Novas versões do Guarani: Transporte de morteiros
por Guilherme Poggio
O Guarani é definitivamente um veículo que pode ser adaptado para uma ampla gama de funções, dando um caráter polivalente a este projeto de origem nacional que é fabricado pela Iveco em Sete Lagoas (MG).
Durante a LAAD 2023 tivemos a oportunidade de ver algumas dessas adaptações que, em breve, poderão equiparar unidades do Exército Brasileiro ou até mesmo serem exportadas. Esta matéria tratará do Kit para Transporte do Morteiro 81 mm para o Guarani, pela primeira vez apresentado ao público em geral.
Pouco antes da LAAD, o Arsenal de Guerra do Rio de Janeiro (AGR) , Organização Militar diretamente subordinada à Diretoria de Fabricação (DF), concluiu a fabricação do primeiro protótipo do Kit para Transporte do Morteiro 81 mm no interior do Guarani. Desenvolvido pelo Departamento de Ciência e Tecnologia (DCT), o kit permite que o veículo possa transportar uma unidade do morteiro, sua guarnição e as respectivas munições.
O morteiro de 81mm foi inicialmente desenvolvido pela Royal Ordenance na década de 1956 e recebeu a designação L16. Sendo ainda uma arma de grande valia (o seu uso no conflito na Ucrânia é um exemplo), o EB resolveu nacionalizá-lo através de engenharia reversa e sua produção ocorreu nas instalações do AGR.
O morteiro de 81mm é classificado como um morteiro médio, sendo capaz de ser transportado pela infantaria. Por serem portáteis, eles possuem alta flexibilidade e mobilidade, permitindo engajar alvos rapidamente para dar cobertura ao combate proximal. No entanto, para que o morteiro chegue à sua posição (muitas vezes pouco distante do fronte) em pouco tempo e com munição suficiente para sustentar o fogo, é preciso uma viatura adequada para o seu transporte. O Guarani pode ser essa viatura.
Externamente, o Guarani para transporte de morteiro se confunde com a versão transporte de tropas. As mudanças estão no seu interior. Como a instalação do kit ocupa espaço considerável na parte traseira do veículo, o Guarani deixa de ser uma viatura de transporte de tropas para assumir o seu novo papel. A tripulação fica reduzida a cinco militares, que neste caso são: motorista, comandante da viatura, atirador, auxiliar do atirador e municiador.
O kit é composto por suportes especiais e dedicado para o transporte de munições e das peças que compõem o morteiro propriamente dito. Praticamente toda a lateral esquerda do compartimento traseiro fica dedicada ao transporte da munição. São quatro pilhas de morteiros, agrupados em conjuntos de três unidades para um total de sessenta tiros (há possibilidade para o transporte de até 64 tiros). A disposição da munição é bastante inteligente e permite que a mesma seja rapidamente retirada para uso imediato.
Já na lateral oposta, ficam instaladas as fixações para as peças do morteiro como placa base, tubo, bipé e aparelho de pontaria. Mais uma vez, o arranjo de transporte se mostra prático e eficiente, colocando as peças mais pesadas próximas à porta do acesso.
No momento o AGR possui dois protótipos do kit e até o final deste ano pretende adquirir outros quinze conjuntos em caráter de produção em baixa escala. Já para o ano que vem espera-se a produção de cinquenta conjuntos. A previsão inicial é da entrega de 182 unidades. A produção em larga escala ainda depende de acordos com a indústria de defesa local.
Segundo o Exército, a instalação do Kit para Transporte do Morteiro 81 mm, suas munições e demais equipamentos de apoio ao tiro deste armamento no interior da Viatura Blindada Guarani não alterou as características de flutuabilidade da viatura. No entanto, estas e outras avaliações serão objeto de estudos do CAEx (Centro de Avaliações do Exército).
Por se tratar de um projeto de baixo custo, mas que traz grandes ganhos para a Força Terrestre, o Estado-Maior do Exército Brasileiro não teve maiores dificuldades para aprovar o programa em setembro do ano passado.
O kit permitirá que no futuro as “Brigadas Guarani” (brigadas mecanizadas) sejam dotadas de frações de tropas que forneçam apoio de fogo indireto no nível de pelotões ou companhias/esquadrões, com a mesma mobilidade e proteção da tropa apoiada. A Guerra na Ucrânia tem mostrado como este tipo de arma continua importante num conflito, principalmente quando associada à orientação do tiro com o emprego de drones.
VEJA TAMBÉM:
O ideal não seria que fosse com Morteiro de 120mm?
Também pensei o mesmo. Mais poder de fogo embarcado.
Plataforma mais robusta. Velocidade e poder de fogo.
Exatamente. O EB tem umas coisas que não dá pra entender. 81 mm? Vc emprega uma vtr guarani para transportar um 81mm. Me ajuda!!
Entenda, esse não é o projeto do morteiro 120mm. As brigadas estão deixando de ser motorizadas para serem blindadas ou mecanizadas.
120mm é outro projeto, animal.
Mais um “dinheiro” animal gasto, é isso ?
Estão usando caminhões até para artilharia de 155 mm. Morteiros leves devem ser transportados por viaturas leves e no máximo um caminhão leve para operar um morteiro de 120. Colocar um morteiro de 120 mm no espaço interno de um Guarani e levar a tripulação e a munição em outro ?
O projeto do morteiro embarcado é outro.
Era essa a minha dúvida.
Veículo de transporte de morteiro para ser usado fora do veículo e não morteiro embarcado…
Sendo assim tenho alguma dificuldade em perceber o suposto “salto tecnológico”…
“Sendo assim tenho alguma dificuldade em perceber o suposto “salto tecnológico”” HCosta excelente pergunta….vou tentar responder….existem mais de 1 tipo de morteiro, pois cada fração necessita de apoio de fogo. No caso da infantaria média e pesada o morteiro de nível companhia é este da matéria (81mm) é empregado por um pelotão de apoio da própria cia de fuzileiro, já o morteiro 120mm (projeto do futuro guarani VBC Mtr) é uma arma de apoio de fogo a nível batalhão operado por um pelotão de morteiros pesados da CCAP. Porque embarcar em uma Viatura Guarani? Em todos os conflitos foi observado… Read more »
Mas alguém falou em salto tecnológico?
Nem poderia, uma prateleira!
Rapaz.. quando vi a primeira foto, com as tampas da cobertura abertas, deu um susto. Pensei que o morteiro estaria instalado dentro da viatura… que viagem.
A viatura do projeto do porta-morteiro 120 mm terá o morteiro instalado para uso embarcado. Ele (morteiro) vai operar de dentro do Guarani. Esse da matéria, de 81 mm, é de uma viatura que fará o transporte do morteiro e de sua equipe de operação.
120 é pro Btl.
81 são para as Cia.
Coloca 120mm a nível de Cia e aumenta o poder de fogo da unidade.
Ou a Cia é obrigada a usar 81mm ???
Usar um veículo 6×6 para transportar um morteiro, que, os Ucranianos levam em carros de passeio e a pé
Acho um desperdício
Fazem isso por falta de blindados pra fazer do jeito correto.
Você acha que os soldados ucranianos preferem usar um kit desses adaptado em algum BMP ou na caçamba de uma Toyota, aberta e com zero proteção balística?
Prezado vou me meter Vc tem nocao do que é um Mrt 120, sua municao, a central de tiro etc? Mrt 120 se usa no nivel Pel, podendo ser Sec, pra apoiar um Btl. Seu alcance mínimo, por exemplo, e a quantidade de mun transportada pra ele NAO atende uma Cia Fuz. O Mrt 81 se opera por Peça ou por Sec tambem, apoiando, com uma Vtr, a SU. Uma Sec Mrt 81 cabe em um Guarani para a SU, dando 3 Guaranis em todo Btl. Uma Sec Mrt 120 precisa de, no minimo 3 Guaranis, dando 9 a mais… Read more »
Os caras estão jogando super trunfo… Não liga p esses comentários sem conhecimento nenhum.
Para a massa, 120 mm é melhor q 81 e pronto ! Pq é maior ! rs
Não importa os dados técnicos, a necessidade da tropa, os problemas logísticos… E etc
A necessidade de dar opinião é maior q a necessidade de se obter conhecimento para dar uma opinião embasada.
@Alfredo Araujo, um dos poucos comentários lúcidos.
Os americanos usam porta-morteiros de 120mm nas suas brigadas Stryker tanto a nível companhia quanto a batalhão, a diferença é que no nível cia além do 120mm embarcado eles tem um morteiro de 60mm para disparar quando desembarcam, enquanto a nível pelotão é um 81mm. Então a decisão do EB pode ter sido motivada mais por custos do que por doutrina.
Prezado
Desconheço essa informação.
O que sei é q usam o 120 em um Pel pra nível Btl. Mas levam o 81 pra atirar “desmontado”.
E a Cia utiliza o 60.
Essa é a informação q eu tenho.
Total. Desperdício. Isso é uma idiotice. Usar uma vtr guarani para transportar um 81mm.
Já carregou partes disto aí por qtos km?
120 mm precisa de CT, vão tirar efetivo pra fazer uma CT dentro de uma Cia Inf ou Esqd daonde?
Caro Velho Alfredo, sabe se estão usando os mtr 60mm?
Seria nos grupo de apoio dos pel fuzileiros?
Boa tarde Rafael
Estao sim.
Isso ai. 2 MAG e um Mrt 60 nos G Ap/Pel Fuz.
Saliento, que, baseado nos dados das fracoes que empregaram esse armamento em guerras, os Mrt 60 foram responsáveis por 60% das baixas (mortes) causadas por um Pel Fuz.
Nos Batalhões de Infantaria Mecanizados e Blindados o morteiro 120mm é dotação dos Pelotões de Morteiro, na Companhia de Comando e Apoio, sendo a dotação de 1 Pelotão de Morteiro por Batalhão..
Os morteiros 81mm que serão transportados nesses guarani são os do Pelotão de Apoio de Fogo das companhias, sendo que cada companhia possui seu Pelotão de Apoio de Fogo (que também contém Seção Anticarro).
Guarani e um blindado muito versátil, faz toda diferença em uma guerra, a capacidade de fazer várias funções.
Mtr 81mm AE M5.
Peso do Tiro Completo : 4,2 kg – Alcance : 5600 m- alcance de destruição: 30mts.
Deveria vir com capacidade de localização de alvo por GPS.
23:59h – Uma das versões do Guarani será a de porta morteiro, moderno, computadorizado e automatizado, 120mm, entra e sai de posição rapidamente, o fino da bola. 00:00h – Só tinha verba pra construir uns suportes de serralheria para amarrar o morteiro de 81mm e algumas munições. Precisa desamarrar e montar a peça fora do veículo, depois desmontar e amarrar novamente, o efeito final é o mesmo, para a América do Sul está ótimo, confia. Este projeto só terá metade das unidades inicialmente propostas. Estão falando, e com razão, que são projetos diferentes. Eu já estou vacinado desde o VLS,… Read more »
São projetos diferentes.
Com objetivos diferentes.
E quantidades necessárias diferentes.
Não misture alhos com bugalhos.
Qual a capacidade de resistência ao fogo inimigo desse blindado? Isso não está na reportagem. Porque ele será atacado quando for executar sua missão.
A ideia é descarregar o morteiro e o Guarani se mover para uma certa distância dele e evitar o fogo de contra-bateria, que, no pior cenário, atingiria o morteiro e os operadores, mas não a viatura com os demais membros da tropa.
Isso mesmo xará…só complementando….enquanto a peça estiver em posição, esse guarani poderá ir buscar mais munição na retaguarda.
É jogar com a sorte, Se o inimigo tiver capacidade de localização e disparo guiado, por drone perde os dois a equipe de morteiro e do Guarani.
Isso é um projeto deficiente quando se pensa que a quantidade produzida pode chegar a mais 65 unidades.
O guarani leva só uma equipe e um morteiro 64 monteiros, pode a equipe não ter tempo de disparar o décimo, e como sugeriu o amigo, se o guarani ao retornar para trazer mais 64, irá encontrar apenas corpos.
Mas nesse caso perderia também um Guarani com morteiro 120mm instalado ou mesmo um Caesar 155mm.
Dependendo da capacidade do inimigo, as unidades sempre terão que contar com a sorte. Cabe aos comandantes, dentro do possível, usar o que tem à disposição da melhor forma possível para minimizar o fator sorte, mas ele sempre estará presente numa guerra.
Como dito anteriormente. Deveria vir com capacidade de localização de alvo por GPS. Faria uma tremenda diferença tanto para o de 81 como o de 120 mm. Mais estar muito distante, em fazer comparação de sobrevivencia e acertividade de tiro com esse Guarani 81 mm versos CAESAR MkII que está equipado com canhão calibre 155mm/52, com software de controle de tiro, permitindo uma taxa de tiro de 6 projéteis por minuto e disparos precisos a mais de 40 km. Impossivel pesar que o Brasil não consegue levar avante um projeto de um morteiro 81 mm (ou 120mm) instalado em um… Read more »
Só comparei em termos de ser localizado e poder ser destruído por Vants. Em um local em que o inimigo opera vants armados, um Caesar corre muito risco de ser destruído.
Sim meu caro, neste caso nem precisa de disparo para localização. Os Vants de observação com capacidade de transmissão de localização de alvo é um perigo constante para qualquer sistema .
E quanto a versão anti drone? Alguma novidade?
Se existir algum projeto assim , provavelmente é muito recente pois dois anos atrás quase ninguém imaginaria que um drone dji de 300 dólares que o seu Zé usava pra filmar casamento era capaz de localizar e mandar um tanque de 40 toneladas para o espaço em segundos.
Umas das características apresentadas no projeto do Guarani seria seus assentos suspensos, fixados no teto. Isso seria para aumentar a sobrevivência no caso de explosão de mina anti-carro.
Mas tenho visto muitas fotos em que , me parece, o assento está fixado também no assoalho.
Essa informação confere?
Em um Btl motorizado o emprego do Mtr 81mm se dava por construção de espaldões, visando a proteção da peça de um ataque de contra bateria. Achei interessante um veículo destinado a esse transporte, porém me vem uma dúvida cruel, pois se é de apoio a uma Cia de Fuz, o alcance do Mtr 81mm com uma viatura de apoio ficaria dentro da área de mísseis anti-carro e portando várias munições, o Guarani modificado seria um alvo prioritário, pois anularia o uso do Mtr. Seria viável expor o veículo a um ataque inevitável de forças inimigas, já que opera no… Read more »
O alcance do Mrt 81 é de 5650 metros. Normalmente, o Mrt se posiciona atrás de uma massa cobridora, que pode ser achada até mesmo em terrenos planos, já que, a distancia, qq desnível faz bastante diferença. Logo, o veículo e o Mrt nao estarao expostos.
Usualmente peças assim operam desenfiadas, fora da visada direta do inimigo, a maneira de atingir é só com fogos indiretos.
Cadê as versões com mísseis anticarro e canhões de 30 mm? O conflito na Ucrânia não está servindo de nada para o EB criar doutrina? São uns patetas mesmo…
Esse tipo de versão é bem cara, por isso que não saiu ainda. Uma torreta remota com um canhão de 30mm custa mais de 1 milhão.
A modernização do Cascavel vai custar mais do que isso por unidade. Não é uma questão de dinheiro, mas de prioridade do EB.
Será, que daria para adaptar um para uma versão de artilharia, particularmente com lagartas?
Aí seria uma viatura completamente nova.
Foi o que imaginei.Seriam necessárias muitas readequações.
poxa engenharia reversa de um morteiro de 1956???
Não sou especialista em veículos militares, mas eu nomearia essa versão do guarani de caixão ambulante, o cofre de munições parece pouco resistente, e as aberturas das escotilhas no teto facilitaria muito o trabalho de um drone com uma granada, se na Ucrânia a gente vê drones jogando granadas pra dentro dos tanques através de escotilhas minúsculas quero nem imaginar no Guarani com essa abertura gigante
Pela sua definição, basicamente qualquer veículo militar é um caixão ambulante também.
E eu achando que o morteiro ia operar de dentro do Guarani.
Na versão porta-morteiro, equipada com morteiro de 120 mm, vai operar de dentro do Guarani.
Uma carreta rebocada pelo guarani não seria mais útil do que comprometer a viatura em si. Se isto for possível é claro!
Eu tenho um Jeep – Pode fazer bem melhor que essa joça caríssima e facilmente identificável ai. Parem de desperdiçar nosso dinheiro em porcaria. Armem a tropa com misseis e foguetes portáteis e drones, porra. Se pelo manos fosse um morteiro de 120 com torre de disparo ??? Nosssas FFAA estão virando piada
Estão usando caminhões até para artilharia de 155 mm. Morteiros leves devem ser transportados por viaturas leves e no máximo um caminhão leve para operar um morteiro de 120. Colocar um morteiro de 120 mm no espaço interno de um Guarani significa levar a tripulação e a munição em outro ? Disparar artilharia em um veículo com lagartas é uma coisa. Se for para ser em rodas, que seja um veiculo de uma tonelada para um morteiro de 81 e um caminhão de 7 ton para um morteiro de 120 mm Uma pergunta para colocar na matéria: Quanto custou o… Read more »
Comentário bem opinativo, já que sou um tanto leigo:
Vejo com bons olhos. Ainda que descaracterize o veículo como VTP, como veículo de apoio, levar toda a munição, arma e pessoal no seu interior, sem que um inimigo consiga diferenciar entre os dois tipos de veículo seria uma boa. Uma opção rebocada provavelmente faria do veículo um alvo prioritário, tal qual qualquer outra peça de artilharia rebocada (como o 120mm).
No fim, a comparação do 81mm x 120mm não faz sentido, não é porque é maior que é automaticamente melhor.