Chefe da espionagem russa diz que conversou com chefe da CIA sobre ‘o que fazer com Ucrânia’

27
Sergei Naryshkin, chefe da inteligência estrangeira russa, em Moscou

Sergei Naryshkin, chefe da inteligência estrangeira russa, em Moscou

Em ligação, gestores de inteligência também discutiram o motim do Grupo Wagner, no fim de junho

O chefe da inteligência estrangeira russa, Sergei Naryshkin, disse nesta quarta-feira (12) que ele e seu colega da CIA, William Burns, discutiram “o que fazer com a Ucrânia” em um telefonema no final do mês passado, segundo a agência de notícias russa Tass.

Os jornais “The New York Times” e “The Wall Street Journal” reportaram em 30 de junho que Burns ligou para Naryshkin para assegurar ao Kremlin que os Estados Unidos não tiveram nenhum papel no breve motim do chefe mercenário russo Yevgeny Prigozhin e de seus combatentes do Grupo Wagner uma semana antes.

Naryshkin confirmou que Burns levantou a questão dos “eventos de 24 de junho”, quando os mercenários assumiram o controle de uma cidade do sul da Rússia e avançaram em direção a Moscou antes de chegar a um acordo com o Kremlin para encerrar a revolta.

Mas ele disse que durante a maior parte da ligação, que durou cerca de uma hora, “consideramos e discutimos o que fazer com a Ucrânia”.

A CIA se recusou a comentar as declarações de Naryshkin.

A Ucrânia, que foi invadida pela Rússia em fevereiro de 2022, diz que outros países não devem negociar seu futuro em seu nome, e os Estados Unidos têm apoiado repetidamente esse princípio, descrito como “nada sobre a Ucrânia sem a Ucrânia”.

Burns e Naryshkin mantiveram uma linha de comunicação desde o início da guerra na Ucrânia, em um momento em que outros contatos diretos entre Moscou e Washington são mínimos, com as relações em seu ponto mais baixo desde a crise dos mísseis cubanos de 1962.

FONTE: Reuters, via G1

0 0 votos
Classificação do artigo
Inscrever-se
Notificar de
guest

27 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários
Renato de Mello Machado
Renato de Mello Machado
1 ano atrás

“outros contatos diretos entre Moscou e Washington são mínimos, com as relações em seu ponto mais baixo desde a crise dos mísseis cubanos de 1962”.Parece que os EUA não queriam os mísseis cubanos em 1962.Mísseis adversários perto dos EUA eles não gostam hehehehe.Mas chegar e por os seus perto do país dos outros eles adoram.

Camargoer.
Camargoer.
1 ano atrás

Isso mostra que gente inteligente conversa enquanto os outros vão para a briga.

Mengao
Mengao
Responder para  Camargoer.
1 ano atrás

Não tem como a Ucrânia derrotar a Rússia. A Rússia está mais forte milirtamente e economicamente a cada dia. As perdas ucranianas, confirmadas pelos próprios ucranianos e Ocidente, estão sendo catastróficas. A grande questão é quando houver um cessar-fogo, o exército ucraniano hj é composto basicamente por recrutas sem treinamento adequado e experiência militar, e as melhores unidades ucranianas são grupos para-militares neonazistas, que se opõem a qualquer cessar-fogo e inclusive tem um discurso de limpeza étnica contra a população étnica russa, ou seja, com cessar-fogo, o sul e leste se incorporam a Rússia, e o resto com chances altíssimas de guerra civil.

Camargoer.
Camargoer.
Responder para  Mengao
1 ano atrás

Fiz um trocadilho. Chamei o pessoal da “inteligência” de “inteligentes” que conseguem conversar, além de uma crítica velada aos dois políticos (Zelensky e Putin) que não conseguem firmar um cessar fogo e iniciar negociações de paz.

Rodolfo
Rodolfo
Responder para  Mengao
1 ano atrás

O John Mershmeier acredita que essa guerra continua por mais dois anos como está, nenhum dos lados cederá e a Rússia eventualmente consolidaria o domínio na Criméia e 8 outros Oblasts (43% do território ucraniano) e então se chegaria a situação de paz fria. Nesse momento, o restante da Ucrânia seria disfuncional e incapaz de aderir tanto a UE quanto a OTAN. A Rússia continuaria a fazer de tudo para desestabilizar a Europa e os europeus e americanos contnuariam a apoiar a Ucrânia disfuncional… e o conflito intercalaria períodos de relativa calma com períodos de intensificação.

Nuno Taboca
Nuno Taboca
Responder para  Rodolfo
1 ano atrás

43%??? E onde vão avançar, pois só detém hoje 17%? Se demoraram 8 meses pra tomar Bahkmut, e isso usando mercenários?
Que mundo vc vive?

Rodolfo
Rodolfo
Responder para  Nuno Taboca
1 ano atrás

Essa opinião não é minha, é de um especialista em realpolitik… o que ele levou em conta sāo as perdas expressivas da Ucrânia, não que a Rússia também não esteja perdendo muita gente, mas entre Ucranianos mortos e a grande quantidade de pessoas que já fugiram do país, em algum momento deverá faltar soldados do lado Ucraniano.

Rodolfo
Rodolfo
Responder para  Nuno Taboca
1 ano atrás

Outro fato histórico que não se pode esquecer é a capacidade dos governantes russos sacrificarem a população russa pra atingir seus objetivos. Essa guerra para o Putin é vital para a sobrevivência do país como potência global… por isso essa guerra vai durar muito ainda… de novo não confunda isso como minha opinião, é o que ele pensa e escreveu em um documento descrevendo o laço histórico de russos, bielorussos e ucranianos logo antes da guerra.

Se nós seguirmos o seu raciocínio, um analista em 1941-42 diria que Stalin e a União Soviética estavam com os dias contados, e 3 anos mais tarde era o exército vermelho que estava invadido Berlin… ao custo de 20 milhões de russos.

Não se pode subestimar a capacidade russa em perder grande parte da sua própria população durante uma guerra. O lado ucraniano não vai ter esse fator, a cada homem e mulher que morre ou foge do país (5.7 milhões ja emigraram), vai ficar mais difícil enfrentar o lado russo, por mais desorganizado que eles estejam. O lado da OTAN sabe disso, por isso estão dando quase todas as armas que o lado ucraniano vem requisitando, o próximo é o ATACMS… mas parece que não será o suficiente pra uma contraofensiva de sucesso. Daqui 2 anos muita coisa vai acontecer, incluindo a perda de suporte pelos europeus e da população americana, o que pode levar a mudança da postura americana na guerra.

Rodolfo
Rodolfo
Responder para  Rodolfo
1 ano atrás

Sim, os russos conquistaram no século 18, a perderam no 19 e tomaram no 20. Khrushchev repassou à Ucrânia durante a URSS… hoje Sevastopol é vital para o comando sul da marinha russa, sem essa base os russos perdem influência sobre países como Turquia e Georgia e o único porto de águas quentes (o resto está no Ártico e congela no inverno). Por isso invadiram em 2014 depois da revolução política na Ucrânia.

A meu ver, perder a Criméia poderia desencadear uma resposta nuclear dentro da doutrina russa, que aceita utilizar armas nucleares em caso de ameaça à integridade territorial, na cabeça do Putin a Criméia já é russa e questão resolvida desde o referendo de independência que ocorreu depois da invasão e que a comunidade internacional não reconheceu.

Acho que o risco nuclear tem sido normalizado e não tem feito parte do cálculo dos analistas ocidentais (pelo menos os que comentam na mídia) como deveria.

Rodolfo
Rodolfo
Responder para  Rodolfo
1 ano atrás

Quis dizer, referendo de adesão à federação russa.

Magaren
Magaren
1 ano atrás

Só reforça o quanto a russia está perdida e a estrutura interna é frágil.

Simplesmente não sabem de onde veio a porrada que levaram do Wagner group.

O que reforça a tese que a russia só se mantém pelo vasto arsenal soviético, porque se dependesse da organização do exércicito de branca leona já teriam pedido agua faz tempo.

Que fase!

Camargoer.
Camargoer.
Responder para  Magaren
1 ano atrás

Caro. Acho que é o contrário. O chefe da inteligência dos EUA ligou para o russo para dizer que os EUA não tinham nada a ver com o motim, antes que o boato se tornasse uma crise entre os dois países. Desde a crise dos mísseis de Cuba, os setores de inteligência de muitos países criaram meios oficiais de comunicação, o que antes era realizado exclusivamente pelos meios diplomáticos.

Felipe
Felipe
Responder para  Magaren
1 ano atrás

EDITADO

Underground
Underground
1 ano atrás

Mas é aí?
Os caras falaram durante uma hora e ele não revelou o destino da Ucrânia?
Talvez Kiev, capital do vasto Império da Ucrânia e província da Rússia.
O chefe da espionagem russa, que é um cidadão que ninguém deveria saber se quer de sua existência, vem a público dizer que estava negociando o destino de outro país. Acho que a coisa vai muito mal na Rússia.

Underground
Underground
Responder para  Underground
1 ano atrás

Acho que é o galo dos russos que está sendo cozido. He, He, He.
Já descobriram onde foi parar o General malvadão? E os iranianos estão reclamando que os russos não entregaram os Sukhois prometidos. Que coisa!!!

Slowz
Slowz
1 ano atrás

Logo logo eles começam a vender a rifa .. 😂

LUIZ
LUIZ
1 ano atrás

Se tão apelando pras bombas crusters é porquê a ofensiva foi um fracasso total. Um acordo tem que ser costurado pra por fim a essa guerra.

Camargoer.
Camargoer.
Responder para  LUIZ
1 ano atrás

Caro Luiz. Pelo que consta, os EUA decidiram enviar bombas “cluster” de 155 mm porque os estoques convencionais deste calibre estão baixos. Ao que parece, não foi uma decisão nem estratégica nem tática, mas apenas logística.

Alecs
Alecs
Responder para  LUIZ
1 ano atrás

Senão daqui. Pouco a OTAN tem que agir em defesa da Rússia, né? É cada um que aparece!

Arthur
Arthur
1 ano atrás

É, estão discutindo o que fazer com a Ucrania, diferentes ideias: a Disney compra a Ucrânia da Black Rock e a transforma num parque temático gigante; os dois países dividem a Ucrânia em Ucrânia Ocidental e Oriental; Putin, Zelensky e Biden transformam o país num imenso resort para o Ocidente, com divisão dos lucros por igual, óbvio (ou eliminam o ucraniano ingrato e resmungão e dividem somente entre os dois); o Ocidente oferece o que restou da Ucrânia ao Brasil, em troca da “nossa” Amazonia… No final, só um resultado: Rússia e EUA deixam de lado essa carcaça e vão partir para novas e emocionantes aventuras em algum ponto do globo! Eu acho que já vi esse filme…

Rodolfo
Rodolfo
1 ano atrás

Não, a conversa foi pra evitar uma escalada nuclear. Se as centrais de inteligência não trocarem esse tipo de informação entre si e o lado russo se sentir no escuro, o Putin acuado imaginando que um golpe vai lhe tirar o poder não teria nada a perder e poderia causar uma guerra nuclear. Eles têm 15 mil ogivas termonucleares, e agora ogivas táticas na Bielorrússia.
Os americanos querem a derrota da Rússia na Ucrânia por meios convencionais, como foi no Afeganistão, esse objetivo não mudou.

Camargoer.
Camargoer.
Responder para  Rodolfo
1 ano atrás

Olá R. Exatamente.

Fagundes
Fagundes
1 ano atrás

Deveria haver mais conversas assim…imagina se supostamente essa guerra faz o Warger Group na Rússia ou o Batalhão Azov na Ucrânia virarem, cada um, um novo Taliban. Ainda bem que o Brasil está longe disso.

Underground
Underground
1 ano atrás

Ops!
Chefe da CIA conversou antes com Zelensky.

Rick
Rick
1 ano atrás

A Rússia entrou numa roubada. Putin e os seus puxa-sacos principais ainda acham que podem ter uma vitória militar retumbante. Mas isto fica cada vez mais longe. Hoje a principal questão para os russos é: ” como dar um fim a guerra sem parecer uma derrota?”. É um problema político muito difícil. A Rússia hoje está muito dependente do comercio internacional com poucos países, os mais importantes China e India. Nenhum destes dois estão dispostos a fornecer armas a Moscou ou deixar o país falir. A economia russa já é uma economia de guerra, e com claras deficiências estruturais (alguém já comprou um celular russo ou televisão. Que marcas russas que desenvolvem alta tecnologia vocês encontram para comprar?).

A solução vai ser política, com muita retórica. Mas uma coisa para mim é clara. A aventura russa tem tudo para ser o Afeganistão russo do século XXI.

Rodolfo
Rodolfo
Responder para  Rick
1 ano atrás

Essa guerra está longe de terminar.

Eu acho que comparar Afeganistão (tanto a experiência russa como americana), Vietnã a esse conflito não me parece correta, já que o valor estratégico desses países não era vital para russos e americanos. Os russos vêem o conflito na Ucrânia como existencial. Para os americanos é a chance de acabar com a potência russa de uma vez por todas. Como Brezinski (diplomata polonês americano) escreveu, a Rússia sem a Ucrânia é uma potência regional apenas.

Os ucranianos dificilmente vão expulsar os russos e quanto mais tempo dura essa guerra, mais difícil para qualquer um dos lados conquistar seus objetivos.

Hoje parece difícil imaginar que exista chance para uma solução política já que tanto Putin como Zelensky não aceitariam perdas territoriais.

Os americanos e ingleses estão irredutíveis no apoio aos ucranianos… o Boris Johnson foi a Ucrânia no ano passado enquanto primeiro ministro e proibiu o Zelensky de negociar uma solução política para o conflito.

O Putin também está irredutível no objetivo de conquistar o leste do país e tornar o resto disfuncional. Não se pode subestimar a capacidade dos russos de sacrificar sua própria população e os ucranianos vão ter dificuldade de manter o número de soldados lutando conforme mais pessoas deixam o país, mesmo que tecnologicamente superior com armas do ocidente.

Além disso, para a China quanto mais tempo esse conflito durar, menos atenção os americanos darão para a Ásia, por isso o apoio financeiro aos russos.

Fora o risco desse conflito deflagrar uma 3a guerra, o que não parece ser levado em conta muito.

Provavelmente estamos ainda nos primeiro capítulos desse conflito.

mago
mago
1 ano atrás

Anotem aí! Os russos terão em 2024 (já estão sendo treinados e equipados), 3 milhões de combatentes. Tudo muito bem planejado. Primeiro destruirão (Já destruíram) as melhores formações dos ucranianos e praticamente todo o seu equipamento militar, inclusive tudo o que foi e é fornecido pelos eua/otan. A Ucrânia economicamente já é um estado disfuncional. Os pequeninos países europeus da otan já dão sinais de esgotamento em todas as áreas, coisas que os tornam simplesmente incapazes de enfrentarem a RF (na verdade o BRICS) em todos os setores. O cenário está sendo preparado para a destruição total da Ucrânia em 2024. Lá, em 2024, veremos tropas russas nas fronteiras da Polônia. Anotem aí. O resto é torcidinha infantil. O que eu falei é baseado em análises sérias até mesmo de analistas militares dentro dos eua. Não entendo o porquê da RF nao ter liquidado a Ucrânia numa invasão arrasadora com milhões de tropas e grande poder aéreo. Não entendi…mas quem sou eu para tentar entender os planos e planejamentos econômicos, militares, estratégicos e etc de um país.