem que vender logo não tem outra saída, a pá de cal já foi jogada, avibras tá morta.

Fernando
Fernando
6 meses atrás

Vende que resolve o problema,com muito amor.

carlos alberto soares
carlos alberto soares
6 meses atrás

Rafael

Daniel Teixeira
Daniel Teixeira
6 meses atrás

É triste ver muita gente aqui defendendo o fim da empresa. No Brasil, vemos a festa do agro, políticos falando em privatizar tudo, comprar equipamentos fora, acordos comerciais favorecendo agro em detrimento de indústria, zero atenção à C&T… Vemos até gente defendendo monarquia, numa bizarra saudade do feudalismo tupiniquim. Enquanto isso, países que disputam espaço como players globais investem pesado em desenvolvimento nacional, mesmo com perdas, atrasos, etc. Alemanha, Coréia do Sul, China e Japão chegaram atrasados na Revolução Industrial e todos, sem exceção, hoje nos dão de lavada em termos de ciência e tecnologia. Exportamos, para alguns deles, itens… Read more »

Jorge Oliveira
Jorge Oliveira
6 meses atrás

Para salvar bastava o exercito fazer umas compras.

Jose Pereira
Jose Pereira
6 meses atrás

Grande oportunidade para uma empresta australiana fazer propostas de trabalho.
Ao invés de comprar o castelo…contrata quem construiu o castelo e faz melhor…