Por que Lula reivindica a reforma do Conselho de Segurança da ONU?
Por Vitelio Brustolin*
- Sobre o Conselho: Na prática, como funciona o Conselho de Segurança da ONU? Qual a diferença entre os membros permanentes e não permanentes (ou seja, o que significa ter poder de veto?)
O Conselho de Segurança foi criado para ser o órgão principal da ONU. Isso porque a principal função das Nações Unidas é evitar guerras e isso é bem estabelecido no Preâmbulo da Carta da ONU, onde se ressalta o objetivo de “preservar as gerações vindouras do flagelo da guerra”, já que aquela geração havia passado por duas vezes por guerras mundiais. Esse objetivo também é expressamente destacado logo no Artigo 1º da Carta da ONU: “Manter a paz e a segurança internacionais.” Aqui cabe ressaltar que houve uma organização internacional que precedeu a ONU, chamada de Liga das Nações (também conhecida como Sociedade das Nações). Ela havia sido criada ao fim da Primeira Guerra Mundial, em 1919, pela Parte I do Tratado de Versalhes.
O principal objetivo da Liga também era evitar guerras, mas ela falhou miseravelmente nessa missão, pois apenas 20 anos depois de ter sido estabelecida, em 1939, começou a Segunda Guerra Mundial. Tendo em vista o fracasso da organização internacional anterior, na Carta das Nações Unidas – que é um tratado internacional resultante da Conferência de São Francisco, em 1945 – procurou-se mesclar duas correntes das Relações Internacionais: o idealismo, representando pela Assembleia Geral, onde cada país membro tem direito a um voto, e o realismo, presente no Conselho de Segurança, onde os cinco principais vencedores da Segunda Guerra Mundial têm direito de veto. Na Assembleia Geral, que tem atualmente 193 países membros, um país como Índia, com seus mais de 1,4 bilhão de habitantes, tem direito a um único voto, assim como as Ilhas Marshall, com seus 70 mil habitantes – o equivalente à população de alguns bairros do Rio de Janeiro ou de São Paulo, por exemplo.
No entanto, as decisões relativas à paz e à segurança internacionais são atribuições do Conselho de Segurança e a Assembleia Geral pode apenas fazer recomendações sobre essas questões. Inicialmente, o Conselho de Segurança tinha onze membros, sendo cinco permanentes (Estados Unidos, Reino Unido, França, China e União Soviética, que acabaria sendo sucedida pela Rússia) e seis eleitos pela Assembleia Geral, para um prazo de dois anos e sem faculdade de reeleição para o período imediato. Contudo, em 1963 foi feita uma pequena reforma e o Conselho de Segurança passou a ter dez membros não permanentes, além dos mesmos cinco permanentes. O direito de veto permite que um único país com assento permanente possa se opor a todos os 14 demais e barrar resoluções.
- Você pode explicar melhor a pergunta sobre que o Brasil “ganha” em ter uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU? Esse deveria ser o foco da política externa de Lula?
Na prática o Brasil ganharia poder de veto e maior capacidade de negociação diplomática. Teria um outro papel na diplomacia mundial. Na Conferência de Dumbarton Oaks, em 1944, onde se discutiu a criação da ONU, o então presidente dos Estados Unidos, Franklin Roosevelt, apresentou a ideia que ele chamou de “tutela dos poderosos”, que ficaria a cargo de quatro “estados policiais”: Estados Unidos, Reino Unido, União Soviética e China, sendo depois acrescentada a França. O Brasil não estava presente em Dumbarton Oaks, mas foi o único país a ser cogitado para ocupar uma sexta cadeira permanente no Conselho. O Brasil lutou ao lado dos Aliados na Segunda Guerra e teve um importante papel contra as tropas nazistas na Itália.
Uma reforma que ampliasse o Conselho de Segurança, neste momento, no entanto, não poderia incluir apenas o Brasil, pois há outros países que desejam assentos permanentes. Para citar apenas alguns, em 2021 foi publicado um comunicado conjunto dos chanceleres do Brasil, Alemanha, Índia e Japão, durante a 76ª sessão da Assembleia Geral da ONU, defendendo a urgência da reforma do Conselho de Segurança. É claro que o mundo mudou bastante desde 1945 e muitos países almejam mais poder nas organizações internacionais. Dito disso, a simples ampliação do Conselho de Segurança não resolveria o impasse atual. O que ocorre é que os membros permanentes do Conselho têm descumprido sucessivamente a Carta da ONU desde a década de 1950.
Isso porque deve se abster de votar o membro do Conselho de Segurança que for parte numa controvérsia prevista no Capítulo VI da Carta ONU: “controvérsia que possa vir a constituir uma ameaça à paz e à segurança internacionais”. Isso está claramente previsto no Artigo 27, parágrafo 3º da Carta. Para contextualizar com a situação da guerra na Ucrânia: no dia 25 de fevereiro de 2022, um dia após a Rússia invadir a Ucrânia, o Conselho de Segurança se reuniu. Dos 15 membros, 11 votaram a favor de uma resolução obrigando a Rússia a se retirar, 3 se abstiveram e só a Rússia votou contra a resolução. O Brasil votou contra a Rússia, enquanto a China, a Índia e os Emirados Árabes Unidos se abstiveram.
O primeiro problema é que a Rússia não poderia ter votado. Ela descumpriu expressamente a Carta da ONU. O segundo problema é que países como Estados Unidos e Reino Unido perderam a legitimidade para condenar esse tipo de descumprimento do Direito Internacional, pois eles também não obtiveram a autorização do Conselho de Segurança para promoverem a invasão ao Iraque em 2003, e guerras de agressão são proibidas pela Carta da ONU, só sendo possíveis com a aprovação do Conselho. Ou seja, na prática, ampliar o Conselho de Segurança não resolveria situações como a guerra na Ucrânia, mas cumprir a Carta da ONU ajudaria muito. Em 16 março de 2022 a Corte Internacional de Justiça, que é o tribunal da ONU, determinou que a Rússia suspendesse as operações militares na Ucrânia e se retirasse incondicionalmente.
Na sentença, a Corte deixou claro que não havia qualquer prova de que a Ucrânia havia planejado ou cometido ataques que podem ser considerados crimes contra a humanidade no Donbas ou em qualquer área, contrariando a narrativa russa, que alegava “que houve genocídio nas regiões de Donetsk e Luhansk, no leste da Ucrânia”. A Rússia descumpriu a sentença. Aqui cabe ressaltar que o Estatuto da Corte Internacional de Justiça é anexo à Carta da ONU e que todos os 193 países que fazem parte das Nações Unidas estão sujeitos à sua jurisdição, pois assim se submetem ao ingressar na ONU. Alguns países, no entanto, já declararam publicamente que não reconhecem a jurisdição da Corte. É o caso dos Estados Unidos, por exemplo. E aqui mais uma vez temos uma contradição e um descumprimento da Carta da ONU e do Direito Internacional.
- Como você avalia a atuação do Brasil na presidência rotativa do Conselho de Segurança para o biênio 2022-2023?
A presidência é rotativa entre os 15 membros e dura apenas um mês. O Brasil desempenhou esse papel pela última vez em julho de 2022. Durante a presidência do Brasil, o Conselho examinou uma série de situações de segurança: Ucrânia, Síria, África Ocidental e região do Sahel, Colômbia, Líbano, Sudão, Oriente Médio, Haiti, Iêmen, Chipre, Líbia e Ásia Central. Como podemos observar, embora a ONU e o Direito Internacional tenham como principal missão a paz internacional, as guerras continuam acontecendo – e são abundantes.
Quando falo sobre isso com os meus alunos, sempre surge um questionamento realista: o que, de fato, evita uma nova guerra mundial é a ONU ou seria o medo da Destruição Mútua Assegurada (MAD) pelo uso de armas nucleares? Em vários momentos, durante a Guerra Fria, houve guerras localizadas, mas nunca uma guerra aberta entre Estados Unidos e União Soviética, sendo o momento de maior tensão, a crise dos Mísseis em Cuba em 1962.
Essa é uma das questões paradoxais das Relações Internacionais: as mesmas armas que podem destruir o planeta são usadas como instrumento de dissuasão. Isso porque ninguém pode vencer uma guerra nuclear: antes mesmo que os mísseis toquem o solo do oponente, um contra-ataque seria lançado pela tríade nuclear: silos terrestres, aviões e submarinos nucleares. Seria, de fato, uma destruição mútua.
A Ucrânia entregou à Rússia as suas armas nucleares em 1994, por meio do Memorando de Budapeste, um acordo garantido por três potências nucleares: Rússia, Estados Unidos e Reino Unido. China e França mais tarde também aderiram; ou seja, todos os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU. Esses países se comprometeram a defender a Ucrânia – dentre eles, inclusive a Rússia, que agora a ataca, e a China que se abstém de condenar a agressão russa. Pode parecer paradoxal, mas se ainda tivesse armas nucleares, a Ucrânia também ainda teria a Crimeia e não estaria sendo invadida. Quando meus alunos me perguntam por que mantemos a ONU, apesar de tudo isso, respondo a que é uma organização imperfeita e que existe praticamente uma unanimidade de que ela precisa de reformas, mas é melhor termos a ONU do que não termos nada.
- As declarações polêmicas passadas de Lula sobre a guerra na Ucrânia podem interferir no engajamento do Brasil por uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU?
Na declaração conjunta entre Estados Unidos e Brasil, resultante da visita de Lula a Biden, em fevereiro, foi mencionada a reforma da ONU, mas sem o endosso a uma candidatura brasileira. Por sua vez, a Rússia reiterou ao apoio à candidatura do Brasil como membro permanente, durante a visita do chanceler Sergei Lavrov, em abril. A Rússia precisa de aliados e conhece o histórico da diplomacia brasileira com essa questão. No comunicado conjunto publicado ao final da visita de Lula a Xi Jinping, em abril, a China evitou comprometer-se quanto à candidatura brasileira ao Conselho de Segurança da ONU.
Além disso, a despeito da retórica da reforma da governança global, o comunicado defende o fortalecimento da ONU e da Organização Mundial do Comércio (OMC). Aqui cabe mencionar que, aparentemente, Lula vem tentando calibrar as suas declarações. Ele mesmo admitiu que vem aprendendo sobre a guerra na Ucrânia. Além disso, o assessor da Presidência, Celso Amorim, que já foi Ministro das Relações Exteriores, será enviado a Kiev, para conversar pessoalmente com Zelensky, após já ter conversado com Putin em uma viagem discreta. Também é importante mencionar alguns fatos: quando o governo Lula buscou intermediar, juntamente com a Turquia, um acordo nuclear com o Irã, em 2010, o foco era em uma maior projeção diplomática, almejando, justamente, um assento no Conselho de Segurança.
O Brasil não tem armas nucleares e aderiu formalmente ao Tratado de Não Proliferação, que, no caso brasileiro, tem status constitucional. Logo, o País tenta se destacar diplomaticamente por sua tradição pacífica. Um exemplo disso é ter participado de mais de 50 missões de paz sob a égide da ONU, com destaque para as missões no Haiti e no Líbano: a intenção declarada é aumentar a projeção brasileira no cenário mundial, de forma pacífica.
- A diplomacia brasileira tem condições de intermediar esse conflito?
Historicamente, a diplomacia brasileira tem boa reputação no exterior. A questão é que há um impasse na guerra neste momento: a Ucrânia não irá ceder território sem uma garantia de segurança, pois claramente o Memorando de Budapeste de 1994 não funcionou, nem na invasão à Crimeia em 2014 e nem na invasão de 2022. Logo, a garantia de segurança necessária seria a adesão à Otan. Por sua vez, isso é exatamente o que a Rússia não aceita. Carl von Clausewitz ensina que a guerra é “uma continuação da política por outros meios”. Quando não se consegue o que se quer pela via diplomática, os Estados podem tentar obtê-lo pelo uso da força. A guerra tem, portanto, um objetivo político: a alteração ou manutenção de um determinado status quo; ou seja: a obtenção de “uma paz mais favorável”.
Um dos objetivos políticos declarados de Putin com a guerra na Ucrânia era “restringir a expansão da Otan”. O ingresso da Finlândia na Otan, após ter sido neutra por 77 anos, tem o efeito contrário. A Finlândia compartilha 1.340 quilômetros de fronteira seca com a Rússia e mais de 80% de sua população apoiou o ingresso na Otan, justamente por conta da agressão russa contra a Ucrânia. Nas guerras de Inverno e da Continuação, entre 1939 e 1945, a Finlândia perdeu 11% de seu território para a União Soviética de Stalin, no entanto, saiu dessas guerras soberana. Passou 77 anos se armando e hoje tem um dos mais bem equipados exércitos da Europa. Entrou para a União Europeia junto com a Suécia em 1995 e agora entra para a Otan.
Mesmo que Putin obtenha alguma vitória militar na guerra contra a Ucrânia, neste momento sofre uma derrota. A guerra é uma continuação da política, conforme ensina Clausewitz, e essa derrota política é, portanto, uma de suas derrotas nesta guerra. Se a Suécia também completar o seu ingresso na Otan, a derrota será ainda maior e envolverá o controle dos estreitos do Mar Báltico. Politicamente a Rússia está perdendo a guerra, não para a Ucrânia, mas para a Otan. Economicamente a guerra de Putin é questionável e cada vez mais cara. Clausewitz também escreveu sobre a natureza da guerra: “um ato de força para submeter o oponente à nossa vontade.” Se Putin tivesse tomado rapidamente Kiev e derrubado Zelensky, teria obtido o que pretendia: a soberania da Ucrânia.
Neste momento, no entanto, a Ucrânia tem aversão à Rússia e mesmo que ainda não tenha oficializado, está totalmente alinhada com a Otan e a União Europeia. Militarmente a Rússia é muito menor agora do que era há 14 meses. Por mais rico que o Donbas seja, o preço cobrado em vidas, sanções, isolamento, arrestos de reservas internacionais e realinhamento comercial é imenso. Ocupar uma faixa de território de 50 a 100 km de profundidade, que mesmo que consiga manter após as contraofensivas, sofrerá atentados terroristas e levará a décadas de retaliação terá valido a pena? Na “grand strategy”, a grande estratégia, Putin errou com essa guerra e, neste momento, transforma o empate que Stalin teve em 1945 contra a Finlândia em uma derrota para a Rússia. A diplomacia brasileira deve estar a par dessa situação. Resolvê-la, no entanto, irá depender de desdobramentos no campo de batalha.
- Lula está certo em dizer que o Conselho está “paralisado”? Como destravar o Conselho?
O Conselho de Segurança está paralisado e essa não é a primeira vez. O uso abusivo e, por vezes, ilegal do direito de veto, especialmente durante a Guerra Fria, travou o Conselho durante muito anos, enfraquecendo-o. A Assembleia Geral passou então a opinar nos assuntos em que o Conselho de Segurança não conseguia chegar a uma solução, mas isso nunca teve qualquer poder direto sobre as decisões do Conselho. Lula sugere criar um “clube para a paz”, ou uma espécie de “G20 para a paz”.
Ele tenta conectar a experiência do Grupo dos 20, estabelecido em 1999, congregando os ministros da economia e diretores dos bancos centrais das 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia. Esse grupo foi chamado às pressas para ajudar a resolver a crise econômica iniciada nos Estados Unidos em 2009. O “clube para a paz” sugerido por Lula seria formado por países neutros. O argumento aqui é o seguinte: embora a ONU seja a organização internacional responsável por manter a paz e embora o Conselho de Segurança tenha exatamente essa atribuição, claramente eles não estão funcionando.
Em uma perspectiva histórica, o perigo que o mundo atravessa neste momento é que a ONU esteja próxima a um nível de ineficiência de sua principal missão comparável ao da Liga das Nações, em 1939. Naquele momento, o advento da Segunda Guerra Mundial culminou na extinção da Liga das Nações. É importante que não seja necessária uma nova guerra mundial para reformularmos as organizações internacionais que deveriam evitá-la.
*Vitelio Brustolin é professor de Relações Internacionais da UFF e pesquisador de Harvard. Website: https://scholar.harvard.edu/brustolin
Lula, com seus patuscadas de grandeza e discursos infelizes, só retira o pouco de credibilidade que o país possui. Se há, de fato, a intenção de reforma do Conselho de Segurança da ONU, as lorotas do Chapolim Colorado Petista só produzirão o efeito inverso.
Antes dele o Brasil nem se quer tinha voz na América Latina .
Foram 4 anos completamente isolado do mundo.
Prefiro isolando a ver o pais sendo representado por um LADRÃO, que fala mer… atras de mer… e nem ele faz o que pede para o povo fazer. Tipo, nao pode ter duas tvs, mas ele pode ter sofa de 60 mil, janja comprando gravata a preco do nosso salário mínimo.
Então nao fale asneira, ja basta o ladrão na Europa fazendo esse favor para o povo brasileiro, pelo menos quietos nao passávamos tanta vergonha.
Caro Pablo. Creio que o fato de uma pessoa comprar alguma coisa com seu próprio dinheiro não deveria ser tomado como mérito ou demérito. Se uma pessoa decide comprar uma gravata ou uma bicicleta ou um violino de mil ou dois mil reais usando o seu próprio dinheiro, com nota fiscal, é uma não-notícia. Que tolice.
O brabo é que não dá pra saber se foi com o proprio dinheiro porque o gasto do cartão corporativo só vai ser aberto ao publico em 2026. Tipo é incoerente o discurso de todo modo já que o Lula diversas vezes criticou a classe media ( não tão pobres para passar fome nem tão ricos para viver de luxos) fazer tais gastos
.
Caro. A esposa do presidente não tem autorização para usar o cartão corporativo… nenhum cônjuge de um servidor público tem esta autorização. Nesse caso, se houvesse sido o usado o cartão corporativo, quem teria feito a compra seria um servidor do gabinete da presidência.
Oi? CLARO QUE TEM!
O cartão fica de posse dos assessores, e vi pelo menos dois entrando com ela na loja da Zegna…
O que você diz no final de seu texto foi exatamente o que aconteceu, não seja cínico…
Caro. Não vou entrar no seu jogo de provocações.
E QUEM te disse que foi com o dinheiro dele?!
Eu GARANTO que isso foi pago com cartão corporativo, NÓS pagamos isso tudo!
Caro, Você vai ficar cansado de me provocar. Riso. Lembrei da velha propaganda. “La Garantia Soy Jo”. Vocẽ não quer debater e eu não quero discutir. Quando aprender a ser educado e respeitoso, terá minha atenção… bem, talvez tenha, mas agora prefiro ignora-lo. Torço pela reciprocidade.
Tolice e acreditar em um LADRÃO, agora fui ver, em um canal, o “pai dos pobres” pensa e cancelar o programa dos A330 e transformar em avioes vips para transporte de autoridades. Entao, quando tu chamar alguem de tolo, te olha no espelho, hipócrita. Lula nunca pensou no pobre, ele pensa em como se ajudar, e um atoa que nem tu acredita!
Caro Pablo. Não tive intenção de chama-lo de tolo, mas sim que tratar este assunto como notícia, como fez a Folha é uma tolice. Peço desculpas se pareceu diferente. Espero ter esclarecido. Obrigado pela chance de esclarecer.
Independente do cara ter dinheiro ou nao para comprar gravatas caras, isso nao é o que ele diz para os eleitores dele fazer, ou tu acha certo ele dizer as “23:59” que é errado as pessoas terem duas tvs e a “00:00” ta fazendo algo totalmente ao contrário do que ele mesmo fala? Gravatas caras, sofa e cama com valores fora do normal. Ta certo isso?!?!?!
Outro detalhe, acho bem difícil esse dinheiro ser dele, se é que me entende.
Pablo. Acho que vocẽ ser refere sobre a crítica de Lula á classe média alta e sobre os gastos de ostentação. Ele menciona (com razão) que a maioria da população está excluída da sociedade de bem-estar material. Ele menciona, como exemplo, que de um lado existem pessoas com casas com muitos quartos, cada um com uma televisão, enquanto outras parte da população mora em moradias precárias. Agora, vamos ao ponto. O presidente teria um encontro com outro presidente. É comum que ser compre roupas ou acessórios nestes momentos. Aliás, eu só compro um gravata nova para um momento assim. Lembro que comprei um terno bem caro para a minha defesa de doutorado (que uso até hoje). Também comprei uma gravata italiana para a entrevista que fiz no concurso para professor. Também comprei um sapato novo para uma apresentação que fiz para a FAPESP quando ela recebeu uma comissão de pesquisadores japoneses. Também costumo comprar uma camisa nova (mesmo que o terno seja velho) para determinadas ocasiões especiais. Não me parece razoável achar que este tipo de coisa seja ostentação.
Caro. O Brasil sempre teve uma boa política externa, seja pela atuação dos diplomatas ou até pelo peso econômico e geopolítico do Brasil. Contudo, a passagem do Ernesto Araújo foi um desastre para o Itamaraty. Muita gente ainda tem dificuldade de aceitar o desastro que foi Araújo por razões apenas partidárias. Um grande erro.
Outro grande erro é criticar só um dos lados, ao passo que exime o outro, também por razões partidárias.
Mais em cima, sobre gravatas, bicicletas e sofás….gosto sempre de propor a seguinte dinâmica: E se fosse o outro? Fosse o anterior, estaria achando tão normal assim?
A resposta já sabemos.
No Brasil temos um ditado muito bom que, infelizmente, está sendo retirado da mente das pessoas: “pau que dá em Chico, tem que dar em Francisco”.
A miopia seletiva talvez traga mais felicidade. Afinal, é fácil né? É fácil aprovar tudo sobre X e reprovar tudo sobre Y, sem ter que pensar muito sobre.
É mais fácil, mais simples e dá menos dor de cabeça né?
Caro Felipe. Eu gosto muito desta técnica de análise. Sempre aplicar a situação para outra pessoa e avaliar. Pode ser um ex-presidente ou um presidente de outro país, por exemplo. No caso da bobagem da gravata… se fosse a D. Ruth comprando uma gravata de R$ 1 mil.para FHC com dinheiro dela? Seria normal. E se fosse a Michelle comprando uma grava com dinheiro do salário do marido: Normal. Se fosse minha esposa comprando uma gravata para mim com nosso cartão de credito pessoal. Normal. E se fosse o filho de um presidente ou ex-presidente comprando uma gravata para dar de presente para o seu paí usando seu cartão de crédito pessoal? Normal. Considere um casal, qualquer casal, cuja renda mensal líquida seja de R$ 35 mil, na qual a esposa acompanha o marido em uma viagem de trabalho (portanto sem despesas de estadia ou transporte) que resolve dar um presente, qualquer presente, de R$ 1000 para o marido, usando seus próprios recursos. Absurdo?
A passagem de Celso Amorim e de Marco Aurélio Garcia foi muito pior.
E a volta do primeiro só vai acabar de destruir o que ficou faltando.
Aliás, já está.
Caro. Vocẽ pode discordar de Amorim ou Lampreia, ou mesmo de FHC que também foi ministro das relações exteriores, mas nenhum deles jamais estimulou o confronto com outros países. Nem mesmo durante o regime militar ou antes dele. Para entender o desastre que foi Ernesto Araújo, basta lembrar da polêmica em torno do nazismo com o embaixador da Alemanha ou das sucessivas crises com o embaixador da China. Contudo, nada supera o fato de Araújo ter sido demitido por pressão do Senado. Diria que Ernesto Araúdo merecia ser esquecido se não fosso a importância de jamais repetir tal desastre.
E antes do bozo? Como era?
Caro. Acho que antes do Bozo era o Arrelia, Piolin e Carequinha. Também lembro do Torresmo e Pururuca no Pulmman Jr. O Patati-Patatá veio depois e é muito chato.
Qual influencia o Brasil tinha com bozo ?
não participava de nada, nunca era convidado pra nada quantos acordos ele fechou em viagens internacionais ?
Na Europa, foram duas viagens: Hungria e Rússia…
E ter voz na América Latina significa O QUÊ, exatamente.
Ô cara, nesses quatro meses o Lula conseguiu acabar com o restinho de credibilidade e de respeito que o Brasil ainda tinha lá fora, se liga!
Caro Roger. A discussão sobre a ampliação do Conselho de Segurança, com a inclusão da Alemanha, Índia, Brasil e Japão, além de um país africano, começaram há pelo menos 30, mais ou menos após a Primeira Guerra do Golfo e após o colapso da ex-URSS. Ela se tornou bastante forte após a crise de 2008, mas depois o assunto foi mais ou menos colocado de lado, contudo o atual cenário de crise mundial parece ter aberto uma nova rodada de discussões. Já foi proposto que o CS fosse ampliado, dando assentos permanentes ao Brasil, Alemanha, Japão e Índia mas sem o poder de veto, além dos membros rotativos, contudo esta solução não foi aceita pelos quatro países. Como diz o texto, a reforma do CS é cada vez mais urgente. Isso nada tem a ver com quem está na presidência do Brasil. Não dá para pensar em política externa ficando preso a uma discussão rasa de política interna.
Olha, pela primeira vez ele homem tem razão nesse governo e tenho que concordar.
O presidenta Lula …. pelo que fez naquela questão nuclear do Irã e pela sua posição atual … de fazer opção pela paz e não à guerra…. deveria receber o prêmio Nobel da paz.
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Com a sua postura inteligente, recolocou o Brasil em destaque no cenário internacional e no bom sentido…. é assim que se faz governança de forma competente .
Caro Lucena. È muito difícil defender ideias que vão contra a corrente. Lembro da posição brasileira contra a invasão do Iraque, ainda que a diplomacia brasileira condenasse o terrorismo. Os mais velhos devem se lembrar do afastamento do presidente da OPAQ em 2002, embaixador Bustani, brasileiro, pela firme posição contra a versão do uso de armas de destruição em massa pelo Iraque, que foi usadas pelos EUA para justificar a invasão. Hoje, todos sabem que o governo dos EUA e o governo inglês mentiu. Virou até tema de vários filmes de Hollywood. Neste momento, mais uma vez, é preciso um discurso forte em favor da paz. Para quem gosta de boa música basta ouvir Lennon “Give Peace a Chance”
Como diz o ditado: “só faltou combinar com os russos”. No caso com os russos, os americanos, os ingleses, os franceses e os chineses.
De fato o sistema é anacrônico, mas qual país que integra de forma permanente o CS vai abrir mão de tamanho poder. O poder de veto trás muito poder para os poucos países que o possuem.
Caro. Existem várias propostas para a reforma do CS. Uma delas seria a simples ampliação do número de assentos rotativos. Outra é a inclusão de novos países como membros permanentes mas sem poder de veto. Também tem a proposta do aumento do número de membros permanentes com poder de veto. Cada uma tem vantagens e desvantagens. Contudo, desconheço qualquer proposta que fosse a troca dos membros permanentes ou o fim do poder de veto. De onde você tirou a ideia que algum dos países com assento permanente estaria disposto a abrir mão do direito de veto?
Está mais do que certo e o Brasil já era pra ser membro permanente a muito tempo .
Uma curiosidade que cabe destacar é o chamado coffe club, formado pelos países que se opõe a instituição de novos membros permanentes em razão dos principais candidatos serem seus “rivais”. Aqui na america latina é formado por argentina, mexico e colombia, que querem jogar agua no chopp do brasil.
Caro. Há anos a Argentina apoia a ideia do Brasil se tornar um membro permanente do CS com direito a voto. Isso é de interesse da região. Perceba que a América Latina tem um assento rotativo no CS, cujo ocupante é eleito pelos países da região. O Brasil é o pais que mais vezes ocupou este assento eleito pelos países da região. Aliás, o Brasil e o Japão são os países que mais ocuparam o assento rotativo no CS. Como a regra impede que um país seja reeleito para o assento, os países da América Latina vão se revezando, ainda assim o Brasil é o país que mais vezes esteve no CS. Desde a redemocratização dos dois países, só o governo Bolsonaro acreditou em uma rivalidade entre os dois países, ainda que a Argentina tenha apenas esperado o fim de seu mandato.
Neste forum existe muitos defensores do modus operandis petista. Se, no campo das relações internacionais o bozo foi muito, mas muito fraco.
Como foram as relações no período 2002 – 2014? Nada muito diferente, apenas maquiado.
Ao rebater os repórteres portugueses e espanhóis que o indagaram sobre os direitos humanos na China, o nove dedos falou da “autodeterminação dos povos”.
Ou seja, nós, em plena ditadura militar, tínhamos autodeterminação?
Uma lástima mesmo.
Caro. Durante a década de 70 e 80, o maior fornecedor de petróleo ao Brasil era o Iraque, desde aquele tempo uma ditadura. Após a crise dos petróleo, os EUA subiram as taxas de juros, afetando diretamente o Brasil, que dependia da importação do petróleo. Lembro de uma entrevista de Delfin Netto explicando que o Brasil não tinha alternativa. Era preciso obter empréstimos a juros altos para pagar a importação de petróleo, caso contrário o país iria parar. A crise da dívida externa levou o país a uma moratória e a perder o crédito internacional par financiar as importações de petróleo. Ainda que os empréstimos do FMI sustentassem o comércio exterior, era insuficiente para bancar a importação de petróleo do Iraque. Naquele tempo, o Iraque continuou fornecendo petróleo ao Brasil a crédito, sem garantia e sem cobrar juros. O desequilíbrio desta balança comercial com o Iraque foi compensada pela exportação de armas, de bens de consumo (desde alimentos até carros e máquinas), além de serviços das empreiteiras brasileiras. Então, segundo a sua lógica binária, o Brasil deveria ter interrompido as relações com o Iraque porque era uma ditadura que violava os direitos humanos? Ou a relação seria adequada porque o Brasil também era uma ditadura? Os EUA e toda a Europa mantém relações diplomáticas com a China, mas o Brasil deveria cortar as relações? E a Arábia Saudita, por exemplo, que está entre os países que mais violam os direitos humanos? Perceba que este discurso simplista destruiu o comércio exterior do Brasil com a Venezuela, no qual o Brasil era o principal fornecedor de bens de consumo assegurando um superavit maior que US$ 4 bilhões por ano para um comércio inferior a US$ 400 milhões.
Eu tenho total aversão e desprezo por tudo o que o atual presidente e sua laia são e representam. Mas dessa vez, ele está certo. A ONU precisa sofrer reformas urgentes para que ainda tenha alguma relevância mundial. Uma das primeiras medidas tem que ser o fim do poder de veto e do assento permanente no conselho de segurança. A questão é: como obrigar potências nucleares e algumas das maiores economias do mundo a obedecer a regra do clubinho que elas mesmas criaram?
Provavelmente porque a ONU é desbalanceada e privilegia os vencedores da II Guerra Mundial, e não está em consonância com o mundo atual, até a Liga das Nações tinha mais equidade teoria entre os membros (o problema no caso dessa é que na prática não funcionava).
Na Ucrania a ONU funcionou apenas de formas simbolica, todo mundo votou varias vezes contra o conflito, e caminhamos para mais de um ano de guerra.
Dos membros permanentes, que são os “cabeças” que venceram a II GM, Rússia e China não votaram contra, e os demais mesmo que formando a ampla maioria contrária, em nada serviram para frear a Rússia. A ONU precisa ser reestruturada ou se cria um organismo substituto que atenda as demandas globais.
Vocês podem não gostar dele, eu não gosto. Mas ele está certo.
O Conselho de Segurança da ONU é INUTIL. Um país de dentro do conselho ataca outro país, e esse país pode barrar todas as ações no conselho.
Na verdade toda a ONU é inútil. Ela foi incapaz de impedir uma nova guerra, várias vezes.
Caro Jorge a situação é pior ainda do que aparenta, além de não impedir em muitas ocasiões foi e ainda é responsável “direta” pelo início de vários conflitos.
Por quê Lula reivindica a reforma do Conselho de Segurança da ONU?
Porquê o Celso Amorim o mandou fazê-lo.
Simples assim.