Ukraine Counter ofensive

Foto: Libkos/AP

Rodolfo Laterza [1]

Ricardo Cabral [2]

1 – Introdução

Em 3 de junho de 2023, teve início a aguardada ofensiva ucraniana para retomada dos territórios ocupados pela Federação Russa finalmente, com uma operação de reconhecimento em força a partir de Orekhov e ao sul de Velaya Novoselka. O objetivo das colunas blindadas ucranianas era romper a primeira linha de defesa das forças russas que se estende ao longo de todo setor de Zaporizhzhia e sul de Donetsk.

Até 7 de junho de 2023, as tropas ucranianas realizaram diversas operações ofensivas, sofrendo significativas perdas em tanques e blindados, notoriamente Leopards 2A4 e veículos de combate de infantaria norte-americanos (infantry fighting vehicle, IFV) Bradley M2.

2 – Preparação da ofensiva

Via de regra, as formações de combate das tropas ucranianas são cobertas pelas forças de defesa aérea. Para as Forças Armadas da Ucrânia (FAU), como um exército moderno, onde as forças terrestres são de importância decisiva, a cobertura das tropas pelas forças de defesa aérea é uma questão essencial para o sucesso das operações tanto na posição de defesa, quanto no ataque de colunas blindadas e de infantaria blindada/mecanizada.  A movimentação dos sistemas de defesa aérea tornou-se um dos muitos sinais de preparação para a ofensiva nos dias anteriores a 3/6/23. Nas semanas anteriores as forças ucranianas implantaram diversos sistemas de defesa aérea de curto alcance de modelo soviético (por exemplo, o sistema de defesa antiaéreo móvel de curto alcance Osa-AKM)

Um pouco mais tarde, foi registrado o aparecimento (e posterior derrota por drones kamikaze como Lancet 3 e aeronaves de combate como Su-25SM3) dos sistemas de defesa aérea de médio alcance S-300 na zona da linha de frente.

Imediatamente antes da ofensiva, armas mais modernas da OTAN apareceram poucos quilômetros antes da linha de contato. No dia 6 de junho de 2023, por exemplo, foi instalado a cerca de 25 km da linha de contato o sistema de defesa aérea alemão IRIS-T SLM (posteriormente destruído por drone kamikaze Lancet 3), transferido para a Ucrânia para organizar a defesa aérea sobre Kiev e áreas estratégicas.

O alcance de lançamento de mísseis deste sistema de defesa aérea é de cerca de 40 km, o que significa que, para controlar pelo menos parte do espaço aéreo sobre as posições das Forças Armadas Russas, as tropas ucranianas o posicionaram próximo à linha de frente. A transferência do sistema de defesa aérea e sua implantação foram registradas por drones em função ISR (Intelligence, Surveillance e Reconnaissance, cabendo aos drones Lancet atacarem o sistema de defesa aérea alemão quase imediatamente.

Uma parte significativa do equipamento, incluindo os tanques Leopard 2A4 e Leopard 2A6 foram usadas na direção de Zaporozhye em pequenos grupos blindados dispersos de composição mista. Em alguns casos, veículos blindados com rodas principalmente veículos blindados de transporte de pessoal como o APC (armored personnel carrier) norte-americano M-113 partiram para o ataque, sem o apoio preparatório de artilharia, sendo nesta fase inicial registrados grupos com uma proporção de veículos blindados leves com rodas em proporção de 10 para 1 em relação aos MBTs (Main Battle Tanks).

Ao mesmo tempo, os grupos mecanizados das FAU não incluíram equipamentos suficientes de engenharia para remoção de minas, e os próprios MBT Leopards foram inicialmente transferidos para a FAU sem varreduras de campos de minas e IED (Improvised Explosive Device), dispositivos que são extremamente necessários em operações ofensivas em áreas minadas.

Em vários casos, as FAU conseguiram romper apenas um corredor estreito na saliência de Vreminsky, em cuja entrada se acumulavam cerca de oito a dez equipamentos, favorecendo destruição por barragens de artilharia russas. Tais colunas mecanizadas eram visíveis do ar e quase instantaneamente atingias por artilharia, tripulações de sistemas ATGM ou pelos helicópteros de aviação do exército russo Ka-52.

Além disso, sabe-se que os grupos blindados se deslocavam por terrenos minados e descobertos como no eixo de Zaporizhzhia acabam se movendo por estradas, o que limita sua capacidade de manobra e os torna um alvo fácil para a artilharia e a aviação do exército inimigos.

De acordo com dados preliminares, devido à falta de equipamentos de engenharia e reconhecimento do início da ofensiva, a perda de blindados ucranianos nos primeiros quatro dias já excedia a 300 unidades, dentre tanques, veículos blindados de diversos e utilitários.

Uma linha defensiva de várias dezenas de quilômetros foi estruturada desde dezembro pelo Estado-Maior das Forças Armadas da Federação Russa conforme planejamento estabelecido pelo General Sergei Surovikin, até o momento tem se mostrando eficaz.  Ao mesmo tempo, a maioria das tropas ucranianas envolvidas até o momento foram transferidas de outras áreas ou formadas a partir de unidades mobilizadas e não as treinadas nos países da OTAN. Segundo informações colhidas em nossas pesquisas, a motivação dessas unidades mobilizadas, para dizer o mínimo, é baixa, o que afetou diretamente o resultado da ofensiva.

Outro desafio tem sido a operacionalidade e eficácia dos sistemas de comunicação das forças ucranianas, pois em função da saturação de sistemas de guerra eletrônica (Electronic Warfare, EW) pelas forças russas no perímetro operacional, as unidades de combate ucranianas sofreram sérios problemas desde os primeiros dias da ofensiva, com sinais de GPS (Global Positioning System) irregulares, canais de controle travados e coordenação de UAVs (Unmanned Aerial Vehicle) prejudicada.

Segundo analistas, o planejamento da operação no eixo de Zaporizhzhia e na área sul de Donetsk (mais precisamente a oeste da cidade- fortaleza de Vuhledar), as FAU esperavam passar rapidamente pelos campos minados e penetrar na área de defesa, desdobrando subsequentemente as reservas situadas à retaguarda. Tal estratégia não funcionou – e agora o comando ucraniano terá que improvisar e ajustar o planejamento para verificar as vulnerabilidades na linha de defesa russa e formar um ataque em profundidade que rompa as três camadas de defesa russa.

Um dos resultados dessa improvisação foi uma tentativa de usar os sistemas múltiplos de lançamento de foguetes (Multiple Launch Rocket System, MRLS) M142 HIMARS (High Mobility Artillery Rocket System) nas áreas fortificadas avançadas das Forças Armadas de RF com munições guiadas convertidas GLSDB (Ground Launched Small Diameter Bomb), porém, devido à limitação do quantitativo de destas munições, os resultados tem sido modestos em comparação com os sistemáticos e seletivos ataques a pontos de implantação de forças e postos de comando durante as etapas preparatórias da ofensiva da região de Kherson no eixo à margem direita do Rio Dnieper. Ademais, há diminuição no uso de sistemas múltiplos de lançamento de foguetes de origem soviética, como BM-21 Grad e BM-27 Uragan, o que indiretamente indicou dificuldades com munição e suprimentos para a ofensiva como um todo.

3 – Análise das táticas russas.

Diante da concentração de unidades blindadas com efetivo superior promovidos pelas forças ucranianas em seus ataques no limite avançado da área de defesa avançada, as forças russas priorizaram a retirada dos assentamentos dessa primeira linha de defesa que eram desfavoráveis para a defesa devido as características do terreno (planícies e campos abertos), ao mesmo tempo em causavam danos às forças ucranianas com fogos de artilharia e aviação,  contra-ataques para desgastar ao máximo dos grupos de assalto ucranianos.

Uma dessas táticas pode ser exemplificada em um contra-ataque da 127ª Divisão russa na borda de Vremevsky com o apoio de artilharia e aviação (principalmente helicópteros Ka-52 Alligator). Segundo relatos de fontes ucranianas, tropas russas expulsaram as forças ucranianas da vila de Makarovo e continuaram a empurrá-la para o norte, infligindo danos com ataques aéreos e de artilharia, até retraírem. No dia seguinte diante do avanço de colunas blindadas ucranianas com apoio de infantaria, os russos repetiram suas táticas defensivas baseadas em fogos de artilharia, ataques com sistemas ATGM e aviação.

Nos dias 8 e 9 de junho de 2023, devido ao mau tempo, a situação na saliência de Vremievsky piorou para as forças russas: a capacidade de usar drones e aviação foi reduzida. As unidades russas, deixando suas posições nas aldeias destruídas da linha de frente neste setor, foram forçadas a recuar para a próxima linha de defesa, reagrupando para posteriores contra-ataques nos dias seguintes.

As forças russas, após retraimento para reagrupamento em posições defensivas taticamente mais vantajosas, foram apoiadas por ataques aéreos, além de sistemas UAVs em funções ISTAR (Intelligence in Surveillance, Reconnaissance, and Target Acquisition missions, ISTAR). que corrigiam o fogo de artilharia nos grupos de ataque. Além disso, quando as forças ucranianas já estavam suficientemente contidas, seguia-se um contra-ataque de tanques com apoio aéreo aproximado para evitar que as FAU desdobrassem seus sistemas de defesa aérea para a área e ganhassem uma posição taticamente vantajosa no solo. Essa complexa manobra tática defensiva russa levou à derrota das unidades de assalto ucranianas, sua retirada ou paralisia operacional.

A clássica tática de defesa flexível que está sendo empregada pelos russos na Ucrânia, já foi bastante utilizada pelo Exército Vermelho durante a Segunda Guerra Mundial, intitulada como “defesa flexível”. Também pode-se depreender que, nessa fase, o comando russo não buscou manter ou devolver todo o território deixado para trás, preferindo desgastar as unidades de combate ucranianas no campo de batalha entre suas posições iniciais e as principais linhas defensivas (que as FAU ainda não alcançaram).

Vale ressaltar que as próprias forças ucranianas adotaram precisamente as mesmas táticas na defesa de Bakhmut. Entretanto, nos diferentes setores da ofensiva ucraniana, há a dificuldade de se atacar posições preparadas devido ausência do elemento surpresa, tal como ocorreu na ofensiva bem sucedida de Kharkiv em setembro quando promoveram um assalto ligeiro a partir de Balakleya.

Desde o dia 10 de junho de 2023, as formações ucranianas estão tentando avançar em ondas, com as táticas geralmente se resumindo a lançar unidades de assalto no cinturão da floresta na saliência de Vreminsky em veículos blindados, acompanhados de infantaria a pé em formações de esquadrões de assalto e pelotões com apoio preparatório de artilharia, porém até 23/6/2023, além de grandes perdas em homens e meios, não obtiveram suesso.

Um exemplo da forte degradação da capacidade de combate das brigadas ucranianas envolvidas foram as perdas em sucessivas batalhas em que 47ª Brigada de Fuzileiros Motorizados participou. As principais tarefas dessa grande unidade são as operações de assalto e sabotagem na retaguarda, tendo sido treinada exclusivamente por instrutores norte-americanos, empregando cerca de 99 IFV Bradley (fornecidos pelos EUA), 28 unidades MBT M-55s (fornecidos pela Eslovênia), 12 unidades ACS M-109 (fornecidos pelo Reino Unido) e 12 obuseiros rebocados D-30 (fornecidos pela Estônia).

Ademais, a 47ª Brigada era apoiada pelo 301º Regimento de Mísseis Antiaéreos S-300PS, 14 sistemas de mísseis de defesa aérea S-300V1, sistemas de mísseis de defesa BUK-M1. Além disso, a ofensiva da 47ª Brigada foi coberta pelos sistemas móveis de defesa aérea Osa em cooperação com o sistema de defesa aérea Avenger (EUA) e o sistema de defesa aérea Stormer (Grã-Bretanha). Porém, no início da ofensiva inúmeras peças defesas aéreas foram destruídas e as fornecidas pela OTAN começaram a retornar para a retaguarda abandonando o combate.

No dia 17 de junho de 2023, as FAU lançaram a terceira onda para a batalha na ofensiva na Frente Zaporozhye, com os militares ucranianos conduzindo operações ofensivas na direção de Orekhovsky perto do assentamento Rabotino.

Os soldados russos dos Regimentos 291º e 70º, reforçados por forças especiais, unidades de artilharia e batalhões de voluntários, da região de Moscou, repeliram duas ondas de ataques ucranianos. Após perdas de veículos blindados, as forças ucranianas novamente enviaram a sua infantaria para a terceira onda de ataque com apoio mínimo de blindados, sofrendo significativas perdas.

Na manhã de 20 de junho, um grupo blindado da 128ª Brigada de Fuzileiros de Guardas das FAU entrou na aldeia de Pyatikhatki, localizada na zona cinzenta da linha de contato perto da saliência de Vreminsky, com unidades de infantaria ucranianas tentando romper para o assentamento de Zherebyanki.

Como resultado da batalha que se seguiu, a ofensiva foi interrompida e a 128ª Brigada de Guardas recuou para suas posições originais, nem as Forças Armadas da Federação Russa, nem as FAU têm controle sobre o Pyatikhatki. Além disso, as formações ucranianas realizaram uma surtida na linha Rabotino-Verbove, tentando invadir a defesa das Forças Armadas da RF, usando a tática de transferência de infantaria para a linha de frente com veículos blindados. O referido ataque contou com a presença de grupos de assalto da 65ª brigada das Forças Armadas da Ucrânia, que não conseguiram se firmar e recuaram com baixas.

Diante da depreciação contínua das unidades de combate em sucessivas ataques mal-sucedidos, o número de perdas confirmadas em equipamentos na 47ª Brigada ultrapassou mais de 100 unidades de sistemas de armas variados, circunstância confirmada pela transferência para tal unidade, o batalhão de tanques da 33ª brigada mecanizada, que chegou a Orekhovo.

As unidades da 71ª Brigada Jaeger das FAU do Grupo Tático Marun foram transferidas para Yegorovka, o que indica a ativação das FAU no setor Gulyai Polye da linha de frente.

As FAU também atacaram em operações ofensivas nos flancos de Bakhmut (Artemyovsk) no mesmo período. Grupos blindados e grupos táticos continuam tentando romper a frente na direção de Artemovsky, mais precisamente no flanco norte próximo a Berkhova e a oeste de Klesheevka situada ao sul de Bakhmut No flanco sul, os combatentes ucranianos continuam suas tentativas de avanço, lutando no oeste e noroeste de Kleshcheevka, perto de Ozeryanovka e Kurdyumovka, sofrendo perdas e não logrando avanços amplos durante este período.

Apesar de diversas derrotas, a ofensiva ucraniana, conforme iremos analisar em tópico específico neste estudo, ainda não atingiu seu ponto mais alto e ainda possui fortes reservas (5 ou 6 brigadas formadas e preparadas com o apoio OTAN) que podem lançar para novas investidas em qualquer direção do perímetro operacional, explorando vulnerabilidades das linhas defensivas russas.

4 – Desdobramentos potenciais ofensivos das FAU

No total, as FAU estão concentrando na direção Orekhovsky em torno de 8 brigadas e 33 batalhões. O número de equipamentos estimados é de cerca 200 tanques, em torno de 800 veículos blindados de combate de todos os tipos; por volta de 450 obuses de artilharia rebocados, obuses autopropulsados, morteiros e sistemas MLRS; cerca de 200 veículos technicals com sistemas antitanque adaptados; e em torno de 200 sistemas de defesa aérea (incluindo MANPADS). No total, mais da metade de todas as forças disponíveis na direção de Zaporozhye são apontadas no eixo Orekhov-Tokmak-Melitopol, que compõem um dos objetivos prioritários da ofensiva ucraniana.

Há informações diversas sobre a transferência de reservas de equipamentos para a linha de contato pelas Forças Armadas da Ucrânia a partir de Nikolayev e Kherson. A principal área de retaguarda na qual as unidades ucranianas mecanizadas estão concentradas é a região de Dnepropetrovsk, um dos principais centros logísticos das FAU. A principal rota para realocar as forças de reserva é o entroncamento ferroviário Pavlograd-Pokrovsk, que em maio fora objeto de bombardeios russos com mísseis de cruzeiro

Em nosso entendimento, as forças ucranianas continuarão com as tentativas de invadir as posições das Forças Armadas da Federação Russa promovendo operações de reconhecimento em força,  a fim de encontrar fragilidades nas linhas de defesa, esgotar os recursos das unidades avançadas russas, identificar posições de tiro de artilharia e locais de concentração de unidades de defesa, para após esse desgaste, realizar um ataque para romper as várias linhas de defesa e atingir os entroncamentos ferroviários e rodoviários essenciais à logística das forças russas no eixo sul.

Após uma semana de combates com pesadas baixas, as FAU não conseguiram se consolidar na área de Vremevsky, Makarovka e Harvest. Segundo analistas russos, provavelmente, esse não era o melhor momento para as FAU avançarem nesta área, porque a artilharia russa já tem a área enquadrada. Obviamente, a intenção do comando ucraniano é ocupar gradualmente pequenos assentamentos na direção de Staromlynovka – Kermenchik – Novopetrikovka, a fim de criar um trampolim para atacar ao sul a fim de bloquear o trecho da rota de Mariupol – Kamenka no região de Zaporozhye.

As perdas forçaram as forças ucranianas a ajustar drasticamente seus planos operacionais, mobilizando as reservas estacionadas nas direções Krivoy Rog, Sumy, Kharkov para serem redistribuídas ao longo do setor de Zaporizhzhia.

De acordo com ampla pesquisa através de técnicas de open source research, as reservas ucranianas seguiram as direções para redistribuição e futuros ataques:

I) assentamentos Gornyak, Kurakhovka, Krasnogorovka, Staromikhaylovka, Marinka, na região de Donetsk;

II) assentamentos de Nevelskoye, Pervomayskoye, Vodyanoye, para continuar os ataques aos flancos de Avdeevka;

III) na direção Dzerzhinskoye, pelo menos 2 brigadas foram implantadas na direção de Mayorsk e Gorlovka, na região de Donetsk.

As reservas das unidades de combate das FAU passam pelo centro de transporte Kramatorsk-Slavyansk, em direção nas regiões de Zaporozhye e Donetsk para reforçar os agrupamentos existentes.

Em nossa avaliação, o erro de muitos especialistas militares é que eles estão tentando avaliar o potencial ofensivo das FAU pelo tamanho da força de ataque concentrada na direção de Zaporozhye – estamos falando das formações separadas do 9º e do 10° Corpos de Exército, os quais são conhecidos por estarem com cerca de 80% da ordem de batalha em condições de combate, o que, tendo em vista a situação tática na área, provavelmente não é suficiente para romper as linhas de defesa russas em Zaporizhzhia e no sul de Donetsk Essas forças ainda relativamente bem conservadas e estão concentradas em uma faixa de 100 km na parte da região de Zaporozhye controlada por Kiev, permitindo manobras de flanco que explorem brechas nas linhas de defesa russas de primeiro nível e criem distrações em outros setores para impedir a transferência de reservas russas. .

As forças principais estão concentradas na região de Dnepropetrovsk e estão sendo transferidas em pequenas unidades através do entroncamento ferroviário de Pavlogrado e Pokrovsk para a linha de frente. A transferência é de equipamentos pesados, unidades de artilharia de campanha, defesa aérea, tropas de engenharia e brigadas de infantaria motorizada que cobrem as unidades blindadas.

Para melhor análise das operações ofensivas futuras das forças ucranianas, é importante analisar sua estrutura de armas em nível organizacional. No atual contexto das operações, no exército ucraniano, um batalhão de tanques geralmente possui 31 tanques, ao passo que um batalhão de infantaria motorizada tem aproximadamente o mesmo número de viaturas. Uma brigada blindada geralmente consiste em um ou dois batalhões de tanques e um ou dois batalhões de infantaria blindada. Além disso, tem-se unidades de combate de composição mista de veículos de combate de infantaria, veículos blindados de modelos soviéticos, ucranianos e fornecidos por países da OTAN, grupos táticos de sistemas de defesa aérea, um batalhão de engenharia, uma companhia de MLRS, verificando-se que, em média, o número de equipamentos de uma brigada blindada ucraniana pode atingir 250 unidades em média.

De acordo com várias estimativas, o Estado-Maior das FAU reuniu até 8 brigadas blindadas para desferir o golpe principal a partir de Orekhov e Gulay Pole, provavelmente, nas últimas semanas de junho e início do mês de julho.  Portanto, apesar das perdas significativas confirmadas das unidades de combate atacantes e de muitos equipamentos estrangeiros destruídos, é muito cedo para falar em um desfecho favorável às forças russas, ao alcançarem uma vantagem operacional sobre as forças ucranianas.

Segundo analistas, um ataque de flanco pode ser planejado na direção Malaya Tokmachka – Berdyansk , com a tarefa de assumir o controle na linha do assentamento de Urozhaynoye, Novopoltavka, Semyonovka, assentamentos taticamente importantes para formação de cabeças de ponte para ataques em profundidade que visem romper as segundas linhas de defesa.

Segundo analistas, outro potencial plano de ataque pelas forças ucranianas pode ser a realização de operações de ataque como parte de grupos táticos de batalhão com as forças de 46 destacamentos de assalto e o Regimento Especial “Azov” recentemente recriado nas direções do assentamento de Mordvinovka, Novovasilevka e Botieva. O objetivo deste ataque seria capturar a fronteira ao longo da costa do Mar de Azov, tomando Stepanovka e impedir o desembarque de forças de assalto anfíbio das Forças Armadas da Federação Russa. Esta linha de ação parece improvável, tendo em vista o elevado número de perdas.

As FAU conseguiram criar áreas de retaguarda significativamente distantes da frente nas direções Nikolaev-Krivoy Rog e Dnepropetrovsk, e o funcionamento ininterrupto da logística ferroviária tem permitido a redistribuição das reservas nos volumes necessários para reabastecer as unidades avançadas.

Desde 21 de junho, ao longo da direção de Zaporozhye, as FAU estão concentrando as forças das 25ª e 65ª Brigadas na área de Orekhov para retomar as operações ofensivas. Os ataques estão sendo preparados na direção de Rabotino e os treinamentos das unidades de assalto e de engenharia estão sendo realizados.

Neste mesmo âmbito, as 102ª e 128ª Brigadas Volkssturm estão tentando, em meio a perdas significativas, se preparar para operações ativas na área de Gulyaipole, Maly Shcherbakov, Malaya Tokmachka e Mezhrechye, apesar de ataques contínuos russos.

Algumas brigadas ucranianas estão enfrentando problemas com falta de pessoal, após as perdas sofridas – as substituições não estão chegando rápido o suficiente. Eles estão tentando reforçar as brigadas de linha, transferindo batalhões das brigadas da Volkssturm a fim de reforça-las para novas investidas.

Além disso, as FAU, continuam a operar aeronaves no aeródromo de Dnepropetrovsk e no aeródromo de Dolgintsevo, ainda que em baixo número de surtidas, porém promovendo ataques de longa distância com mísseis ar-superfície Storm Shadow fornecidos recentemente pelo Reino Unido.

Na manhã de 21 de junho, na seção de Orekhovsky da linha de frente de Zaporizhzhia, militares russos lançaram um contra-ataque da vila de Zherebyanki para recapturar posições perto de Pyatikhatki. Na batalha que se seguiu, com o apoio da artilharia, a formação da 128ª Brigada de Fuzileiros de Guardas das FAU foi expulsa do assentamento, com Pyatikhatki voltando ao controle russo, no entanto as unidades ucranianas continuem contra-atacar.

Em outras áreas, a situação está praticamente inalterada, não houve surtidas de unidades ucranianas em Rabotino – Verbove, na saliência de Vremievsky. Porém, a intensidade do fogo aumentou, o que pode indicar preparativos para outro ataque das FAU nas semanas seguintes.

Em geral, a atual parada da ofensiva ativa das FAU é temporária – após o reagrupamento, reabastecimento e a chegada das reservas, as forças ucranianas, provavelmente, voltarão a ofensiva neste setor.

Acreditamos, que o potencial ofensivo das FAU ainda está um tanto longe de se esgotar e, em breve, devemos esperar um aumento da atividade em vários setores da linha de frente, inclusive fora da região de Zaporizhzhia.

5 – Considerações finais

A ofensiva ucraniana estava sendo preparada há vários meses, cerca de 30-40 mil combatentes ucranianos foram diretamente mobilizadas para ela, somente no setor de Zaporizhzhia, das quais cerca de 10-15 mil desses combatentes foram treinados no Ocidente e equipados com armas ocidentais.

Foram estruturadas para esta ofensiva 9 brigadas no padrão OTAN, além de outras 13 brigadas como infantaria e de defesa territorial. Ademais, estão restaurando o poder de combate de outras 7 brigadas depreciadas em potencial de combate devido a grandes perdas.

A decisão final de deflagrar a ofensiva em 03 de junho de 2023 foi tomada após o abandono de Bakhmut, embora Kiev esperasse que esta cidade resistisse pelo menos até meados de junho.

Entretanto, ao serem atraídos para defenderem por fatores estratégicos Soledar e Bakhmut, os ucranianos perderam um amplo efetivo experiente, bem equipado e treinado. Só na Batalha de Soledar foram 14 batalhões degradados; em Bakhmut, 25 brigadas e 7 agrupamentos de mercenários.

Desde dezembro passado, com a estabilização do perímetro operacional priorizada pelo general russo Sergei Surovikin (então Comandante das forças russas na Ucrânia), o foco do exército russo passou a ser a destruição de sistemas de artilharia, defesa aérea e radares de tiro. Consequentemente, as FAU perderam centenas de obuses autopropulsados e rebocados, além de dezenas de radares de tiro norte-americanos da família AN/TPQ que custaram muito à eficiência de combate das ofensivas ucranianas.

O ataque a uma linha de defesa bem estruturada e fortemente armada ou ofensiva em manobras de flanqueamento demanda preparação de artilharia por vários dias, como as forças ucranianas fizeram em Kherson, em setembro passado, com ataques seletivos na retaguarda russa que depreciaram seriamente sua logística.

Dessa vez, com a escala contínua de perdas e otimização no uso de projéteis (é notório o esforço da OTAN em buscar munições de calibre 155 mm em países aliados, como Coreia do Sul e Japão, face a escassez crítica de projéteis como noticiado amplamente na mídia ocidental mainstream), as barragens de artilharia preparatórias de ataques das forças blindadas e mecanizadas ficaram mais limitadas, além o fato de fixarem em sistemas dezenas de quilômetros da linha de contato, prejudicando a continuidade dos ataques.

Segundo analistas, a expectativa do comando das FAU era que haveria um avanço rápido como no outono passado nos eixos de Kherson e Kharkiv, com as tropas russas recuando em profundidade A tarefa mínima para a força de ataque ucraniana era o acesso ao Mar de Azov.

As FAU sabiam sobre as linhas defensivas russas em Zaporozhye, mas subestimaram a densidade das forças russas que as cobriam, a determinação de mantê-las e também houve uma falha da OTAN e da inteligência ucraniana na avaliação das próprias barreiras. Os russos, por sua vez, conseguiram realizar (até este momento) em Zaporozhye medidas concretas de defesa.

Segundo analistas, as forças russas esperavam uma ofensiva em duas direções, no Sul, na região de Kherson e em Zaporozhye. Para tanto alocaram reservas para impedir ataques em ambas as direções, já que não estava totalmente claro, de qual viria o principal ataque e qual seria o auxilia ou a distração. O colapso da barragem do reservatório de Kakhovka, permitindo o comando russo retirar parte das tropas desta área e reajustar o dispositivo. Por sua vez, com o desmoronamento da barragem, as FAU se protegeram, temporariamente, do contra-ataque russo no sul, na região de Zaporozhye.

Durante a própria ofensiva ucraniana, voltou a destacar-se o principal problema das FAU, a pressão política interna e externa, a dependência dos conselheiros da OTAN e dados de inteligência. Isso contrasta fortemente com o nível dos comandantes de companhia e batalhão, que agem de forma muito mais agressiva e eficaz em combate, mas os sucessos táticos e até operacionais individuais não se somam ao plano estratégico geral devido aos problemas no alto comando.

Até o momento, em nossa avaliação, as forças ucranianas necessitam melhorar a condução das operações ofensivas complexas envolvendo diversas armas diante da oposição inimiga. Até agora, as unidades de engenharia estão se mostrando insuficientes e pouco eficazes, mas são imprescindíveis para o sucesso da ofensiva diante da complexidade das linhas de defesa russas.

Deve-se também frisar a insuficiência do emprego de sistemas de defesa aérea nas FAU e a ausência de um apoio da aviação tática mesmo na retaguarda. Para agravar, não há apoio aéreo suficiente e as forças russas conseguiram a minimizar perdas do combate aéreo por uso de MANPADS por táticas de menor exposição (voos noturnos e de baixa altitude, além do emprego de sistemas antitanque de alcance de 5.5 km de alcance como o novo sistema VIKRH), tornando as colunas blindadas e mecanizadas ucranianas expostas a ataques de Ka-52, Mi-28 e do Su-25 SM3.

Por sua vez, as forças russas adicionaram meios modernos de guerra eletrônica, reconhecimento, artilharia e defesa aérea. Um fator crítico a ser considerado foi o aumento do uso de armas guiadas pela aviação tática, principalmente bombas plantadoras guiadas por sistemas de posicionamento de satélites, permitindo ataques à distância segura das baterias antiaéreas ucranianas.

Ainda assim, as forças ucranianas organizadas para esta ofensiva não atingiram seu potencial máximo e cerca de metade das brigadas ainda está intacta, com centenas de tanques e blindados, bem como muitas dezenas de MLRS e centenas de sistemas de artilharia de variados tipos, compondo um enorme inventário de armas enviados pelos países da OTAN e aliados próximos.

Conclui-se que as Forças Armadas da Ucrânia ainda não perderam o seu potencial ofensivo, nem todas as reservas estratégicas foram ainda ativadas. Conforme analisado, estão a caminho da linha de frente as primeiras brigadas, que começaram a ser treinadas este ano. Não é improvável que as FAU possam conduzir uma operação ofensiva separada em outra área, seja para facilitar as operações no setor de Zaporizhzhia, seja com objetivos decisivos como parte da mudança de esforços para outro setor do perímetro operacional, como os flancos de Bakhmut, onde estão empreendendo ataques sucessivos com ganhos territoriais limitados a oeste de Klesheevka e próximo a Berkhova.

Fontes consultadas:


[1] Delegado de Polícia, historiador, pesquisador de temas ligados a conflitos armados e geopolítica, Mestre em Segurança Pública

[2]  Mestre e Doutor em História Comparada pelo Programa de Pós-Graduação em História Comparada (PPGHC) da UFRJ, professor-colaborador e do Programa de Pós-Graduação em História Militar Brasileira (PPGHMB – lato sensu), da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro/UNIRIO e Editor-chefe do site História Militar em Debate e da Revista Brasileira de História Militar. Website: https://historiamilitaremdebate.com.br

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Underground
Underground
1 ano atrás

Enxugando gelo!!!

Underground
Underground
1 ano atrás

Então os russos nao tem com que se preocupar! Fiquei imensamente tranquilo.

fjuliano
fjuliano
1 ano atrás

Excelente estudo. “Algumas brigadas ucranianas estão enfrentando problemas com falta de pessoal, após as perdas sofridas”. Digo novamente, além dos bilhões quase q diários, os governos da otan vão ter q mandar, abertamente vez q será impossível esconder, tropas regulares, da forma como essa guerra está indo. Vários vídeos diários mostrando combatentes ucranianos se negando a cumprir ordens e outros criticando o governo. Coitado de quem pensa q essa guerra é em prol do pobre povo ucraniano.

Topol
Topol
Responder para  fjuliano
1 ano atrás

O ocidente não quer que esta guerra termine, nem a China quer que essa guerra termine, o ocidente (leia-se Estados Unidos) está lucrando horrores tanto com a venda de armas que disparou com a demanda da “ameaça russa” alimentando ainda mais a sua indústria bélica quanto com os vultuosos contratos de gás que firmou com a Europa após o colapso das relações da Rússia com o continente e a destruição do Nord Stream… ao mesmo passo que a China também está lucrando com o consumo de petróleo e gás russo em escala muito maior e por um preço muitas vezes até 50% menos do que era praticado antes da guerra… A Rússia por sua vez lógico está tendo muitas despesas com a guerra, com a perda de receitas e pelas sansões econômicas mas por outro lado ao que tudo indica vai vencendo e vai acabar anexando as 4 regiões mais ricas da Ucrânia além do mar de Azov e ponte terrestre para a Criméia… só quem está “se lascando” mesmo no final das contas é a Ucrânia… As vezes fico pensando; se eles tivessem uma bola de cristal e pudessem ver o futuro e toda a tragédia que seu país iria entrar com essa história de “aderir a OTAN” a população nunca teria aderido a ideia de derrubar o Viktor Yanukovich… Ao que tudo indica a Ucrânia será expremida por pelo menos uma década a Oeste pela OTAN os empurrando praticamente “na marra” para a luta e a leste pela máquina de guerra da Rússia que almeja na verdade tomar toda a porção Leste da Ucrânia até a margem oriental do Dnipro e talvez até mesmo Odessa isolando a Ucrânia no Mar Negro e unindo com a região separatista pró russa da Transnístria (Moldávia). E tem mais uma, assim que os tambores rufarem para valer no Pacífico e no Mar do Sul da China os Ucranianos se verão sozinhos no campo de batalha

Allan Lemos
Allan Lemos
1 ano atrás

A NATO sabe que essa contraofensiva será infrutífera, nāo é tola. Apenas tentam enfraquecer a Rússia o máximo possível antes de forçar a Ucrânia a negociar. É a pura verdade.

Tudo isso ao custo de vidas ucranianas que o comediante irresponsavelmente aceita pagar enquanto tem seus delírios de glória alimentados pelo Ocidente, será descartado assim que sua utilidade acabar.

fjuliano
fjuliano
Responder para  Allan Lemos
1 ano atrás

Perfeito.

Hcosta
Hcosta
Responder para  Allan Lemos
1 ano atrás

Delírios de glória… Boa escolha de palavras mas no alvo errado…

Haverá maior delírio de glória do que invadir outro país para “restaurar o passado glorioso”?
Até temos historiadores russos que usaram um mapa dos tempos de Napoleão para provar que a Ucrânia não existia…

E qual é o delírio de glória do presidente Ucraniano? Expulsar os invasores? Isso é o dever dele como líder da Ucrânia.

Mas gostaria de como se pode negociar com o invasor sem o enfraquecer?
A Ucrânia/Ocidente devia fortalecer a Rússia e depois negociar???

E lembro que a maior parte dos países aliados da Ucrânia antecipavam uma vitória rápida da Rússia e que foi a resistência dos Ucranianos que os fizeram mudar de ideias, principalmente depois do que aconteceu com o Afeganistão.

celio
celio
Responder para  Hcosta
1 ano atrás

Hcosta, entendo sei ponto de vista, mas a função do presidente é preservar o povo e o territorio, ele certamente deveria ter negociado com os russos na primeira semana de guerra, poderia ter mantido territorio, não a crimeia, que ja havia perdido, mas os territorios das provincias rebeldes…. e preservado a economia e a vida de muitos soldados, agora ja é tarde….

Pragmatismo
Pragmatismo
1 ano atrás

Uma análise militar profunda. Deixando de fora apreciações valorativas morais, que só atrapalham e confundem a análise.
Quem é o mocinho ou o bandido não importa.

Diego
Diego
Responder para  Pragmatismo
1 ano atrás

Exato!
Esse tipo de análise faz com que os entusiastas dos assuntos da área militar fique ancioso pelo próximo artigo.

Pragmatismo
Pragmatismo
Responder para  Diego
1 ano atrás

Bingo! Rs

Allan
Allan
1 ano atrás

“o principal problema das FAU, a pressão política interna e externa” Realmente quando de ve o Exercito da Ucrania luta bem, porem as vantagens militares da Ucrania acaba diminuindo por problemas politcos do alto comando, onde ja se viu vc anunciar meses antes que vai fazer uma ofensiva, tais ações acabam por promover baixas e gerar uma expectativa que se não for correspondida a altura pode acabar saindo pela culatra

Cristiane Quirino
Cristiane Quirino
Responder para  Allan
1 ano atrás

Exato, comentei algo parecido em outro comentário.
Autoridades ucraniana prometeram recuperar a Crimeia ate o final da primavera.
Os ucranianos falaram de mais, aumentaram de mais a expectativa, agora, que a expectativa esta nas alturas, a pressão sobre os ucranianos também esta nas alturas, esse tipo de pressão nunca é bom, a própria invasão russa é uma prova disso, a pressão do kremlin para uma guerra rápida fez a Rússia perder muito material e soldado no inicio do conflito.

Allan
Allan
Responder para  Cristiane Quirino
1 ano atrás

Então mas a grande diferença é que a Russia é mais coesa nos seus objetivos os erros estrategicos cometidos tende a não se repetir, como por exemplos as perdas gigantescas no inicio e a tentativa de fazer uma guerra rapida, porem pode-se notar na Ucrania uma forte divisão estrategica e isso acaba por enfraquecer as ações da Ucrania, creio que se o comando fosse um pouco mais unificado as coisas estariam melhor para Ucrania.

Hcosta
Hcosta
Responder para  Allan
1 ano atrás

A Rússia não repete os seus erros porque não consegue… Perdeu a iniciativa há algum tempo e se limitou a controlar o avanço dos Ucranianos.

Na ponte lá finalmente atacaram com um míssil de cruzeiro, um bom exemplo de um alvo de alguma importância operacional e tático.
Mas na mesma semana que atacaram um restaurante e outros alvos sem nenhum valor. A não ser que acredite que eliminaram mais de 50 oficiais nesse ataque…

E quais serão os objetivos estratégicos dos Russos? OTAN mais fraca, alívio das sanções, manter a dependência energética da Europa, etc…???

Allan
Allan
Responder para  Hcosta
1 ano atrás

Meu caro se vc não entendeu o direito é seu, um fato é Rússia esta lutando com base no que consegue fazer de acordo com as circunstâncias, veja um exemplo claro, ao ver que eles não conseguiram manter uma frente muito grande eles se retiraram do norte ocidental da Ucrânia e focaram no sul, quando a Ucrânia fez a sua primeira ofensiva ficou claro que faltava mão de obra russa no campo de batalha e oq eles fizeram, pararam o avanço e começaram a implementar mais soldados, simples assim consistência com oque tem e o pretende fazer.
Agr veja outro exemplo, a Ucrânia fez um moedor de carne em uma batalha para perder a cidade e logo em seguida lançar uma ofensiva nos flancos da cidade, realmente do ponto de vista militar é uma atitude no mínimo questionável.
Mas como eu falei isso não um problema da classe militar e sim da política que define isso os objetivos a serem alcançados.

Hcosta
Hcosta
Responder para  Allan
1 ano atrás

Desde quando lutar de acordo com as circunstâncias é algo de positivo? Bom exemplo de como não há uma relação entre o nível estratégico e o tático. As circunstâncias são moldadas ao nosso favor e, a cada dia que passa, melhor se percebe que a Rússia não tem nenhuma iniciativa a qualquer nível.
Bombardeamentos aleatórios, dispersão de forças, marinha e força aérea irrelevantes, etc… Isso não é estratégia, é mesmo falta de capacidade.

E haverá melhor exemplo de como não há nenhuma consistência entre estratégia, operacionalidade e tática do que Bakhmut?
De que serve conquistar a cidade se não conseguem avançar e conquistar o resto do Donbass, conforme ordenado por Putin?
Era esse o objetivo, avançar no terreno e conquistar o resto da província. E escolheram delapidar as suas forças na conquista da cidade para ganhos pessoais, como é evidente, em vez de consolidar uma ofensiva em maior escala.
Os Ucranianos escolheram essa cidade para travar os Russos e conseguiram. Alguém fala em ofensiva Russa?
Estratégia não há nenhuma, somente ataques esporádicos para algum general Russo ganhar medalhas por avançar metros…

Mas, aparentemente, os Russos são uns gênios e os Ucranianos uns amadores…

Atirador
Atirador
Responder para  Hcosta
1 ano atrás

Simplesmente manter uma saída para o Mar Negro, algo que seria impossível com a Ucrânia na OTAN, esse é o verdadeiro motivo dessa guerra. Basta olhar o mapa como diria o Ivan o Mapento.

Vinicius Momesso
Vinicius Momesso
1 ano atrás

“As FAU sabiam sobre as linhas defensivas russas em Zaporozhye, mas subestimaram a densidade das forças russas que as cobriam, a determinação de mantê-las e também houve uma falha da OTAN e da inteligência ucraniana na avaliação das próprias barreiras…”
Falha da OTAN? Com certeza a mesma passou informações errôneas de maneira proposital.

Filipe
Filipe
1 ano atrás

Que comece a choradeira 😭😭!

M4|4v1t4
M4|4v1t4
1 ano atrás

Esse texto poderia ter sido escrito pelo Ministro da Defesa russo que passaria batido.

Fernando "Nunão" De Martini
Responder para  M4|4v1t4
1 ano atrás

Desenvolva sua hipótese. Os autores merecem ao menos críticas razoavelmente embasadas ao trabalho deles.

Kommander
Kommander
Responder para  Fernando "Nunão" De Martini
1 ano atrás

Não sei como a moderação ainda permite comentários desse ser, o cara não fala nada com nada, só polui o ambiente com comentários sem nexo.

M4|4v1t4
M4|4v1t4
Responder para  Kommander
1 ano atrás

Quer me cancelar?

O mundo ideal de vocês é uma bolha onde todos tenham a mesma opinião à esquerda ou uma pequena variação dessa mesma “opinião” só para dizer que não são comunistas.

Faz o seguinte. Se quer cancelar, faça isso sem usar meu dinheiro e muito menos usufruindo de ferramentas que foram criadas em um mundo capitalista econômico-liberal.

Fernando "Nunão" De Martini
Responder para  M4|4v1t4
1 ano atrás

De que “vocês” e de que “comunistas” você está falando?

Comentaristas? Editores?? Autores da análise???

Por favor, especifique e ainda aguardo os seus argumentos que embasem a opinião de que o texto “ poderia ter sido escrito pelo Ministro da Defesa russo”.

Kommander
Kommander
Responder para  M4|4v1t4
1 ano atrás

Primeiro: Eu não sou e não suporto esquerdista!
Segundo: Você mesmo tá se cancelando. Seus “comentários” estão aí pra todo mundo ver os absurdos que você escreve, parece que vive no mundo da lua.

Kommander
Kommander
Responder para  Fernando "Nunão" De Martini
1 ano atrás

EDITADO:
COMENTÁRIO REPETIDO.

Godo
Godo
Responder para  Kommander
1 ano atrás

É um absurdo mesmo

Dagor Dagorath
Dagor Dagorath
1 ano atrás

Eu nem leio mais as matérias sobre a guerra na Ucrânia. Prefiro ver o “pega-pra-capar” nos comentários, saboreando pipoca com refrigerante.

Cristiane Quirino
Cristiane Quirino
1 ano atrás

De acordo com o Washington Post, na velocidade que o avanço ucraniano esta agora, vai levar 16 anos para a Ucrânia conseguir expulsar os russos do país, um perspectiva bem diferente daquelas prometidas por autoridades de Kiev, que prometeram recuperar a Crimeia ate o final da primavera.
A primavera se foi, o verão chegou e eles não tem nem perto de chegar a Melitopol, pioro a Crimeia.
Se os ucranianos tivessem feita promessas realistas para a OTAN talvez a pressão externa não fosse tão grande agora, infelizmente eles prometeram de mais e agora a OTAN espera de mais.

M4|4v1t4
M4|4v1t4
Responder para  Cristiane Quirino
1 ano atrás

O Washington Post esqueceu de dizer que o campo de batalha não tem densidade contínua, sendo a conquista de pontos chaves e linhas defensivas, o início de outra fase acompanhada com um salto sobre o terreno.
Foi justamente o que aconteceu no ano passado.

Pragmatismo
Pragmatismo
Responder para  M4|4v1t4
1 ano atrás

Nisso é verdade.

José
José
Responder para  Cristiane Quirino
1 ano atrás

Confia…rs. Coisas boas estão vindo, menos para os criminosos russos.

Heitor
Heitor
1 ano atrás

Essa ofensiva já nasceu cansada.

Heverton Ribeiro
Heverton Ribeiro
1 ano atrás

Muito grande para ler. Vou esperar filme.

Godo
Godo
Responder para  Heverton Ribeiro
1 ano atrás

É uma análise, obviamente será grande… euem

Carvalho
Carvalho
1 ano atrás

O Exercito russo se imobilizou permanentemente na Ucrânia.
Check da Otan !

Vitor
Vitor
1 ano atrás

Pois é… hoje a cabeça de ponte no rio dnieper virou cabeça de prego não vi nenhum comentário nos veículos de comunicação dos yanques.

Underground
Underground
Responder para  Vitor
1 ano atrás

A cabeça de ponte não só continua lá como aumentou. Quem diz isso? Os próprios russos. Não só permanecem por lá como os russos não conseguem retirar as usas tropas que estão próximas e sob pesado fogo ucraniano. Uma grupamento russo tentou descer o rio para pegar os ucranianos de surpresa e foram totalmente dizimados.
Sinto que a imprensa ocidental pro Putin ao tenha disponibilizado as informações do fracasso russo.

Kommander
Kommander
Responder para  Underground
1 ano atrás

Parece que o jogo tá virando, antigamente os ucranianos viviam cantando vitória, divulgando vídeos de veículos e tropas russas dizimadas, hoje em dia esses vídeos sumiram, e está acontecendo exatamente o contrário, todo dia acompanhamos postagens russas (em tempo real) de equipamentos e tropas ucranianas destruídas.

Northtempest
Northtempest
1 ano atrás

Quem não ____________certamente não caiu no conto deste “especialista”

Ucrânia está porrando os russos.
Recomendo fórum resetera russo.

COMENTÁRIO EDITADO.
5 – Não use o espaço de comentários como palanque para proselitismo político, ideológico, religioso, para praticar ou difundir posturas racistas, xenófobas, propagar ódio ou atacar seus desafetos. O espaço dos comentários é para debate civilizado, não para divulgação, propaganda ou interesses pessoais;

https://www.forte.jor.br/home/regras-de-conduta-para-comentarios/

Diego
Diego
1 ano atrás

E isso que gosto nesta dupla, conteúdo isento, focados no que interessa, análise detalhada do campo de batalha, aqui voce percebe onde cada lado erra e acerta.

Renato de Mello Machado
Renato de Mello Machado
1 ano atrás

Ótima matéria.

Vitor
Vitor
1 ano atrás

Ótima análise.

Inimigo público
Inimigo público
1 ano atrás

É em Setembro do ano passado a Ucrânia avançou muito por que contou com o elemento surpresa. Ninguém esperava um contra-ataque naquelas dimensões. Agora ficou difícil avançar como antes. Eu sendo o comediante sentava logo para negociar, e não perder o que lhe resta de país. Está parecendo a moribunda alemanha nazista após as Ardenas. Criméia e o Donbass nunca pertenceram a Ucrânia de fato, talvez lucrem mais entrando na UE do que essa aventura de entrar na OTAN.

Underground
Underground
Responder para  Inimigo público
1 ano atrás

Não é o que pensa o povo ucraniano.

Inimigo público
Inimigo público
Responder para  Underground
1 ano atrás

Eles não tem o que pensar, já perderam o país praticamente se os seus aliados lhes cobrarem os bilhões gastos.

Bosco
Bosco
Responder para  Inimigo público
1 ano atrás

Os ucranianos podem vender o país deles para a Europa e os EUA , problema deles, mas não darão de graça para a Rússia.

Comte. Nogueira
Comte. Nogueira
Responder para  Inimigo público
1 ano atrás

Óbvio que a conta chegará. Os bilhões de dólares e de euros canalizados na forma de “ajuda militar” será paga com a “reconstrução” do país, que será feita na forma de investimento em infra estrutura.
Resumindo, receitas ucranianas hipotecadas pelos próximos 50 anos, se ganhar a guerra.
Se perder, idem.

Joao
Joao
1 ano atrás

O conceito abordado de manobra defensiva, no texto dito como Defesa Flexível, chama-se doutrinariamente de defesa elástica.

fjuliano
fjuliano
1 ano atrás

E ontem, dia 30-06-2023, o wall street journal publicou “As forças [ucranianas] ainda não se aproximaram das estruturas defensivas que os russos construíram, incluindo trincheiras antitanque e outras barreiras, cerca de uma dezena de milhas atrás das linhas de frente” https://www.wsj.com/articles/ukraine-hits-russian-defenses-from-a-distance-before-risking-troops-26cd2502?mod=hp_lead_pos2 ; qual a importância em dar ênfase ao q a grande mídia no país do principal apoiador do governo do boneco, publica? O óbvio: se o desastre é reportado, mesmo q por tabela, é pq a situação é ainda bem pior do q o noticiado. O contribuinte americano, bem como o europeu (apesar de que a população q sanciona a Rússia e apoia o governo do boneco represente apenas 16% da população mundial), já estão começando a coçar a cabeça e olhar para o lado com essa situação. A economia do gigante alemão pela primeira vez desde o fim da segunda guerra emperrou, os EUA discutindo calote da dívida, França caos de protestos, Inglaterra mal das pernas e etc. Voltando ao artigo do WSJ, falaram o óbvio: os combatentes do governo do boneco sequer chegaram na primeira linha defensiva e já perderam pelo menos um terço da força reunida e treinada pela OTAN. Dura realidade.

Carvalho
Carvalho
1 ano atrás

O Kings “está entre nós”
Com diferentes Nicks e mails….para despistar o editor.

Arthur
Arthur
1 ano atrás

Captei a vossa mensagem, meu irretorquível guru!

José
José
1 ano atrás

De novo ? Já comentou isso !

Allan
Allan
1 ano atrás

Improvável pois precisaria de muito mais gente do que o Wagner tem, e Kiev é uma cidade grande, muito grande para 30mil soldados conquistar

Neural
Neural
Responder para  Allan
1 ano atrás

São 3 acampamentos, Wagner pode estar recrutando mais voluntários mundo afora.. 25 mil não toma Kiev, mas toma bastante terras por ali.

Paulo
Paulo
1 ano atrás

Nao tenho como avaliar a analise pois nao sei às informações que se baseou para ela. Mesmo com as fontes citadas nao citam dados de campo do adversario. Cita dados aproximados, entendo.A analise e baseada em reportagens e o melhor que se tem no momento . Me parece um relatorio situacional e uma especie de lessons learning que majores e coroneis tendem a fazer. Mas acredito que estamos deixando de lado aqui a situação estratégica de lado. Esta apenas relatando o operacional do momento. Estrategicamentea a ucrania ja venceu a guerra. Simples. Basta decidir se ira negociar antes ou levar o agressor alem de suas fronteiras anteriores. Isso se este agressor como nacao homogenea existir ainda. Este e o curso da historia que sempre ocorreu apos uma guerra de agressao perdida. Estamos analisando as arvores e nao a floresta. Deixemos a historia ser nosso guia: nunca, desde 5.000 AC, uma nacao atacada que conseguiu estabilizar suas linhas e, coisa notavel, contraatacar, deixou de vencer o agressor. Simplesmente virou uma guerra de linhas internas do defensor, de atrito. Sendo que neste caso as perdas materiais por atrito da Ucrânia serao repostas pelo ocidente. Nao faltarao soldados por estar se defendendo. Mas do lado do agressor, sancionado, limitado a sua producao, com a economia que devera sofrer, com tensoes sociais internas, o atrito ira se acumular.Todos que lemos clausewitz e acompanhamos desde entao a historia da guerra moderna, sabemos como ira acabar. Infelizmente o tempo e incerto, e depende de varios acontecimentos do lado agressor.

Vitor
Vitor
Responder para  Paulo
1 ano atrás

Está mais para um conto de fadas do que realidade.

Nilton L Junior
Nilton L Junior
1 ano atrás

Tem gente ai que cada analise como essa é publicada fica com labirintite, a novidade pelo lado ucra é o tal dia D.
Sem apoio aéreo e mesmo com reservas ainda que não entraram em batalha a Ucrânia não vai conseguir recuperar o que perdeu para os Russos.

José
José
Responder para  Nilton L Junior
1 ano atrás

Sonha….e sonha…

Vinicius Momesso
Vinicius Momesso
1 ano atrás

O principal objetivo é cortar o fluxo logístico de armamentos para o exército ucraniano.
Se isso for conseguido…

Marcelo Soares
Marcelo Soares
1 ano atrás

Parabéns pelo artigo! Mais um belo trabalho dos professores.

Heli
Heli
1 ano atrás

Fico imaginando como, num teatro de operações daquele, uma ofensiva terrestre pode ser bem sucedida sem apoio aéreo adequado?

Salim
Salim
1 ano atrás

Análise claramente parcial. Sabemos que a primeira linha defesa russa e composta por extensos campos minados, nao citados acima. A limpeza destes campos e demorada e complexa sob fogo inimigo. Em 45 dias a Ucrânia retomou mais terreno que toda a ofensiva russa inverno. Após 60 dias Ucrânia ja esta atacando segunda linha defesa, acredito ser a mais arma da porem sem a proteção vasta dos campos minados primeira linha defesa russa. Após um ano se preparando na defesa russa e meio sem lógica um avanço rápido e sem perdas para os ucranianos. Estamos início verão europeu e Ucrânia so utilizou pequena fração das forças acumuladas. Agora teremos noção do sucesso com ucranianos atacando segunda linha, se os ataques ucranianos garantiram mobilização logística russa, teremos a quebra desta linha defesa russa e infiltração retaguarda russa obrigando as mesmas a uma retirada em bloco , aconteceu França segunda guerra e em Israel guerra 73.