Artilharia: guerra na Ucrânia só encontra paralelo na Segunda Guerra Mundial
Volodymyr Dacenko, da conta do Twitter @Volodymyr_D_, fez um interessante trabalho comparando o consumo diário de munição de artilharia na Primeira Guerra Mundial e em diferentes fases da Segunda Guerra Mundial com o atual conflito na Guerra na Ucrânia. Os números são surpreendentes.
O estudo foi feito no mês de agosto e, portanto, considera o números do conflito em andamento até aquele mês. Já os dados históricos foram tirados de diferentes estudos, mas principalmente da biblioteca de história militar da Rússia/URSS. As outras fontes embregadas estão no twitter abaixo.
https://t.co/luQnaZEA29https://t.co/zZdtLWHNPXhttps://t.co/9c3OUsPfpHhttps://t.co/BBwHq83dUahttps://t.co/z7XF7QWiwJhttps://t.co/4CO5WOPalAhttps://t.co/k5uTCNZAfKhttps://t.co/oPoX94ZuRrhttps://t.co/pyNMC7tRVxhttps://t.co/G8e7J0wyLU
— Volodymyr Dacenko (@Volodymyr_D_) August 19, 2022
Segundo uma reportagem da Novaya Gazeta, utilizada como fonte de dados para o estudo, a Rússia possuía antes da invasão de fevereiro cerca de 15 milhões de projéteis de artilharia. Além disso, segundo a mesma reportagem, a Rússia tem capacidade de produzir cerca de um milhão de projéteis por ano, além de recuperar 570 mil projéteis de vários tipos calibres calibre por ano que eram da era soviética. O texto também cita a existência de 108 milhões de projéteis da Era Soviética que foram declarados obsoletos em 2010. Eles até podem ser utilizados, mas com certo risco para os militares russos.
Partindo o princípio de que a Rússia dispara entre 10 mil e 60 mil projéteis por dia, e adotando-se uma média de 30 a 40 mil/dia, o estudo conclui que a Rússia teria munição suficiente para onze meses de combate. Os cálculos não consideraram a aquisição de munição da Coreia do Norte (número de projéteis desconhecido).
Mas nem só de projéteis vive a artilharia. É preciso considerar o número de bocas de fogo e a vida média de um tudo de artilharia. É difícil estimar a capacidade média dos tubos de artilharia russa antes de fevereiro. Porém, sabe-se que nos exércitos ocidentais um tubo pode disparar entre 2 mil e 6 mil projéteis antes de ser recolhido para usinagem. Pelas contas do estudo os russos teriam tubos de artilharia suficientes para uso intensivo entre 12 e 24 meses.
Há também a questão logística nessa conta. Para manter a intensidade dos disparos é preciso abastecer a linha de frente constantemente. A partir deste mês (novembro) as condições das estradas de terra na Ucrânia serão ruins e esta situação permanecerá até abril do ano que vem, quando volta a primavera no Hemisfério Norte.
De qualquer forma, com ou sem novas munições, disponibilidade de tubos e problemas logísticos ou não, o que se viu até agora no conflito da Ucrânia não tem paralelo nos últimos 75 anos.
A campanha atual só pode ser comparada com as grandes batalhas que ocorreram nas Grandes Guerras Mundiais do Século XX. No gráfico abaixo o autor usou o número de disparos diários (eixo das abscissas) em função da massa lançada por dia (eixo das coordenadas). Como os calibres da artilharia são maiores atualmente (entre 75 e 105mm na época da Segunda Guerra e entre 122-152mmm atualmente), os projéteis empregados possuem mais massa. Sendo assim a comparação se torna mais honesta.
Adotando-se a média de disparos diários por parte dos russos, o valor em massa equivale ao que a URSS disparava no ano de 1942, durante a invasão alemã. Já considerando as taxas diárias mais elevadas do conflito atual, podemos comparar com o que a URSS disparava em 1943.
É interessante notar que durante a Segunda Guerra Mundial todos estes disparos soviéticos foram feitos ao longo de amplas e diferentes frentes de combate ao passo que na Ucrânia a concentração dos disparos é muito maior, pois a área geográfica em disputa é menor.
A artilharia ucraniana, mesmo com uma taxa considerável de cerca de 5 mil disparos por dia, não consegue chegar nem perto da taxa russa. A vantagem da Ucrânia está na precisão.
Por último, o autor do texto faz uma interessante tabela com o custo estimado das diferentes munições de origem russa/soviética (tabela abaixo).
Cinquenta mil disparos por dia e ainda não chegaram em Nova York.
Nova York não é problema do Putin, mas do Biden.
Ou do Trump.
A bagunça será grande.
A Nova York que ele esta se referindo é uma cidadezinha ucraniana próximo Bakhmut na linha de frente que apesar de meses tentando, os Russos ainda não tomara…
Não é essa New York, é aquela na fronteira de Donetsk que os Russos ainda não conseguiram conquistar.
A artilharia soviética na 2a Guerra era espetacular.
Eles colocavam um canhão ao lado do outro por toda a frente e disparavam incessantemente.
Sem contar os lança-foguetes que aterrorizavam os alemães.
Depois, vinham centenas de tanques.
Operações Urano, Bagration, Seelow e outras são exemplos disso.
Mais conhecido como ‘Rolo Compressor Soviético’.
Na Segunda Guerra Mundial não havia satélites militares, nem radares modernos, nem AWACS e nem drones de reconhecimento. Qualquer sistema estático de defesa ou de ataque é facilmente rastreado, engajado e destruído. As linhas de defesa russas na margem esquerda do Rio Dinipro, região de Kherson, se estiverem posicionadas dentro do alcance da artilharia ucraniana, serão destruídas. Aposto que as minas terrestres russas darão mais dor de cabeça aos combatentes ucranianos do que as peças de artilharia e os tanques de guerra.
Himars neles, iris
Nem mais………!!!!!!!!!!!!!!!
Saudades de quando a Russia funcionava, né não?? hahahhaha
Aterrorizavam os alemães ? Baixas de 8×1 ? Ah os soviéticos hoje a Rússia é Rússia sozinha e isolada …tipo um cão agressivo e a vacina vai ser a OTAN .
Vejo uma grande dificuldade para os russos levarem e
Vejo a logística como o maior problemas e ineficiência dos russos nesse conflito fico imaginando como seria para os russos fazer a substituição dos equipamentos na linha de frente, e principalmente á manutenção dos meios para posterior reposição. Nao tenho entendimento sobre o assunto, mais se o texto estiver correto com quantidadebde disparos, os ucranianos terão um brlo reforço com os equpamwntos dos russos causando a morte de seus usuários.
Enquanto a Rússia está cega no campo de batalha e emprega estratégias e táticas do século XX, muitas vezes semelhantes às da Segunda Guerra Mundial, com o disparo de milhares de projéteis “burros”, a Ucrânia, com apoio da OTAN e dos EUA, se vale de consciência do campo de batalha quase em tempo real associada ao fogo de artilharia guiado dos Himars e dos obuses ocidentais, tais como o Excalibur e o Vulcan. Essa combinação está se mostrando eficiente e letal, levando as tropas russas a perdas insustentáveis de material bélico e de mão de obra, bem como a elevada taxa de destruição de depósitos de munições e de suprimentos, que estão desorganizando as linhas de logista russas e fazendo minguar os disparos de artilharia. Eis o depoimento de um combatente ucraniano que está lutando na região de Kherson – “Os HIMARS americanos têm sido incrivelmente úteis para nós. Uma vez que começamos a atingir as pontes, a intensidade do bombardeio russo diminuiu muito. Destruímos muitos de seus armazéns de artilharia e munição também. Antes, os russos costumavam bombardear tudo, apenas atirando o quanto quisessem em qualquer alvo. Agora, eles são forçados a economizar.”
Vadyn, tenente sênior da 59ª Brigada Motorizada da Ucrânia.
https://www.militarytimes.com/news/2022/11/02/hardened-ukrainian-brigade-sees-russian-vulnerability-in-kherson-city/
A Ucrânia informou que recebeu da Suécia o obuseiro autopropulsado de 155mm Archer, conhecido como o “melhor do mundo”. Não foram divulgados números, mas há rumores que tenham sido entregues 12 unidades. O Archer possui canhão de 155 mm com sistema de berço e recuo da geração atual de obus de campo rebocado FH 77B. É equipado com sistema computadorizado de controle de fogo, sistema de assentamento e navegação inercial e radar de velocidade de boca. Carrega 20 projéteis de 155 mm em carregador automático e mais 20 projéteis para recarga. O canhão do Archer tem um alcance máximo de tiro de 40 km com munição convencional de 155 mm e 60 km com munições guiadas com precisão, incluindo a Excalibur. O Archer pode rodar a uma velocidade máxima de 70 km/h com um alcance máximo de 500 km.
https://eurasiantimes.com/ukraine-says-received-worlds-best-155mm-archer-edge-archer/?amp
O Brasil mandou um lote de alimentos para os refugiados, que deu para uma refeição.
Só que agora os alemães, pra não chamar de outra coisa, são os russos.
Parabéns pelo excelente artigo!!
“a Rússia possuía antes da invasão de fevereiro cerca de 15 milhões de projéteis de artilharia.”
Seria interessante saber qual é o estoque de outros países….mesmo em números aproximados!
Mais um dia de avanço pra trás dos russos! Estão abandonando Kherson… vamos esperar as explicações dos putinetes do por que isso é um sinal de que os russos estão vencendo…. Hahahaha.
Segundo os russos, Kirill Stremousov, o traidor ucraniano 1, morreu em acidente de carro durante a fuga de tropas e traidores russos.
Misericódia !!! Melhor nem pensar o atual estado de prontidão das peças de artilharia no Brasil !!
Pergunto-me como estarão esses campos e cidades que vemos bombardeados todos os dias após a guerra. Quantos projéteis e bombas será encontrados, algumas talvez não detonadas e o trabalho para limpar tudo isso.
Serão*
Maior problema serão as minas terrestres dispersadas às dezenas de milhares ou mais.
Impressionante a disparidade entre a Rússia e a Ucrânia no quesito artilharia, me pergunto o porquê dos russos não conseguirem vencer, mesmo tendo ampla vantagem de equipamentos.
É uma guerra centrada na artilharia de campanha, em encontrar alvos para ela e em não se tornar alvo dela.
Muito bom esse artigo, como todos do Forças Terrestres! Vocês estão de parabéns!
30K-40K é um número muito acima do que os especialistas acham, Michael Kofman estimou a um tempo atrás que os Russos estavam atirando entre 6K-15K por dia. Só para efeito de comparação, durante grandes ofensivas na segunda guerra, apenas uma única divisão alemã atirava 50K munições de artilharia em um único dia.