OTAN diz que a China apresenta desafios “sistêmicos”
O “comportamento assertivo” de Pequim está desafiando a “ordem internacional baseada em regras”, afirma a aliança de segurança transatlântica
A OTAN se moveu para enfrentar as ambições militares da China pela primeira vez, emitindo um comunicado que dizia que Pequim apresenta “desafios sistêmicos” para a aliança de segurança transatlântica.
O comunicado se seguiu a uma cúpula de líderes da Otan em Bruxelas na segunda-feira (14) e marcou uma vitória diplomática do presidente dos EUA, Joe Biden, que instou a forte aliança de 30 membros a enfrentar o crescente poderio militar, político e econômico da China.
A linguagem agora definirá o caminho para a política de aliança e chega um dia depois que o Grupo dos Sete das nações ricas emitiu uma declaração sobre supostos abusos aos direitos humanos na China e Hong Kong, que Pequim diz que caluniou sua reputação.
“As ambições declaradas e o comportamento assertivo da China apresentam desafios sistêmicos à ordem internacional baseada em regras e às áreas relevantes para a segurança de alianças”, disse o comunicado de 79 pontos da OTAN.
Acusou Pequim de “expandir rapidamente seu arsenal nuclear” e ser “opaca na implementação de sua modernização militar”, além de destacar a cooperação militar da China com a Rússia em exercícios na região euro-atlântica como uma preocupação.
“Pedimos à China que cumpra seus compromissos internacionais e atue com responsabilidade no sistema internacional, inclusive nos domínios espacial, cibernético e marítimo, de acordo com seu papel de grande potência”, afirma o comunicado.
Dirigindo-se aos repórteres após a cúpula, o Secretário-Geral da OTAN, Jens Stoltenberg, disse que havia uma “forte convergência de pontos de vista entre os aliados” em relação aos desafios colocados pelo comportamento de Pequim.
“Os líderes concordaram que precisamos enfrentar esses desafios como uma aliança e que precisamos nos envolver com a China para defender nossos interesses de segurança”, disse ele.
Biden disse que o pacto de defesa mútua da aliança é uma “obrigação sagrada” para os EUA – uma mudança marcante no tom de seu antecessor Donald Trump, que ameaçou se retirar da aliança e acusou os europeus de contribuir muito pouco para sua própria defesa.
“Quero que toda a Europa saiba que os Estados Unidos estão presentes”, disse Biden. “A OTAN é extremamente importante para nós.”
Equilibrando a ameaça
A chanceler alemã, Angela Merkel, em sua última cúpula da aliança antes de deixar o cargo em setembro, descreveu a chegada de Biden como a abertura de um novo capítulo. Ela também disse que é importante lidar com a China como uma ameaça potencial, mantendo-a em perspectiva.
“Se você olhar para as ameaças cibernéticas e as ameaças híbridas, se olhar para a cooperação entre a Rússia e a China, não pode simplesmente ignorar a China”, disse Merkel a repórteres. “Mas também não se deve superestimá-lo – precisamos encontrar o equilíbrio certo.”
Biden disse que a Rússia e a China não estão agindo “de uma forma consistente com o que esperávamos”.
O analista político sênior da Al Jazeera, Marwan Bishara, disse que os comentários feitos por Stoltenberg e outros em Bruxelas não devem ser considerados “levianamente”.
“Há uma nova Guerra Fria sendo fabricada. E essa nova Guerra Fria terá ramificações enormes para a segurança internacional”, disse Bishara à Al Jazeera de Paris, França.
“O que temos visto nos últimos dias e hoje … são os EUA insistindo em manter a primazia americana em todo o mundo e rejeitando qualquer tipo de bipolaridade com a China.”
Em outros desenvolvimentos, o comunicado da OTAN disse que a aliança se adaptaria aos desafios de segurança relacionados ao clima, exortou a Rússia a abandonar sua designação de dois aliados – os Estados Unidos e a República Tcheca – como “países hostis” e exortou o Irã a parar as atividades de todos os mísseis balísticos.
A aliança também disse que estava comprometida em fornecer financiamento de transição para o aeroporto Hamid Karzai em Cabul, Afeganistão, após a retirada liderada pelos EUA das tropas aliadas do país.
FONTE: Al Jazeera
NOTA DA REDAÇÃO: Os aliados da OTAN estão cientes de seus vínculos econômicos com a China. O comércio total da Alemanha com a China em 2020 foi de mais de 212 bilhões de euros (US$ 257 bilhões), de acordo com dados do governo alemão. O total de títulos do Tesouro dos EUA com a China em março de 2021 era de US$ 1,1 trilhão, de acordo com dados dos EUA, e o comércio total dos EUA com a China em 2020 foi de US$ 559 bilhões.
Não sei onde fica, mas, ficou bonito.
Parece aquelas imagens de filme de James Bond.
Bruxelas, Bélgica,
E 83 anos depois, quem diria, os alemães são os moderados.
Toda a iniciativa da nova rota da seda fica bloqueada se simplesmente existirem barreiras alfandegaria que impedem a realização de comércio entre Europa e China.
Neste sentido viríamos uma China muito mais voltada pro mercado interno e logicamente em busca de mercados periféricos de menor relevância. Contudo a estratégia pode se mostrar um tiro no pé, se o crescimento econômico e desenvolvimento tecnológico for mantido a longo prazo, quem vai colapsar como a URSS são os EUA.
É justamente a própria Europa Ocidental, e não a China que apresenta desafios “sistêmicos” para a própria OTAN.
O europeu de hoje, que se acha sofisticadissimo ao ponto de praticamente deixar de ter filhos, e considera a religião e valores cristãos como vestígios da idade média, e assim ocasionou um colapso demográfico nunca antes visto. Enquanto a população tradicionalmente européia envelhece rapidamente, milhões de imigrantes da Turquia, Líbia, África Do Norte e etc, estão simplesmente substituindo os europeus, com taxas vitalícias na média de 5 filhos por família islâmica.
Enquanto isso o europeu, que acaba de se declarar do sexo oposto toma seu Starbucks, brincando com seu iPhone.
Aí está a verdadeira crise sistêmica da Europa.
Assino embaixo João Moita Jr.
Falou a verdade.
Tenho medo do comunismo!
Ordem internacional baseada em regras… Interessante. O que falar então dos EUA embargando paises por contra própria quando nem mesmo a ONU o faz? Vide Venezuela, Irã, Cuba…Ou apreender navios em águas internacionais… A Lista é grande…
A questão é que a liderança chinesa é motivada pelos europeus e demais países os subestimarem.
Igual pão, quanto mais bate mais cresce.
Não sou a favor dos Chineses nem de sua forma de governo, mas o que a OTAN esta fazendo é um tiro no pé.
Estão forjando uma aliança perigosa no mundo entre China e Rússia que vai ser difícil “os aliados” conseguirem conter mais a frente.