Rússia planeja construir instalações para abrigar armas nucleares táticas na Bielorrússia

Lukashenko e Putin

A Rússia planeja posicionar armas nucleares táticas na vizinha Belarus, declarou o presidente Vladimir Putin à televisão estatal neste sábado (25).

Moscou concluirá a construção de uma instalação especial de armazenamento para armas nucleares táticas na Belarus até o início de julho, disse Putin à emissora estatal Russia 1.

O líder russo disse que Moscou já transferiu um sistema de mísseis de curto alcance Iskander – que pode ser equipado com ogivas nucleares ou convencionais – para a Bielo-Rússia.

Durante a entrevista, Putin também disse que a Rússia ajudou Belarus a converter 10 aeronaves para torná-las capazes de transportar ogivas nucleares táticas. A Rússia começará a treinar pilotos para pilotar os aviões reconfigurados no início do próximo mês, acrescentou.

O governo da Bielorrússia, situado a oeste da Rússia, na longa fronteira norte da Ucrânia, está entre os aliados mais próximos de Moscou.

A Belarus não tem armas nucleares em seu território desde o início dos anos 1990. Pouco depois de ganhar a independência após o colapso da União Soviética, concordou em transferir todas as armas de destruição em massa da era soviética posicionadas no país para a Rússia.

A Bielorússia ajudou a Rússia a lançar sua invasão inicial da Ucrânia em fevereiro de 2022, permitindo que as tropas do Kremlin entrassem no país pelo norte. Houve temores durante o conflito de que a Belarus fosse novamente usada como base de lançamento para uma ofensiva, ou que as próprias tropas de Minsk se juntassem ao conflito.

Putin também disse à estatal que Moscou manterá o controle sobre qualquer uma das armas nucleares táticas que planeja instalar no país vizinho.

Ele comparou a mudança à prática dos Estados Unidos de posicionar armas nucleares na Europa. Washington mantém o controle sobre as armas, impedindo que os países anfitriões – como a Alemanha – quebrem seus compromissos como potências não nucleares.

“Não vamos entregar o controle das armas nucleares. Os EUA não a entregam aos seus aliados. Estamos basicamente fazendo a mesma coisa [os líderes dos EUA] vêm fazendo há uma década”, disse Putin.

Tensões globais

Embora não haja garantia de que o líder russo seguirá com seu plano de estacionar as armas na Belarus, qualquer sinal nuclear de Putin causará preocupação no Ocidente.

Desde que invadiu a Ucrânia há mais de um ano, o líder russo usou uma retórica crescente em várias ocasiões, alertando sobre a ameaça “crescente” de guerra nuclear e sugerindo que Moscou pode abandonar sua política de “não usar primeiro” .

Os Estados Unidos têm procurado deixar claro a Putin as consequências de qualquer uso de armas nucleares na Ucrânia, mesmo dispositivos táticos de baixo rendimento.

Falando em outubro, o presidente dos EUA, Joe Biden, disse a Jake Tapper da CNN: “Seria irresponsável da minha parte falar sobre o que faríamos ou não faríamos”, em resposta ao uso nuclear pela Rússia.

Mas Biden insinuou a possibilidade de uma rápida escalada nos eventos.

“Os erros são cometidos, o erro de cálculo pode ocorrer, ninguém poderia ter certeza do que aconteceria e poderia terminar no Armagedom”, disse ele.

FONTE: CNN