‘Al Stugna’?
ATGM de origem ucraniana sendo empregado com laptop com caracteres em árabe. Saiba a razão.
Para os ocidentais se o alfabeto cirílico já apresenta dificuldades, imagine então operar um sistema todo feito com caracteres árabes? Esta não parece ser uma dificuldade para alguns operadores de sistemas ATGM (anti-tank guided missile) ucranianos Stugna-P.
O Stugna-P, também conhecido como Skif, é um ATGM desenvolvido pela empresa Luch de Kyiv que produz diversos mísseis, incluindo o Neptune, que supostamente afundou o cruzador Moskva da classe Slava.
O sistema é basicamente composto por um tripé com o míssil e seu lançador, e uma estação de programação e controle (que basicamente é um laptop mais robusto). Embora o míssil possa ser disparado pelo método fire-and-forget (ele segue um feixe de laser até o alvo) a estação de controle possui um joystick para o operador direcionar o míssil se assim desejar.
Diversos são os vídeos nas redes sociais mostrando o Stugna-P em ação. Tem praticamente um vídeo novo de alvo atingido por Stugna-P por dia. Um desses vídeos chamou a atenção porque os caracteres da tela estavam em árabe. Sabe-se que o sistema já foi exportado para países como a Argélia e a Arábia Saudita.
Até o início do ano havia outros países árabes interessados no sistema como Catar e o Iraque. Acredita-se que os equipamentos produzidos para um desses países estava pronto até dias antes do ataque russo em 24 de fevereiro e acabou não sendo entregue pela urgência do combate. Para um operador de Stugna-P com experiência uma simples mudança como essa não deve fazer diferença.
O míssil tem feito muito sucesso e o interesse pelo sistema aumentou. Basta saber se a empresa sobreviverá à guerra para atender ao aumento da demanda.
A Ukrainian Stugna-P ATGM team doing work.🔥🇺🇦
The tan colour and the Arabic text on the control unit indicates this was one of the export units originally destined for service with the Iraqi army.https://t.co/7vhSKZYbBG
— Jimmy Rushton (@JimmySecUK) March 20, 2022
Sim, os sistemas que seriam enviados para os países de linguá árabe foram requisitados pelo exercito ucraniano para uso na defesa nacional.
Se não me engano eu me recordo de ter lido uma noticia sobre isso afirmando que o acordo de compra foi renegociado ou que o valor da compra foi devolvido, não me recordo exatamente.
OBS: Poggio na matéria, nessa parte aqui “vídeos chamou a atenção porque os caracteres da tela estavam em árabe. Sabe-se que o sistema njá foi exportado para países como”
tem um n que se meteu no meio do Já ai kkkk
Obrigado Victor Felipe. O pessoal que comenta no blog tem “olhos de água”.
Slava Ukraini, Poggio.
então quer dizer que meus óculos estão funcionando bem hahaha
Mas aí não seria “olhos de águia”? kkk
“Olhos de água” não faz muito sentido!
Uma velha piada construía-se sobre a confusão entre ‘agúia'(agulha em caipirês falado) de ouro e águia de ouro…
Li um ucraniano no twitter falando que vão entregar em um ‘futuro’ proximo os sistemas em outro tipo de acordo …
O Stugna tem uma característica singular que é ter um “pedestal” motorizado (servomotorizado) e controlado a distância enquanto mísseis similares têm pedestal movimentado manualmente e com controle local.
A vantagem do Stugna é que coloca o operador/atirador longe do lançador no caso dele ser detectado e atrair um contra-ataque.
Basicamente o sistema é composto pelo pedestal motorizado, pelo sistema de mira EO, por uma bateria de longa duração , pelo tubo/míssil e pelo controle remoto ligado por um cabo ao lançador (com o joystick).
O míssil é guiado por “cavalgadura” laser (laser beam riding) independente de operar no modo “manual” (man in the loop) ou no modo “automático” (auto tracking).
O míssil é autoguiado (toma suas próprias “decisões”) apesar de não ser autônomo (precisa que o lançador o leve até o alvo).
No modo manual o operador mantém o alvo no centro da retícula do lançamento ao impacto enquanto no modo auto-tracking o software do sistema de mira reconhece o alvo indicado pelo operador e basta a este lançar o míssil.
Esse modo “auto-tracking” a rigor não configura um modo “fire-and-forget” porque o míssil ainda e dependente do lançador , que é quem adquire o alvo e envia o laser.
Fosse o Stugna um sistema de “comando para a linha de visada” o sistema seria denominado de SACLOS para o modo “man in the loop” e ACLOS para o modo “auto-tracking).
Um míssil que opera no modo “fire-and-forget” de verdade é o Javelin. Esse sim, depois de lançado não precisa mais do lançador para atingir seu alvo. O Stugna, em nenhum momento prescinde do apoio do lançador .
Obrigado pela explicação Bosco, eu estava em dúvida sobre a guiagem do míssil. O método do Stugna é semelhante ao utilizado no M.S.S.-1.2?
Sim Régis. Ambos são guiados por “laser beam riding”, com receptores laser na traseira . A diferença é que o Stugna parece ter um sistema de autotracking opcional enquanto o MSS 1.2 o tracking do alvo é manual.
Régis,
Só como curiosidade, os mísseis podem ser classificados em dois grandes grupos, os teleguiados e os autoguiados.
Essa classificação tem a ver com a relação do míssil com a sua unidade de lançamento/controle. Um míssil que recebe comandos diretos (via RF ou fio) da unidade durante todo percurso até o alvo é teleguiado. Um míssil que após ser lançado não recebe comandos da unidade é autoguiado.
Os mísseis teleguiados estão em franca decadência. Só como exemplo, nas forças armadas americanas os únicos teleguiados são o TOW (fiou ou RF) e o Patriot PAC-2 (RF). Todos os outros mísseis são autoguiados.
Os mísseis autoguiados podem ser igualmente subclassificados em dois grandes grupos, o dos “autônomos” e o dos “não autônomos”.
Os autônomos após o lançamento não precisam de nenhum tipo de designação externa, sendo capazes de “ver” o alvo que lhes foi designado ainda no lançador (ex: Javelin, Maverick, …) ou depois que foram lançados (Exocet, HARM…) ou se guia a coordenadas pré-estabelecidas via inercial (ICBM Minuteman III) ou/e GPS (bomba JDAM).
Já o tipo autoguiado “não autônomo” precisa de designação externa para achar o alvo porque eles não são capazes de “verem” o alvo mas sim apenas de seguir a energia utilizada para levá-los até o alvo.
Essa “energia” não configura “comandos” já que eles possuem processadores de alta capacidade que os habilitam a tomarem suas próprias decisões de modo a se manterem na “trilha”.
Esse tipo “não autônomo” é representado pelos que são guiados por sistema semiativo de radar (Ex: Aspide) e semiativo laser (Ex: Paveway) e por sistema de “cavalgadura laser” (Stugna, MSS 1.2… ).
Vale salientar que muito mísseis autoguiados autônomos recebem atualizações via data link. Essas atualizações não configuram “comandos” , portanto, mesmos estes continuam sendo autoguiados autônomos.
interessante, mas eu classificaria diferente, como por exemplo o SM6 que recebe update do radar do navio, mesmo que ele use seu próprio radar para achar o alvo, o classificaria como teleguiado, já o Javelin e Maverick são sim autoguiados, bom, mas não sou eu que decido nada kkk
Você não está errado. Você considera teleguiado um míssil dependente de monitoramento constante de sensores externos a ele de modo a poder achar o alvo.
Eu considerei a distinção entre teleguiado e autoguiado a dependência ou não de comandos diretos da estação de controle, independente do suporte que esta dê ao míssil ao longo da sua trajetória.
Fazendo uma analogia com aquela brincadeira infantil de esconder um objeto numa casa e de uma delas sair para procurá-lo, o “quente e frio” ficaria mais ou menos assim, de acordo com a classificação que eu citei.
Teleguiado: uma criança com venda nos olhos vai recebendo informações (comandos) até achar o objeto escondido. Ex: míssil TOW
Autoguiado autônomo: uma criança sem venda nos olhos vai de encontro ao objeto usando seus próprios olhos. Ex: Javelin.
Autoguiado autônomo com atualização via data-link: uma crianças sem venda nos olhos procura o objeto usando seus olhos mas vai recebendo informações da localização do objeto do amigo. Ex: Míssil SM-6;
Autoguiado não autônomo: uma criança sem venda nos olhos numa casa fechada, com a luz apagada e de noite, segue um ponto laser que o amigo incide sobre o objeto a ser encontrado. Ex: bomba Paveway .
E há uma série de combinações que complica mais toda essa classificação. rssss
Um abraço.
essa explicação foi de matadora, igual LRASM na cola de um navio kkkkk bem explicado.
Carlos,
Uma outra classificação interessante e que gera polêmica é a relativa ao termo “arma inteligente” muito utilizada na grande mídia (leiga). Em geral eles dão como sendo sinônimo de arma guiada (míssil), o que não é verdade. Há mísseis que não são “inteligentes” e há armas inteligentes que não são guiadas.
A rigor uma arma inteligente é que toma decisões baseadas nos seus algoritmos. Por exemplo, uma mina naval que tem uma espoleta inteligente baseada na pressão e na assinatura magnética é uma arma inteligente e não é guiada.
Aquelas submunições antitanque como a SADARM e a BONUS são armas inteligentes (conseguem identificar o alvo abaixo utilizando sensores internos) mas não são guiadas.
Há uma série de exemplos de armas inteligentes não guiadas.
Já um míssil como por exemplo o Milan, que apesar de ser guiado não é inteligente. É apenas uma arma autopropulsada, cega , que recebe comandos do lançador, via fio, e não toma nenhuma decisão de forma autônoma. Toda decisão vem do operador.
O sistema Stugna é da era sovietica ou é invenção ucraniana ?
Falando sobre o mesmo vi um video de um atirador ucraniano atirando e ‘mirando’ o missil para cima a tragetoria para pegar na parte superior da torre do tanque russo estilo javelin improvisado …
Mafix,
O Stugna é muito parecido com o Kornet. Ambos foram desenvolvidos depois do fim da URSS mas devem ter uma base comum desde essa época.
A grande sacada dos ucranianos forem colocar o míssil num pedestal motorizado e o sistema de controle ser operado a distância.
Isso tem vantagens mas também tem desvantagens: custo maior, maior fragilidade, maior complexidade, etc.
Sinceramente não sei se no caso de falha do controle remoto ou dos servomotores do tripé sé é possível reverter para um modo manual/controle local.
O que dizem poder ser feito com mísseis guiados por laser beam riding quando engajando um veículo de combate que possa ter sensores que captem a energia laser e possa implementar contramedidas é mirar num ponto próximo ao alvo para que o laser do lançador não faça soar o sistema de alerta (LWS) do veículo e quando o míssil está mais perto o operador foca no alvo de verdade e o míssil corrige a trajetória a tempo de atingir o alvo.
Não se se na prática isso é possível de ser implementado.
Um pequeno typo…
“Neptune, que supostamente afundo ou o cruzador Moskva”
Corrigir de “afundo ou” para “afundou” se acharem interessante!
Abs
Grato Theo Gatos. Já corrigido.
Para quem quiser saber o que o fabricante do Stugna-P produz, aqui vai o catálogo deles.
https://www.luch.kiev.ua/images/data/en/LuchEn.pdf
A empresa não sobreviverá
Não em solo ucraniano
Qual o solo que sobreviverá ?
é tipo a gente jogando com tudo em inglês sem saber inglês, depois que fuçávamos tudo, já sabíamos o que era cada coisa kkkkk hoje em dia o pessoal joga tudo em português, bom nesse vídeo a situação é muito parecida.