O recrutamento no U.S. Army
Por Franz A. Neeracher
Sempre fui fascinado por aquela parte das forças armadas que o cidadão comum não vê. Ou seja, a logística, recrutamento, treinamento, administração, operações e etc.
Claro que aviões, navios ou blindados são a parte mais importante e visível das forças armadas de um país e é aquilo que mais chama a atenção das pessoas.
Assim resolvi falar um pouco sobre como funciona o recrutamento dos soldados no U.S. Army. Sobre carreiras de oficiais, deixaremos para falar em outra ocasião.
Como sabemos, o serviço militar nos EUA é voluntário, assim sendo o U.S. Army tem que competir contra o USMC, a U.S. Navy e a USAF pelos melhores candidatos no mercado.
Além disso, tem a iniciativa privada que oferece melhores salários e benefícios.
O U.S.Army precisa de 15.000 a 18.000 novos soldados por ano, objetivo esse que não tem sido alcançado nos últimos anos!
Como é feito o recrutamento?
Um dos quatro comandos do U.S.Army é o United States Army Training and Doctrine Command. (TRADOC) baseado em Fort Eustis, Virginia.
E um dos sub-comandos do TRADOC é United States Army Recruiting Command (USAREC) baseado em Fort Knox, Kentucky.
O USAREC possui toda uma estrutura de recrutadores espalhados por todo o país e no exterior para assim poder recrutar milhares de jovens anualmente.
E uma das “ferramentas” usadas é a “U.S.Army Marketing and Engagement Brigade”, também baseada em Fort Knox, Kentucky.
Com o apoio dessa brigada, os milhares de recrutadores visitam escolas, feiras, eventos esportivos, shopping centers, universidades ou até mesmo centros civis que dão apoio aos desempregados.
Um possível candidato também pode entrar em contato com um recrutador através da internet, telefone ou visitando um dos escritórios espalhados pelo país.
O que acontece depois que um candidato se alista?
Primeiro ele terá os seus documentos controlados, a pessoa é procurada pela justiça? Está em situação regular no país? Tem problemas de saúde? etc.
Passando por essa fase, o candidato enfrentará uma bateria de testes físicos, auditivos, psicológicos e de acuidade visual.
Sendo aprovado, o futuro soldado, tanto homens como mulheres, será enviado para um dos quatro quartéis onde será feito o “Basic Combat Training”, BCT de 16 semanas.
São 16 semanas puxadas de treinamento físico, conhecer as regras do mundo militar, tiro de fuzil e pistola, plantão de guarda, limpeza das acomodações, veículos, quartel e etc.
Nessa fase, como é de se esperar, muitos candidatos são reprovados, apesar de hoje em dia, muitos receberem um apoio para aqueles que não atingem o nível desejado, uma espécie de “segunda chance”. Caso ainda não consigam um resultado satisfatório, aí serão desligados em definitivo.
No fim dessa fase de 16 semanas, os já soldados, serão enviados para a próxima fase do treinmanto, o “Advanced Individual Training” AIT.
De acordo com os resultados obtidos no BCT e com as necessidades do Exército, será definido para onde o soldado irá fazer essa segunda fase.
Abaixo uma tabela com as atuais localizações dos centros de treinamento BCT e AIT.
A duração dessa fase do AIT pode variar bastante, de algumas semanas a vários meses.
Somente ao fim desse treinamento, caso o soldado seja aprovado, é que ele será destacado a uma das inúmeras unidades do Exército na qual ele irá servir.
Voltando agora ao nosso Brasil, antes que alguém me pergunte, esse sistema seria praticável?
Creio que a resposta seria um “não”, são sistemas totalmente diferentes, cada um com as suas vantagens e desvantagens, além de serem realidades diferentes.
No Brasil, não seria prático ou útil, retirar um jovem que nasceu e cresceu no Amazonas para ir servir num Batalhão de Infantaria de Caatinga no interior de Pernambuco, por exemplo.
Além de quê, ao fim do serviço militar obrigatório, o jovem deixará o Exército. Ao contrário do U.S.Army, que é um exército expedicionário, feito e moldado para lutar em outros países distantes.
ENLISTED PERSONNEL BASIC COMBAT TRAINING (BCT) | |
ESCOLA | LOCALIZAÇÃO |
Basic Combat Training | Ft. Jackson/SC |
Basic Combat Training | Ft. Leonard Wood/MO |
Basic Combat Training | Ft. Sill/OK |
Basic Combat Training | Ft. Moore/GA |
ENLISTED PERSONNEL ADVANCED INDIVIDUAL TRAINING | |
ESCOLA | LOCALIZAÇÃO |
US Army Infantry School | Ft. Moore/GA |
US Armor School | Ft. Moore/GA |
US Army Military Police School | Ft. Leonard Wood/MO |
US Army CBRN School | Ft. Leonard Wood/MO |
US Army Engineer School | Ft. Leonard Wood/MO |
US Army Transportation School | Ft. Leonard Wood/MO |
US Army Transportation School | Ft. Gregg-Adams/VA |
US Army Chaplain School | Ft. Jackson/SC |
US Army Avation School | Ft. Novosel/AL |
US Army Aviation Logistics School | Ft. Eustis/VA |
US Army Ordnance School | Ft. Gregg-Adams/VA |
US Army Quartermaster School | Ft. Gregg-Adams/VA |
US Army Field Artillery School | Ft. Sill/OK |
US Army Air Defense Artillery School | Ft. Sill/OK |
US Army Medical Dept. School | Ft. Sam Houston/TX |
US Army Intelligence School | Ft. Huachuca/AZ |
US Army Defense Information School | Ft. Eisenhower/GA |
US Army Finance School | Ft. Jackson/SC |
US Army Signal School | Ft. Eisenhower/GA |
US Army Civil Affairs School | Ft. Bragg/NC |
US Army Airborne School | Ft. Moore/GA |
US Army Air Assault School | Ft. Campbell/KY |
US Army Sniper School | Ft. Moore/GA |
US Army Combatives School | Ft. Moore/GA |
US Army Prime Power School | Ft. Leonard Wood/MO |
US Army Military Justice School | Charlottesville/VA |
US Army Language Institute | Monterey/CA |
US Army Mountain Warfare School | Jericho/VT |
US Army Criptologic School | Goodfellow AFB/TX |
US Army Ranger School | Ft. Moore/GA |
Olá Franz. Há um ponto importante que deve ser levado em conta. No Brasil, são cerca de 90 mil jovens convocados para o serviço militar anualmente a um custo da ordem de R$ 1 bilhão por ano. Um valor irrisório na folha de pagamento.
Soldados profissionais, como os que ingressam nos Fuzileiros, por exemplo, são muito mais caros. No contexto da planilha de gastos das forças armadas brasileiras, é preciso avaliar com atenção este aspecto.
Concoodo com você
Um outro tópico que não é lembrado por ninguém em sites de defesa é que em uma guerra sendo declarada pelo congresso, o soldo de todos os membros das FA (do soldado ao general) dobram automaticamente até o fim da guerra.
Ou seja, de saída, gastaríamos ainda mais com soldo sem o primeiro tiro ter sido dado ainda.
Imagina o que sobraria para material…
Kkkkk, a cara do Brasil. E quem iria para a linha de frente seriam os reservistas, saindo da vida civil.
Olá Gavião. A FEB foi constituida por voluntários, com a maioria dos oficiais formados no CPOR.
Verdade, mas a idéia do artigo é mostrar como funciona o recrutamento nos EUA.
Se formos fazer uma comparação detalhada com o EB, seria necessário escrever uma matéria diferente, visto as inúmeras diferenças entre o EB e o U.S.Army.
Olá Franz. Vocẽ tem razão. Eu apenas me adiantei na discussão porque imaginava que muita gente iria questionar a questão do serviço militar obrigatório no Brasil.. essa discussão é como lua cheia. Some, dai aparece… dai some… dai aparece
O efetivo profissional tem vertentes diferentes.
O profissional FN passa a adestrar, após 1/2 ano de formação aproximadamente, já como profissional.
No EB, é após a formação e o primeiro adestramento, dando 1 ano.
Para uma força bem pequena, como o FN q só emprega 1/3 dele por vez, é bem fácil ter quase todo efetivo de profissionais.
O EB é muito maior. Tem de se preparar para campanhas duradouras, com vários tipos de manobras ofensivas, defensivas etc e em ambientes operacionais muito distintos. Esbarra em 2 necessidades.
1) ter um grande efetivo profissional para as soluções q devem ser rápidas. O que o EB tem por meio das FORPRON e unidades de natureza específica.
2) ter um grande efetivo mobilizável, para os conflitos duradouros ou muito além do mínimo necessário já pronto. Um exemplo claro na RussiaXUcrania e IsraelxGaza.
Pelo que pesquisei, o soldo de recruta no exército americano é da ordem de Us$ 24 mil ao ano. Parece ser uma boa alternativa, visto que o dinheiro entra líquido, sem custos.
Isso eh muito baixo a nivel de EUA
2 mil dólares ao mês, sendo recruta não me parece pouco
É porque você tá vendo com olhos de brasileiro, e aqui ganhamos muito, muito mal… (mesmo considerando o câmbio).
De fato, a renda media habitual mensal no Brasil (que é estatisticamente diferente do salário médio) é R$ 2.924,00.
Hoje, o soldo mais baixo dos soldados é 1.078,00. Do soldado especializado é 1.926,00.
Camargoer
Esse é o soldo e não o salário.
O salário é mais.
O salário incluiu outras coisas e depois vem os descontos. No final, o recruta recebe o salário mínimo.
Em um pais com a renda média de 59 mil dólares ao ano, é pouco.
é baixo sim (para os padrões americanos), mas já conheci alguns caras que serviram nos EUA, o exercito americano fornece vários cursos de especialização para o Soldado e cada especialização que ele consegue da uma acrescentada no soldo dele, ou seja, o cara pode conseguir subir o salário dele sem muita dor de cabeça se ele correr atrás e algumas das especializações podem ser bem úteis na vida civil
Pode compensar se você morar na base, já que o aluguel e gás são fornecidos apenas como um desconto bem módico. E no caso dos EUA, compensa considerando o seguro de saúde fornecido pelo exército.
É bem baixo. Um simples funcionário do McDonald’s ganha US$ 43000 por ano. Fora que o soldo do soldado do US Army é bem mais baixo que os proventos médios da população estadunidense.
O Texto não citou que é necessário ser aprovado no ASVAB – teste de aptidão e de QI.
E inclusive, dependendo da sua pontuação no ASVAB você saberá qual sua melhor especialização. Se você for bom em línguas por exemplo, você pode se tornar tradutor.
Sim, aptidão e talentos do indivíduo são levados em conta.
Assim como, se ele desejar ir para uma determinada escola como artilharia, inteligência ou transporte por exemplo.
Mas a palavra final é dada pela necessidade de onde existir falta de pessoal….
Olá D. Há uma discussão bem estabelecida sobre a quão inadequados são os testes tradicionais de QI. Exite um tipo de teste, como os aplicados no ENEM ou o SAT nos EUA. Nestes testes, cada questão é testada antes e recebe um peso estatístico sobre a sua dificuldade. As questões testada são incluídas em um banco de questões. Assim, é possível fazer provas diferentes com dificuldades equivalentes e comparáveis.
Eu não sei com as questões do ASVAB são elaboradas, mas eu fiz o teste por curiosidade.
https://www.officialasvab.com/applicants/sample-questions/
O que acontece com teste de Q.I no geral (fiz alguns já) – é que eles seguem um padrão, então você acaba decorando os padrões do teste.
Olá D. O teste de QI não cumpre o objetivo. Ele é incapaz de avaliar a capacidade futura de aprendizado de um candidato a uma escola ou emprego.
Os testes de QI só são capazes de medir o treinamento da pessoa para realizar aquele teste, exatamente como você comentou.
Eles são inapropriados para medir capacidade de aprendizado futuro.
O teste do exército dos EUA é um teste de conhecimento geral, que (talvez, dependendo de como são preparadas as questões) pode servir para desclassificar os candidatos que não possuem algum tipo de conhecimento requerido pelas forças armadas dos EUA.
Falo que talvez possa porque não sei como são elaboradas as questões. Elas precisavam ter sido aplicadas antes em um grupo teste para avaliar.
fiz uma questões e tinha uma lá “qual o maior componente do ar? neõnio, nitrogênio, oxigênio e outra que não lembro… sei lá para que serve uma questão destas. Não avalia nem capacidade de interpretação de texto nem habilidade de resolver problema. Conteúdo de 4 séria do ensino fundamental.
Acho que a resposta era o gás “azoto”. Eu errei. Fui no tradicional “oxigênio”. Mas teve outra que acertei. Aquela do por que o ar é mais leve do que a água?
Riso. Esta eu acertei. É o gás nitrogênio (70%). Depois vem o gás oxigênio (20%).. depois os outros cacarecos. riso.
“Como sabemos, o serviço militar nos EUA é voluntário, assim sendo o U.S. Army tem que competir contra o USMC, a U.S. Navy e a USAF pelos melhores candidatos no mercado.
Além disso, tem a iniciativa privada que oferece melhores salários e benefícios.
O U.S.Army precisa de 15.000 a 18.000 novos soldados por ano, objetivo esse que não tem sido alcançado nos últimos anos!”
É por isso que as FA’s BR ( principalmente o EB ) não querem nem ouvir falar em acabarem com o alistamento obrigatório…
Se engana muito.
Primeiro, q a decisão de ser SMO ou não, não cabe ao exército ou as FFAA.
É uma Lei.
Segundo, há muito mais voluntários, do que vagas.
Porém, no teste de aptidão e QI, feito durante o recrutamento, é comum que alguns padrões /inteligência não sejam atingidos com gente apta (saúde e socialmente) o que leva a recrutar não voluntários.
E1, por exemplo, Eletrônica (padrão) 1 (Inteligência). Costuma ser difícil.
Interessante lembrar, que muitos não voluntários, passam a ser voluntários durante o ano e vice versa.
Mas lei se muda (se for de interesse de alguém) e tem mais “voluntários” que vagas justamente porque é obrigatório. Então nem sei se chamaria de voluntário, já que você é brigado ao alistamento.
Aham…
Vai “alguem” propôr essa lei, pra você ver se o EB não irá fazer pressão pra que essa lei não vá em frente…
Me espanta ter alguem que ainda ache que as FA’s apenas “obedecem” ao governo e suas leis, e que aceitam tudo docilmente…
O teste psicotécnico do DETRAN, é mais complexo do que o aplicado no EB.
Riso. Lembro de uma frase no filme “jack reacher o último tiro” no qual o personagem explica para a advogada que existe dois tipos de pessoa que ingressam no exército dos EUA “tem os que encaram aqui como um emprego e aqueles que só querem um modo para matar uma pessoa sem cometer um crime”
Acho que seria interessante essa avaliação, um sistema de recrutamento não obrigatório, mas com maior qualidade e benefícios que atraíssem os voluntários.
Poderia aí até considerar criar “escolas” centralizadas, semelhante aos tais “fortes” dos EUA, para otimizar os custos.
“Acho que seria interessante essa avaliação, um sistema de recrutamento não obrigatório, mas com maior qualidade e benefícios que atraíssem os voluntários.”
Sim, seria excelente.
Mas estamos no Brasil, isso é muito complicado…mais fácil manter do jeito que está, e as FA’s continuam tendo uma massa de recrutas anualmente pra puxar guarda e servir de copeiro/caseiro/guarda-doméstico/ motorista particular pra algum oficial…
Opaa, isso tá parecendo propaganda pra tentar reverter ou ocultar o desinteresse dos americanos em suas forças armadas
Mas de modo geral, há mesmo um desinteresse do norte-americano médio em se alistar as suas FA’s.
Dificilmente um americano médio, acoatumado a um padrão de vida “X” e a um salário”X”, vai se i teressar por carreira militar, aonde geralmente se ganha abaixo da renda média de um civil.
Isso não é exclusividade dos EUA. Japão, CS e países europeus enfrentam o mesmo problema.
Por isso as FA’s norte-americanas chamam mais atenção/interesse de imigrantes do que de “nativos”.
Gostaria de saber como eles pagam tantos soldados profissionais e ainda sobra um orçamento colossal pra equipamentos, logística e manutenção. Porque soldado profissional é caro, e lá tem um efetivo muito maior que o nosso. Seria bom trazer essa comparação e também do sistema previdenciário do militar, pra compararmos, guardadas as devidas proporções
Os EUA gastam em defesa sozinhos mais que todos os demais países juntos. São cerca de US$ 900 bilhões por ano.
O sistema previdenciário é diferente. Assim como o pagamento.
Qualquer missão ou emprego, é muito bem remunerado.
A estabilidade só vinha após os 20 anos de Sv. Estava em estudo pra reserva proporcional com 10 e 15 anos, mas não sei como ficou. Por causa do elevado número de veteranos de guerra que queriam fazer isso, pra honrar esse Sv em combate.
Quando dão baixa sem estabilidade recebem uma indenização muito alta e uma boa recomendação.
Em estados com ações sociais nas universidades, a indenização pro 3 anos de serviço paga um bom curso universitário. Não sei bem os sem essa ação social.
Mas a indenizacao é bem alta.
Quem vai pra reserva não recebe integral. Mas recebeu a mais durante a carreira, de acordo com os desdobramentos, q são muitos, e tem um excelente apoio de saúde, num país onde não há SUS.
E saem com 20 anos.
E a reserva é paga pelo Departamento de Veteranos e não pelo DoD.
“Sai” do orçamento de Defesa normalmente analisado.
Eles pagam relativamente pouco pra cada militar, isto é uma das razões de terem dificuldade em completar as fileiras.
No nosso caso o problema foi os militares terem governado nosso país sem oposição por 20 anos e fazerem o que toda organização corporativista federal sonha em fazer: beneficiar os seus as custas dos outros.
Em nenhum lugar sério existe essa patacoada de inativo receber pensão integral e sendo reajustada na mesma medida dos ativos.
Bom mesmo é na Rússia, que vão nas prisões recrutar facínoras e bandidos para serem moídos em um País estrangeiro que a Rússia invade. Organização impar. Não tem nem comparação. Rússia vs EUA. Rússia é visionária, só tem elite. Se vê no resultado da invasão genocida na Ucrânia. Os resultados falam por si.
Dizem que a qualidade dos soldados disponíveis está caindo faz tempo por lá. Os principais problemas são obesidade, falta de instrução escolar mínima necessária e ficha corrida. Adicione a isso desmotivação dos soldados por terem de lutar em guerras que acham que são inúteis e ai temos uma força armada debilitada. Lembro que alguns anos atrás criaram um programa especial para atrair universitários formados para preencher vagas de oficiais, prometendo benefícios excepcionais, e isso porque os recrutas normais não conseguiam alcançar os requisitos mínimos necessários para serem promovidos a cargos de oficiais.
Eu sou da opinião que as FFAA deveriam adotar um sistema “misto”; deveria ser dada preferência a voluntários e a possibilidade destes se tornarem profissionais, mas se os voluntários forem insuficientes seria utilizado o SMO.
Pra mim a barreira não é tão econômica mas de classe; o oficialato nunca quis ter um corpo de praças com alguma autonomia e dignidade.
Exatamente. As FA brasileiras ainda vivem no sistema de castas, mas até hoje não apareceu nenhum corajoso pra mexer nesse vespeiro.
O que eu acho engraçado é o pessoal ingênuo que acreditam que as FA são perfeitas, achando que não acontece “nada” lá dentro. Estamos parados no tempo, tanto em questão de material, quanto em nível de organização, estrutura.
No exército francês por exemplo há uma escola específica para sargentos se tornarem oficiais, mas se uma coisa dessas fosse sugerida aqui os oficiais iriam arrancar os cabelos.
Boa parte dos oficiais do US Army são oriundos dos CPORs deles (ROTC) mas vai sugerir aqui tirar o elitismo da AMAN.
O EB é “aristocrático”, os oficiais se acham superiores aos praças. Daí a gente vê o nível das ultimas “celebridades militares” e entende tudo…
Henrique. Praticamente, todo mundo que é convocado para o serviço militar no Brasil são voluntários, segundo o que lembro das falas de sucessivos comandantes do EB, que absorve praticamente 90% dos convocados.
Creio que faria pouca diferença se o sistema mudasse para voluntários. Talvez só tornasse a folha de pagamento mais cara.
Discutir o serviço voluntário é desviar do problema mais crítico das forças armadas que é o custo da previdência mirar.
A minha sugestão faz parte de um projeto maior que seria dar mais dignidade aos praças, para que não fosse tratados apenas como servos ou peças descartáveis.
Outro problema é que esses jovens que são “descarregados” todos os anos acabam saindo sem muitos conhecimentos aplicáveis para a carreira civil e acabam “trabalhando” para o tráfico. Se esse pessoal fosse retido o problema seria mitigado.
Caro. Este problema acontece com todos os jovens. Se o desemprego é alto, os jovens vão buscar algum tipo de renda. A solução é garantir crescimento econômico e acesso á escola.
Há uma relação direta entre o tempo de escolaridade e a renda.
Não há incentivo a estudar, nem os assuntos militares, muito menos os civis… Tentei estudar durante o serviço, era impossível perdi um ano de faculdade.
Olá H. Pois é. Eu defendo uma redução radical no tamanho dos efetivos das forças armadas e uma abordagem mais tecnológica das forças armadas. Talvez, mudar o serviço de militar de 1 ano para algo como 3 anos, de tal modo a proporcionar junto com o serviço militar uma ampla formação técnica.
No fim, o soldado cumpriria um treinamento de longo prazo, receberia uma formação de tecnológico em diferentes campos, permitindo que a tropa fosse mais enxuta, mais tecnológica e mais efetiva.
Mas isso acontece. Quando você se apresenta, os oficiais já perguntam se tem voluntários. Quem levante a mão, vai direto ao exame médico.
Quando me apresentei mesmo, em 2017 8 se voluntariariam.
Eu me apresentei em 1988. Naquele ano, o oficial que fazia a entrevista (não lembro se era um tenente que perguntava e o sargente preenchia .. ou o tenente fez a entrevista, depois deixou com o sargento para completar… ) perguntou “Você quer servir?” respondi “Não” , dai ele “por que?” respondi que estava no último ano do curso técnico (na época, tinha escola que oferecia o ensino técnico e o segundo grau – nem era ensino médio ainda – e que se eu fosse convocado, isso iria prejudicar a conclusão do meu curso.
ele acenou com a cabeça, confirmando que fazia sentido. Fui dispensado naquele dia. Quem foi voluntário, recebeu foi orientado a retornar para fazer o exame médico.
______
COMENTÁRIO APAGADO
6 – Mantenha-se o máximo possível no tema da matéria, para o assunto não se desviar para temas totalmente desconectados do foco da discussão
https://www.forte.jor.br/home/regras-de-conduta-para-comentarios/
Caro. O que isso tem a ver com recrutamento nos EUA?
No Brasil o EB não vai aceitar o fim do SMO nunca, de onde vai sair a mão de obra barata ou semi-escrava para cortar grama e pintar a casa de oficiais e sargentos, serem garçons em clubes de oficiais, que apesar de serem privados, são mantidos com recursos e mão de obra pública, recolher estrume de cavalos que são utilizados para passeios privados de oficiais e seus familiares, mas mantidos em baias e com racoes compradas com recurso público
Uma dúvida: O voluntário pode ser estrangeiro, desde que esteja regularizado nos EUA? Sei que muitos não americanos servem nas FFAA de lá
Oĺa Marcelo. Pelo que lembro, pode sim. Inclusive, há questões relacionadas com o green card e com o acesso ao crédito estudantil para nível superior
Ok e obrigado Camargoer, valeu!!!
O EB ainda se sente aristocrático, só ver a diferença do rancho pro casino. Fora todas as outras loucuras e inconsistências ideológicas. Deveriam contratar uma consultoria israelense e modernizar radicalmente as forças, constituindo sim reservistas de todas as classes sociais. Talvez um serviço universal de seis meses, com efetivo treinamento básico, seguido de períodos de engajamento mais longos.
Do jeito que está é isso que disseram aqui, motorista, copeiro e lavador de privada, não se aprende nada de útil na incorporação, graças a Deus nem atiram direito…
O filho do meu vizinho recém-completou 18 anos. Tirou CNH pra moto, financiou uma, e trab. em app de entrega de comida.
Trabalha pra caramba, mas tira, por semana, entre 1.000,00 a 1.400,00 líquidos. A noite, faz curso profissionalizante e de inglês.
Se ele fosse convocado, ou quisesse servir, teria um soldo mensal menor do que ele tira por semana fazendo entrega de moto, além de passar seus dias “aprendendo” a marchar, limpar quartel de cima a baixo, ficar “plantado” em guarita, dar 5 tiros de FAL por ano ( ou nem isso… ), além de servir de “empregada doméstica” pra oficial.
Ele sairia de desse período tendo aprendido o quê pra sua vida profissional?
Quanto tempo ele perdeu alí, que poderia estar fazendo um curso do SENAI, ou trab. de jovem aprendiz em alguma empresa, adquirindo um conhecimento que REALMENTE serve pro mercado de trabalho?
Willber,
Você tem sérios problemas com as nossas FFAA, já deu pra notar nos seus comentários, aliás, nem sei o que você faz em um blog de assuntos de Defesa.
Que sorte do seu filho ter estas oportunidades, pois a maioria dos jovens que estão em idade de Serviço Militar, não tem, e a caserna é, na maioria das vezes, o primeiro emprego deles.
Servi na FAB em 1986, Base Aérea do Galeão e nunca me arrependi disso, foram 365 dias inesquecíveis que me marcam até hoje. Nunca fui empregada de Oficial, aliás, nunca fui mal tratado por um Oficial da FAB, seja ele Infante, Intendente ou Aviador, e sequer pintei meio fio , como você diz, não que possa ocorrer pelos quarteis abusos de poder, mas eu não vi, pelo menos na minha época. Era cobrado sim, aprendi a ter mais responsabilidade, ser pontual , fui durante 6 meses Bombeiro de Aeródromo no Galeão, dei baixa exatamente 1 ano após entrar, e tenho , até hoje, colegas e amigos que serviram junto comigo.
Acho que a nossa classe política, em todas as esferas de Poder, Judiciário Medieval e os 5.570 Municípios, os quais a maioria não anda com as próprias pernas, são muito, mas muito mais nocivos ao Brasil do que o Serviço Militar Obrigatório. E na minha época, entrava todo mundo, pra sobrar tinha que ter “peixada”!!
“Que sorte do seu filho ter estas oportunidades, pois a maioria dos jovens que estão em idade de Serviço Militar, não tem, e a caserna é, na maioria das vezes, o primeiro emprego deles”
Lhe faltou atençáo, eu não disse que o exemplo acima é do meu filho.
“Você tem sérios problemas com as nossas FFAA, já deu pra notar nos seus comentários, aliás, nem sei o que você faz em um blog de assuntos de Defesa”
Lí as regras de comentários que os editores da trilogia criaram, e não há nenhuma regra dizendo que apenas militares podem comentar aqui. Quando eles disserem que eu não posso continuar comentando/interagindo aqui, eu me retirarei sem problemas. Até lá…
“Nunca fui empregada de Oficial, aliás, nunca fui mal tratado por um Oficial da FAB, seja ele Infante, Intendente ou Aviador, e sequer pintei meio fio , como você diz, não que possa ocorrer pelos quarteis abusos de poder, mas eu não vi, pelo menos na minha época”
Ok, esquecí que o mundo gira em torno de suas vivências pessoais. Tudo bem que você teve seu seu “exemplo” a mais de 30 anos, pois na última década conheço pessoalmente 10 casos que dizem ao contrário. Todos eles do EB, diga-se de passagem…
“Acho que a nossa classe política, em todas as esferas de Poder, Judiciário Medieval e os 5.570 Municípios, os quais a maioria não anda com as próprias pernas, são muito, mas muito mais nocivos ao Brasil do que o Serviço Militar Obrigatório. ”
Embora eu concorde, um mal-exemplo não se torna bom, só porque você citou outro mal-exemplo em troca…
fala pra ele que já ganha de 4 a 6 mil por mês pagar o inss dele. Fale pra pagar a unimed ou similar também( tem plano de saúde por uns 250,00 por mês) Senão a conta depois vai sobrar pra sociedade.
É preciso criar uma Legião Estrangeira. Eles já estão nesse estágio já, precisam admitir.
Esse uniforme mais longo mostrado no treinamento (parece ser uma versão para frio ou chuva), parece tão grande pode atrapalhar em algumas situações.