Experiência sensorial completa: bem-vindo ao futuro do treinamento militar

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Da realidade mista aos ambientes virtuais ultrarrealistícos, o treinamento militar do futuro será ainda melhor na preparação dos soldados para o combate

Em um futuro não muito distante, um combatente encontra-se enfrentando o inimigo no campo de batalha. Ao apontar sua arma para abrir fogo contra um inimigo, um morteiro explode à sua direita e um avião caça sobrevoa sua posição.

Mas nem tudo é o que parece. Isso é uma simulação e, enquanto o soldado e o terreno são reais, a granada de morteiro e o caça são gerados por computador. Parecem e soam como objetos reais graças a um sofisticado fone de ouvido que os soldados usam enquanto realizam o treinamento para o combate.

Embora esse cenário ainda não seja possível em grande escala, talvez não esteja muito distante. As técnicas usadas para preparar a tropa para o campo de batalha estão evoluindo à medida que novas tecnologias e equipamentos se tornam disponíveis. Um resultado provável é que o treinamento se tornará ainda mais realísticos, de modo que os soldados enfrentarão menos surpresas ao se encontrarem diante de inimigos reais.

As tecnologias avançadas atuais

Atualmente, o treinamento militar avançado, como o fornecido pela Saab, depende de uma gama diversificada de tecnologias sofisticadas. Os treinadores de armas virtuais para uso em interiores, por exemplo, criam representações realísticos de cenários de campo de batalha. Os soldados submetidos a esse treinamento utilizam réplicas precisas de armas reais, incluindo tamanho e peso.

Ar comprimido é empregado para simular o recuo durante o disparo e as telas de vídeo interativas mostram imagens de diferentes cenários de combate e inimigos geradas por computador. Na medida em que os usuários “disparam” contra a tela, o computador de treinamento considera variáveis que ajudam a determinar se cada disparo é um acerto ou um erro, tais como: duração da trajetória, temperatura e vento.

De maneira similar, nossa configuração avançada para exercícios de treinamento ao vivo, com base em laser, reúne tecnologias que reproduzem com precisão as propriedades balísticas das munições reais. Os soldados portam armas reais carregadas com munição de festim e equipadas com um dispositivo no cano que emite um laser codificado. Ao disparar a arma, o laser é ativado. Todos os participantes do exercício usam sensores em seus capacetes e coletes que detectam quando um laser os atinge. Giroscópios e minicomputadores são usados para determinar se cada tiro disparado teria atingido o alvo em condições reais, considerando algumas variáveis, tais como: a distância percorrida, a gravidade e o movimento do alvo.

No caso de armas com aparelhos de pontaria eletrônicos, como carros de combate e armas anticarro, por exemplo, os elementos virtuais já podem ser incorporados como parte do treinamento. Um computador pode ser empregado para gerar obstáculos e oponentes que são carregados no aparelho de pontaria e aos quais o usuário deve reagir.

A escolha de diferentes tecnologias na simulação viva é frequentemente debatida e as opiniões podem ser convincentes para apoiar vários pontos de vista. A questão não precisa ser uma ou outra, mas sim a mais adequada ao propósito. A solução de treinamento ao vivo da Saab, o Gamer, é agnóstica em relação à tecnologia, o que significa que laser, pareamento geométrico, GPS e outras soluções podem ser usadas. Isso leva à possibilidade de apoiar diferentes tipos de engajamento e incluir, por exemplo, artilharia e apoio ao combate.

Treinamento com realidade mista

Futuramente, é provável que essa experiência seja estendida aos soldados no terreno. O desenvolvimento de fones de ouvido de realidade aumentada, como o HoloLens da Microsoft, promete proporcionar uma experiência de treinamento ainda mais complexa e realística.

O HoloLens consiste em um par de óculos com uma tela de exibição transparente conectada a uma faixa de cabeça almofadada e mini alto-falantes. Quando os usuários olham através dos óculos, podem ver imagens geradas em 3D que parecem se misturar com o ambiente real. Os sons correspondentes podem ser reproduzidos pelos mini alto-falantes. Dessa forma, é possível obter uma combinação de experiências reais e virtuais, um estado que pode ser chamado de “realidade mista”.

Embora atualmente existam limitações de capacidade da computação, bem como de peso e tamanho, para o uso dessa tecnologia em exercícios complexos com vários soldados, elas podem ser resolvidas com o tempo. Imagine um sistema em que pilotos em simuladores de voo ”sobrevoam” um campo de batalha real e enfrentam o inimigo. Enquanto os pilotos permanecem no solo, na vida real, as tropas desdobradas no terreno, usando fones de ouvido, “veem e ouvem” a aeronave as sobrevoando. Ou talvez viaturas, dirigidas por pilotos em simuladores remotos, apareçam no campo de batalha e possam ser “destruídas” com armas disparadas do ombro. Esses sistemas também poderiam ser utilizados para “alterar” o terreno em que o treinamento é realizado, convertendo-o de rural para urbano, por exemplo.

Coleta de mais dados

Outra provável evolução dos sistemas de treinamento é a forma de coleta e análise de dados. Um exemplo de como isso pode ser útil está relacionado aos dados biométricos coletados dos soldados, individualmente.

Atualmente, os sensores podem ser usados para monitorar sinais vitais, por exemplo: frequência cardíaca, frequência respiratória, pressão arterial e temperatura corporal. No futuro, a análise desses dados provavelmente fornecerá informações sobre os tipos de situações nas quais os soldados ficam estressados e confusos. Esse conhecimento pode ajudar no treinamento contínuo, melhorando a resposta de cada soldado a fatores estressantes e sua capacidade de ter sucesso em combate.

Outro uso para os dados é a análise extensiva das táticas de combate, identificando pontos fracos e fortes. Os sistemas da Saab já permitem uma análise extensiva pós-combate, mas há um enorme potencial para que isso seja expandido, produzindo mais percepções.

Ambientes de realidade virtual mais realísticos

Enquanto isso, o aumento da capacidade da computação e o surgimento da IA, inteligência artificial, provavelmente aumentarão ainda mais o realismo dos ambientes virtuais e o comportamento dos adversários virtuais. Assim como os jogos de computador cresceram exponencialmente em termos de realismo nos últimos anos, os cenários, os terrenos e os inimigos apresentados nos treinadores virtuais estão em constante evolução. Nos próximos anos, talvez seja difícil distinguir o mundo gerado por computador, criado por um treinador virtual, do mundo real.

As redes móveis de nova geração também terão um impacto. Para exercícios complexos de treinamento ao vivo, nos quais não há rede móvel disponível, a Saab atualmente implanta um sistema conhecido como Rede de Aquisição de Dados (Data Acquisition Network – DAN) para coleta de dados críticos e mixagem com redes comerciais. Isso possibilita a obtenção e análise de informações sobre a posição de cada participante, as diversas armas que foram disparadas e quem foi atingido. À medida que as redes civis se expandirem e se tornarem mais difundidas, será mais fácil realizar treinamentos em locais remotos. Velocidades de dados mais altas permitirão realizar exercícios complexos e ainda coletar mais dados.

Todos esses avanços na tecnologia significam que, quando o soldado do futuro chegar ao campo de batalha, ele estará pronto para o combate.

DIVULGAÇÃO: Saab / AND, ALL

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BraZil
BraZil
6 meses atrás

Uma imersão total em combate virtual, deveria incluir cada´veres de tropas e odores de campo de batalha…só para citar duas variáveis…

Bispo
Bispo
6 meses atrás

Um pouco do ambiente real de batalha … não guerrinha, tipo, soldado de iPhone contra criador de camelos de sandália… https://t.me/btr80/16616 Mercenário americano das Forças Armadas da Ucrânia: os EUA esqueceram como lutar de verdade (Business Insider, Alemanha) BI: Mercenários ocidentais não estavam prontos para lutar contra a Rússia na Ucrânia Os EUA esqueceram como lutar de verdade, escreve BI com referência a um mercenário americano das Forças Armadas da Ucrânia. Tendo visitado a Ucrânia, o militante percebeu: os Estados Unidos estão acostumados a lutar contra os rebeldes, então seu exército simplesmente não sabe como lutar contra um inimigo superior.… Read more »

Guacamole
Guacamole
Reply to  Bispo
6 meses atrás

O seu link do Telegram para na mensagem em russo e não vai pra lugar nenhum.

Como faço para ler?

Bispo
Bispo
Reply to  Guacamole
6 meses atrás

Aqui abre direto.. tem o Telegram instalado ?

Guacamole
Guacamole
Reply to  Bispo
6 meses atrás

Não tinha inslado antes.
Valew.

Alfa BR
Alfa BR
Reply to  Bispo
6 meses atrás

“…os Estados Unidos estão acostumados a lutar contra os rebeldes, então seu exército simplesmente não sabe como lutar contra um inimigo superior.”

A Rússia não é um inimigo superior aos EUA. Na verdade é o inverso.

Guacamole
Guacamole
6 meses atrás

Acho que esse é o futuro.

Lembro de ter visto um video dos Italianos onde uns garotos que estavam treinando para ser tenente estavam usando ARMA III como treino em aula.

Cada um tinha 1 computador, e onde estaria o quadro negro do professor, era um projetor do mapa da área, posições de amigos e inimgos conhecidos e os objetivos do plano.

É mais uma ferramenta para treinar.

Willber Rodrigues
Willber Rodrigues
Reply to  Guacamole
6 meses atrás

Dia desses eu estava pensando se seria viável usar Paintball pra fazer treinamento a nível de pelotão, pra fazer treinamento de manobras, etc.
Será que não tem nenhum estudo sobre isso, se seria viável ou não?

Guacamole
Guacamole
Reply to  Willber Rodrigues
6 meses atrás

Não sei. Acho que demora um pouco para que esse tipo de coisa atenção.

Não esquece que os comendantes são tudo gente de cabelo branco, geralmente resistêntes a coisas novas. Se perguntar pra um general o que é airsoft, paint ball ou laser tag ele provavelmente vai errar.

Mas já vi fotos de soldados uniformizados utilizando paintball como treino em CQB.

Heinz
Heinz
Reply to  Guacamole
6 meses atrás

airsoft já é utilizado na Aman e na Esa. Já vi vídeo da 3° brigada de assalto azov, ucraniana, treinando CQB com a utilização de airsoft. Geralmente é usado para novos recrutas, depois de aprender os princípios básicos que partem para as armas de fogo.

Rafael Gustavo de Oliveira
Rafael Gustavo de Oliveira
6 meses atrás

Depois da marcha para o combate, fomos fazer o tiro dos recrutas…mas antes tinha um extra (como um ritual)…após percorrer quilômetros de mochila pesada e capacete, fome e sede, poeira no olho e mãos tremendo, rastejamos sob arame farpado com uma Mag atirando sobre nossas cabeças (nessas horas ninguém paga para ver se é festim ou munição real)….só depois disso estávamos pronto para o tiro…foi assim comigo…imagino que seja assim que ocorre em um combate real, só é um treinamento válido se esse combatente puder também “dar combate” fora de sua zona de conforto. Virtualizar treinamento é bom e barato…mas… Read more »