Conflito na Ucrânia desencadeado pela aspiração de trazê-la para a OTAN — Kissinger

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Henry Kissinger

Segundo o ex-Secretário de Estado e Conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, durante séculos, a Rússia teve uma influência significativa na região, mas sua própria posição em relação à Europa era ambivalente, uma vez que a Rússia estava interessada em promover laços com ela para seu próprio desenvolvimento, embora fosse cautelosa de ameaças potenciais vindas do Ocidente

— NOVA YORK, 27 de maio. /TASS/. O desejo dos EUA de tornar a Ucrânia um membro da OTAN foi um erro grave e levou ao atual conflito, disse o ex-secretário de Estado e conselheiro de segurança nacional dos EUA, Henry Kissinger, em entrevista ao Wall Street Journal publicada na sexta-feira.

Segundo ele, durante séculos, a Rússia teve uma influência significativa na região, mas sua própria postura em relação à Europa era ambivalente, pois a Rússia estava interessada em promover laços com ela para seu próprio desenvolvimento, embora cautelosa com possíveis ameaças vindas do Ocidente.

Kissinger acha que essa mesma ambivalência também levou ao conflito na Ucrânia. “Acho que a oferta de colocar a Ucrânia na OTAN foi um erro grave e levou a esta guerra”, disse ele.

Dito isso, ele acrescentou que o governo Biden fez “muitas coisas” certas. “Eu os apoio na Ucrânia”, diz ele.

“Do meu ponto de vista, a guerra na Ucrânia está vencida, em termos de impedir um ataque russo às nações aliadas na Europa”, insistiu a figura política americana sênior. No entanto, ele acha que existem “outros perigos que podem surgir da Rússia”.

Em 27 de maio, Kissinger está comemorando seu centenário. Ele é o único oficial na história dos EUA a ter atuado como secretário de Estado e conselheiro de segurança nacional do presidente. Ele é considerado o patriarca da diplomacia dos EUA, guiado por seu pragmatismo em questões de política externa, pois desempenhou um papel fundamental na formação da política de Washington na década de 1970 em uma ampla gama de questões.

FONTE: TASS / GRÁFICO: Al Jazeera

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Guacamole
Guacamole
1 ano atrás

Eu queria que a ideia de realpolitik ficar mais difundida aqui no Brasil, especialmente aos comentaristas do trilogia.
Ficar defendendo esse ou aquele país, essa ou aquela ideologia como alguns aqui fazem com Estados Unidos, Rússia e China é pura perda de tempo

O negócio é ser pragmático: tirar proveito de tudo o que puder, não importa o país e a ideologia do momento.

Hcosta
Hcosta
Responder para  Guacamole
1 ano atrás

Não é isso o que o Brasil faz?

Pragmático, neutro, etc… Confundem neutralidade com independência, em que para ser uma coisa tem de ser outra… Mas são duas coisas diferentes.

Pode ser independente e não ser neutro. Escolheu um caminho e não fica no cruzamento ou escolhe o outro caminho mas não quer que se saiba…

Assim fica difícil terem aliados, apenas relações de circunstância…

Godo
Godo
Responder para  Hcosta
1 ano atrás

Relações entre nações são sempre assim. Se não for do interessa da outra nação, não tem aliança que segure nada. O estados agem para sobreviver, apenas isso. Sem amizade e com alianças pontuais dependendo dos seus interesses

Hcosta
Hcosta
Responder para  Godo
1 ano atrás

Não é bem assim. Existem um conjunto de valores de onde se constrói essa aliança. Até podem ser valores económicos mas esses são mais variáveis ao longo do tempo.

Alianças pontuais é diferente de serem países aliados. Isso se constrói ao longo do tempo até chegarem aos valores em comum.

Heitor
Heitor
Responder para  Guacamole
1 ano atrás

O Brasil deve se encaixar num contexto que se equilibre nos dois lados, pois tomar um lado, seja qual for, só nos prejudicará.

O povo ucraniano é bravo e resistente, só falta um líder mesmo…

Bosco
Bosco
1 ano atrás

“Tostines vende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais?”.
Sem dúvida a intenção da Ucrânia de entrar para a OTAN foi uma estupidez, afinal não há o menor risco da Rússia invadi-la.

Hcosta
Hcosta
Responder para  Bosco
1 ano atrás

Kissinger, como americano, tem a tendência de ver a OTAN como a única organização europeia e que tudo passa por ela.
Do meu ponto de vista a UE é a maior ameaça para o regime Russo. É uma ameaça política, não militar, mas será a maior arma para enfraquecer Putin.

Por vários motivos a Ucrânia nunca entraria na OTAN. Mas na UE, os países de bloqueio, tão díspares como a Hungria ou a França, dificilmente terão margem de manobra para evitarem a sua entrada.

Bosco
Bosco
1 ano atrás

Quando a Criméia foi invadida e anexada qual foi a desculpa?
Em sendo o “cerco” à Rússia a causa maior da invasão e não a pretensão de um ditador de aumentar a extensão do território sob seu controle e escravizar povos que acham inferiores por que o neoczar inventou a história dos neonazistas?
As próprias falas do ditador são contraditórias e não nos ajudam a entender esse imbróglio todo.

Bosco
Bosco
Responder para  Bosco
1 ano atrás

Mas vc é incapaz de citar uma sequer, né?

Arthur
Arthur
1 ano atrás

São Pedro esqueceu de chamar o maior manipulador da política externa americana dos anos 70. O cara que promoveu a aproximação dos EUA com a China, isolando a União Soviética. Ele agora está revoltado porque o governo Biden fez tudo do avesso. Como falou certa vez Barack Obama: nunca subestime a capacidade do Joe (Biden) em fazer mer…!

Heitor
Heitor
1 ano atrás

Com todo respeito mas discordo do Sr. Kissinger. O ex-presidente Bill Clinton, em um jantar com o recente empossado Putin, disse ter ouvido do mesmo que não concordava com o acordo feito com Boris Yieltzin sobre o respeito à integridade territorial ucraniana, em troca da abertura de mão de armas nucleares por parte daquele país. Putin e sua gestapo já sinalizaram desde muito tempo que invadiriam, a questão era de quando. Essas não são minhas palavras, mas do Ex-Potus.

Heitor
Heitor
Responder para  Heitor
1 ano atrás

Nunca houve o real interesse em incluir a Ucrânia na OTAN, mas a invasão mudou muita coisa.

Carvalho
Carvalho
1 ano atrás

Em termos estratégicos, a Rússia se anulou com seu engajamento permanente na Ucrânia.
Algo que os americanos souberam evitar quando se descolaram do Afeganistão e Iraque.
A fronteira leste da Europa está garantida e consolidada.
O foco se deslocou para o Pacífico.
A Rússia agora se alinhou com o conceito de países com baixa governança….Perigosos, portanto.

Bosco
Bosco
1 ano atrás

Você se preocupa muito com quem é protagonista da política mundial. Rsss
O mundo todo está ruindo e vc preocupado por conta dos EUA ainda ser uma “potência hegemônica”.
Se os EUA vão ruir eu não sei, um dia com certeza seu protagonismo vai diminuir, mas que a Rússia já foi pro beleleu primeiro, é fato.
Não esquenta não. Tudo indica que Beteugeuse explodiu há uns 650 anos e que a radiação dela vai nos alcançar ainda esse ano exterminando com a vida na Terra e aí toda a sua angústia pelo imperialismo americamo vai ser resolvida.

Fagundes
Fagundes
Responder para  Bosco
1 ano atrás

Grande Bosco, acompanho seus comentário a muito tempo ,obrigado pelas pílulas de conhecimento.Fiquei preocupado com essa tal estrela, comecei a calcular e pesquisar se tinha algum risco, pelos rumores, e percebi que era fake news.Um bom exemplo é analisarmos a Nebulosa do Caranguejo formada pela surpernova tipo 2, SN 1054, explodiu a quase 1000 anos atrás e atualmente tem uma dimensão de gás aquecido de 11 anos luz, estamos aproximadamente 700 anos luz de Betelgeuse.O cálculo do alcance da radiação gama, pósitrons e elétrons eu ia fazer usando aproximação grandezas inversamentes proporcionais e calculo molar da reação de fusão( He, Be e C) e raio de circunfêrencia em expansão. Me senti um imbecil ao por isso nas distâncias percorridas em ano luz.Sou iniciante na ciência ainda, mas humildemente afirmo que fim do mundo pela Betelgeuse é fake news. Saudações.

Bosco
Bosco
Responder para  Fagundes
1 ano atrás

Rss
Valeu , Fagundes.
Ainda bem!
É uma pena para o “Deni” que vai ter que continuar convivendo com esse tal de imperialismo opressor que não lhe sai da cabeça , ainda por algum tempo, até a humanidade ou ser destruída ou se transformar numa sociedade utópica onde não tem classes sociais composta por transumanos alterados artificialmente.

Pedro
Pedro
1 ano atrás

Finalmente alguém influente dos EUA para dizer o que realmente está acontecendo.

Os fanboys, “defensores da liberdade” vão à loucura com estas verdades

João de Castro
João de Castro
1 ano atrás

O governo brasileiro tem que tomar cuidado! Esse posicionamento lá e cá é muito perigoso!! Temos que ficar neutro de verdade para tirar aproveito da situação para o país, senão o Brasil torna uma nação não confiável pelas autoridades internacionais. O ACORDO DE PAZ REAL: Sugestão, a Rússia retirarem sua ofensiva militar, devolveria os territórios tomados nesta invasão, passaria o território anexado à Rússia anterior para (ONU), as nações unidas criaria uma espécie de capital mundial neste território, levando toda discussão que envolve o planeta pra lá. Em contra partida a Ucrânia assinará um termo de ajustamento de conduta se declarando que não se filiaria a OTAN, com homologação na ONU.
SEGUNDO ACORDO: EUA e UE, retirarem as sensações e hostilidades contra a Rússia imediatamente.

Maurício.
Maurício.
1 ano atrás

Na minha opinião, se a Rússia estava com medo do cerco da OTAN, era só eles terem construído bases na Venezuela e Cuba com tudo que se tem direito, inclusive com armas nucleares se fosse o caso, ameaçando diretamente os EUA, afinal de contas, pau que dá em Chico também tem que dar em Francisco, mas não, escolheram a pior opção, que é invadir um território alheio, nesse ponto a Rússia está mais que errada.

Bosco
Bosco
Responder para  Maurício.
1 ano atrás

Hoje não estamos em 62. Não há razão prática para a Rússia instalar armas nucleares nesses países vizinhos dos EUA tendo em vista que ela tem SSBNs que podem estar em qualquer lugar. Tal ação seria vista apenas como provocativa e só faria desses países alvos nucleares legítimos dos EUA e aliados.
Da mesma forma a alegação russa de que precisaria de um país tampão contra a OTAN no caso de um conflito é completamente irreal. Com ou sem a Ucrânia fazendo parte da OTAN não haveria como a OTAN avançar sobre o território russo num conflito convencional sob pena da Rússia apelar para as armas nucleares, de acordo com a sua doutrina.
E em a OTAN querendo atacar a Rússia nuclearmente não seria a Ucrânia no meio que poderia impedir isso de acontecer. Ou seja, na prática o conceito de país tampão não existe e só foi desculpa para o Putin invadir um país com a intenção de anexá-lo.

Maurício.
Maurício.
Responder para  Bosco
1 ano atrás

Veja que eu estou falando de bases, os artefatos nucleares, só se for preciso, mas eu só vou acreditar nessa sua narrativa o dia que os EUA retirarem todas as suas bases da Europa, assim como quando eles retirarem todas as suas nukes da Alemanha, Bélgica, Itália, Holanda e Turquia, no caso da Turquia, parece que as nukes foram para a Romênia, mas não tenho certeza.

Cerberosph
Cerberosph
1 ano atrás

Parabéns pelos 100 anos e lúcido, não é para qualquer um independente dos seus atos.