China-US-Trade-War

A luta dentro dos EUA coloca grande parte da comunidade empresarial contra Biden e seus conselheiros de política externa “neoconservadores”

Por Richard D. Wolff

As contradições do ataque à China nos Estados Unidos começam com a frequência com que é totalmente falso.

O Wall Street Journal relata que o balão “espião chinês” que o presidente Joe Biden derrubou com imensa fanfarra patriótica em fevereiro não transmitiu de fato fotos ou qualquer outra coisa para a China.

Economistas da Casa Branca têm tentado desculpar a inflação persistente nos EUA, dizendo que é um problema global e que a inflação é pior em outras partes do mundo. A taxa de inflação da China é de 0,7% ao ano.

Os meios de comunicação financeiros enfatizam como a taxa de crescimento do PIB da China é menor do que costumava ser. A China agora estima que o crescimento do PIB em 2023 será de 5 a 5,5%. As estimativas para a taxa de crescimento do PIB dos EUA em 2023, entretanto, vacilam em torno de 1-2%.

O ataque à China se intensificou em negação e auto-ilusão – é como fingir que os Estados Unidos não perderam as guerras no Vietnã, Afeganistão, Iraque e muito mais.

A coalizão BRICS (China e seus aliados) agora tem uma presença econômica global significativamente maior (maior PIB total) do que o Grupo dos Sete (Estados Unidos e seus aliados).

A China está superando o resto do mundo em gastos com pesquisa e desenvolvimento.

O império americano (como sua fundação, o capitalismo americano) não é a força global dominante que já foi logo após a Segunda Guerra Mundial. O império e a economia encolheram consideravelmente em tamanho, poder e influência desde então. E continuam a fazê-lo.

Colocar aquele gênio de volta na garrafa é uma batalha contra a história que os Estados Unidos provavelmente não vencerão.

A ilusão da Rússia

Negação e auto-ilusão sobre a economia mundial em mudança levaram a grandes erros estratégicos. Os líderes americanos previram antes e logo após fevereiro de 2022, quando a guerra na Ucrânia começou, por exemplo, que a economia da Rússia entraria em colapso com os efeitos da “maior de todas as sanções”, liderada pelos Estados Unidos. Alguns líderes dos EUA ainda acreditam que o colapso ocorrerá (publicamente, se não em particular), apesar de não haver tal indicação.

Tais previsões calcularam mal a força econômica e o potencial dos aliados da Rússia nos BRICS. Liderados pela China e pela Índia, os países do BRICS responderam à necessidade da Rússia por compradores de seu petróleo e gás.

Os Estados Unidos fizeram com que seus aliados europeus cortassem a compra de petróleo e gás russo como parte da guerra de sanções contra o Kremlin por causa da Ucrânia. No entanto, as táticas de pressão dos EUA usadas na China, Índia e muitas outras nações (dentro e fora dos BRICS) também falharam. Eles não apenas compraram petróleo e gás da Rússia, mas também reexportaram parte dele para nações europeias.

As configurações de potência mundial acompanharam as mudanças na economia mundial em detrimento da posição dos Estados Unidos.

A ilusão militar

Jogos de guerra com aliados, ameaças de oficiais dos EUA e navios de guerra dos EUA na costa da China podem levar alguns a imaginar que esses movimentos intimidam a China. A realidade é que a disparidade militar entre a China e os Estados Unidos é menor agora do que jamais foi na história da China moderna.

As alianças militares da China são as mais fortes que já foram. Intimidação que não funcionou desde a Guerra da Coreia e desde então certamente não será eficaz agora.

As guerras tarifárias e comerciais do ex-presidente Donald Trump visavam, disseram autoridades americanas, persuadir a China a mudar seu sistema econômico “autoritário”. Se assim for, esse objetivo não foi alcançado. Os Estados Unidos simplesmente carecem de poder para forçar o assunto.

Pesquisas americanas sugerem que os meios de comunicação tiveram sucesso em a) retratar os avanços econômicos e tecnológicos da China como uma ameaça e b) usar essa ameaça para fazer lobby contra as regulamentações das indústrias de alta tecnologia dos EUA.

A ilusão da tecnologia

Claro, a oposição empresarial à regulamentação do governo é anterior ao surgimento da China. No entanto, encorajar a hostilidade em relação à China fornece cobertura adicional conveniente para todos os tipos de interesses comerciais.

O desafio tecnológico da China flui e depende de um enorme esforço educacional baseado no treinamento de muito mais estudantes STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática) do que os Estados Unidos. No entanto, as empresas americanas não apoiam o pagamento de impostos para financiar a educação de forma equivalente.

As reportagens da mídia sobre esse assunto raramente cobrem essa contradição óbvia e os políticos geralmente a evitam por considerá-la perigosa para suas perspectivas eleitorais.

A China bode expiatória junta-se a imigrantes bodes expiatórios, BIPOCs (negros e indígenas de cor) e muitos dos outros alvos habituais.

O declínio mais amplo do império dos Estados Unidos e do sistema econômico capitalista confronta a nação com a dura questão: qual padrão de vida suportará o ônus do impacto desse declínio? A resposta a essa pergunta é cristalina: o governo dos Estados Unidos adotará políticas de austeridade (corte de serviços públicos vitais) e permitirá a inflação de preços e o aumento das taxas de juros que reduzem os padrões de vida e os empregos.

Após o colapso econômico combinado de 2020 e a pandemia de Covid-19, a maioria de renda média e baixa até agora suportou a maior parte do custo do declínio dos Estados Unidos. Esse tem sido o padrão seguido pelos impérios em declínio ao longo da história humana: aqueles que controlam a riqueza e o poder estão em melhor posição para descarregar os custos do declínio na população em geral.

Os sofrimentos reais dessa população causam vulnerabilidade às agendas políticas dos demagogos. Eles oferecem bodes expiatórios para compensar o descontentamento popular, a amargura e a raiva.

Os principais capitalistas e os políticos que eles dominam aceitam ou toleram o bode expiatório como uma distração das responsabilidades desses líderes pelo sofrimento em massa. Líderes demagógicos servem de bode expiatório para velhos e novos alvos: imigrantes, BIPOCs, mulheres, socialistas, liberais, minorias de vários tipos e ameaças estrangeiras.

O bode expiatório geralmente faz pouco mais do que ferir suas vítimas pretendidas. Sua falha em resolver qualquer problema real mantém esse problema vivo e disponível para os demagogos explorarem em um estágio posterior (pelo menos até que as vítimas do bode expiatório resistam o suficiente para acabar com ele).

As contradições do bode expiatório incluem o risco perigoso de que ele transborde seus propósitos originais e cause mais problemas ao capitalismo do que alivia.

Se a agitação anti-imigrante realmente retardar ou interromper a imigração (como aconteceu recentemente nos Estados Unidos), a escassez de mão de obra doméstica pode aparecer ou piorar, o que pode aumentar os salários e, assim, prejudicar os lucros.

Se o racismo também levar a distúrbios civis perturbadores (como aconteceu recentemente na França), os lucros podem cair.

Se o ataque à China levar os Estados Unidos e Pequim a se moverem ainda mais contra as empresas americanas que investem e negociam com a China, isso pode ser muito caro para a economia dos EUA. Que isso possa acontecer agora é uma consequência perigosa da crítica à China.

Trabalhando juntos (brevemente)

Por acreditarem que seria do interesse dos EUA, o então presidente Richard Nixon retomou as relações diplomáticas e outras com Pequim durante sua viagem de 1972 ao país. O presidente chinês Mao Zedong, o primeiro-ministro Zhou Enlai e Nixon iniciaram um período de crescimento econômico, comércio, investimento e prosperidade para a China e os Estados Unidos.

O sucesso desse período levou a China a buscar continuá-lo. Esse mesmo sucesso levou os Estados Unidos nos últimos anos a mudar sua atitude e políticas. Mais precisamente, esse sucesso levou líderes políticos dos EUA, como Trump e Biden, a agora perceberem a China como o inimigo cujo desenvolvimento econômico representa uma ameaça. Eles demonizam a liderança de Pequim de acordo.

A maioria das megacorporações dos EUA discorda. Eles lucraram muito com seu acesso à força de trabalho chinesa e ao mercado chinês em rápido crescimento desde a década de 1980. Isso era uma grande parte do que eles queriam dizer quando celebravam a “globalização neoliberal”. Uma parte significativa da comunidade empresarial dos EUA, no entanto, quer acesso contínuo à China.

A luta dentro dos Estados Unidos agora coloca grandes partes da comunidade empresarial dos EUA contra Biden e seus conselheiros de política externa igualmente “neoconservadores”. O resultado dessa luta depende das condições econômicas domésticas, da campanha eleitoral presidencial e das consequências políticas da guerra na Ucrânia, bem como das reviravoltas em andamento nas relações China-EUA.

O resultado também depende de como as massas de chineses e americanos entendem e intervêm nas relações entre esses dois países. Eles perceberão as contradições do ataque à China para evitar a guerra, buscarão acomodação mútua e, assim, reconstruirão uma nova versão da prosperidade conjunta que existia antes de Trump e Biden?


Este artigo foi produzido pelo “Economy for All”, um projeto do Independent Media Institute, que o forneceu ao Asia Times.

FONTE: Asia Times

0 0 votos
Classificação do artigo
Inscrever-se
Notificar de
guest

80 Comentários
mais antigos
mais recentes Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários
Underground
Underground
1 ano atrás

O texto faz duras críticas, mas não diz quais seriam as soluções. Tampouco considera os problemas contraditórios da própria China. Crítica o modelo capitalista, mas e aí, depois disso? Nada! Reclamam do abate do balão chinês, mas sem abate-lo como saber o que é. E pior, sem concluir nada, subentende-se que a solução seria não confrontar a China.

Esteves
Esteves
Responder para  Underground
1 ano atrás

Não há solução pronta. As demandas caíram, as encomendas caíram, os empregos diminuíram. A única coisa que subiu foram os preços.

Quem comeu meu queijo?

WSilva
WSilva
Responder para  Underground
1 ano atrás

”E pior, sem concluir nada, subentende-se que a solução seria não confrontar a China.”

Por que não confrontaram a China antes? Eu te respondo.

Primeiro porque não acreditavam que a China poderia se tornar o que se tornou.
Segundo porque acreditavam que o progresso economico, pequeno ou grande, tornaria a China uma democracia.
Terceiro porque acreditavam que apos a China se tornar uma democracia ela abriria mão de suas reinvidicações historicas que remontam a séculos e que sempre estiveram na agenda chinesa desde 1912 com KMT e 1949 com o PCCh, mas que os EUA fazem parecer que são reinvidicações recentes para assim dizer que a China é que tenta mudar o status quo.

É por essas razões que a China, na visão do EUA e aqui é bom separar EUA de ocidente, precisa ser confrontada, se tiver 10 países que compartilham de forma natural com essa opinião dos EUA é muito. Possivelmente o time de países que querem confrontar a China é menor do que o time de países que querem ou acham que a hegemonia americana precisa ser confrontada.

A solução desse embate terá que ser encontrada durante o percurso, por ora eles podem apenas evitar uma guerra, que já é um começo.

Camargoer.
Camargoer.
Responder para  Underground
1 ano atrás

Caro Under. Nenhum sistema econômico ou político é livre de contradições. Aliás, Marx apontou as contradições do capitalismo há mais de 100 anos. Ninguém sabe o que virá depois. Muita gente previu que o capitalismo seria substituído pelo comunismo enquanto outros previram que o capitalismo havia triunfado. Um analista prudente evita fazer previsões mas foca a sua atenção sobre o passado. Ainda assim, é uma tentação pensar se o futuro a médio prazo será o triunfo do modelo chinês.

Esteves
Esteves
Responder para  Camargoer.
1 ano atrás

Marx morreu.

Se Marx Estivesse vendo o que passa na China e na Rússia…bilionários e mafiosos disputando mercados, ficaria vermelho de raiva.

Camargoer.
Camargoer.
Responder para  Esteves
1 ano atrás

Pois é.. Marx, Darwin, Keynes, Sagan, Newton, Curie, Eisntein, Hayek, Campos, Friedman. quem continua vivo é o Delfin Netto.

Otto Lima
Responder para  Esteves
1 ano atrás

Os soviéticos usaram o marxismo para tentar confrontar o capitalismo. Os chineses combinaram o marxismo com o confucionismo para moldar o capitalismo conforme seus interesses. É por essas e outras que a China é um império global emergente e a União Soviética ruiu.

Wagner
Wagner
1 ano atrás

A quebra da Evergrande não tremeu nem o pulso da China, mostrando sua muralha de defesa para crises economicas de grande porte. E ainda mandou o dono da Evergrande vender seu patrimonio para pagar dividas da especulação.

Nilton L Junior
Nilton L Junior
Responder para  Wagner
1 ano atrás

Sabe aquela história da corda pra se enforcar, achou que poderia especular sem punição.

Esteves
Esteves
Responder para  Wagner
1 ano atrás

O governo chinês segurou.

Camargoer.
Camargoer.
Responder para  Esteves
1 ano atrás

Caro Esteves. De fato. A grande depressão da década de 30 ensinou que governos devem agir rapidamente para evitar o colapso do sistema econômico durante crises. Assim como os EUA (e praticamente todos os governos do mundo) atuaram na crise de 2008 (e em muitas outras), o governo chinês também tem feito. O custo de deixar o sistema á própria sorte é muito maior. Ainda assim, é preciso entender como são feitos estes processos de intervenção. Há muita crítica sobre o que foi feito nos EUA em 2008, já que a maior parte dos créditos liberados pelo FED ficaram retidos nos grupos financeiros que buscaram assegurar a própria liquidez. No Brasil, os bancos públicos conseguiram sustentar a liquidez do setor produtivo e sustentaram o consumo.

Esteves
Esteves
Responder para  Camargoer.
1 ano atrás

Só tem um jeito. Botar grana. Comprar o prejuízo. Com a outra mão seguir liberando crédito.

Allan Lemos
Allan Lemos
1 ano atrás

Os EUA nāo serāo derrotados pela China, mas por si mesmos. Sua sociedade tornou-se indolente, os inimigos se infiltraram com cavalos de Troia. O resultado é a decadência.

Agora nāo é mais questāo de se, mas de quando a China tomará a coroa.

Underground
Underground
Responder para  Allan Lemos
1 ano atrás

Mas a China sofre o mesmo problema dos EUA: população tornando-se indolente. Parte da população não quer mais trabalhar na indústria. Pior, parte dis jovens não quer trabalhar. Nem estudar. Já ouviu falar no jovem nem-nem?

Franz A. Neeracher
Responder para  Underground
1 ano atrás

A maioria da população chinesa mora em centros urbanos….já faz alguns anos que isso mudou.
Vamos estudar pessoal 🙂

Esteves
Esteves
Responder para  Franz A. Neeracher
1 ano atrás

52% vivem nos centros urbanos.

Franz A. Neeracher
Responder para  Franz A. Neeracher
1 ano atrás

Desde 2012 a população urbana ultrapassou a rural.

O forte crescimento industrial, melhores salários e escolas para os filhos foram os principais fatores que provocaram essa mudança.

https://g1.globo.com/mundo/noticia/2012/01/china-conta-agora-com-mais-populacao-urbana-que-rural-1.html

https://veja.abril.com.br/mundo/maioria-da-populacao-chinesa-ja-vive-em-centros-urbanos

WSilva
WSilva
Responder para  Franz A. Neeracher
1 ano atrás

Você confundiu China com Índia. rs

Franz A. Neeracher
Responder para  WSilva
1 ano atrás

Falanda na Índia, creio que este ano ou no próximo, a população indiana será maior que a chinesa.

Esteves
Esteves
Responder para  Franz A. Neeracher
1 ano atrás

Uma diferença importante é a população economicamente ativa nos dois países. Na China, maior que 60% enquanto na Índia em torno de 50%.

WSilva
WSilva
Responder para  Esteves
1 ano atrás

”Uma diferença importante é a população economicamente ativa nos dois países. Na China, maior que 60% enquanto na Índia em torno de 50%.”

Este dado sobre a Índia está correto?

Li algum tempo atrás que a participação de mulheres indianas no mercado de tranalho é pequena, e mulheres representam 48% da população indiana…

Esteves
Esteves
Responder para  WSilva
1 ano atrás

“A taxa de participação na força de trabalho da Índia, uma estimativa da força de trabalho ativa e das pessoas em busca de trabalho, ficou em 46%, uma das mais baixas da Ásia, segundo dados de 2021 do Banco Mundial. Em comparação, as taxas da China e dos Estados Unidos ficaram em 68% e 61%, respectivamente, no mesmo ano.”

Janeiro de 2023

Esteves
Esteves
Responder para  Underground
1 ano atrás

Pai do céu. Tu tá aqui também?

Esteves
Esteves
Responder para  Esteves
1 ano atrás

Olha…

Escrevermos tontices e tonterias faz parte do ímpeto do ego. Vai na hora.

Mas tu…tu inventa umas que são pura imaginação.

Esteves
Esteves
Responder para  Esteves
1 ano atrás

Olha…nem em Okinawa os americanos desembarcaram 100 mil fuzileiros.

Camargoer.
Camargoer.
Responder para  Esteves
1 ano atrás

Foram 102 mil soldados do Exército e 88 mil fuzileiros.

Esteves
Esteves
Responder para  Esteves
1 ano atrás

Quantos militares tem em 1 divisão?

Esteves
Esteves
Responder para  Esteves
1 ano atrás

Olha…eu vou lavar louça.

Se o país foi invadido pelo mar como é que vai avançar? Vão nadar?

Boa tarde.

Fernando "Nunão" De Martini
Responder para  Esteves
1 ano atrás

L, você está misturando muita coisa e ignorando outras tantas.

Os planos principais do Brasil ao longo de toda a década de 1930 eram reequipar a Marinha (e para esta houve acordos e compras nos Estados Unidos) e o Exército (principalmente este, com compras na Alemanha) para uma possível ameaça Argentina, ou seja, reforçar o Sul, num contexto de forte reequipamento militar argentino buscando hegemonia na América do Sul, com Brasil e Argentina também apoiando lados diferentes na guerra do Chaco entre Bolívia e Paraguai.

Com a guerra começando na Europa em 1939, o fornecimento de armas da Alemanha secou, e o governo Vargas voltou-se de vez aos EUA também para reequipar o Exército. Mas havia resistência no Congresso dos EUA e em leis americanas em vender armamento ao estrangeiro (isso só mudou de vez com a lei do Lend Lease, voltada principalmente para as necessidades do Reino Unido, mas que deveu muito ao relacionamento com o Brasil) .

Conforme os países da Europa Ocidental caíram nas mãos da Alemanha no início dos anos 40 e o foco voltou-se ao Mediterrâneo e Norte da África, os EUA desejavam que o reforço das forças brasileiras fosse no Nordeste, para evitar uma possível ameaça alemã e garantir o abastecimento do norte da África .

O Brasil continuava temendo ataques da Argentina, cuja postura era pró-eixo. Por conta dessa divergência os EUA acenaram que poderiam eles mesmos colocarem tropas para proteger as bases no Nordeste, que já faziam parte de todo o esforço logístico dos aliados. No fim das contas, o desembarque dos aliados no norte da África em 1942 aliviou essa necessidade de defender o saliente nordestino com tropas.

Mais pra frente a postura argentina pró-Eixo (mesmo que oficialmente neutra) acabou levando a Marinha dos EUA a fazer uma demonstração de força, deslocando navios para a região do Prata, o que mostrou que os temores do governo brasileiro não eram de todo infundados. Por essa época, o fornecimento de armas pelos EUA já estava equilibrando melhor as forças do Brasil frente à Argentina.

Todo o processo é bem complexo e não permite leituras simplistas. Não é só “estudar pessoal”, é estudar muito.

Sugiro começar o estudo com a leitura de vários pesquisadores com trabalhos de fôlego e já clássicos sobre essa época, desde brasilianistas como Frank McCann, Stanley Hilton, brasileiros como Gerson Moura, Moniz Bandeira e Mônica Hirst, passando depois para trabalhos mais recentes e assim compreender o panorama completo da época.

Fernando "Nunão" De Martini
Responder para  Fernando "Nunão" De Martini
1 ano atrás

Prezado L,

Eu expliquei o contexto mais amplo e sugeri leitura pois havia muitas falhas no que você escreveu. Não faz sentido separar um fato específico do resto para compor uma narrativa paralela.

Porém, solicito que não continuemos essa discussão pois já fugiu demais do tema da matéria e nenhum vai convencer o outro. Vamos seguir as regras do Blog, está bem?

Numa eventual matéria futura sobre Estados Unidos e Brasil na Segunda Guerra Mundial fará sentido continuar com esse assunto, mas aqui não. E até isso acontecer você poderá seguir seu próprio bordão e estudar as leituras que recomendei.

Esteves
Esteves
Responder para  Underground
1 ano atrás

“Em 1941, há redução das importações brasileiras procedentes da Europa devido ao início da 2º Guerra Mundial. Entre 1939 e 1940, graças ao bloqueio naval britânico, a participação alemã no total das importações brasileiras diminui de 25% para apenas 2%, e, no total das exportações brasileiras, as compras feitas pela Alemanha caem de 19% para 2,8%. Entretanto, no mesmo período, os Estados Unidos aumentam sua participação nas importações brasileiras de 33,6%, em 1939, para 51,9%, em 1940. No lado da exportação, o fenômeno é semelhante, se intensificando, entretanto, a partir de 1941. Neste ano, os Estados Unidos foram o destino de 57% das exportações brasileiras.”

Os EUA não fizeram ameaças de porta-aviões ou de 100 mil soldados ao Brasil.

Pelo amor de Deus…de onde tu tira essas coisas?

JPonte
JPonte
Responder para  Allan Lemos
1 ano atrás

Concordo , serão derrotados , melhor estão sendo derrotados por si mesmo , pela perca dos valores imateriais sobre os quais a sociedade americana foi erguida .
Assistindo de camarote também a debacle da Europa Ocidental , o mesmo não ocorre com a Europa central .
Vamos a China e assistimos o esforço do governo em introduzir valores confucianos e tradicionais num misto com a ideologia maoísta ….. manter ereto seu povo animadamente e onde começa uma nação vitoriosa .

Wagner
Wagner
1 ano atrás

Em PIB bruto é sim.Em PPC é questionavel,principalmente India,Brasil e Africa.

Nilton L Junior
Nilton L Junior
1 ano atrás

De um lado o corrupto complexo industrial militar de outro lado o rentismo especulativo e na outra ponta os que investiram em produzir na China para ter ganho na venda de seus produtos, inclusive com apoio dos bancos Chineses.
A economia da China tem relação com a economia americana a questão é quem esta preparado para sair da dependência.

Esteves
Esteves
1 ano atrás

Não está dando certo.

Os negócios estão em queda por conta do baixo crescimento das economias que vem afetando o consumo. A única forma conhecida para recuperar as vendas é reduzir preços. Grandes marcas com negócios bilionários na China reclamam da concorrência do dowsizing nos preços. Pepsi, Coca, Adidas, GM, Apple, Starbucks. E o que essas marcas pode fazer contra concorrentes domésticos com preços menores se o poder de compra está diminuindo? A China não está crescendo da forma otimista que muitos pensavam.

Levar navios de guerra ao Mar da China vai obrigar a China a crescer mais?

A primeira reação do comprador é procurar preços menores. A segunda reação é procurar marcas com preços menores e isso afeta os lucros.

Ao final da pandemia houve uma celebração pela volta do consumo. Passados dois anos as vendas ainda estão tímidas enquanto os preços não param de subir. O que está acontecendo? Por que preços não recuam? Porque os governos não tem mais reservas para financiarem o crédito.

Houve guerra pelo ópio, fizeram guerra pela Coca-Cola (um filme divertido dos anos 1960) na ex URSS, invadiram Kuwait e Iraque pelo petróleo, disputaram o gás no Afeganistão. A guerra na Indochina deu-se pela heroína contaram no filme de Mel Gibson Conair, depois substituído por outro com Nicolas Cage.

A guerra na Ucrânia tem ajudado. Mas não muito. Negócios de Defesa cresceram mas não passaram de 2 dígitos.

Trump tentou com a Huawei. Biden pressionou pela indústria de semicondutores até a Qualcomm conformar-se e desistir de mostrar tendências positivas nos planejamentos. Simplesmente, não está acontecendo.

A tecnologia está cobrando um preço elevado pela incorporação das inovações nos produtos. O que os leitores do Poder Naval pedem? Recuperação da construção naval nativa com navios menores e mais simples. Isso vai contra o momento tecnológico atual que deseja incorporar compartilhamentos e cooperações autônomas.

A indústria pressiona para vender soluções de última geração por preços cada vez maiores. Governos comprometidos com orçamentos comprometidos pela baixa eficiência e pelo alto gasto social não encontram alternativas exceto subir impostos e reduzir investimentos em infraestrutura.

A solução foi a China. Bora pra China vender com custos baixos e preços altos. Acabou. Não existe nenhuma previsão que as vendas domésticas na China serão melhores que 1 digito.

Bora pra guerra? Isso dependerá se o mundo for capaz de ajustar acordos de tarifas atendendo pressões e lobistas domésticos versus desempenhos econômicos que querem preços menores cabendo dentro de rendas menores e empregos em falta.

A América do Sul tenta um acordo de tarifas com a CE desde 1998. A América teria ido a guerra e foi a guerra por menos mas a AS pouco pode fazer contra a Europa. Contra a China a América parece estar confusa…como o Brasil que após 23 anos ainda não sabe como superar a concorrência europeia.

Do jeito que os negócios estão, parece que fazer guerra contra a China não fará diferença exceto aumentar rombos fiscais e afastar as elites políticas das empresas que dependem do lucro para continuar a existir. Lucro depende de vendas e vendas dependem das demandas.

China, teu outro nome foi lucro. Cadê você?

Esteves
Esteves
1 ano atrás

É isso que querem. Vender.

Camargoer.
Camargoer.
1 ano atrás

Caro Raul. Alguns analistas (com os quais concordo) apontam que os EUA cometeram uma série de erros ao usar a sua moeda como meio de sanção. Até há alguns anos, o dólar era usado como meio de pagamento internacional consolidado, contudo a partir do momento que os EUA passaram a emprega-lo como meio de sanção contra diversos países (como a Venezuela e a Rússia), isso abalou a estabilidade do comércio exterior, levando a uma ampla discussão pelo mundo por uso de outras moedas. O acordo de Bretton Woods adotou o dólar lastreado pelo ouro como moeda para o comércio exterior. Quando Nixon abandonou o padrão ouro, permitindo uma ampliação da base monetária para o dólar, isso impulsionou o comércio mundial. Toda uma geração estava acostumada a usar o dólar. Havia uma atmosfera de confiança no dólar como reserva de valor internacional. Contudo, as sucessivas sanções aplicadas pelo governo dos EUA abalaram esta confiança no dólar. Talvez o mais grave tenha sido o confisco das reservas de ouro da Venezuela depositadas em bancos ingleses. O atual cenário de dissonância em torno do dólar como meio de transação internacional cresceu rapidamente. Lembro inclusive das ameaças de Saddan de adotar o Euro para o comércio de petróleo um pouco antes da invasão ordenada por BushJr (alias Dick)

Esteves
Esteves
Responder para  Camargoer.
1 ano atrás

A China não é o Iraque.

Camargoer.
Camargoer.
Responder para  Esteves
1 ano atrás

De fato. Nem a Russia é a ex-URSS e nem o Brasil é a Argentina. Mencionei o Iraque como exemplo de como a questão do uso do dólar como moeda de referência para o comércio exterior foi um resultado da reorganização da economia mundial após o fim da II Guerra, quando os EUA representavam cerca de 60% da produção industrial do mundo. Contudo, a partir do momento no qual os EUA passaram a usar o dólar como meio de sanção econômica, isso reverteu a aparente neutralidade do dólar como padrão internacional. A partir do momento que a China passa a ser o principal parceiro econômico dos países e que o dólar perde a sua neutralidade econômica, isso viabilizou a diversificação de moedas para o comércio exterior. É curioso lembrar que o euro tem pouco mais de 20 anos.

Camargoer.
Camargoer.
Responder para  Camargoer.
1 ano atrás

Caro L. De fato, é sempre muito bom estudar e ler. Isso continua sendo uma excelente ideia. Voltando ao tema, o Brasil e a China assinaram um acordo no inicio deste ano para que os dois países possam realizar o comércio exterior usando suas moedas locais por meio da China Interbank Payment System (Cips), um sistema alternativo ao Swift, dispensando a necessidade do dólar. Assim, o importador chinẽs paga em yuan e o exportador brasileiro recebe em real. e vice versa. Estudar é realmente bom.

Esteves
Esteves
Responder para  Camargoer.
1 ano atrás

Isso.

Sulamericano
Sulamericano
Responder para  Camargoer.
1 ano atrás

Caro Camargo,
Muito boa as suas colocações.
De fato, se o mundo migrar do sistema dólar/SWIT para outro sistema (pode ser o Chinês) vai ser mais alguns pregos no caixão do império norte americano.

Mas esse movimento tem que ser liderado pela China, Rússia e Índia (Brasil só vai de carona).
Qualquer outro país que não seja uma potência nuclear não tem cacife pra fazer isso.

Muammar Gaddafi já serviu de lição pra muita gente.

Camargoer.
Camargoer.
Responder para  Sulamericano
1 ano atrás

Gaddafi e Saddan… entre outros. Provavelmente, nenhuma moeda será adota em substituição ao dólar como meio de troca internacional. Provavelmente, o comércio internacional empregará diversas moedas nacionais junto com moedas virtuais. Por exemplo, o comércio entre o Brasil e a Argentina pode ser feito em dólar, pelo modo tradicional, pelas moedas locais por meio de uma câmara de compensação bilateral e há uma discussão para a criação de uma moeda de referência virtual (só existe como taxa de conversão) para todo o Mercosul. O banco dos BRICS está avaliando adotar uma moeda virtual. Aliás, essa era a proposta de Keynes (que foi derrotado) em Bretton Woods. Creio que é um caminho sem retorno. O gargalo ainda é comércio de petróleo e gás pela OPEP. Há uma situação estranha porque ao mesmo tempo que a OPEP adotava o dólar como moeda para comercializar petróleo, os EUA passaram a sancionar alguns países membros por usarem o dólar. Olha a encrenca.

Esteves
Esteves
Responder para  Camargoer.
1 ano atrás

A soja que o Brasil exporta é farelo. Ração. Não tem valor agregado.

Os maiores compradores de milho do Brasil são Irã, Egito, Japão e Espanha.

O maior importador de carne do Brasil é a China. Mas essa alta participação também é uma vulnerabilidade assim como o minério de ferro.

Vender para outros mercados só depende de nós.

Esteves
Esteves
Responder para  Camargoer.
1 ano atrás

Sim.

Mas até aonde o dólar tem influenciado a decisão do governo chinês em crescer abaixo das previsões afetando os negócios das empresas norte-americanas?

Qual sanção econômica poderia haver contra a China e suas reservas de 3 trilhões de dólares sem afetar as bolsas em todo o mundo?

Eu acho que não existiu neutralidade do dólar. Existiram condições favoráveis às empresas norte-americanas que foram buscar custos menores na China. Mas custos menores significam algo quando existem volumes nos negócios. Com demandas reduzidas e as empresas norte-americanas na China pouco podendo fazer (acelerar o crescimento depende do governo chinês) exceto reclamar, restaria aos EUA taxar os ganhos chineses nas bolsas norte-americanas.

Camargoer.
Camargoer.
Responder para  Esteves
1 ano atrás

Caro Esteves. Há dois sentidos para a palavra “neutralidade” do dólar. Uma delas é no sentido da relação de valor. Geralmente, o câmbio flutua entre extremos de valorização e desvalorização. A ideia de taxa neutra (assim como a ideia de taxa de juros neutra) é um conceito. Na prática, este valor é arbitrado o tempo todo. O outro sentido (aplicado por mim) é o de um meio de troca conversível e amplamente aceito, que foi proposto em Bretton Woods, inclusive lastreando o dólar em ouro, que serviria de garantia de conversibilidade. O dólar funcionou deste modo até mesmo após o fim do lastro em ouro, ainda que a elevação das taxas de juros nos EUA durante as crises do petróleo tenham afetado o mundo todo. A crise da dívida externa na década de 80 foi resultado da deterioração da ideia do dólar como moeda internacional. Hoje, os países estão chegando a um novo consenso sobre a necessidade de implementar alternativas ao dólar no comércio exterior e parece-me que esta tendência é irreversível.

Esteves
Esteves
Responder para  Camargoer.
1 ano atrás

Mestre,

Isso é antigo. Tem mais de 50 anos. Hoje o dólar vale o que está estampado. O problema é o que comprar com esse dólar.

O que os países estão tentando fazer é eleger moedas nacionais como compensatórias nas transações regionais.

China e Rússia tem sido o maior alarde. O Brasil pegou carona porque a Argentina não tem dólares.

O modelo proposto e altamente conversível segue sendo o dólar e tão cedo não será substituído. Se fosse…se…por qual moeda? Euro? A Alemanha tem reservas suficientes de euros para bancar essa conta?

Camargoer.
Camargoer.
Responder para  Esteves
1 ano atrás

Olá. Segundo Mao Tse Tung, a Revolução Francesa é um evento ainda muito recente na história para ser avaliado.

Jorge Cardoso
Jorge Cardoso
Responder para  Camargoer.
1 ano atrás

Acho que não foi o Mao. Conheço essa “estória” como dita por um diplomata chinês, quando da visita do Tricky Dicky em 72.

Camargoer.
Camargoer.
Responder para  Jorge Cardoso
1 ano atrás

Caro. Como não tenho a referência original, acabo usando um artigo da Folha de São Paulo de 2002. Talvez esteja errado, mas a ideia por trás da frase é muito boa. “https://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz0909200204.htm

Underground
Underground
Responder para  Esteves
1 ano atrás

Não há moeda que sirva para substituir o dólar, pelo menos por hora. Moeda chinesa? Se todo Mundo resolver usar a moeda chinesa, primeiro o governo chinês terá de deixar a moeda flutuar e, segundo, em algum momento a moeda irá começar a se valorizar, tornando os produtos chineses mais caros. Produtos chineses não são baratos porque os chineses ganham pouco, são baratos porque sua moeda está desvalorizada por controle estatal. O poder de compra do trabalhador chinês já supera em muito o fo brasileiro, como exemplo.

Camargoer.
Camargoer.
Responder para  Underground
1 ano atrás

Caro Under. Até então, a ideia era que as importações e exportações fossem feitas em dólar, que serviria de meio de troca. Hoje não mais. Os países estão organizando suas próprias Câmaras de Compensação, tanto para relações bilaterais quando para transações em bloco. Isso nada tem a ver com paridade de poder de compra ou taxa relativa de câmbio. Se antes era necessário que o importador tivesse dólares (ou divisas) para pagar a importação, agora o importador paga em sua moeda local e o exportador recebe em sua moeda local por meio de uma Câmara de Compensação mantida pelos respectivos Bancos Centrais, isso tudo de modo remoto e digital. Não há necessidade nem de troca física de moeda e nem é preciso que exista qualquer lastro em ativos, seja dolar, ouro ou euro.

leonidas
leonidas
Responder para  Camargoer.
1 ano atrás

Além do ponto de vista meramente econômico que ainda força as nações a usar o dólar, o que conta realmente na tal desdolarização mundial não é exatamente só o fator monetário.
O fato é que todos os sistemas no poder mundial fora do eixo da Otan se notaram seriamente ameaçados com o uso do dólar como arma de sanção politica.
Logo para estas nações o maior incentivo a desdolarização é garantir a própria pele daqueles que mandam no regime.
É por isso que você vê OM, África, e demais paises convergindo para tentar criar mecanismos que os permitam atenuar a dependência do dólar.
Ou seja a ameaça ao padrão dólar vem do instinto de auto proteção dessas lideranças, isso é que torna realmente perigoso o futuro no médio longo prazo para o dólar.
Se o assunto fosse meramente financeiro nenhuma das ditaduras árabes ou africanas e asiáticas ou regimes totalitários do mundo estariam dando a mínima para criar uma cesta de moedas que os permitam se manter no poder caso Washington decida ´sancionar seus respectivos países.
A questão agora deixou de ser monetária e virou seguro de vida para estes regimes e é por esta razão que se eu fosse norte americano iria tratar de ficar preocupado… rs

Camargoer.
Camargoer.
Responder para  leonidas
1 ano atrás

Olá Leônidas. Exatamente. A partir do momento que os EUA abandonaram o padrão ouro, consolidou-se um novo modelo de comércio exterior. Por anos, o dólar se manteve como moeda por conveniência estrutural e pela confiança na neutralidade do dólar como moeda internacional. A partir do momento que os EUA passaram a adotar sanções e também a expandir a sua legislação penal às empresas que utilizam o dólar, independente de onde elas se localizam, o dólar perdeu sua função de reserva de valor. Parece-me inevitável que o comércio exterior migre para um sistema de compensação multipolar. A facilidade das transações digitais viabilizou este tipo de compensação. O caso da Argentina mostra que o FMI não é mais capaz de atuar para aquilo que foi criado, que era uma instância garantidora de divisas para o comércio exterior, talvez porque ele também se tornou refém do modelos dolarizado. Keynes propôs (e foi derrotado) em Bretton Woods um modelo de moeda virtual para a compensação do comércio exterior. Estou com a impressão que chegou o momento de adotar aquele modelo proposto por ele.

Vitor
Vitor
Responder para  Camargoer.
1 ano atrás

Você acredita em que escreveu .

Esteves
Esteves
Responder para  Camargoer.
1 ano atrás

Washington fez guerra pelo petróleo, pelo dólar, pelos mercados, pelas empresas norte-americanas. Dessa vez o oponente é a China e pela primeira vez parece que a balança está equilibrada.

Ou até desfavorável.

Underground
Underground
1 ano atrás

Problemas da China: endividamento, má alocação de recursos, envelhecimento da população, dificuldade em manter o crescimento.
No início do século passado os argentinos achavam que em vinte anos passariam a economia chinesa. No final do século passado o Japão achava que ultrapassaria a China. No início desse século todos acham que a China vai passar os EUA, que sua moeda vai substituir o dólar.

Magaren
Magaren
Responder para  Underground
1 ano atrás

China só passou o Japão em 2010.

JPonte
JPonte
Responder para  Underground
1 ano atrás

Pode ser fatal no médio prazo para a China sua política de filho único …..
Seu exército hoje é formado por filhos únicos … a força da família na China e a perca de filho único na China e algo que o governo central chinês considera muito seriamente e fará tudo para evitar um confronto …
Estimulam hoje famílias maiores … mas os mais jovens não se veem tentado … nada é perfeito !

Underground
Underground
1 ano atrás

Ops! Japão achava que passaria os EUA.

Maurício.
Maurício.
Responder para  Underground
1 ano atrás

Só tem um detalhe, o Japão não é a China…

WSilva
WSilva
Responder para  Underground
1 ano atrás

”Ops! Japão achava que passaria os EUA.”

Como é que um país ocupado vai ultrapassar o país que o ocupa?

Esteves
Esteves
Responder para  WSilva
1 ano atrás

Acho que ele se referiu a antes da guerra.

WSilva
WSilva
Responder para  Esteves
1 ano atrás

Ele disse ”final do século passado”.

JPonte
JPonte
1 ano atrás

Após leitura deste excelente artigo , com o qual concordo , minhas preces vão para que a transição entre um poder dominante para outro poder dominante não ocorra desta vez como sempre no passado , através de guerras que confirmam o fato … exceção foi do Reino Unido aos EUA , mas aí eles eram primos quase Irmaos a época ….
Vejamos .. torçamos !

Esteves
Esteves
1 ano atrás

O embargo e as sanções norte-americanas contra o Japão aconteceram antes da guerra e tiveram como origem a expansão industrial nipônica desde os anos 1910 que culminaram na duas invasões à China.

Embargos e sanções são sempre motivos. Não consequências.

Bosco
Bosco
1 ano atrás

Artigo superficial , infantilizado e parcial.
*Parece que foi redigido por um jovem de 17 anos que mora sozinho (às custas do pai opressor).

Vinicius Momesso
Vinicius Momesso
Responder para  Bosco
1 ano atrás

_______

COMENTÁRIO APAGADO. DEBATA OS ARGUMENTOS SEM FAZER ATAQUES PESSOAIS. LEIA AS REGRAS DO BLOG:

https://www.forte.jor.br/home/regras-de-conduta-para-comentarios/

Luiz Paulo
Luiz Paulo
Responder para  Bosco
1 ano atrás

Mais um artigo que quase dá pulos de alegria pela “queda” do ocidente e ascensão de uma “nova ordem”, e ainda ignora completamente o que acontece de (muito) ruim para os indivíduos dentro dos “representantes” dessa nova ordem.

É por pessoas assim (com palco e influência 24h no “mainstream”) que Wokes e China vão conseguir o que querem.

Enquanto podemos vamos conversando.

Leonardo
Leonardo
Responder para  Bosco
1 ano atrás

Ficou emocionado!!!!

Quer dizer que os argumentos são infantis, porque simplesmente fala a realidade que vc não que ver, ouvir ou ler, certo?

Agora, quando a mídia mainstream do ocidente utiliza a fala de um membro do departamento de Direito Humanos da ONU, que afirma que a região autônoma Uigur de Xinjiang há campos de concentração com 2 milhões de pessoas confinadas sem qualquer evidência física ou material, sendo que o autor da denúncia Gay Mc Dougall que utiliza como fonte de informações um intelectual alemão de extrema direita radicado nos EUA que nunca pisou na China. Isso pode?

Sem contar as idiotices que saem sobre a Rússia no conflito com a Ucrânia, que só tinha munição para uma semana de combate, que os soldados estavam lutando com pás, do fantasma de Kiev, do Velho da Espingarda, que o Prighozin iria tomar Moscou com 25 mil soldados, quantos anos teria esse pré adolescente que escreve essas matérias?

12 anos?

Ou seria outro jovem mancebo de 17 anos sustentado pelos país, que acha que sabe tudo da vida, de política, geopolítica, porque se tornou expert em praticamente, depois que passou a ser assinante da Brasil Parelelo?

O mais engraçado disso tudo é que cerca de 80% do que é notícia no ocidente saem de três agências: Associetad Press, Reuters e France Press.

Ou seja, uma total transparência e imparcialidade. 😂😂😂😂

Vitor
Vitor
1 ano atrás

Quanta discrepância entre a mídia ocidental e a do extremo Oriente
A primeira é arrogante e hipócrita com suas falácias com o intuito de manter seu domínio ,o segundo mostra uma realidade e a transformação econômica juntamente com o sul global que estão cansados de serem explorados.

Agressor's
Agressor's
1 ano atrás

Os Estados Unidos já estão com uma dívida de 30 vezes o PIB dele, gostar dos estadunidenses é uma coisa, não compactuar com a realidade é outra coisa. Os eua estão entrando em declínio tanto econômica quanto geopoliticamente! E a pergunta que não quer calar é, até quando o braziu vai se comportar como fazendão/curral de potências estrangeiras?

Os estadunidenses para reverter o quadro em que se encontram podiam voltar a trabalhar, como fazem os chineses, em vez de viver de especulação na bolsa. O PIB dos eua em 2022 US$ 25.035 trilhões o da China US$ 18.321 trilhões. O fôlego dos eua vem do dólar como reserva de valor e moeda de negócio entre os países. Quando isso mudar e vai mudar vamos ver o que vai acontecer com a economia estadunidense!

A dívida pública dos eua sobe na ordem de US$ 1 trilhão por ano. E qual economia é mais sustentável? Dos EUA ou da China? Qual das duas economias está dando sinal de esgotamento ou declínio? Qual das duas economias é a mais forte hoje?

Camargoer.
Camargoer.
Responder para  Agressor's
1 ano atrás

Caro. Segundo a página do Depto do Tesouro dos EUA, a dívida publica deles é da ordem de US$ 32,4 trilhões, sendo o PIB de 2022 da ordem de US$ 25,4 trilhões, o que dá uma razão dívida/PIB de 1,3, ou 30% acima do PIB.

Agressor's
Agressor's
Responder para  Camargoer.
1 ano atrás

É 5 trilhões do Brasil contra 165 trilhões dos eua, é uma diferença grande. O pib e dívida pública não tem nada haver uma coisa com a outra, vc deve relacionar balanço fiscal com a dívida de um país, balanço fiscal é quanto que o governo daquele país arrecada e gasta e os euas só tem déficit a décadas, o que adianta ter um pib alto se o governo só tem déficit fiscal?! E amigo, olha as ruas do eua que vc vai ver que ele está falindo esse pib dele é falso!

O Brasil a décadas tem um balanço fiscal equilibrado, nem ganha e nem perde, temos reservas de tesouro de trilhões. Os eua estão em decadência fiscal a anos, e o Brasil o fiscal só sobe. É igual uma pessoa consumista que se endivida no cartão de crédito, uma hora a conta chega. Lembre-se pib e fiscal são coisas completamente distintas. Podem investir pesado no real a médio prazo e no yuan a longo prazo sem medo, depois que a bolha do dólar estourar até 150% já mete entre 30 a 60% do capital nele a longo prazo!

Na minha opinião é uma divida impagável, por isso os países têm que se desdolarizar aos poucos, não fazerem mais reservas em dólares. O ponto que isso aconteceu nos governos anteriores e continua nesse e não é só simplesmente ele pagar uma dívida gigante, ele tem que inverter seus gastos e receitas do governo, uma missão impossível para o tamanho do país que se tornou os eua.

É irônico se não fosse trágico pensar que um pais que buscou ser grande vai ser destruído pela sua própria grandeza. Quem entende de finanças sabe que a economia atual é a maior pirâmide financeira de toda a história da humanidade. Sabe o que é efeito cantilon? Vc paga pela dívida dos eua e nem sabe, a alternativa seria eles pararem de fazer dívidas mas isso não vai acontecer, então o certo é eles irem a falência mesmo.

Todo grande império cai por não conseguir manter suas fronteiras. O fim do dólar está mas próximo do que nunca, que a hegemonia dos eua acabe logo…

SmokingSnake 🐍
SmokingSnake 🐍
Responder para  Agressor's
1 ano atrás

Tirou essa informação totalmente falsa da sputnik news ou alguma mídia estatal chinesa ou alguma mídia br comprada pelo PT

A Venezuela que é um exemplo para vocês tem uma dívida em relação ao pib muito maior que a dos EUA.

Agressor's
Agressor's
Responder para  SmokingSnake 🐍
1 ano atrás

Gastar mais do que arrecada isso é básico e matemática. Vivemos num universo regido por leis naturais e a economia também está sujeita a essas leis. Esse castelo de cartas vai desmoronar em algum momento, imagine todo mundo faz reserva em dólar e o fabricante do dólar não tem reservas! Mas a dívida deles é em dólares e adivinha só quem emite dólares, né!? Só não falem porque imprimem dinheiro de forma indiscriminada sem fundo. Elevar o teto da dívida e imprimir dinheiro é fácil! A economia dos eua hoje não passa de um embuste, de um tigre de papel….

Camargoer.
Camargoer.
Responder para  Agressor's
1 ano atrás

Caro Agressor. É um erro supor uma relação matemática direta entre arrecadação e gasto público. É mais complexo que isso. Os gastos púbicos podem ser divididos em três grupos. 1. Investimento, 2. Custeio e 3 Pessoal. Gastos com investimento resultam em aumento da arrecadação futura, portanto mesmo que sejam feitos por meio de dívida pública, são gastos que se pagam. Por exemplo, Itaipu foi construída por meio de uma dívida, a qual se pagou no início deste ano. Outro tipo de gasto é o custeio. Ainda que ele mesmo gere algum tipo de arrecadação direta e indireta, é o tipo de gasto que demanda alguma arrecadação adicional. Este é o tipo de gasto que precisa ser sempre otimizado e a não ser em casos excepcionais (uma crise sanitária, um desastre natural, uma guerra), deve ser sustentando por arrecadação. Contudo, como expliquei, existem momentos nos quais é preciso sustentar os gastos de custeio por meio de dívida de médio ou curto prazo. Por fim, existem os gastos com pessoal. No Brasil, estes gastos são de três tipos. 1, servidores públicos ativos. 2 servidores públicos inativos. 3 trabalhadores inativos. Os gastos previdenciários pagos pelo governo para os trabalhadores aposentados no setor privado é do tipo solidário. Quem está na ativa contribui para a previdência e estes recursos são usados para pagar as aposentadorias. No caso dos aposentados do setor público, as aposentadorias são pagas com recursos da arrecadação por meio dos gastos orçamentários. De modo geral, ela é sempre deficitária porque o número de servidores ativos é restrito. Os gastos com pessoal ativo também são oriundos de arrecadação indireta. Os serviços públicos (escola, saúde, segurança) são isentos de impostos, ainda assim são contabilizados no PIB. Por isso, os salários são custeados pela arrecadação de impostos sobre outros setores.

Camargoer.
Camargoer.
Responder para  SmokingSnake 🐍
1 ano atrás

Caro. São quatro coisas diferentes. 1. PIB, 2. Dívida pública. 3. Razão Dívida/Pib e 4. Reservas cambiais. Atualmente, a Venezuela tem uma razão dívida/PIB perto de 200%. Este valor estava estável até 2014 em torno de 50%, desde então tem crescido ano a ano. Este aumento na rezão diívida/PIB acompanha a redução do PIB, que estava em torno de US$ 360 bilhoes em 2014, caindo para cerca de US$ 100 bilhões em 2020, ficando neste patamar desde então. Isso significa que a dívida era de US% 180 bilhões em 2014 e agora é da ordem de US$ 200 bilhões. Então, não houve descontrole sobre a dívida, mas uma brutal recessão que derrubou o PIB em 60%

Alecs
Alecs
1 ano atrás

Parei de ler aqui “é como fingir que os Estados Unidos não perderam as guerras no Vietnã, Afeganistão, Iraque”. O autor é tão parcial quanto o Tonho era.

Otto Lima
Responder para  Alecs
1 ano atrás

Prove com evidências historiográficas concretas que os EUA não perderam essas guerras. Não vale citar Brasil Paralelo, nem Olavo de Carvalho!