A importância dos ‘technicals’ na guerra contemporânea
Por Rodolfo Queiroz Laterza [1]
1 – Introdução
Em 2014 , no Iraque e na Síria, o mundo ficou impressionado por imagens de terroristas da organização criminosa transacional Estado Islâmico (EI ou DAESH) e do movimento islâmico sunita Talibã no Afeganistão avançando ligeira e efetivamente sobre inúmeras cidades (inclusive de grande dimensão e demografia, como Mosul, Basra, estas no Iraque) com uso amplo de caminhonetes e utilitários do tipo SUV , normalmente adaptados com metralhadoras antiaéreas coaxiais ou sistemas antitanque instalados de forma improvisada.
Jornalistas que promovem coberturas internacionais questionaram como uma força insurgente empregando veículos sem blindagem, improvisados para uso bélico e operados com táticas improvisadas lograram êxitos estratégicos perante exércitos profissionais dotados de blindados modernos e pesados, como no caso dos M1A2 Abrams usados pelo Exército iraquiano.
Porém, tal como persiste recorrentemente em dias atuais, o senso comum na percepção da realidade militar e dos conflitos armados predomina nas análises da grande mídia corporativa, ignorando – se fatores técnicos e críticos que influenciam um teatro de operações.
Nesse âmbito e contexto, temos a crescente e até imperiosa importância do emprego de veículos “technicals” na guerra moderna, com efeitos profundos no desenvolvimento dos conflitos armados.
“Technical”, na verdade um veículo de padrão civil adaptado e convertido para apoio à infantaria móvel e saturação de área inimiga com uso improvisado de metralhadoras de emprego geral de calibres nominais maiores que 12,7 mm ou sistemas antitanque, é sem dúvida um dos mais relevantes multiplicadores de força da história militar moderna. Os “technicals” influenciaram como as insurgências, as unidades de forças especiais e os exércitos regulares lutam no espaço de batalha.
Os “technicals” têm sido fundamentais para moldar as batalhas das inúmeras guerras e confrontos armados que se espalham no planeta, na medida em que fornecem agilidade, velocidade, carga útil considerável com eficiência de combustível maior que blindados pesados, utilidade e confiabilidade aos combatentes. Insurgentes mal treinados, piratas, rebeldes, terroristas e combatentes de exércitos convencionais até de potências militares utilizaram a humilde caminhonete Toyota, Land Rover, S-10, modelos Ford (dentre outras dezenas de modalidades) em manobras de guerra com resultados eficazes.
As formações de combate com emprego amplo de “technicals” provaram que as guerras podem ser vencidas com orçamento limitado, de modo que quem tem mais dinheiro não necessariamente vence a guerra. Os “technicals” se mostraram tão eficazes que exércitos modernos e unidades estatais de operações especiais adotaram esse tipo de veículo originariamente civil para operações COIN, SOF, saturação de área e suporte à infantaria por causa de sua difícil rastreabilidade por radares, mobilidade e logística fácil. Os veículos “technicals” alteraram as manobras táticas e a doutrina estratégica, tornando-se ferramentas-chave usadas para guerras convencionais inclusive.
Neste estudo, buscaremos analisar o conceito, as táticas, a dinâmica operacional e a importância dos technicals na guerra moderna, superando preconceitos analíticos e vieses que influenciam avaliações imprecisas quanto à sua efetividade tática e operacional em formações armadas regulares, irregulares ou insurgentes.
2 – Conceito operacional
Historicamente, o conceito de veículos “technicals” existe há muito mais tempo do que as picapes Toyota e automóveis estilo SUV tão comuns em diferentes conflitos militares desde os anos 80. No início do século XIX, uma carruagem civil comum poderia ser facilmente convertida para uso militar e, em seguida, novamente, conforme necessário. “Tachankas”, nome russo para carruagens improvisadas com armas adaptadas, eram populares durante a Primeira Grande Guerra Mundial na Frente Oriental, com os suportes de metralhadoras de carroça sendo utilizados pela cavalaria russa. O uso de “tachankas” atingiu o pico durante a Guerra Civil Russa (1917-1920), particularmente nas regiões camponesas do sul da Rússia e da Ucrânia. O nome “Tachanka” pode ter evoluído dos termos usados para descrever carrinhos de mão e carruagens. Já “Tachka” é o nome ucraniano para um carrinho de mão robusto e utilitário. A palavra “tavrichanka” é o termo para uma carruagem pesada encontrada no sul da Ucrânia e nas regiões da Crimeia.
Originalmente usado pelos exércitos russo e ucraniano, o “tachanka’ foi posteriormente adotado por vários outros países; mais notavelmente, o exército polonês usou carruagens adaptadas com armas durante a Guerra polaco-soviética. Inicialmente, as carruagens de armas puxadas por cavalos eram em sua maioria improvisadas. Mais tarde, o exército polonês adotou dois modelos de carroças de armas puxadas por cavalos que ficaram conhecidas como “taczankas” na Polônia. Os “taczankas” de produção foram usados durante a invasão da Polônia em 1939 para fornecer suporte aos esquadrões de cavalaria. Apesar de um certo grau de padronização, o armamento do tipo “tachankas” foi, na maioria dos casos, improvisado.
Veículos “technicals” ou NSFVs (Non-Standard Fighting Vehicle) são veículos de combate improvisados, tipicamente baseados em uma caminhonete ou SUV e podem ser facilmente modificados para transportar uma grande variedade de armas, desde uma metralhadora, arma antiaérea, arma antitanque, morteiros, lançadores de foguetes e canhão sem recuo. Isso, combinado com a mobilidade do veículo, os torna uma escolha popular para insurgências e unidades armadas em guerras convencionais ou irregulares.
Embora “technicals” como Fords e Tachankas modelo T modificados tenham sido usados na Primeira Guerra Mundial, não foi até o uso de caminhões e jipes de patrulha Chevrolet pelas forças especiais britânicas no norte da África que eles se tornaram uma arma militar popular. Seu uso ajudou as forças da Commonwealth a superar as forças alemãs nas batalhas do Norte da África na Segunda Guerra Mundial. Por vezes, os britânicos dirigiam os veículos “technicals” direto para o campo de aviação inimigo com as armas fixadas, destruindo qualquer aeronave que ali estivesse estacionada; foi essa experiência que levou à criação e adoção da Land Rover.
Como já preliminarmente abordado, um veículo do tipo “technicals” é essencialmente uma caminhonete, uma picape, um furgão ou um jeep com algum tipo de arma pesada ou leve montada na carroceria.
As armas variam muito, abrangendo adaptações que vão de metralhadoras médias relativamente pequenas a formidáveis canhões antiaéreos ZU-23-2 de 23 mm, além sistemas de lançamento de foguetes múltiplos (como o RAK-12). Os veículos “technicals” são sistemas de armas que, embora improvisados, infligem sérios danos no campo de batalha, pois seu peso leve e tamanho relativamente pequeno permitem que eles se locomovam com maior mobilidade em logradouros de trânsito e acesso mais difíceis, estabeleçam barragem de tiros em alta cadência e considerável poder de fogo e voltem rapidamente para um local de cobertura e evasão, permitindo que seu uso operacional se materialize em um local diferente mais tarde.
Essa mobilidade é especialmente útil em guerras onde os ataques aéreos representam uma ameaça, pois os “technicals” são relativamente fáceis de se mover e se esconder. Eles também são mais fáceis de manter por forças inexperientes e que precisam de mobilização mais urgente, pois seus suportes de picape originalmente comercial podem ser facilmente trabalhados por qualquer mecânico. Além disso, os veículos “technicals” são armas de status, equivalente a tanques em um exército formal – os senhores de guerra africanos eram frequentemente julgados por quantos “technicals” possuíam.
A velocidade e a agilidade dos “technicals” ajudam a superar as desvantagens da má inteligência, da liderança fraca e do mau planejamento de forças militares ou paramilitares que travam guerras. As picapes não requerem suporte logístico especial; não consomem combustível em níveis tão elevados quanto IFVs e APCs e não requerem manutenção constante. Se uma picape quebrar, as peças podem ser adquiridas com facilidade. Se não houver peças disponíveis, é apenas uma caminhonete a ser inutilizada e não um blindado muito mais caro em custo e custeio. E, como mencionado, as picapes não exigem treinamento especial para operar, pois quem já sabe dirigir um carro SUV com segurança pode dirigir uma caminhonete com uma metralhadora aparafusada na traseira.
Obviamente, como sistema de arma improvisado e sem qualquer sofisticação, os “technicals” também têm pontos fracos:
- Sua blindagem leve ou ausência de blindagem significa que eles não podem cumprir o papel de assalto pesado de um veículo blindado, pois até mesmo disparos de armas leves como pistolas de certos calibres rapidamente incapacitam um veículo “technical” exposto.
- Por vezes, o recuo da arma montada em um veículo “technical”(especialmente grandes canhões automáticos, como o ZU-23-2) pode tornar o fogo sustentado e com mínima precisão impossível, pois o corpo do veículo rola violentamente. As armas adaptadas nos “technicals” também carecem de estabilização e outras funções de mira, o que significa que atirar em movimento geralmente é fisicamente exigente, demanda aptidão, força e resistência diferenciadas para não produzir baixa precisão do disparo e consequentemente ineficácia tática. Por esse motivo, os “technicals” geralmente disparam de uma posição estacionária e se reposicionam quando terminam o engajamento a um alvo.
3 – Exemplos de uso tático em conflitos militares
Armar caminhonetes e outros veículos utilitários como picapes ou SUVs não é uma ideia nova e somente implantada nas recentes guerras da Síria e do Iraque. O mais notório emprego de “technicals” ocorreu na última fase da guerra de 1978-1987 entre o Chade e a Líbia. Essa fase do conflito ficou conhecida como a “Guerra da Toyota”, graças ao fornecimento da França às forças chadianas de aproximadamente 400 veículos Toyota Hilux, que foram montados com armas ligeiras (principalmente metralhadoras de emprego geral e antiaéreas) e mísseis antitanque.
Os combatentes chadianos usaram uma combinação de táticas de ataques de diversão e assaltos frontais para desmoralizar e derrotar as tropas líbias. Colunas de Toyotas do exército chadiano apareciam em uma direção, chamando a atenção dos líbios. A principal força chadiana então se aproximaria da direção oposta e atacaria com mísseis, destruindo os tanques líbios mobilizados.
Na Batalha de Fada da Guerra “Toyota” entre a Líbia e o Chade, estimados 4.000 a 5.000 soldados chadianos em picapes Toyota derrotaram uma brigada blindada Líbia, matando estimados 784 líbios e seus aliados. Quase 100 tanques líbios e mais de 30 veículos blindados foram destruídos nos combates. As perdas chadianas foram de apenas 18 soldados e três veículos Toyotas “technicals”.
Os “technicals” foram tão eficazes que o Chade não apenas forçou a Líbia a sair do país e tomou uma importante base aérea, como também as tropas chadianas lançaram um ataque à Líbia, enquanto efetuavam manobras operacionais altamente eficientes atirando de Toyotas adaptadas.
Os líbios aprenderam com esse revés, com os “technicals” se tornando uma ferramenta importante na atual Guerra Civil da Líbia e subsequente caos no país. A título exemplificativo, em abril de 2019, uma milícia líbia ligada ao LNA foi flagrada colocando em campo um Humvee com uma gigantesca arma de 90 mm montada nele.
Na Ucrânia, os technicals estão fornecendo poder de fogo rápido e móvel para as forças de defesa do país e às milícias separatistas de Donetsk e Luhansk. Na fase inicial da guerra, por exemplo, os ucranianos foram capazes de infligir danos massivos e baixas às tropas russas que empregaram blindados de combate a infantaria (Infantry Fighting Vehicle, IFV) e de transporte de pessoal (Armored Personnel Carriers, APC), em parte devido a táticas de uso com foco maior na mobilidade e simultâneo emprego de armas leves perante flancos de comboios e uso intensivo em combates urbanos, no qual a proximidade de ataque à infantaria móvel inimiga e contenção de perímetro perante progressão tática adversária de mostraram muito eficazes.
Tanto as unidades de combate ucranianas quanto as unidades proxies russas usaram intensivamente caminhões leves com umas armas antiaéreas como a ZPU-1 montada em tais veículos, permitindo poder de fogo substancial perante fortificações, infantaria e blindados leves. A metralhadora antiaérea ZPU-1 consiste em uma metralhadora pesada KPV de 14,5 mm com mira dióptrica, sendo fácil de adaptar para veículos utilitários.
Em suma, esses veículos de combate improvisados ganharam uma grande reputação em conflitos militares por quatro características fundamentais: agilidade, velocidade, capacidade de carga e confiabilidade.
Para melhor ilustração, mencionamos a título exemplificativo algumas situações empiricamente observadas:
- uma Land Cruiser Pick-up (ou Hilux) pode transportar até 20 combatentes armados ou carregar uma arma antitanque, antiaérea, uma metralhadora pesada contra a infantaria, garantindo poder de fogo com ampla mobilidade a preço muito menor que blindados. Custo, custeio e poder de fogo são fatores críticos na guerra moderna.
- Em março de 1987, as forças chadianas atacaram uma base aérea líbia em Ouadi Doum, fortemente fortificada com 5.000 soldados e protegida por um campo minado. Os chadianos descobriram que, se dirigissem em alta velocidade sobre as minas, estas não disparariam. A base aérea caiu com assaltos móveis e disparos concentrados sucessivos que desorganizaram as defesas libias e inibiram as condições de operarem contra – ataques com veículos blindados mais pesados, os quais foram destruídos com emprego substancial de sistemas antitanque.
- Um veículo como um Toyota custa uma fração do preço de um tanque de guerra moderno. Na verdade, você pode comprar até 200 deles pelo custo de apenas um tanque moderno de 3a geração. Além disso, é mais confiável do que um tanque em funcionamento regular e continuo, além de muito mais fácil de manter.
- A mobilidade das caminhonetes as torna ideais para terrenos diversos e mal pavimentados. Trações nas quatro rodas podem enfrentar com mais imediatismo qualquer terreno. Além disso, caminhonetes não pesam muito, o que lhes permite atravessar pontes fracas e estradas frágeis que seriam intransitáveis para veículos blindados de dezenas de toneladas.
- A velocidade de uma picape é muito útil no campo de batalha, ajudando os combatentes a superar as outras características deficientes de uma unidade de combate, tais como inteligência ruim, liderança fraca, planejamento operacional equivocado;
- As picapes usadas na forma de “technicals” não requerem suporte logístico especial; qualquer país com postos de gasolina – ou seja, todos os países do planeta – podem sustentá-los. Tais veículos não consomem combustível como veículos militares pesados e não requerem manutenção constante. Se uma picape “technical” quebrar, as peças provavelmente poderão ser encontradas com facilidade;
- A mesma relevância para o emprego amplo de “technicals” na guerra moderna também está na confiabilidade como variante de influência para operações ofensivas bem sucedidas, pois grandes veículos blindados precisam de mais substituição de peças em comparação com veículos mais leves e são bem mais propensos a avarias;
- Discrição, camuflagem e assinatura menores dos “technicals” tornam menos eficazes ataques de helicópteros e aviões de combate em missões de apoio aéreo cerrado;
- Os veículos “technicals” também são menores que os tanques e AFVs (Armored, Fighting Vehicle, AFV) sendo, portanto, mais furtivos. Houve muitas ocasiões em que as Forças Especiais Britânicas no norte da África permaneceram despercebidas por aeronaves de reconhecimento alemãs graças ao uso de “technicals”. Tais sistemas também são muito mais fáceis de camuflar do que veículos grandes. A assinatura de ruído e poeira acumulada também é uma preocupação, pois os veículos grandes acumulam muito mais de ambos, requerendo manutenção e reparos frequentes e sobrecarregando a logística;
- Até mesmo os EUA, que possuem as Forças Armadas mais poderosas e sofisticadas no planeta, usaram amplamente picapes na forma de “technicals” no Afeganistão, por exemplo. As unidades de forças especiais americanas compraram bastantes caminhonetes Toyota em showrooms na Carolina do Norte e no Kentucky no início dos anos 2000. As caminhonetes Toyota Tacoma foram modificadas para o teatro de operações do Afeganistão, adicionando blindagens do tipo “gaiolas”, suportes de metralhadora, guinchos de para-choques, protetores diversos e suportes de antena. Os faróis infravermelhos substituíram os faróis padrão. Alguns veículos até receberam rastreadores Blue Force, o sistema digital de posição do Exército dos EUA. As unidades de forças especiais americanas gostavam dos Toyota Tacoma porque eram, à sua maneira, furtivos. As picapes Toyota têm a vantagem de não parecerem muito militares, o que é útil para se misturar com o tráfego civil. Os modelos com motor a gasolina comprados em lotes americanos eram mais silenciosos do que os motores a diesel usados pelos caminhões que eram o padrão do Exército norte-americano. Os veículos “technicals” americanos ficaram ainda mais furtivos com a remoção das campainhas das portas, avisos de cinto de segurança e praticamente todas as luzes;
- Na Guerra Soviético-Afegã de 1979-1989, nem mesmo os soldados soviéticos eram avessos à tecnologia da Toyota. Existem várias fotografias de tropas soviéticas, principalmente das forças especiais spetsnaz, usando Hilux ou Land Cruisers montados com armamento clássico de fabricação soviética, como a metralhadora de propósito geral DShK.
Importante frisar que embora veículos como Toyota Hilux e Land Cruiser são de longe a escolha mais popular como “technicals”, veículos da Ford, Chevrolet, GMC, Isuzu, Mitsubishi, Land Rover e Nissan foram bastante utilizados por exércitos e grupos insurgentes em inúmeros conflitos militares ao longo de 5 continentes. Neste contexto, podemos mencionar:
- Picapes chinesas também estão sendo vistas nos conflitos armados da Síria e em outros na África, como em Burkina Faso, Etiópia e Somália;
- Picapes americanas Dodge e Chevrolet adaptados com canhões antiaéreos, incluindo carretas Chevrolet C20 maiores, exibiam o formidável canhão ZPU-4 de quatro canos em guerras como Serra Leoa e Libéria;
- Os M35s fabricados nos EUA foram modificados para montar plataformas antiaéreas pesadas como o ZPU-4 em conflitos armados em Ruanda, Burundi e no Congo;
- No Líbano, forças de combate ligadas ao movimento Hezbollah implantaram um grande número de jipes Keohwa M-5GA1 de fabricação iraniana, adaptando armas antitanque como o M40 RCL, o míssil Milan e o lançador de foguetes chinês Type 63 de 12 canos;
Portanto, qualquer veículo pode se tornar um “technical” desde que possa transportar um sistema de arma e tenha mobilidade superior.
4 – Considerações finais
O exemplo do uso tático-operacional bem sucedido de veículos como picapes e caminhonetes adaptadas com variados sistemas de armas em tantos conflitos é um dos muitos que sinalizam claramente a necessidade de os exércitos estatais convencionais adaptarem suas capacidades logísticas para melhor enfrentar os desafios de variadas formas de guerra, desde não convencionais e contra insurgências a guerras de alta intensidade como atualmente na Ucrânia.
A primeira lição a se depreender é que o foco tradicional no alto poder e na enorme disponibilidade de recursos é pouco adequado para responder às ameaças contemporâneas e ao envolvimento militar principalmente contra entidades não estatais usadas em conflitos, como empreiteiras militares privadas (PMCs), milícias aliadas, grupos táticos diversos.
Para responder a estes desafios, há uma necessidade crescente de versatilidade logística, combinando poder de ataque e alta manobrabilidade, além de substituição de grandes quantidades perdidas em curto prazo. Tais pressupostos são justamente o que se vislumbra no emprego cada vez mais frequente de “technicals” em ambientes operacionais conflagrados, cujo uso em combate não mais de restringe a exércitos mal custeados ou movimentos insurgentes – ao contrário, potências militares como EUA, Rússia, Israel, Ucrânia, Irã, Paquistão são alguns exemplos de países em que estruturas estatais de defesa têm usado com variados propósitos veículos “technicals” para inúmeras missões de combate, conjugando praticidade com tecnologia sofisticada.
5 – Fontes consultadas
- https://www.aberfoylesecurity.com/?p=2180
- https://www.autoevolution.com/news/the-toyota-pickup-truck-is-so-dependable-a-war-was-named-after-it-104487.html
- https://historyofyesterday.com/the-great-toyota-war-52a22751b2c1
- http://www.military-today.com/trucks/technicals.htm
- https://www.militaryfactory.com/armor/detail.php?armor_id=815
- NEIVILLE, Leigh: Technicals: Non-Standard Tactical Vehicles from the Great Toyota War to Modern Special Forces. Osprey Publishing (UK); 2018.
- https://theconversation.com/getting-technical-toyota-pickups-anti-aircraft-weapons-and-the-libyan-revolution-3643
- https://www.unav.edu/web/global-affairs/detalle/-/blogs/toyota-wars-and-the-next-generation-in-counter-insurgency-strategies
- https://weaponsandwarfare.com/2019/01/07/zsu-truck-technicals/
[1] Delegado de Polícia, Mestre em Segurança Pública, historiador e pesquisador OSINT sobre geopolitica e conflitos militares.
Sera que ninguem nunca pensou em adaptar um Marrua pra colocar o Bofors?
Marruá foi muito pouco exportado, dois países africanos só compraram ele e em baixa quantidade, e a versão civil ate onde sei nunca foi exportada, ate aqui vendia mal
A versão civil é usada por mineradoras na Australia e aqui não vende muito porque é mais caro que uma RAM 3500. Minha pergunta se da em base de que o Bofors com tudo manual é algo meio inutil hoje em dia (talvez um drone ou um helicoptero desavisado, mas no geral não serve pra muita coisa) e o Marrua é suicidio na guerra moderna.
Sera que nehum comandante pensou em pegar o chassi de uma Marrua com rodado duplo, soldar alguma chapas de aço e parafusar o Bofors em cima? Pode ser que para anti aerea ele ja esteja ultrapassado, mas ainda faz um belo estrago contra unidades entocadas em predios.
Argentina e Equador também compraram.
Eu acredito que um Bofors de 40mm seria grande e pesado demais para um veículo da classe do Marrua.
Eu já fico feliz em não ver veículos desse tipo sendo usados por milícias ou quadrilhas por aqui.
Os Houthis adaptava missel terra ar em caminhonetes,derrubava drones,caças e helicopteros
Verdade, Faltou no texto o Houthi do Iêmen Contra a Arábia Saudita
Os Houthis viram os Sauditas usando Humvee pra tudo e fizeram suas versões similares nas Toyotas.
Lá elas são lança mísseis, defesa antiaérea, lança foguetes, anti-tanque, etc
EI so foi parado devido os EUA ter que engolir a seco as brigadas iranianas,Kata’ib Hezbollah, porque ali já não foi uma guerra de conquista, foi travada uma guerra santa entre eles, Sunita x Xiita, os Xiitas com apoio do IRGC esmagou facilmente o EI.
Pelo jeito a Toyota é a maior fabricante de veículos militares do mundo.
kkk
Mitsubishi Heavy, pq estás chorando?
Existe uma página no Instagram que divulga imagens das Toyotas de Guerra ao longo dos conflitos militares dos últimos 49 anos.
Se Chama Toyotas of War.
Vale a pena ver.
https://instagram.com/toyotasofwar?igshid=YmMyMTA2M2Y=
Se não me engano saiu até matéria a um tempo atrás que a toyota tava impendido que exportasse land cruise para alguns países justamente porque eles são usados como plataforma de infantaria nesses países kk
Uma opção excêntrica seria montar um canhão Bofors sobre o chassi do Leopard 1.
https://pbs.twimg.com/media/EVJ4Nv5UwAEtK0i?format=png&name=360×360
https://pbs.twimg.com/media/EV39i1bWkAEPQK-?format=jpg&name=small
https://pbs.twimg.com/media/EV39pUUWoAEyjZH?format=jpg&name=small
Foi por isso que em alguns posts atrás eu disse que o Terminator era uma abominação, não faz sentido usar um chassi full MBT para dar suporte de fogo com armas de baixo calibre, é lento, pesado, desajeitado, caro de ter, manter e operar!
Em tempos de tantas armas portáteis AT é uma jabuticaba russa pra lá de ruim, só deve ser útil em situações muito específicas, MBT pra fazer MENOS serviço que BTR e “male male” de hilux com metralhadora anti aérea na caçamba.
Não é surpresa que nenhum outro país teste o conceito, é burr#!
EDITADO
6 – Mantenha-se o máximo possível no tema da matéria, para o assunto não se desviar para temas totalmente desconectados do foco da discussão;
https://www.forte.jor.br/home/regras-de-conduta-para-comentarios/
Que alegria, nem vi o comentário do Tonho e já foi moderado, parabéns a essa nova era do Forte!
Temos o melhor “technical’ do mundo, o Guarani equipado com aquela torreta bizarra com canhão 30mm.rss.
Só perde para o Cascavel com torreta TORC30. RSS.
Não atoa os EUA possuem centenas de milhares de jipes blindados e o bananal agora que possue mais de uma centena simples.
Muito bom. Parabéns.
Entretanto, faltaria dar uma pincelada no uso de motocicletas, como se viu na Venezuela.
Em terra de cego, quem tem olho é rei. Quando se está em um conflito militar e é necessário transportar armas e combatentes, se só tem technicals, vai technicals mesmo. A propósito, muito se comenta a respeito das capacidades dos mísseis anticarro Javelim e NLaw, mas essa semana surgiu um vídeo mostrando um tanque de guerra T-72 russo, em Bilohorivka, Donetsk Oblast, sendo pulverizado por um míssil Stugna-P, um míssil guiados antitanque ucraniano. A plataforma do Stugna-P, que foi projetada para destruir alvos blindados modernos , consiste em um tripé, contêiner de mísseis, dispositivo de orientação de painel de controle remoto e câmera termográfica. O Stugna-P pode ser acionado manualmente ou de forma dispare e esqueça, por meio de um controle automático e usando um feixe de laser como mira. Tem um alcance diurno de cerca de 5 quilômetros (3 milhas), mas não se sabe a que distância a equipe ucraniana estava do T-72 momento do disparo, mas deixaram a seguinte mensagem no Twitter: “A 10ª Brigada de Assalto de Montanha da Ucrânia destruiu um tanque russo da série T-72 com um ataque Stugna-P ATGM nas proximidades de Bilohorivka, #Donetsk Oblast. Depois de ser atingido, o tanque queimou.” Não é nada bom fazer parte de uma tripulação de tanque russo na Ucrânia.
https://twitter.com/UAWeapons/status/1636099163367587843?s=20
Assim como o Kornet também “pulverizou” muitos veículos (tanto leves quanto pesados).
Muito bom!!
Olha isto, parece uma granada de RPG colocaram asas e transformaram o rojão em um Drone Suicida kkk
Muita criatividade.. Isto está sendo uma escola para os terroristas..
https://youtu.be/dwgHIbKVa6o
È impressão minha o negócio tinha até fly-by-ware! Caramba essa plataforma deve ser muito boa msm! Não duvido que seja alguma vendida no Tio Aliexpress.
Texto muito bom.
As “Toyotas de Guerra” são excelentes no que se propõe a fazer.
Servem como veículo de infantaria motorizada de múltipla utilidade e baixo custo.
Funcionam como apoio de fogo, defesa antiaérea, transporte de tropas, ambulância, artilharia leve, veículo anti-tanque, sistema lança-misseis, carro de reconhecimento e patrulha e hoje em dia, como vemos na Ucrânia, um veículo adaptado para lançamento e operação de drones e das temiveis lottery munitions.
Uma infinidade de utilidades militares que as torna uma arma obrigatória para o combate no conflito moderno, pra países quem não tem orçamento para veículos como Humvees, JLTV, Linces, etc,
E como citado no texto, tá cheio de Exércitos regulares que já as incorporaram como veículo leve de combate e conseguem se defender bem com as Toyotas e seus similares – Mitsubishi, F250, Ranger, etc. -armadas.
Como a guerra na Ucrânia nos prova diariamente, no front de batalha quem não tem cão, caça muito bem com gato.
Acho que as experiências dos paraquedistas americanos com veículos “ultraleves” refletem as experiências e impressões dos americanos com os technicals.
Armamentos como canhões AAe de 23mm e ATGM como o TOW são armamentos “estáticos” pouco versáteis e vulneráveis nas guerras fluídas típicas dos desertos do Norte da África e Oriente Médio; uma pick-up dá mobilidade e versatilidade, como as Toyotas são os veículos mais comuns por aquelas regiões, o pareamento foi natural.
Na Líbia muitas foram equipadas com canhões EC90 Engesa de 90 mm e usadas com muito sucesso, retirados dos blindados EE-9 Cascavel M3S1 e M3S2.
Publiquei um livro sobre este tema, além de diversos artigos, quem se interessar acesse https://ecsbdefesa.com.br/produto/technicals-a-guerra-das-toyotas-lc-a-contribuicao-brasileira/
E se quiser ver artigos sobre o tema basta acessar http://www.ecsbdefesa.com.br entrando na seção Blindados Nacionais.
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Excelente matéria. A série de fotos sobre as Guerras Toyota foi ótima. Adoraria saber como foi o desempenho do Cascavel frente aos technicals. Eu acho que vale a pena uma análise sobre os blindados improvisados, especialmente os usados nos conflitos Iraquianos.