Análise: A Batalha de Bakhmut
Por Rodolfo Queiroz Laterza [1]
Introdução
A Batalha de Bakhmut foi finalizada na data de 21 de maio com a captura da cidade por forças russas capitaneadas pela empreiteira militar privada (Private Military Contractor – PMC) Wagner Group, após mais de 9 meses de sangrentos e custosos combates com forças ucranianas entrincheiradas em fortificações complexas e intrincadas, tornando-se a maior batalha urbana da Europa depois da Segunda Guerra Mundial, com dezenas de milhares de mortos dentre as forças beligerantes.
Bakhmut (denominada no idioma russo como Artemovsk) era uma cidade com pouco mais de 75 mil habitantes e cerca de 41 km2 de área, sendo um dos assentamentos mais industrializados do leste da Ucrânia, uma vez que lá funcionavam dezenas de plantas industriais desde os tempos soviéticos.
Sua importância do ponto de vista militar reside em ser uma das principais fortificações ucranianas de anteparo para planejamentos de avanços para Kramatorsk e Konstantinova formando uma densa linha de defesa juntamente com as cidades de Soledar e Seversk mais ao norte.
Além disso, tal como Soledar, na cidade de Bakhmut havia inúmeros túneis subterrâneos e armazéns densos que favoreciam a proteção de unidades de combate equipamentos, bem como estocagem de munições em abrigos seguros e difíceis de adentrar e destruir.
Sendo uma cidade entrecortada por redes rodoviários e ferroviários, seu abastecimento para o esforço logístico de guerra por parte das Forças Armadas da Ucrânia – FAU era amplamente facilitado, permitindo a formação de cabeça de ponte para planejamento de ofensivas em Donbass.
Do ponto de vista militar, Bakhmut é um importante centro de transportes e uma área fortificada que cobre os caminhos de ataque às cidades da região de Donetsk, que estão sob o controle da Ucrânia. A captura da cidade permitiria em tese às tropas russas lançar uma ofensiva maior contra Slavyansk e Kramatorsk de várias direções simultâneas, sendo as duas maiores cidades de Donbass de alta relevância estratégica.
Enquanto em outros setores da frente, as forças russas assumiram posições defensivas após as perdas sofridas diante da ofensiva ucraniana de outono e se preparam para uma provável ofensiva das forças ucranianas, economizando recursos e pessoas, equipamentos e efetivo dos combatentes da PMC Wagner foram destacados para Bakhmut todos os dias.
Se antes havia a possibilidade de uma ofensiva a Slavyansk-Kramatorsk a partir do Norte, pela direção de Izyum, depois que tal cidade foi libertada pelos ucranianos, essa oportunidade desapareceu. E agora, para tentar capturar as aglomerações de Slavyansk, Kramatorsk, Druzhkovskaya e Konstantinovskaya – os maiores assentamentos no Donbass que permanecem sob o controle da Ucrânia – atacar do Leste através de Bakhmut se tornou essencial para o planejamento operacional russo.
Apesar da cobertura de alguns veículos midiáticos definirem a motivação da batalha pela cidade por fatores simbólicos e motivacionais, os detalhes acima explanados expõem sua importância tático-operacional e o motivo prevalente para tantas reservas de combate das forças ucranianas terem sido direcionadas para a defesa da cidade, ainda que submetendo – se a pesadas baixas e o porquê de as forças russas representadas majoritariamente pelos mercenários do Wagner Group terem se empenhado em sua conquista mesmo com tantas mortes em suas fileiras.
2 – Os principais eventos tático-operacionais
A Batalha de Bakhmut foi um desenvolvimento da batalha por Soledar, que começou em 22 de julho de 2022. Em setembro-outubro, os combates nessa direção diminuíram, pois as forças do Wagner Group foram transferidas para a região de Kharkov para tapar os buracos na frente que ali estava desmoronando com a bem-sucedida ofensiva ucraniana.
No final do outono, a batalha recomeçou e, em 11 de janeiro, os ucranianos em Soledar foram derrotados. Depois disso, o PMC se reagrupou e lançou um ataque às alturas dominantes que controlam os acessos a Bakhmut.
As batalhas pelo controle da cidade de Bakhmut ganharam maior ímpeto no final de fevereiro, quando as forças russas do Wagner Group estabeleceram o controle sobre os arredores da cidade.
Analisar a cadeia de sucessão dos principais eventos tático-operacionais é importante para contratualização da natureza da batalha e a complexidade do combate urbano, tendo em vista ser Bakhmut uma cidade profundamente densa e com muitas plantas industriais.
Em 20 de fevereiro, o Ministério da Defesa da Rússia confirmou o controle russo da cidade de Paraskovievka, localizada na periferia noroeste da cidade de Bakhmut. O relatório do Ministério da Defesa da Rússia indica o fim da operação de limpeza no assentamento. O chefe do Wagner PMC Yevgeny Prigozhin reivindicou o controle de Paraskovievka em 17 de fevereiro.
Menos de uma semana antes, os combatentes de Wagner tomaram o controle da vila de Krasna Gora localizada nas colinas na periferia leste de Paraskovievka e poucos dias depois eles cercaram a própria cidade. Como resultado, a guarnição ucraniana em Paraskovievka estava em situação de cerco.
Em 24 de fevereiro, os lutadores do Wagner Group assumiram o controle da vila de Barkhovka, localizada na periferia noroeste de Bakhmut. Antes do início das hostilidades, cerca de cem pessoas viviam em Berkhovka. A vila está localizada ao norte de Bakhmut e fica ao lado de Paraskovievka, anteriormente liberada.
Em 2 de março, depois de assumirem o controle do distrito de Stupka no norte de Bakhmut, as forças do Wagner Group entraram no distrito de Ilyinovka pelas direções norte, oeste e leste, buscando avançar sobre uma grande área industrial, onde os militares ucranianos estabeleceram um reduto na fábrica de processamento de metais da AZOM e quartéis adjacentes. Enquanto isso, os confrontos aconteciam ao longo da rua Rechnaya. Na parte nordeste de Bakhmut, as forças de Wagner lutavam pelo o controle do distrito da Meat Processing Plant e pela rua Zarechnaya. No sul da cidade, continuou o ataque russo às posições das FAU nos distritos de Budenovka e Sobachevka, com os combatentes do Wagner Group avançando a leste da antiga 2572ª base de artilharia e se aproximando do território da Escola nº 2 e do “distrito do Avião”. Além disso, o Wagner Group alcançou a 4ª Gogol Lane e assumiu o controle da cooperativa de garagem Lesnoy, aproximando-se do reduto das FAU entre as ruas Tchaikovsky e Korsunsky.
Na periferia sudoeste de Bakhmut, as batalhas posicionais continuam perto da rodovia Bakhmut – Konstantinovka, bem como na periferia sudoeste de Krasny.
Na data de 08 de março, fontes ucranianas confirmaram que as posições ucranianas nos distritos orientais da cidade de Bakhmut foram perdidas. Evgeny Prigozhin afirmou que todas as áreas a leste do rio Bakhmutka ficaram sob controle total das unidades Wagner. A operação de limpeza russa nos prédios na margem leste do rio provavelmente foi concluída.
Por sua vez, as forças ucranianas continuaram fortalecendo suas defesas na margem ocidental do rio Bakhmutka, apesar da crescente ameaça do próximo cerco total da cidade. Nesta ocasião, quase 50% de Bakhmut ficou sob o controle de Wagner. A luta continuava na periferia sul da cidade, perto da Rua da Independência, bem como no distrito sudoeste, perto da cooperativa Lesnoye e do MiG-17 Stella. Já nos distritos ocidentais, os combates continuaram nos arredores da cidade e na aldeia de Khromovo.
Em 14 de março, os combatentes de Wagner reivindicaram o controle da fábrica Vostokmash localizada no norte da zona industrial da Artemovsky Metalworking Plant (AZOM) em Bakhmut.
As forças russas lideradas por mercenários do Grupo Wagner tomaram o centro da cidade oriental de Bakhmut durante a 58ª semana da guerra.
Os mercenários de Wagner fizeram avanços no centro de Bakhmut em 31 de março. Imagens geolocalizadas os mostraram a 400 metros (1.300 pés) da prefeitura.
Dois dias depois, após uma batalha noturna que o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy descreveu como “especialmente quente”, imagens geolocalizadas mostraram o fundador de Wagner, Yevgeny Prigozhin, levantando uma bandeira russa sobre a prefeitura.
Na mesma data, o PMC Wagner também ganhou o controle total do complexo industrial AZOM.
Em 3 de abril, as forças russas haviam avançado no sul de Bakhmut, perto do Estádio Avangard e em 4 de abril que as forças de Wagner capturaram a estação ferroviária de Bakhmut-1.
Desde 8 de abril, as unidades russas estavam desenvolvendo tentativas de avanço na área de Khromovo, que posteriormente não foram exitosas no controle do assentamento ao norte de Bakhmut e que possui uma estrada essencial para o acesso a Chasov Yar, um dos centros logísticos mais importantes para as forças ucranianas na região do Donbass. Combates também foram relatados na área de Bogdanovo e Ivanovskoe, com as forças mercenárias russas tentando pressionar as linhas defensivas ucranianas nestas cidades adjacentes. Na mesma data, os combatentes russos do Wagner Group alcançaram um sucesso importante na parte sul de Bakhmut, alcançando a rua Chaikovskogo. Em 08 de abril também, fontes militares russas afirmaram que Wagner estabeleceu o controle do estádio, bem como a escola nº 7 e o Liceu agrário, localizado ao norte nas ruas Kovalskaya e Blagoveshchenskaya.
Em 09 de abril, uma batalha feroz continuou pelo controle da estação ferroviária Bakhmut-2, para onde o comando militar ucraniano enviou outro grupo de assalto na tentativa de manter sua posição. O controle da estação ferroviária de Bahmut era de importância estratégica, pois abriria caminho para uma nova ofensiva dos mercenários do Wagner Group para a periferia oeste da cidade, com. as tropas ucranianas se vendo obrigadas a se deslocarem para trás das ruas Tchaikovsky e Levanevsky, constituindo nova linha de defesa.
Na mesma data, os mercenários russos anunciaram um novo sucesso no distrito central de Bakhmut, assumindo o controle do Estádio Metallurg, com os combates continuando no Upper Park, onde ficava a Igreja Ortodoxa Ucraniana. Anteriormente, o controle russo do Atlantic Hotel, localizado a leste do referido parque, foi confirmado.
Os combates na área da estação ferroviária de Bakhmut confirmaram que o distrito de Internat, no Noroeste (também conhecido como Selishche; esta é uma área residencial adjacente à zona industrial) estava sob controle russo. Combates também foram relatados na área do centro de detenção localizado a nordeste da estação ferroviária.
No fim de abril, o comando militar ucraniano na área se viu em uma situação de impasse tático, pois jogava ainda mais brigadas para adiar um inevitável resultado desfavorável que acarretava mais perdas de mão de obra e equipamentos importantes para seu esforço de guerra, ao mesmo tempo em que ao evacuar as unidades restantes em direção à área de Chasov Yar levou a baixas significativas das forças de Kiev , posto que todas as estradas restantes de Bakhmut estavam sob controle de fogo da artilharia russa.
Em maio os confrontos por Bakhmut mudaram-se para a extremidade oeste da cidade.
Desde 7 de maio, as forças russas estavam finalizando a eliminação das unidades remanescentes do regime de Kiev na chamada área ‘Gnezdo’ ao redor da rua Chaikovskogo, chegando em seguida à rua Yubileinaya a partir desta direção, com as únicas posições que as forças pró-Kyiv teriam na cidade sendo aquelas próximas à aldeia de Khromovo.
Ao mesmo tempo, a artilharia russa continuava a atacar as tropas e equipamentos ucranianos que tentam entrar no setor de Bakhmut através da cidade de Ivanovskoe.
Na noite de 10 de maio, o chefe do Wagner PMC Yevgeny Prigozhin relatou que seus combatentes assumiram o controle de mais 50.000 metros quadrados em Bakhmut. Durante o dia, eles avançaram 170 metros de profundidade na defesa ucraniana no distrito oeste da cidade. Os militares ucranianos ainda controlavam neste momento uma área de cerca de 2,25 quilômetros quadrados.
Na parte noroeste da cidade, os combatentes de Wagner avançaram pelas ruas Medvedev, Chernyakhovsky e Tolbukhin. Eles assumiram o controle dos correios e progrediam sobre as fortalezas ucranianas perto da escola da Reserva Olímpica.
Do centro da cidade, as forças russas avançavam ao longo da rua Yubileynaya, capturando prédios de apartamentos de vários andares andar por andar. As unidades de assalto do Wagner PMC também capturaram mais posições ucranianas perto do cruzamento das ruas Levanevsky e “Defensores da Ucrânia”.
No sul de Bakhmut, os lutadores de Wagner chegaram à 1ª rua Lesnaya. Os confrontos ao longo da rua Chaikovskoho continuavam.
Enquanto isso, nos arredores da cidade, continuam os confrontos entre as Forças Armadas da Ucrânia (AFU) e unidades do Exército Russo. Enquanto perdia na cidade, a AFU passou a lançar contra-ataques na periferia. Em 10 de maio, as unidades ucranianas conseguiram repelir as forças russas de algumas de suas posições ao longo da estrada a leste da vila de Stupochki. O avanço ucraniano foi interrompido por combatentes Wagner que foram implantados com urgência no local
Em 11 de maio, as forças ucranianas empreenderam um pesado ataque aos flancos de Bakhmut, norte na área de Berkhova e em Ivanovskoe. Prighozin, chefe do PMC WAGNER, alertou publicamente acerca da vulnerabilidade dos flancos e o comprometimento da ofensiva em Bakhmut, além de reiteradas vezes criticar o alto comando do Ministério da Defesa da Federação Russa de não prover a logística de munições adequadas, não contribuir para a evacuação médica dos feridos e ser negligente com as baixas crescentes dos combatentes russos do Wagner Group, que chegaram a aumentar em 5 vezes, de acordo com o mesmo Prighozin.
Em 11 de maio, houve relatos adicionais de que as FAU conseguiram assumir o controle de algumas áreas na região de Bakhmut, com unidades russas da 4ª brigada de ataque motorizada separada e do 374º batalhão motorizado separado perderam algumas de suas posições a noroeste de Kleshcheyevka, sendo retomadas no dia seguinte pelos combatentes do PMC Wagner que vieram em socorro.
Na mesma data, um novo avanço ucraniano foi relatado na periferia oeste de Bakhmut. Segundo o repórter militar próximo a Wagner, unidades do 9º Regimento de Fuzileiros Motorizados das Forças Armadas da Federação Russa deixaram o cinturão florestal e área fortificada perto de Khromovo. Recuando para o norte a uma profundidade de 600 metros, eles perderam o controle do trecho da estrada Chasov Yar-Bakhmut.
Como resultado de outro contra-ataque das FAU, o mesmo 9º Regimento de Fuzileiros Motorizados das Forças Armadas da Federação Russa também perdeu uma seção da frente de até 650 m de largura e até 600 m de profundidade na área de Bogdanovka. O avanço ucraniano foi novamente interrompido pelas unidades de reserva Wagner posicionadas no local.
Já em 14 de maio, as Forças Armadas da Ucrânia lançaram vários ataques importantes na região de Bakhmut buscando expandir seus êxitos operacionais obtidos dias atrás. Inspirados por seus recentes avanços na área, as forças ucranianas tentaram desenvolver um ataque móvel e romper as defesas russas na área do reservatório de água ao sul de Berkhovka e cortar a estrada para a cidade de Bakhmut.
Outra direção da ofensiva ucraniana foi a área da vila de Ivanovskoe, onde os militares ucranianos firmavam o controle da estrada para Konstantinovka. No entanto, todos os ataques ucranianos foram repelidos por militares russos e as FAU sofreram pesadas perdas em pelo menos seis ataques que foram repelidos a leste de Bogdanovka, na área do reservatório de Berkovsky. As forças de ataque das FAU envolveram grupos de assalto de mais de 100 militares ucranianos, armados com sete tanques, 14 veículos de combate de infantaria, bem como outros equipamentos militares e technicals.
A infantaria motorizada russa do 3º batalhão da 200ª Brigada de Rifles Motorizados repeliu todos os seis ataques na área. De acordo com os militares russos, sete tanques, 11 veículos de combate de infantaria e mais de 50 militares ucranianos foram mortos.
Além disso, na área de responsabilidade da 6ª Divisão Russa, outro ataque ucraniano de grupos de assalto ucranianos com três tanques e quatro veículos de combate de infantaria foi repelido. As perdas ucranianas totalizaram mais de 30 militares, dois tanques e três veículos de combate de infantaria.
Outra direção dos ataques ucranianos às posições militares das unidades do Ministério da Defesa da Rússia foi ao sul da vila de Krasnoe. Os militares ucranianos atacaram as linhas de defesa russas, tentando chegar à periferia noroeste de Kleshchevka, onde está localizado um terreno elevado que dá vantagem tática. De acordo com fontes militares diversas de campo, pelo menos três ataques ucranianos foram repelidos perto de Krasnoe, que está sob o controle das FAU. O grupo tático do batalhão das FAU liderou as operações ofensivas ao sul do assentamento, que, como resultado dos combates, as forças ucranianas perderam cerca de 200 soldados mortos e feridos, perdendo três tanques, quatro veículos de combate de infantaria e dois veículos blindados das forças ucranianas.
As baixas russas foram significativas e comprometeram o potencial de combate das brigadas envolvidas. O comandante da 4ª Brigada de Fuzileiros Motorizados, coronel Vyacheslav Makarov, liderou pessoalmente a batalha na linha de frente, morrendo durante o terceiro ataque ucraniano. Durante a batalha em outra área, o coronel russo Yevgeny Brovko também morreu devido a vários ferimentos de estilhaços.
Na noite de 14 de maio, repórteres militares locais afirmaram que, após pesadas batalhas ao sul de Krasnoe nos últimos dias, as forças ucranianas conseguiram avançar vários quilômetros. Unidades da 72ª brigada motorizada separada das Forças Armadas da Federação Russa perderam suas posições a sudoeste de Ivanovo.
A ofensiva ucraniana em andamento marcou uma nova etapa da batalha por Bakhmut. Depois que as posições militares nos flancos de Bakhmut foram tomadas, as FAU encontroram os pontos fracos nas defesas russas e atacaram as posições russas com grandes forças. Depois de se retirarem recentemente da primeira linha de defesa ao sul do reservatório de Berkhovky, as unidades russas assumiram posições na segunda linha de defesa e interromperam o avanço ucraniano, infligindo pesadas perdas às forças ucranianas, mas não sem sofrer baixas consideráveis.
Ao sul de Krasnoe, os militares ucranianos continuaram seu avanço, sendo contidos pelas forças russas que vieram em reforços e ainda controlavam a elevação na área.
A situação nos flancos dos PMCs Wagner, que antes estavam sob o controle das unidades das Forças Armadas da Federação Russa, continuou tensa, vindo a se estabilizar somente em 21 de maio.
Entre os dias 15-19 de maio, as forças russas representadas pelo PMC “Wagner” acabaram com os remanescentes da resistência ucraniana em Bakhmut e finalmente controlaram o último prédio de arranha-céus – chamado de complexo “Domino”. Após sua perda, os soldados ucranianos ficaram com o setor privado e um pequeno triângulo formado pela interseção das ruas Chaikovsky e Korsunsky. Os hangares localizados atrás dele eram a última plataforma relativamente segura para descarregar reforços, evacuar feridos, reabastecer e pequenos reparos de equipamentos.
Finalmente em 20 de maio de 2023, às 12h, horário local, as unidades do Wagner PMC concluíram com sucesso o ataque a Bakhmut, um dos principais locais de resistência do exército ucraniano em Donbass. A essa altura, a última seção do complexo de apartamentos, conhecida como “Avião”, havia sido ocupada.
3 – Análise técnica da batalha
Yevgeny Prigozhin relatou que o plano de operação para tomada do eixo de Bakhmut – Soledar foi elaborado em outubro do ano passado com a participação direta do general do exército Sergei Surovikin, então comandante das forças russas no teatro de operações da Ucrânia. A ideia era controlar as primeiras linhas de defesa das forças ucranianas que serviam como anteparo para os centros logísticos de Chasov Yar e Konstantinova, essenciais ao esforço de resistência militar das FAU no Donbass; com a captura de ambas cidades industriais altamente fortificadas e permeadas de Indústrias, formar uma cabeça de ponte e um ponto de implantação de forças para futuramente avançar para Kramatorsk e Slavyansk: arrastar o inimigo para uma ofensiva sangrenta e custosa em pessoal e equipamentos, amarrando e triturando as melhores unidades de combate das Forças Armadas da Ucrânia que poderiam ser usadas em ofensivas direcionadas para outra direção . Na verdade, a batalha de Bakhmut teve similaridades com o plano da batalha de Verdun da Primeira Guerra Mundial, se tornando um “moedor de carne”, expressão coloquial que se tornou a semântica da batalha pela cidade.
Segundo especialistas ocidentais, o número máximo de PMCs atingiu 50 mil pessoas e, em termos de capacidade, é comparável a um corpo de exército, porém operando na forma de destacamentos de assalto de 15-20 homens em progressões táticas sucessivas e medidas de ataque de saturação de área e de fortificações com emprego de obuseiros autopropulsados e sistemas múltiplos de lançamento de foguetes (MLRS).
O ataque russo padrão era precedido pela preparação da artilharia; em seguida os destacamentos móveis de assalto do grupo Wagner avançavam com apoio de fogo de morteiros e lança-granadas até encontrar um ponto de implantação de soldados ucranianos. Seguia-se o combate corpo a corpo e, no caso de um ataque bem-sucedido, a posição ucraniana capturada era usada em ondas de ataques subsequentes. Mas mesmo em caso de falha de tomada de uma posição ucraniana, as posições ainda eram reveladas por drones, seguido por bombardeios pesados e o avanço de um novo destacamento de mercenários Wagner.
O avanço dos combatentes russos do PMC Wagner em Bakhmut e arredores no terreno foi acompanhado por intensa artilharia e ataques aéreos subjacentes que depreciavam a resistência ucraniana e as linhas defensivas.
Sendo um combate urbano em área densamente industrializada e com ruas estreitas que favorecem posições de defesa entrincheiradas com sistemas antitanque e dispositivos de explosivos improvisados (IED), o ataque com colunas mecanizadas em Bakhmut foi muito residual e menos relevante que a progressão tático ponto a ponto dos destacamentos de aasalto das unidades do Wagner Group.
A verdade é que, geralmente, em batalhas urbanas destacadamente, a força atacante deve ter um efetivo significativamente superior à força de defesa no ataque principal – uma vantagem quíntupla em mão de obra, mais uma vantagem no poder de fogo. Nessas condições, a proporção de perdas costuma ser maior do lado que avança.
Justamente para limitar as perdas em pessoal já escasso, as forças do Wagner Group promoviam uma progressão tática com meios modernos de reconhecimento e drones com função de designação de alvo e destruição para superar trincheiras e fortificações, sempre com apoio de fogo de artilharia e aviação tática de ataque.
Justamente a escassez de munições enfrentada ao longo dos meses de abril e maio resultou no aumento de baixas dos combatentes russos da PMC WAGNER em cinco vezes, diminuindo o ritmo de avanço e comprometendo a capacidade operacional do grupo para ofensivas futuras. Segundo o próprio líder do grupo mercenário Prigozhin, cerca de 500 combatentes deram a vida em uma das áreas pela captura de dois quilômetros quadrados.
A forte resistência das forças ucranianas decorreu de ações coordenadas e corajosas dos militares ucranianos nas suas defesas, com uso de drones e de grupos táticos na forma de destacamentos separados que realizam tarefas muito complexas, avançando para reconhecimento ou para um assalto noturno a alguma posição.
O comando militar ucraniana estrutura suas unidades de combate mediante a formação de companhias de marcha (formadas por recrutas recém mobilizados em Brigadas de Defesa Territorial) e, após treinamento sumário de algumas semanas, são enviadas para o front. A outra parte do reabastecimento de pessoal é focada nas formações de alta prontidão de combate, das quais são cuidadosamente equipadas e treinadas, sendo destinadas a participar de operações voltadas para a mudança do ambiente estratégico.
Bakhmut, por outro lado, possui várias rotas de abastecimento, que por muito tempo foram praticamente inacessíveis à artilharia russa. Pessoal, munições e equipamentos foram transferidos ao longo de tais rotas sucessivamente, mantendo estável por meses o efetivo ucraniano mesmo diante de centenas de mortes diárias. Além disso, a cidade é muitos abrigos estruturados desde os tempos soviéticos nos quais as Forças Armadas da Ucrânia puderam operar com eficácia. Tudo isso, permitiu às FAU manterem a defesa de Bakhmut com sucesso por tanto tempo.
Em relação às FAU, os próprios militares ucranianos observaram que os melhores soldados das suas brigadas e forças especiais (muitos veteranos experientes do conflito de Donbass iniciado em 2014) que lutaram por oito anos e acumularam vasta experiência, morreram em confrontos ferozes com os mercenários russos.
Diante da escala de perdas humanas e de sistemas de armas substanciais para sustentar a cidade de Bakhmut, os parceiros ocidentais de Kiev e vários generais ucranianos falaram sobre a necessidade de deixar a cidade estrategicamente pouco promissora e salvar as tropas remanescentes, tendo o presidente Zelensky ficado hesitante e se recusado a permitir uma evacuação das tropas da cidade para um reagrupamento nas adjacências, preparando um contra – ataque maciço que poderia levar a um cerco operacional das forças russas. No entanto a decisão política prevaleceu: As Forças Armadas da Ucrânia receberam ordens de permanecer na cidade, mesmo diante de recomendações e alertas inúmeros do Pentágono conforme relatado por algumas matérias da mídia ocidental – uma ordem que lhes custou um batalhão destruído a cada dois dias de batalha, conforme estimativa de fontes de campo.
Diante da insistência de Zelensky em resistir até o último prédio da cidade sem retraimento de forças, o comando militar ucraniano verificou que diante da captura dos últimos quarteirões da cidade as forças russas migrarão para uma posição de defesa ativa para manter a cidade, permitindo que as Forças Armadas da Ucrânia lancem futuros ataques nos flancos de Bakhmut e busquem exaurir o agrupamento avançado até o limite com combates de rua para depois cortar os flancos com uma ampla cobertura e prender as forças russas recentemente ali instaladas para guarnecer a cidade, infligindo perdas sucessivas e levando a retiradas da cidade- cenário que seria catastrófico para o moral das forças russas.
4 – Consequências e desdobramentos possíveis para o conflito
O próximo grande reduto das forças de Kiev no setor é Chasov Yar. Portanto, após a libertação de Bakhmut pelos russos, a resistência das forças do regime na região se concentrará nesse ponto.
As FAU sofreram pesadas perdas em Bakhmut. Mesmo a decisão do comando militar ucraniano de enviar suas melhores unidades militares para a região não impediu o avanço russo. Isso foi confirmado pelos documentos secretos dos EUA recentemente vazados.
Os papéis datados do final de fevereiro e início de março confirmaram que o chefe da Direção Principal de Inteligência (GUR) da Ucrânia, Kirill Budanov, na época avaliou a situação das tropas ucranianas como “catastrófica”. Ele propôs implantar unidades de elite sob seu comando em Bakhmut por duas semanas, a fim de repelir as tropas russas e impedi-las de bloquear as rotas de abastecimento.
O vice-chefe do Gabinete do Presidente da Ucrânia, Roman Mashovets, afirmou que “as forças ucranianas tiveram a impressão de que quase entraram em um ambiente operacional”. Nesse sentido, o comandante das Forças Terrestres da AFU, Coronel-General Alexander Syrsky, pediu a transferência de uma unidade especial da unidade especial Kraken do GUR para Bakhmut. Esses combatentes não são militares, mas punidores que são conhecidos por desempenhar o papel de destacamentos de bloqueio e retirada que matam os soldados em retirada da AFU.
Apesar das pesadas perdas, as autoridades ucranianas decidiram não se retirar da cidade conforme os combates avançavam a favor das forças russas. Zelensky, explicando esta decisão, alegando que se as FAU se rendessem, as forças russas poderiam avançar significativamente para outras cidades na direção de Donetsk. Ele também expressou sua preocupação de que as autoridades do país pressionem por um “compromisso” com a Rússia.
As FAU concentraram durante a Batalha de Bakhmut até 80.000 soldados que operavam nessa direção em 30 brigadas (não incluindo legiões de mercenários), sem contar as reservas vindas de Kharkiv, Svatovsk, Krasny Liman e Zaporizhzhya.
Falando em números de perdas para ambas as forças beligerantes, as perdas do exército ucraniano em Bakhmut foram estimadas em 45.000-50.000 pessoas ao passo que as forças russas em torno de 20.000 combatentes (metade dos quais da PMC Wagner). Com a intensidade declarada de perdas expôs uma luta fratricida e que afetará o potencial de combate das forças russas e ucranianas para futuras ofensivas.
Os remanescentes das forças da AFU recuaram para trás de Chasov Yar, protegidos das forças russas por pontes minadas. Slavyansk e Kramatorsk foram transformadas em novas fortalezas, onde se concentram novas reservas ucranianas.
Para as forças ucranianas, mesmo após a captura de Bakhmut, as forças russas colidem com a poderosa linha de defesa da aglomeração Slavyansk-Kramatorsk, o que não permite que o sucesso tático se transforme em operacional.
Para a Rússia, a batalha de Bakhmut também foi uma das mais sangrentas e longas desde a Segunda Guerra Mundial.
O chefe do Wagner PMC Yevgeny Prigozhin tem constantemente alertado que as FAU acumularam grandes forças necessárias para operações ofensivas na região de Bakhmut- Soledar. Por sua vez, as unidades russas ainda se vêem desafiadas a receberem todo o equipamento necessário para defender suas posições, devendo os militares russos devem se preparar para a próxima escalada nos flancos, onde as FAU poderão tentar desbloquear Bakhmut e recuperar o controle de setores da cidade.
A médio prazo, a situação pode evoluir de formas diferentes. Se as Forças Armadas da Ucrânia conseguirem abrir caminho na defesa do exército, começarão a avançar, ameaçando a retaguarda das forças russas e depreciando-as até uma evacuação.
Como resultado, obteremos o que os historiadores do futuro chamarão de “Segunda Batalha por Bakhmut”. Emocionalmente, esta não é a opção mais agradável para a sociedade russa e para o campo informacional da Rússia, mas, de fato, a menos ruim diante das perspectivas originais da ofensiva ucraniana: em vez de atacar a região de Belgorod, avançar para a Crimeia a partir de Zaporizhzhia ou atacar Kreminna, as Forças Armadas da Ucrânia gastarão suas últimas forças para dominar o ruínas de um pequeno núcleo regional já transformado em escombros.
Em relação à perspectiva russa, após pausa operacional e reagrupamento de unidades de combate, tentarão ganhar uma posição em Chasov Yar e farão operações com grandes forças para atacar em outros lugares de Donbass, como Konstantinova, Avdeevka (onde atualmente formam um caldeirão) ou Seversk, buscando estender controle sobre novas áreas de Donbass até a liberação completa da tão cobiçada região.
As forças russas, para um avanço consistente a oeste, terão o desafio de estender a linha de frente em ampla extensão. De Bakhmut a Pokrovsk, por onde passa a rodovia E50, que é o principal ramo das linhas operacionais das Forças Armadas da Ucrânia na direção sudoeste – são cerca de 69 km. Além disso, de Bakhmut a Pavlogrado em linha reta, são cerca de 152 km, e, depois para Dnepropetrovsk / Yekaterinoslav, novamente em linha reta, são cerca de 207 km.
Entretanto, para o êxito pleno do comando russo, serão necessários aumento do efetivo, continuidade de ações integradas de artilharia e aviação tática, além de uso maciço de drones para funções ISR que permitam avanços lentos, mas seguros.
Em relação ao emprego ativo do PMC Wagner em novas batalhas, sobre o destino do PMC “Wagner”, Prigozhin observou repetidamente que suas unidades se desgastaram e, portanto, precisam ser reconstruídas. Diante disso, parece muito provável que os combatentes PMC sejam gradualmente retirados da linha de contato e enviados para a retaguarda para recuperação e envio com menos destaque em ofensivas planejadas.
Mesmo com o fim da maior batalha da Europa depois da Segunda Guerra Mundial, os desdobramentos potenciais indicam um prolongamento das hostilidades e mais sacrifícios e perdas humanas para ambas as forças beligerantes – envoltas em um conflito sangrento que se tornou uma guerra de procuração com a OTAN e entre dois exércitos poderosos e com ainda significativos meios operacionais de força e ataque.
Fontes consultadas
- https://www.bbc.com/news/world-europe-64596363
- https://www.bbc.com/news/world-europe-64294653
- https://focus.ua/
- https://www.ft.com/content/dcdd09bf-440a-4648-9664-6084b11dddd4
- https://jam-news.net/battle-for-bakhmut/
- https://www.pbs.org/newshour/world/why-ukraine-is-waging-a-brutal-war-of-attrition-against-russia-over-bakhmut
- https://www.politico.eu/article/massive-split-russia-military-forces-wagner-vow-quit-bakhmut-ukraine-war-yevgeny-prigozhin/
- https://mwi.usma.edu/
- https://www.nytimes.com/2023/04/12/world/europe/bakhmut-ukraine-russia.html
- https://www.realcleardefense.com/
- www.southfront.org
[1] Delegado de Polícia, Mestre em Segurança Pública, historiador e pesquisador sobre geopolítica e conflitos militares.
Show a matéria Rodolfo.
Fui pesquisar de onde o autor tirou o número de perdas russas e ucranianas. A fonte original é: Prigozhin!
Se a verdade não é o que você quer ouvir é difícil aceitar né?
Supera isso filho!
A maior parte das fontes usada para a analise é ocidental.
Kkkkk quando é contra seu interesse ele está mentindo agora se é a favor vc usa ele como referência ..
Acabou o jogo .
Caraca estimativa de perda 70k de homens de ambos lados somados.
A verdade exposta nessa excelente analise vai causa muitos danos emocionais em torcedores aqui, pessoas que apesar de todos os fatos, escolhem viver na ilusão.
E que comece o chororô em 3, 2, 1…
Wagner Group esmagou a melhor tropa Ucraniana, e ainda dizem que seus soldados mercenários são ” Presidiários”. O conzinheiro Prigozhi não correu da luta.
E de fato são presidiários. Não foram eles que mataram tantos ucranianos, foram os milhares de obuses que caíam sobre suas cabeças todos os dias. Em diversos vídeos feitos por forças ucranianas em Bakhmut, com cameras nos capacetes, um punhado de soldados FAU derrubam atacantes russos em diversas ondas. Logo após a barragem volta e eles tem que se retirar sendo massacrados pela artilharia.
“O conzinheiro Prigozhi não correu da luta.”
Na minha opinião, o Prigozhin pode até estar todo fardado e armado, mas é quase certo que ele não participou de nenhuma “luta”, na minha opinião ele só aparece para a foto final, pura propaganda…rsrsrs. Mas eu sei que você não está falando do Prigozhin diretamente e sim de seus mercenários.
Esse é o cara!
Resposta a um comentário, que foi apagado, de um sujeito dizendo que o autor desse excelente estudo utilizou “fontes russas”.
Impressionante, os soldados Ucranianos em fuga são alvejados pelos Ucranianos do batalhão Kraken. Esse batalhão junto com o batalhão Azov são alegadamente neonazistas.
Levando em conta diversos vídeos filmados por soldados, esse artigo e diversos outros no passado, só chego a conclusão que o volume de artilharia 5 vezes superior dos russos fez a diferença. Em algum momento meses atrás se falava de 5 Wagner para cada Ucraniano que caía, mas filmagens de comboios nas estradas chegando a bakhmut mostravam uma barragem constante, com dezenas de veículos queimados a beira da estrada. No meu entendimento o Rei da Batalha ganhou a batalha de Bakhmut.
São 50k de ucranianos a menos para a prometida ofensiva. Vai ver que é por isso que a ofensiva não começou ainda. Essas baixas devem estar fazendo falta
Lembrando que estas baixas foram causadas pelo Grupo Wagner que também perdeu homens, mas estas perdas não são do Exército Russo.
Placar? 50.000 baixas ucranianas x 0 baixas do exercito Russo
Como chamaram mesmo? Vitória de Pirro?
50k de ucranianos e 20k de russos, ou se não forem oficialmente do exército são de chocadeiras?
São prisioneiros russos, estrangeiros, mas não são soldados do exercito russo
Leia o texto que escrevi antes de contestar.
Prisioneiro russo não é russo nativo? São todos estrangeiros aprisionados em solo russo?
Não foge da pergunta… tu entendeu que estou questionando se são russos ou não…
Em bakhmut não tinha apenas PMC, existia também tropas VDV e de regimentos motorizados russos, em que pese a maioria ser de PMC.
Faz lembrar o grande esquema de Trump para diminuir os números do Covid, ou seja, deixem de fazer testes.
Neste caso os Russos mortos não contam…
Tenho minhas duvidas se essa ofensiva realmente irá acontecer. Pelo jeito, analisando os fatos essa vitória do grupo Wagner não foi uma vitória de Pirro, pois os mesmos conseguiram cumprir sua missão de sangrar o exercito ucraniano em Bakhmut. A única forma dos ucranianos tinham de sair vitoriosos dessa batalha teria sido se as operações de flanco de Maio tivesse sido bem sucedido, mas parece que não passou de uma armadilha de Prigozhi, como eu já comentei em posts passados, a ideia era atrair os ucranianos para os flancos para que os Wagner pudessem finalizar a conquista da cidade. Tudo não passou de um blefe por parte dos russos, nunca se eles estivessem com os flancos tão expostos assim eles iriam dar a letra para os ucranianos desse jeito, eles foram muito inocentes em cair nesse engodo.
Os ucranianos deveriam ter ouvido seus aliados ocidentais e ter recuado para uma posição melhor defendida. Ao manter a luta em Bakhmut degradaram suas próprias forças e agora correm o serio risco de terem comprometido sua própria ofensiva de primavera.
Enquanto isso as posições defensivas russas continuam cada vez mais poderosas.
Eu vejo o lado ucraniano negando a todo momento informações ou manipulando situações, mas faz parte da guerra de narrativas porem eu vejo também a Russia lutando contra mais de 50 países e contra o serviço de inteligência dos EUA e dos Europeus e mesmo assim eles consegue vencer ,ou seja, apesar dos erros a Federação Rússia e osso duro de roer…..o resto e so torcidinha de redes sociais
Sim tem que se analisar os fatos sem paixões ou torcida, a meu ver essa batalha saiu mais cara para a Ucrânia do que para a Rússia. Mas vamos esperar os próximos acontecimentos, pois ainda e cedo para tirar conclusões definitivas. Se os ucranianos adiarem sua ofensiva de primavera e um forte sinal que suas forças saíram tremendamente desgastadas dessa batalha.
Respeito o artigo , porem não vejo a realidade atestar o narrado. Autor ressalta grande valor tático a conquista de Soledar e Bakhmut. A realidade mostra 10 meses para efetivar esta empreitada com pesadas perdas, bem superiores ao narrado. Em decorrência disto vemos Rússia sendo atacada em seu território. A esperada contra ofensiva Ucraniana será o único fator real a indicar o futuro deste combate. O real e que OTAN fritou força russia sem perda nenhuma. Minha visão e que Rússia ganhou pequena batalha porem perdeu a guerra e seu futuro com entrada Finlândia e Suécia Otan. Além de seu único ativo valor (petroleo) estar relegado a venda por valor muito abaixo do razoável pelos embargos ocidentais. A perda de Lyman e Yziun e o tempo nesta empreitada inviabilizaram no médio prazo avanço russo, a bola está com Ucrânia vamos aguardar.
O texto fala em combate corpo a corpo. Rua por rua. Prédio por prédio. Andar por andar… a própria proximidade entre as forças beligerantes inviabiliza o uso indiscriminado de artilharia e armas de apoio…
Belíssima análise. Eu queria muito entender porque Bakhmut tornara-se um moedor de carne para russos e ucranianos…Eis as razões…fora as explicações de como esses combatem… realmente é de uma intensidade marcante…fazendo um paralelo com as nossas forças armadas, creio que esse nível de know-how só se encontra com as nossas briosas polícias militares, principalmente a fluminense… com exceção dos efeitos colaterais, o ambiente tático é muito parecido, guardadas as devidas proporções….