Há 77 anos, começava a Batalha de Montese
Prof. Dr. Ricardo Cabral*
Travada entre os dias 14 e 17 de abril de 1945, na fase final da Campanha da Itália, dos Aliados, foi uma das grandes vitórias da Força Expedicionária Brasileira.
Em 14 de Abril de 45, tem início da Operação Artífice.
Ataque e conquista de Montese
O ataque brasileiro compreendeu duas fases: a primeira consistiu no lançamento de fortes patrulhas, constituídas de pelotões reforçados por turmas de soldados mineiros, destinadas à capturar a linha Casone- Il Cerro- Possessione-Cota 745; a segunda fase consistia de uma ruptura no dispositivo defensivo inimigo e conquistar a região de Montese-Cota 888-Montello.
As patrulhas foram lançadas às 10:15 h, na mesma hora que a 10ª Divisão de Montanha norte-americana iniciava o seu ataque.
A reação alemã se deu por intensos fogos de morteiros, canhões e de infantaria sobre a linha de partida do ataque brasileiro e nas regiões de Creda, Possessione, Paravento e do ponto cotado 778.
O 6º Pel/2º Batalhão/1º Regimento de Infantaria (R.I.) superou a resistência alemã e capturou a localidade de Possessione.
O ataque propriamente dito começou às 13:30 hs, sendo precedido de concentração de fogos de artilharia. Contou com apoio e de fogos fumígenos de uma Companhia de Morteiros norte-americana.
O 11º R.I. atacou com o 1º e 2º batalhões em primeiro escalão. O 3º Batalhão, incumbido de realizar o esforço principal da operação, atacou em direção à Casone-cemitério de La Torre-Cota 927, com a cobertura feita a oeste pelo 1º Batalhão/11º R.I. e a leste pelo 2ºBatalhão /1º R.I.
Assim enquanto o 1ºBatalhão/11º R.I. progredia ao longo do eixo Montaurigola-Monteses-Doccia, o 2ºBatalhão/1º R.I. atacava na direção de Possessione – Ca di Bortolino.
O 11º R.I e o 2º Batalhão/1º R.I. atravessaram a linha de partida às 13:30 h com o apoio dos blindados norte-americanos na direção geral de Serreto.
Por voltas das 15 h o 1º Batalhão/11º R.I. conseguiu penetrar na Vila de Montese, desorganizando a defesa e envolvendo as posições inimigas.
Às 15:15 h, o 11º R.I. conquistava Serretto e alcançava as mediações de Paravento. Os blindados americanos continuavam a avançar e, pouco antes das 18 h, já se encontravam nas vertentes meridionais de Montebuffone, seguido de perto pela infantaria brasileira, posicionada no colo entre Serretto e Montebuffone. A resistência alemã era tenaz e aguerrida.
Às 18 h, o 3º Batalhão/11º R.I. apoiado pelo fogo da artilharia e dos morteiros completava o assalto às casamatas alemães localizadas no ponto cotado 851.
O ataque permitiu aos brasileiros alcançar a linha Maserno-Cotas 806 e 808-Montese-Serretto e forçando o recuo dos alemães, que tiveram pesadas baixas, nesta ação foram capturados 107 prisioneiros.
O inimigo, porém, ainda resistia em Montebuffone e de lá bombardeava as posições brasileiras. Mesmo em Montese ainda tinha focos de resistência.
A presença de blindados alemães e do 721º R.I. da 114ª D.I. do Heer na região de Ranocchio-Salto possibilitava-os a lançarem um contra-ataque a fim de recuperar as posições de Monteses e Serretto.
O 11º R.I. prosseguiu no ataque, procurando conquistar o objetivo representado pela linha geral de Cota 888-Montello, coberto à direita pela progressão do 2º Batalhão/1º R.I., rumo à cota 778.
Os batalhões do escalão de ataque avançaram, a partir da linha conquistada na véspera, na busca dos seus objetivos, sendo fortemente hostilizados por incessantes fogos de morteiros e canhões alemães.
15 Abr 45
Às 11:45 h os brasileiros capturaram Montebuffone e a Cota 778, cerca de uma hora depois os tanques norte-americanos destruíram o casario de Montello.
O 3º Batalhão/11º R.I. progredia sob fogos de metralha vindos de Montello, da Cota 880 e do ponto contado 888, seguiu noite adentro até que a 7ª Cia, cerrou sobre as posições inimigas na Cota 927, ficando imobilizada entre essa elevação e a área de Canello.
O 2º Batalhão/1º R.I. em que pese a resistência, conquistou a Cota 778 e ocupava Paravento. Tentara infiltrar-se na direção de Braina, mas não conseguiu toma-la, devido aos fogos que recebeu originados da Cota 758.
Em que pese o excelentes resultados obtidos pelo 3º Batalhão/11º R.I., a unidade foi retirada da linha de combate, devido ao número elevado de baixas e ao cansaço.
Às 15:30 h, o comando da 1ª D.I.E. incumbiu o coronel Nélson de Mello da direção do combate que se travava na área de Serretto-Montebuffone-Cota 927, de modo que fosse articulado o 6º R.I. (menos um batalhão) entre o 1º e o 2º Batalhões do 1º R.I. Foram então combinadas medidas para a efetivação do retraimento do 3º Batalhão/11º R.I. no decorrer da noite de 15/16. O Comandante do 6º R.I. resolveu deslocar o 2º Batalhão de Abetaia para Il Monte, substituindo o 3º Batalhão/11º R.I. já na mesma noite de 15 de abril.
No fim do dia, a tropa brasileira recebeu a missão de manter suas posições e e estender a sua linha para o leste a fim de ocupar as Cotas 753 e 913.
16 Abr 45
Às 12 h o 2º Batalhão/6º R.I. iniciou sua progressão rumo a Il Cerro, em grande parte do tempo teve que infiltrar homem a homem, devido ao bombardeio inimigo na região de Montese-Il Cerro.
O restante do 6º R.I. entrou em linha na região de Serretto, entre o 11º R.I. e o 2º Batalhão/1º R.I. a fim de a fim de atacar as posições alemães nas Cotas 927 e 888.
A 8ª Cia/3º Batalhão/11º R.I., os elementos mais próximos da Cota 927, apesar de terem repelidos ataques alemães, se encontravam sob fogo intenso, somente conseguiram retrair às três da madrugada.
O progresso no terreno estava lento, mas o 1º Batalhão/11º R.I. conseguiu melhorar as posições conquistadas. Já o 3º Batalhão/6º R.I. enfrentava forte resistência em seu ataque à Cota 927. Enquanto isso o 1º R.I. (menos um batalhão) substituía o 85º R.I/10ª Divisão de Montanha norte-americana ocupando a região de Famaticcia ampliando o dispositivo.
17 Abr 45
O IV Corpo recebeu ordem do V Exército para cancelar o ataque na frente de Montese-Monte Pigna. No entanto, esta ordem não impedia o envio de patrulhas de reconhecimento a fim de levantar o dispositivo defensivo e o valor das forças inimigas, no que foram identificados elementos da 334ª D.I. alemão.
O 2º Batalhão/6º R.I. entrou em linha na região de Serretto-Montebuffone, em substituição ao 3º Batalhão do mesmo regimento.
O reajuste do dispositivo foi complementado com a substituição do 2º Batalhão pelo 3º Batalhão, ambos do 11º R.I, na região de Capella di Ronchidos-Monteforte, sendo o 2º Batalhão deslocado para à área de Iola-Tamburini-Campo Del Sole na situação de Unidade Reserva da Divisão. O 1º Esquadrão de Reconhecimento fez sua articulação em campo Del Sole, ficando em condições de operar no setor do 11º R.I.
A participação da 1ª D.I.E. na operações na região de Montese redundaram 34 mortos; 382 feridos e 10 extraviados. As baixas do 6º R.I. foram: 14 mortos; 131 feridos e 3 extraviados; total: 148. O 1º R.I. teve 8 mortos e 27 feridos, num total de 35 baixas e o 11º R.I. foram 12 mortos; 224 feridos e 7 extraviados, num total de 243. Nossas forças capturaram 453 prisioneiros.
A Ordem de Operações nº 16, do IV Corpo, atribuiu a D.I.E. a missão de manter as posições que ocupavam, naquele mometo, reconhecer a situação do inimigo e estar preparada para perseguir as tropas alemães.
Em que pese a Divisão estar em defensiva foram lançadas patrulhas de reconhecimento e de combate em toda a frente com a finalidade de manter o contato, levantar o dispositivo adversário, fazer prisioneiros e retomar a progressão, caso fosse verificado o retraimento do inimigo. A reação alemã se dava por meio de bombardeios de artilharia que transformaram Montese em ruínas.
* Mestre e Doutor em História Comparada pelo Programa de Pós-Graduação em História Comparada (PPGHC) da UFRJ, professor-colaborador e do Programa de Pós-Graduação em História Militar Brasileira (PPGHMB – lato sensu), da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro/UNIRIO e Editor-chefe do site História Militar em Debate e da Revista Brasileira de História Militar. Website: https://historiamilitaremdebate.com.br
Bibliografia
- SILVA, Hélio. 1944: O Brasil na Guerra. Rio de Janeiro: Ed. Civilização Brasileira, 1974.
- MORAES, J.B. Mascarenhas de. A FEB pelo seu comandante. Rio de Janeiro: Bibliex, 2005. .
Sites consultados
- https://www.gov.br/defesa/pt-br/centrais-de-conteudo/noticias/ultimas-noticias/batalha-de-montese-70-anos-da-historica-atuacao-brasileira-em-um-dos-mais-sangrentos-combates-da-ii-guerra
- https://horadopovo.com.br/a-ordem-de-batalha-em-montese/
- http://leituraobrigahistoria.blogspot.com/2016/04/a-batalha-de-montese.html
- https://obrasilesuahistoria.com.br/a-feb-e-a-conquista-de-montese/
- https://www.portalr3.com.br/2020/04/75-anos-da-conquista-de-montese-pelos-aliados-na-2a-guerra-mundial/
Parabéns a todos!!
É triste, mas a realidade é que na Itália se tem mais respeito pelos nossos soldados que no Brasil.
Eles tem que ter respeito mesmo, afinal de contas os soldados brasileiros tiveram que deixar seu país para ajudar a resolver um problema que os próprios italianos e europeus começaram.
O ponto não é os italianos terem respeito, o problema é que o povo brasileiro em geral não valoriza os que se arriscam p/ socorre-lo nas tragédias e lhe dar segurança, normalmente só falam de militares, bombeiros e policiais p/ criticarem, e lógico que há momentos que isso tem que acontecer, mas não é da forma como vemos no dia a dia, transformam exceção em regra.
O Brasil é o 6 país mais populoso do mundo e o 7 maior contigente de policiais, porem a polícia brasileira é a que mais mata e morre no mundo todo. Se comparar a polícia americana que tem o dobro de policiais e 100 milhões de habitantes a maís, demoram 6 anos para matar o que a PM mata em apenas 1 ano e você acha que criticar a polícia brasileira deve ser excessão? Para quem conhece das leis, sabe que assim como o STF não cumpre as leis, a polícia também não segue! Desafio você encontrar um policial que… Read more »
Vc mora no Rio de Janeiro?
Não, todas as policias do Brasil são horríveis, mas a PMRJ é a essência do chorume.
E qual a tua experiencia com “todas as policias do Brasil” pra falar que Todas sao horriveis? Cara nao fala bobagem…tem polícias muito boas e outras que talvez ainda precisem melhorar bastante. Nem vou entrar no merito da discussão cntgo pq ja vi que da tua boca nao sai nada que presta. Fica com tuas ideias ai so pesquisa um pouco antes de falar asneira. Bom feriado!
Não precisa usar o ad hominem e fugir! Se não entendeu, eu mastigo melhor. (o texto a seguir, descreve um caso em que o abordado NÃO OFERECE OU MOSTROU NENHUM TIPO DE RESISTENCIA E/OU PERIGO!). Você sabe como a policia decide abordar alguém? Em uma policia profissional é com base em suspeitas e/ou flagrantes de coisas erradas, no Brasil é com base no preconceito, dependendo do tipo de roupa que você usa, região que está, horário, tipo de veiculo, modelo do veiculo, etc. Se você assistir abordagens de policias, depois de 100, 200 ou 300 vídeos você verá esse padrão,… Read more »
se cometerem um crime contra sua família, chama o PSOL que eles vão entregar uma flor pro meliante.
A vontade de lacrar foi mais forte, né? Mais um adolescente que não conhece nada de polícia…e que não perde a oportunidade de envenenar o forte.jor.br com comentários rasos, presunçosos e preconceituosos.
Eu apontei argumentos, números e fatos! E você? O uso do ad hominem e tática do espantalho.
Se uma pessoa não entende gravidade da polícia brasileira ser a mais letal do mundo e a que mais morre, não se espera muita coisa.
Como se você conhecesse algo de alguma coisa! (viu, isso é a tática de desqualificar o interlocutor, exato o que você acaba de fazer com ele…)
Luciano, ultimamente os militares estão sendo mais criticados porque estão se metendo na política, e lugar de militar é dentro dos quartéis e não metidos em partidos políticos e na política nacional.
Na minha opinião, se um militar quer ser político, ele deve largar a farda de lado, misturas as duas coisas não dá certo.
A nossa constituição garante que os militares DEVEM garantir a democracia! Não sei seu posicionamento sobre o STF e/ou a Ditadura Militar, mas saiba que o STF está fazendo as MESMISSIMAS coisas que os militares em 64! Inclusive isso mostra como o brasileiro é hipócrita e/ou desinformado. Sempre vai ter um lado que puxa o saco de um e critica outro e vice-versa, sendo que os dois são farinha do mesmo saco. Alan dos Santos ou do Deputado Daniel Silveira presos ou perseguidos pelo STF por leis que não existem, que não sabem nem do que são acusados. Interpretando leis… Read more »
Uai, o valentão deputado ameaçou os ministros, qual lei ele infringiu?
Diga você? Você é tão esperto, nem a Interpol acatou o pedido do Alexandre de Morais por ser infundadas e inexistente. Mas garanto que você sabe!
E o que mais tem é ameaça de deputados!
O povo brasileiro trabalha 5 meses por ano e acorda geralmente as 5-4h da manhã pra pagar os funcionários públicos e esse Estado gigante e ineficiente, óbvio que não terá tempo pra valorizar nada, até porque o mesmo Estado não o garante segurança, saúde e nem educação. Os pracinhas merecem sim respeito, não essas instituições atuais que gastam 90% do orçamento com salário.
normalmente só falam de militares, bombeiros e policiais p/ criticarem
Você não acha que quem usa o dinheiro público para comprar salmão, picanha, viagra e prótese peniana ao invés de se preocupar em comprar MBTs e navios de superfície modernos e em boa quantidade merece críticas?
Ah, vai ver se eu tô na esquina, meu camarada. Os brasileiros que lutaram na Itália contra a tirania merecem todo o nosso respeito, mas esse pessoal que usa farda hoje em dia não passa de um bando de bundas-moles que querem viver como marajás as custas do erário.
Heróis nacionais! Parabéns a todos os combatentes brasileiros que lutaram pelos aliados.
Discordo do Luciano. Até a netas dos pracinhas recebem pensão pela campanha da Italia. O brasil reconheceu até demais o esforço desses valentes soldados. Não é uma critica a eles, lutaram uma guerra mundial contra a organização mais sórdida que o mundo ja viu – a Alemanha Nazista, não precisam provar nada pra ninguém.
Não tão sórdida quanto a URSS stalinista, mas está certo quanto ao resto.
Opa!
Mentiiiiiiira
As netas, não.
Uma curiosidade sobre nossa participação na II GM. Me foi contada por um ex-combatente, há muitos anos.
Os brasileiros estavam entrincheirados em frente a outra trincheira, esta com alemães. Entre eles havia um córrego. Nos poucos dias em que estiveram nesta situação, em determinada hora havia uma trégua, para que os dois lados pudessem se reabastecer de água.
Inimigos mas nem tanto.
Que pena que uma força com tanta história hoje seja vista fazendo compras duvidosas, e usando armamento obsoleto. Precisa de.um choque de gestão
Não sabiam que era possível, foram lá e fizeram… Isso resume a FEB e a aviação do Exército, que tantos feitos extraordinários fizeram.
Que ORGULHO dos nossos heróis soldados da FEB! Esse relato é magnifíco!. A COBRA FUMOU. Foram lá e lutaram contra o NAZISMO, e fizeram bonito. BRAVO ZULÚ! Pena que hoje os nazistas estão de volta em muitos países, inclusive no Brasil. Esperamos extirpá-los do governo nas próximas eleições. Precisamos recuperar a bela imagem do nosso EB, tanto afetada pelas recentes notícias de milhões dos cofres públicos gastos com picanha, cerveja Heineken, leite condensado, viagra e lubrificante íntimo,,,QUE VERGONHA!!! Haveremos de fazer retornar um governo popular, verdadeiramente patriota, que em sua história fez mais pelas forças armadas que todos os outros… Read more »
Uma dos combates mais complicados que a FEB teve!
Aquela batalha que salvo engano morreram 417 brasileiros para matar 47 alemães, isso em uma divisão aglutinada por cacos de tudo o que não servia mais para o exercito alemão.
Tudo no Brasil e piada de mal gosto e ou sem graca