SIPRI Arms Industry 2022: Vendas das 100 maiores empresas de armas crescem apesar de disrupção nas cadeias produtivas
Por Rodrigo de Sousa Escano*
As vendas de armas e serviços militares das 100 maiores empresas do mundo alcançaram US$ 592 bilhões de dólares em 2021. O valor total cresceu 7,6% em 2021 comparado ao ano anterior, porém, se for corrigido pela inflação, o crescimento real foi de 1,9%. Este foi o sétimo ano seguido de aumento nas vendas de armas. O crescimento permanece abaixo da média dos quatro anos anteriores à pandemia de Covid-19 (3,7%), ainda que maior do que no ano de 2020 (1,1%).
A base de dados de indústria de armas do Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI) foi divulgada em dezembro de 2022, entretanto, se refere às vendas de 2021. As encomendas com relação à guerra na Ucrânia ainda não estão inclusas, nem sequer os vultuosos contratos vencidos pelas empresas sul-coreanas recentemente, como a venda de blindados e aviões para a Polônia.
Problemas nas cadeias produtivas provavelmente irão piorar com a guerra na Ucrânia
Em 2021, a desorganização nas cadeias produtivas causada pelas medidas de contenção da pandemia seguiu afetando diversos setores da indústria de armamentos. Isso implicou em atrasos no transporte de equipamentos e na escassez de componentes essenciais, somado aos relatos das empresas enfrentando falta de mão de obra.
O SIPRI ainda argumenta que a invasão da Ucrânia em 2022 intensificou os problemas já presentes nas cadeias produtivas, uma vez que a Rússia era um provedor importante de matérias-primas. Os esforços dos Estados Unidos e da Europa para repor os seus estoques de armas podem ser ainda mais prejudicados, depois de serem reduzidos após o envio do equivalente a bilhões de dólares em ajuda militar para a Ucrânia.
Os 100 maiores fornecedores de armas do mundo
Os Estados Unidos, sozinho, concentram 40 dos maiores fabricantes de armas do mundo. Em seguida, China e Reino Unido tem 8 cada. Outros países relevantes são Rússia, com 6 empresas, França com 5, Alemanha e Japão com 4 cada um. Além destas, a base SIPRI ainda discrimina 3 empresas “trans-europeias”, ou seja, sem a sede definida em um país: a Airbus, MBDA e a KNDS (originada da fusão entre a KMW e a Nexter).
Portanto, a maioria dos fornecedores se encontram entre as grandes potências do globo, que podem ser descritas como: Alemanha, China, Estados Unidos, França, Itália, Japão, Reino Unido e Rússia. Estes países somados tem 77 das maiores empresas.
No Top 25 empresas de defesa do mundo, 12 delas são dos Estados Unidos, 7 são chinesas e 6 europeias (incluindo o Reino Unido). De forma inédita, nenhuma empresa da Rússia aparece entre as primeiras.
Estados Unidos lideram vendas
As empresas estadounidenses lideram o ranking de vendas com folga, obtendo cerca de 51%[1] das transações totais, ou a venda bruta de US$ 299 bilhões de dólares. Apesar disso, o valor de suas vendas recuou em 0,9% em termos reais, se comparado a 2020, afetado pela alta inflação que o país passou. As empresas chinesas desempenharam 18% das vendas (US$ 109 bilhões de dólares), e as do Reino Unido 6,8% (US$ 40 bilhões de dólares).
Destaca-se o avanço das empresas asiáticas neste ano. As cinco empresas de armas sediadas no Oriente Médio (Israel e Turquia) geraram um total de US$ 15 bilhões de dólares em 2021. O aumento foi de 6,5% comparado com o ano anterior, a taxa de crescimento mais alta dentre todas as regiões. As vendas de armas das empresas sul-coreanas aumentaram em 3,6% comparado com 2020, alcançando US$ 7.2 bilhões de dólares, enquanto que pela primeira vez uma empresa taiwanesa apareceu no ranking, a NCSIST. A única exceção negativa foi o Japão, que viu as vendas das suas empresas encolherem 1,4%.
Europa em alta
Em 2021, 27 empresas sediadas na Europa integraram o Top 100. No total, as vendas de armas destas empresas aumentaram 4,2% em relação a 2020, alcançando US$ 123 bilhões de dólares. Apesar disso, se considerada a União Europeia como um bloco agregado, este perdeu o posto de segundo maior vendedor de armas com a saída do Reino Unido.
Os bons resultados foram puxados principalmente por duas empresas: a francesa Dassault Aviation Group, com um aumento acentuado de 59% em 2021, e a italiana Leonardo, com um aumento de 24%[2]. No caso do Reino Unido em específico, contrasta o recuo de vendas de aproximadamente 2,7% em termos reais, também afetado pela desvalorização de sua moeda. Como o problema de inflação se intensificando ainda mais em 2022, o próximo relatório SIPRI também deve apontar resultados negativos para as empresas do país. Apesar disso, ainda segue sendo individualmente o terceiro maior vendedor de armas.
Estagnação russa
É perceptível o declínio geral da participação das empresas deste país: São somente 6 no Top 100 em 2021, contra 9 companhias em 2020 e 2019, e 10 em 2018 e 2017, somado ao decréscimo do valor total das vendas nos anos anteriores. Apesar disso, as receitas desse ano conseguiram registrar aumento real de 0,4% se comparado com 2020, indicando por hora uma estagnação.
A empresa russa tradicionalmente melhor colocada nos anos anteriores, a Almaz-Antey, ocupava a 19º colocação em 2020, e a 16º em 2019. Porém, em 2021 ela foi excluída da lista por falta de dados disponíveis. A nova melhor colocada é a United Aircraft Corp. (UAC), famosa por fabricar a família de caças Flanker, ocupando o 30º, ante o 23º de 2020.
As perspectivas são mistas para o próximo ano, com as expectativas de que as empresas russas terem aumentado a produção por causa da invasão da Ucrânia, em oposição aos relatos de que elas estão tendo dificuldade para acessar semicondutores ou obter pagamentos das exportações devido às sanções internacionais.
O dragão continua em ascensão
As oito empresas chinesas no ranking acumularam um total de US$ 109 bilhões em vendas de armas, um aumento real de 6,3%. Em destaque, a CSSC, resultado da fusão de duas outras empresas, se tornou a maior construtora naval do mundo em 2021, com US$ 11.1 bilhões de dólares em vendas de armas.
Outro fato interessante é de que a base do SIPRI elenca as empresas por suas vendas no setor de defesa, mas também discrimina o percentual que estas representam de suas receitas totais.
Apesar da China ter alguma das maiores empresas do mundo na área de defesa, chama a atenção a baixa participação desse setor específico em suas vendas totais. Levando em consideração as companhias presentes no top 100, as transações nesse segmento foram de apenas 24% de suas receitas, muito aquém aos 52% das companhias estadunidenses, 62% da União Europeia ou 53% do Reino Unido. Isso demonstra pouca dependência do setor, e também pode indicar espaço para crescimento ainda maior.
E o Brasil?
A última vez que uma empresa brasileira apareceu no top 100 foi em 2017, quando a Embraer ficou na 95º posição. Nenhuma empresa latino-americana ou africana aparece entre as 100 primeiras. Lembrando que o ranking leva em consideração somente as vendas militares delas.
Sobre a base de dados de indústria de armas do SIPRI
A base de dados de indústria de armas do SIPRI foi criada em 1989. À época, a base não incluía dados de empresas nos países da Europa Oriental e União Soviética. A versão atual contém dados desde 2002, incluindo dados de empresas russas. Desde 2015, a base de dados inclui empresas chinesas. A lista do Top 100 inclui as 100 empresas com as maiores vendas de armas durante o ano em questão e para as quais o SIPRI pôde acessar dados suficientes.
‘Venda de armas’ é definido como a venda de bens militares e serviços a clientes militares nacionais ou estrangeiros. A menos que se diga o contrário, todas as variações são expressas em termos reais e todas as cifras estão em dólares norte-americanos a valores constantes (2021). Comparações entre 2020 e 2021 são baseadas na lista de empresas classificadas em 2021 (isto é, a comparação anual é entre o mesmo conjunto de empresas). Todas as outras comparações anuais são baseadas em conjuntos de empresas listadas nos respectivos anos (isto é, a comparação é entre um conjunto diferente de empresas). Dados para anos anteriores podem ser ajustados com base em novas informações.
A base de dados de indústria de armas do SIPRI, que apresenta dados mais detalhados para os anos entre 2002 e 2021, está disponível na página do SIPRI a seguir: <https://www.sipri.org/databases/armsindustry>.
Este é o primeiro de três lançamentos de dados que antecedem a publicação do anuário do SIPRI em meados de 2023. Em antecipação, o SIPRI lançará os dados sobre transferências internacionais de armas (detalha todas as transferências internacionais de armas convencionais em 2022) e os dados sobre os gastos militares mundiais (informação abrangente sobre as tendências globais, regionais e nacionais nos gastos militares em 2022).
FONTE:
- https://sipri.org/media/press-release/2022/arms-sales-sipri-top-100-arms-companies-grow-despite-supply-chain-challenges
- https://www.sipri.org/databases/armsindustry
*Mestre em Ciência Política (UNIRIO) e graduado em Ciências Sociais (UFRJ)
[1] Os percentuais foram arredondados pelo Press Release do SIPRI e nos gráficos divulgados. Utilizando os dados da base, o cálculo aproximado é de: 50,54% das vendas para os Estados Unidos, 18,44% para a China e 6,82% para o Reino Unido.
[2] Os percentuais são os originais do Press Release do SIPRI e não levam em consideração a inflação, os valores corrigidos seriam cerca de 50% e 16%, respectivamente, em relação a 2020.
“Ou você tem uma estratégia própria ou então é parte da estratégia de alguém”
Alvin Toffler.
RIP, Ucrânia….
como se a Ucrânia fosse estar viva a essa altura nas mão da Rússia kkkkkkkk
incrível como taxam ela como sendo a errada por ela ter se jogado pro lado dos EUA sendo que a Ucrânia e a cultura Ucraniana não existira hj se não tivessem feito nada
A banca sempre ganha..
Existe uma diferença entre ser exportador de tecnologia….e ser exportador de petróleo e gás.
Para ser exportador de tecnologia precisa instituições fortes e domínio da dinâmica dos mercados.
Para controlar petróleo e gás, basta um gangster com um grupo Wagner a soldo.
Não é a Rússia qui vc esta se referindo ne ?
Alem da Rússia ser uma potência energética e vender muito gás e petróleo também é uma potência bélica, aeroespacial e nuclear talvez so superado pelo EUA e deixando os outros no chinelo.
Por tanto a Rússia também exporta muita tecnologia a outros paises.
Talvez só superado pelo EUA?
Está empatando com a Ucrânia. Sem contar a China ja está muito a frente.
Leia a matéria de novo e observe os gráficos.
“É perceptível o declínio geral da participação das empresas deste país: São somente 6 no Top 100 em 2021, contra 9 companhias em 2020 e 2019, e 10 em 2018 e 2017, somado ao decréscimo do valor total das vendas nos anos anteriores. ”
Olha os gráficos.
Percebes que a Rússia está no nível de potências medianas como a Itália?
Os EUA são uma miragem distante para Russia, nem do complexo militar europeu ( França + Alemanha + Itália… ) se aproxima..
Nenhuma empresa brasileira entre os 100. Creio que, se o país que havia feito a encomenda do sistema Astros não houvesse voltado atrás devido a necessidade de redirecionar os recursos para o combate ao Covid 19, talvez a Avibras tivesse aparecido ai .
Já faz parte da natureza do Brasil, ser tornar uma Super Potência Mundial, basta apenas tomar seu próprio rumo e se afastar de nações que sempre nos sabotam, como EUA/Europa ou China/Rússia e acabar com esta divisão de esquerda e direita, isso vem de fora para nos dividir e enfraquecer, destas mesmas nações, somos todos brasileiros, antes de sermos de esquerda ou direita…
A estratégia de muitas nações já é velha mas continua dando certo, principalmente por estas bandas, “dividir pra conquistar”.
“Já faz parte da natureza do Brasil, ser tornar uma Super Potência Mundial,”
que o Brasil tem a chance de ser potencia ele tem, todos tem, até o Chile tem
(ou tinha, seila), mas natureza o brasil não tem não kkkkk ainda mais com histórico de governo maluco intervencionista; anti mercado e fomentador de insegurança jurídicaBrasil ta bebendo ja tem uns 200 anos da fonte “seja um zé ninguém gold no tabuleiro”
O Brasil caiu na MANIPULAÇÃO de: “Ou ESQUERDA ou DIREITA”. Precisamos de verdadeiros políticos que deem continuidade ao trabalho do Enéas!
“que o Brasil tem a chance de ser potencia ele tem, todos tem, até o Chile tem”
O Chile ser potência, em que???
Claro que tem. Não uma superpotência, mas uma potência mediana como Israel, por que não?
antes do Chile esquerdar loucamente ele era tido como país desenvolvido na América L****
hoje essa pergunta faz todo sentido kkkkk
“O Chile ser potência, em que???“
O Brasil deveria lutar para ser um protagonista mundial e competir de igual pra igual com China e EUA, e não fazer aliança pra apoiar um desses dois como coadjuvante…
Vi o Abrams e já pensei que era doação americana para os ucrânianos, mas, não foi dessa vez…
Também pensei o mesmo !!!rs
Logo logo começa já estão mandando de tudo porque oque tem não está sendo suficiente. kk
Ainda tem muita “sucata” na Europa para queimar. Além disso, custa muito caro e é demorado revitalizar e despachar os M1 que estão armazenados no deserto dos EUA. No próximo pacote militar da OTAN figuram 14 Challenger 2 e 14 Leopard 2. Lembrando que ainda existem cerca de 227 Challenger 2, 222 Leclerc, 197 Ariete e de 2000 Leopard 2 no arsenal europeu da OTAN.
Alguns institutos ao analisar a Ásia, separam a Rússia e o Oriente Médio, devido serem duas regiões bastante complexas geo politicamente, mas de fato o continente asiático, juntando as empresas russas e do Oriente Médio, acho que está na primeira colocação, a frente de Europa e EUA.
Já a América Latina e a África não aparecem no ranking, os países desta região tem a economia voltada principalmente para exportação de matérias-primas.
Acho que os números não dizem isso.
Mesmo assim, a Ásia junta Korea do Sul e Japao, que formam bloco alinhado com Ocidente.
Ou seja:
O Ocidente ainda é e vai continuar sendo o maior fornecedor de armamentos.
Uk vai enviar 600 Brimstone.
enquanto isso o Brasil
pq o Brasil cuida bem da BID: Não compra dela e não permite vender ou atrapalha kkkk