Putin quer Forças Armadas russas com 1,5 milhão de militares

O ministro da Defesa da Rússia, Sergey Shoigu, anunciou em 17 de janeiro que implementará a diretiva do presidente russo, Vladimir Putin, de realizar reformas militares em grande escala entre 2023-2026 para expandir as forças armadas convencionais da Rússia, provavelmente em preparação para uma guerra prolongada na Ucrânia e também para estabelecer condições para construir um exército russo significativamente mais forte rapidamente.

Shoigu afirmou que Putin ordenou às autoridades russas que aumentassem o número de militares russos para 1,5 milhão (dos atuais 1,35 milhão). Shoigu destacou que o Ministério da Defesa da Rússia (MoD) instituirá “mudanças de grande escala” não especificadas na composição, complemento e divisões administrativas das Forças Armadas Russas entre 2023-2026. Shoigu observou que a Rússia também precisa fortalecer os principais componentes estruturais das Forças Armadas Russas. Shoigu anunciou que a Rússia restabelecerá os distritos militares de Moscou e Leningrado, formará um novo corpo de exército na Carélia (na fronteira finlandesa), formará novos agrupamentos de forças autossuficientes na Ucrânia ocupada e formará 12 novas divisões de manobra. Shoigu acrescentou que a Rússia precisa aumentar suas capacidades para preparar adequadamente suas forças, desenvolvendo mais campos de treinamento e aumentando o número de treinadores e especialistas. Shoigu prenunciou pela primeira vez os aspectos dessa reforma na reunião do MoD Collegium da Rússia em 21 de dezembro, quando propôs que a Rússia formasse duas novas divisões de assalto aerotransportado, três novas divisões de infantaria motorizado e reformasse sete brigadas existentes da Frota do Norte e dos Distritos Militares Ocidental, Central e Oriental em sete novas divisões de infantaria motorizado enquanto expandem cinco brigadas de infantaria naval existentes em cinco divisões de infantaria naval. Parece que Shoigu não incluiu a reforma de cinco brigadas de infantaria naval em divisões em sua declaração de 17 de janeiro. Não está claro se essa parte do plano foi abandonada.

Essas reformas demonstram a intenção da Rússia de reformar as forças armadas para conduzir combates convencionais em larga escala em geral e não apenas para a guerra atual contra a Ucrânia, como o ISW avaliou anteriormente. Não está claro se os militares russos serão capazes de crescer como Shoigu descreveu dentro de três anos. A Rússia pode nominalmente formar novas divisões, mas ainda não está claro se a Rússia pode gerar forças suficientes para dotá-los de suas forças doutrinárias em meio a uma guerra em andamento. Shoigu fez anúncios anteriores sobre reformas militares russas que nunca se concretizaram, como em maio de 2022, quando pediu a formação de 12 novas unidades do Distrito Militar Ocidental (WMD) de escalão não especificado até o final de 2022 e para o MoD russo recrutar 100.000 reservistas em agosto de 2021.  A Rússia já enfrentou desafios com o preenchimento total de brigadas e regimentos existentes, falta de treinadores suficientes e a formação completa de uma nova divisão anunciada em 2020 antes do início da invasão da Ucrânia em 2022. A reestruturação da 150ª Divisão de Fuzileiros Motorizados (8º Exército de Armas Combinadas) levou mais de um ano.  A Rússia também continuará a enfrentar problemas econômicos, que podem continuar prejudicando a capacidade do comando militar russo de suprir suas forças.

A capacidade da Rússia de gerar mudanças rápidas em larga escala em sua capacidade militar depende da disposição do presidente Vladimir Putin de redirecionar grandes porções do orçamento federal para um acúmulo militar e colocar a Rússia em algo como uma guerra por vários anos. Há sinais de que Putin pode estar disposto a fazê-lo. A reforma e expansão na escala que Shoigu delineou não acontecerá a tempo de afetar materialmente a guerra na Ucrânia por muitos meses, mas pode mudar a correlação de forças até 2024 e pode estabelecer condições para uma ameaça militar russa muito mais formidável para seus vizinhos, incluindo a OTAN, nos próximos anos. A Ucrânia provavelmente continuará a ter uma janela de oportunidade durante o verão se o Ocidente fornecer o apoio necessário.

FONTE: ISW