A carreira do sargento: um breve comentário da jornada na graduação de sargento do Exército Brasileiro
Por 2º Sgt Bruno Mesquita dos Santos e Sub Ten Hildemar das Graças Teixeira
Ao ingressar no 1º ano do Curso de Formação e Graduação de Sargentos (CFGS) para um período inicial de 44 semanas, o então aluno, repleto de expectativas a respeito dos desafios que o aguardam, inicia sua jornada tendo suas primeiras experiências na vida “verde-oliva”. São nos estabelecimentos de ensino de corpo de tropa, isto é, em uma das 13 unidades escolares tecnológicas do Exército (UETE), que os instruendos serão preparados na dimensão do Ensino Básico Militar, fazendo a transição da vida civil para a vida da caserna.
Por sua vez, o segundo ano do CFGS se dará igualmente em 44 semanas; no entanto, seus destinos poderão ser a Escola de Sargento das Armas (ESA-MG) para a qualificação combatente; a Escola de Sargentos de Logística (EsSLOG-RJ) para a qualificação voltada à administração militar, à manutenção bélica de veículos, armamentos e equipamentos e à manutenção de equipamentos de comunicações e eletrônica, topografia, música e saúde; e, por fim, o Centro de Instrução de Aviação do Exército (CIAVEx-SP), responsável pela qualificação de pessoal de apoio à Aviação do Exército1.
Passados os períodos de formação (básico e qualificação), o terceiro-sargento, já formado, atua e se desenvolve em diferentes organizações militares do Exército de Caxias2. Nessa lida, esse graduado, em processo de maturação na carreira, vivencia suas novas e próprias experiências, à medida que cumpre suas missões como chefe de pequena fração, ocasião em que amplia e fortalece suas capacidades profissionais.
Nos serviços de escala, principalmente no de comandante da guarda, põe em prática as lições aprendidas e as ministra aos seus subordinados. Esse sargento, que se forja no dia a dia da caserna, visando à aptidão a que se propõe sua carreira, busca especializar-se em diversos cursos promovidos pela Força Terrestre, tendo como meta construir um currículo técnico-profissional que o habilite a postular novas experiências profissionais, dentro e fora do Exército Brasileiro.
Vislumbrando seu avanço na carreira, o sargento se valerá da “promoção”, meio pelo qual o militar progride na graduação, conforme estabelece o Regulamento de Promoções de Graduados do Exército Brasileiro (R-196). Serão observados os critérios de merecimento e/ou antiguidade, permitindo que o sargento seja reconhecido em seus esforços e conquiste a ascensão postulada.3
Cumpridas as exigências e obedecidos os critérios necessários, o terceiro-sargento logra a próxima graduação, tornando-se segundo-sargento. Iniciado um novo ciclo, este graduado, com a sua turma de formação, frequentará o Curso de Aperfeiçoamento de Sargentos (CAS), requisito fundamental para a continuidade da carreira das praças, ou seja, rito essencial para o sargento que almeja permanecer galgando conquistas em sua jornada.
O então segundo-sargento aperfeiçoado encontra-se apto a contribuir, assessorando e auxiliando nas ações da subunidade a qual pertence como furriel, sargenteante e auxiliar do encarregado do material, dentre outras funções. Além disso, seu aperfeiçoamento profissional o coloca em condições de trabalhar nas diferentes áreas administrativas existentes na organização militar.
Em geral, o segundo-sargento aperfeiçoado é designado para missões, em sua maioria, voltadas para o trato administrativo. Todavia, ainda será empregado em ações de natureza operacional na formação de militares e nas instruções dos quadros de graduados, tornando-se o elo e o apoio do comando na tropa, em qualquer ambiente onde for empregado.
Dando sequência à carreira das praças na caserna e cumprido o interstício necessário e previsto na legislação (R-196), o graduado, já aperfeiçoado, conquista a preciosa graduação de primeiro-sargento.
O “primeirão”, respeitosamente chamado, encontra-se em um novo patamar na carreira das praças. Nesse grau de maturidade alçado na carreira, o virtuoso primeiro-sargento é capaz de desempenhar relevantes funções de assessoramento direto aos oficiais a que estiver subordinado.
Na escala de serviço diário, de acordo com o Regulamento Interno e dos Serviços Gerais (RISG), esse importante graduado concorrerá ao serviço de adjunto ao oficial de dia, estando subordinado diretamente ao responsável pela guarnição de serviço e prestando o devido apoio para acompanhar o fiel cumprimento das determinações exaradas para os sargentos de dia, o comandante da guarda e os demais militares, permitindo o bom funcionamento do serviço de guarda ao aquartelamento.
Ainda no âmbito da graduação de primeiro-sargento, o militar poderá ser designado para a “função honorífica de sargento-brigada”, simbolizando o graduado que prima pela excelência do “ser sargento”. Nessa condição, é considerado militar técnico, qualificado e disciplinado que cultua em sua rotina os valores e as tradições da caserna, exercendo papel de exemplo positivo entre os sargentos mais novos e se posiciona como sustentáculo às praças de maior graduação: os subtenentes.
Por fim, após árduos, porém gratos, anos de caminhada, o sargento logra seu último patamar como praça. Ao ser promovido a subtenente, esse militar já testemunhou e enfrentou grandes obstáculos e superou contratempos inimagináveis ao iniciar seus primeiros dias como sargento. Contudo, no fim, tornou-se arrojado, experimentado e sábio, digno de profunda estima e respeito da caserna, que ainda mantém uma rotina de estudos, dando continuidade ao autoaperfeiçoamento técnico-profissional.
Esse mesmo graduado pode ainda tornar-se adjunto de comando, ao ser indicado para tal função, cargo de nobilíssima honra em apoio direto ao comandante da unidade militar que o propôs. Depois de ser aprovado em um criterioso processo de avaliação de mérito, realizado no Gabinete do Comandante do Exército4, poderá, também, ser designado, em reconhecimento pelos relevantes serviços prestados à Força Terrestre, para cumprir distintas missões de auxiliar de adido militar do Brasil em nações estrangeiras amigas5. Por isso, há a necessidade, no âmbito do autoaperfeiçoamento, da habilitação em um ou mais idiomas.
A jornada da carreira do sargento é um caminho repleto de desafios e de excelentes oportunidades. Em todas as graduações, a instituição oferece cursos e estágios para seu aprimoramento profissional, permitindo a oportunidade de emprego e aplicação desses conhecimentos, cabendo ao líder de “pequenas frações” saber como aproveitar cada uma delas e elevar suas intenções de acordo com a perspectiva da Força Terrestre, de maneira que, no fim, o experiente graduado sinta em seu âmago o sentimento do dever cumprido e da boa experiência vivenciada na saudosa caserna.
“Combati o bom combate, completei a carreira e guardei a fé.”
- Disponível em:<http://www.23bc.eb.mil.br/index.php?option=com_content&view=article&id=307&catid=66&Itemid=324>. Acesso em 29/02/2021.
- O Decreto nº 51.429, de 13 de março de 1962 instituiu o Marechal Luiz Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias como patrono do Exército Brasileiro e seu nome está histórica, cultural e intrinsecamente associado à Força Terrestre.
- Artigo 4º do Decreto nº 4.853 de 06 de outubro de 2003.
- O Estado Maior do Exército editou a Portaria Nº 142 – EME, de 10 de maio de 2016, que aprovou a Diretriz de Implantação do cargo de Adjunto de Comando.
- A Portaria do Comandante do Exército nº 577 de 8 de outubro de 2003 aprovou as diretrizes para as missões no exterior.
DIVULGAÇÃO: Agência Verde-Oliva/CCOMSEx
Tá.
Tá de sacanagem, só se for essa psyops do EB. Enquanto os Oficiais vivem vidas típicas da nobreza, a praça fica carregando o piano
Texto bem didático, dirigido particularmente para aqueles que desconhecem como é a formação do Sgt de carreira do EB.
Muito bem escrito pelo S Ten e 2°Sgt, que efetivamente tem conhecimento de causa na questão.
Cabe a informação que a quantidade de candidado/vaga, no Concurso de Admissão, chega normalmente próximo a 100/1, o que naturalmente seleciona muito bem no aspecto cognitivo.
Com a nova Escola, que será no Nordeste, tudo leva a crer que haverá um grande aprimoramento na formação dos militares.
Bom texto.
O EB segue rumo ao modelo do US ARMY, com carreiras paralelas: entrada pela AMAN, para quem seguir a carreira de Oficial ou pela nova ESA, que concentrará a formação de todos os Sargentos. O Oficial chegando até Coronel, podendo chegar ao Generalato se permanecer além dos trinta e poucos anos na ativa além de possuir uma carreira com boas colocações nos Cursos. O praça indo até a graduação de Subtenente, quando então já estará nos últimos anos de serviço. O praça não irá mais para a reserva como Oficial, pois afinal optou pela carreira de Sargento lá no início, sendo formado para seguir a carreira de praça e tendo uma carreira inteira de experiência.
“O praça não irá mais para a reserva como Oficial, pois afinal optou pela carreira de Sargento lá no início, sendo formado para seguir a carreira de praça e tendo uma carreira inteira de experiência.”
Desde quando isso? Porque eu tenho um parente que entrou na ESA e permaneceu na ativa como capitão, conseguindo através de cursos superiores(direito entre outros), cursos internos e provas realizadas.
Se algo mudou com relação a isso, sinto em dizer que não foi uma escolha acertada. Um praça que eventualmente se tornar mais capaz até mesmo do que militares de patente superior irá “engessar” o desenvolvimento do próprio militar, consequentemente da própria organização militar. Um 3º sargento sabendo disso, não irá procurar se especializar em algo para aprimorar habilidades de modo a ascender hierarquicamente, isso é prejudicial para o próprio militar e para as forças armadas.
Não falo isso como uma opinião, mas como um fato. Talvez, o maior exemplo seja a Segunda Guerra Mundial em que vários militares subiram na hierarquia que até então era dado como impossível, isso por conta de suas habilidades demonstradas na guerra, eu poderia dar inúmeros exemplos dos principais exércitos daquela guerra.
Novamente, se realmente algo mudou nesse sentido, só lamento pela mudança. Uma lástima.
Não mudou.
Diminuiu a porcentagem de Subtenentes que ingressarão no oficialato.
Isso tem haver com o aumento proporcional dos temporários ou foi por algum outro motivo?
É uma patifaria atrás da outra, lamentável!!! O Brasil precisa se ”desamericanizar” e colocar mais brasilidade em muita coisa.
O texto é lindo e enaltece a nobre missão do sargento, mas no fim das contas o subtenente, com 35 anos de serviço/experiência, ainda continuará prestando continência ao cadete de 1° ano.
E ta errado ? Voce presta continencia pro posto, nao pra pessoa.
E qual seria o problema disso, dentro da hierarquia e disciplina? Cada um tem o seu papel muito bem definido. É a regra desde Caxias…
Um cadete do primeiro ano tem, ao menos, 2 anos de tempo de serviço militar; pior e um aspirante de CPOR/NPOR pagando missão pro Sub; um militar com “incríveis” 10 meses de serviço em regime de meio expede; um tempo de serviço literalmente menor que soldado EV.
Isso não é algo elementar na hierarquia militar em qualquer época e país do mundo?
Por essa revolta?
Sigamos em paz, sem esqurtdysno que tenta destruir nossa pátria.
Sinto falta desse tipo de texto na trilogia.
Alguém pode acompanhar aqui 10 anos e não saber nada sobre a vida militar.
Como e onde ingressar, hierarquia, etc.
Sem saber o que é um batalhão, uma divisão.
Como uma força militar atua.
Por exemplo, como se ataca?
Como se defende?
Primeiro dá tiros de artilharia (como se sabe a posição do inimigo e como fazer pontaria?), depois manda tanques e depois blindados com tropas?
10 anos como 3ºSgt é muita sacanagem!
O cara tem que ser uma pessoa muito alucinada pra acreditar no Exército Brasileiro e na carreira do praça.
O mal da geração de hoje é que todos querem ser chefes. Ninguém mais quer se subordinar a ninguém. Quem sabe um Exército onde todos sejam coronéis e generais atenda ao egoísmo desse povo. Cumprir a missão, já é outra história…
A base do EB esta na formação dos bons sargentos , falo isso como experiência , pois passei 10 anos nessa instituição , e quem sempre dava aquele bizú maroto para o soldado , e as melhores instruções para os recrutas sempre era o safo do sargento , segundo tenente no geral não tá nem ai pra formação da tropa , só se preocupa com o comando .
“São os sargentos que ganham as guerras”.