A guerra do futuro e a contenção do ‘dragão’
Ten Cel C Daniel Mendes Aguiar Santos
Analisando o cenário mundial no horizonte 2030-40, as agências dos EUA e do Reino Unido evidenciam quatro macrotendências (MT).
A MT tecnológica, que indica a expansão da Quarta Revolução Industrial, integrando tecnologias/serviços globais e diminuindo as diferenças culturais.
A MT populacional, que estima que, até 2030, a população mundial atingirá oito bilhões de pessoas, alavancada pela Índia e China.
Como consequência, a terceira MT é a ambiental, que prevê a escassez de água e alimentos, além de indicar que a China aumentará a sua demanda energética em 40%, tornando-se o maior consumidor mundial de petróleo, enquanto a Índia demandará aço e carvão em larga escala.
Fruto disso, a quarta MT é a econômica, que aponta a internacionalização definitiva dos mercados e o deslocamento do centro econômico mundial para o Oriente, com ênfase na região do Indo-Pacífico.
Observando a China, até os anos 1970, o “dragão” priorizava uma estratégia de defesa voltada para a sua massa continental. Contudo, a partir de 1978, com a política desenvolvimentista de Deng Xiaoping, as áreas litorâneas foram priorizadas e se tornaram hubs comerciais cruciais para a ascensão chinesa.
Como resultado, a estratégia de defesa chinesa se voltou para o mar, avançando para uma Offshore Defense, que inclui a construção de ilhas artificiais. Desde então, Pequim tem promovido uma simbiose entre um regime comunista e um sistema econômico de contorno capitalista e, assim, persegue o “sonho chinês” de liderar o Oriente e ampliar a sua influência mundial.
Para isso, o “dragão” anula o ideário democrático e adota a abordagem da “Guerra Irrestrita”, uma espécie de versão oriental do pensamento maquiavélico de que “os fins justificam os meios”.
Tal abordagem é materializada pela “Guerra dos 3 Métodos”, conceito que enfatiza ações não militares, integrando a judicialização nas arenas internacionais, a modelagem da opinião pública e a pressão psicológica.
Desta forma, a China tem atuado, tanto na sua esfera de influência direta, caso das disputas geopolíticas com Taiwan e Hong Kong, quanto no seu entorno estratégico. No Leste Asiático, tem ativado disputas político-territoriais com a Indonésia, a Coreia do Sul e o Japão.
Na Ásia Meridional, tem deflagrado escaramuças territoriais com a Índia e o Nepal. Em particular, o Paquistão cedeu à pressão da China e acolheu a construção de uma rodovia para o acesso chinês ao Índico e o desenvolvimento da chamada nova “Rota da Seda”.
Atento a esta realidade, em 2017, o ex-Presidente dos EUA, Donald Trump, assinou a nova Estratégia de Segurança dos EUA, que passou a comunicar, em primeiro plano, a China, a Rússia, o Irã e a Coreia do Norte como ameaças potenciais aos EUA e seus aliados.
Desde então, o principal enfoque estratégico americano deixou de ser o Oriente Médio e passou a ser o Indo-Pacífico. Avançando, Washington abandonou a estratégia de “soma-zero”, que adotava com a China, e passou a construir uma estratégia para “decapitar o dragão”.
Atualmente, a competição China versus EUA vem recrudescendo em todos os campos do poder, ilustrada, na esfera econômica e tecnológica, pela questão do 5G e consequente disputa pelo controle da dimensão informacional.
Em um horizonte próximo, tal competição pode transbordar para o campo militar, fazendo que a “guerra do futuro” seja travada pelo domínio da região do Indo-Pacífico. Neste sentido, ambos os lados estão atentos ao “camaleão”, face mutável da guerra, como indicava Clausewitz, e já atualizam as suas estratégias militares para dar conta desta hipótese.
A China adota uma estratégia de expansão, no âmbito regional, e defensiva com relação aos EUA. O objetivo é negar o acesso ao Mar da China Oriental e Meridional às forças dos EUA e, assim, controlar a porção ocidental do Pacífico. Para isso, o método chinês se baseia no conceito de anti-access/area denial (A2/AD).
Tal conceito é materializado por duas linhas imaginárias formadas por cadeias de ilhas (ver mapa). A linha mais próxima do continente estende-se ao longo do litoral da Malásia, de Taiwan e de porções insulares do Sul do Japão, delimitando a área a ser negada. A linha mais afastada do continente projeta-se ao longo do litoral da Indonésia, de Guam e da porção central do Japão, delimitando a área de antiacesso.
Nesse esforço, o “dragão” concentra seus meios em três camadas. No continente, desdobra os componentes terrestre e aéreo, além dos principais comandos estratégicos – o de mísseis balísticos/nucleares e o espacial.
Entre o continente e a linha de ilhas mais próxima, opera um componente naval, centrado em submarinos convencionais e mísseis balísticos de curto alcance, apoiado por uma esquadra centrada em porta-aviões.
Entre a linha mais próxima e a mais afastada, desdobra um componente naval, centrado em submarinos nucleares e mísseis balísticos de longo alcance, apoiado por uma esquadra composta por fragatas de última geração.
Por seu turno, os EUA adotam uma estratégia preemptiva, com o objetivo de impedir que a China expanda o seu domínio no Pacífico Ocidental, enfatizando que as águas internacionais do Mar da China Oriental e Meridional são Global Commons e não dependem de consentimento chinês para o seu uso.
Para isso, o método americano se baseia no conceito de Joint Access Maneuver for Global Commons (JAM-GC). Tal conceito adota duas linhas imaginárias, parecidas com as chinesas (ver mapa). A diferença reside na presença de bases militares americanas que facilitam a projeção para o acesso de área. Na linha mais afastada do continente, os EUA contam com as bases em Guam e no Japão. Já na linha mais próxima ao continente, contam com as bases na Coreia do Sul e em Okinawa.
Nesse esforço, os meios americanos, centrados no Comando Indo-Pacífico, têm o potencial de se expandir em combinação com forças aliadas do Leste Asiático. Em particular, os EUA consideram que a China terá a capacidade de contestar as suas forças em todos os domínios (marítimo, aéreo, terrestre, cibernético, espacial e humano), demandando a condução de Multi-Domain Operations (MDO), sob a égide de um esforço combinado e conjunto para viabilizar a manobra de acesso de área.
À guisa de conclusão, estima-se o acirramento das disputas geopolíticas no Leste Asiático, com ênfase nas porções insulares do Pacífico Ocidental. Ainda, vislumbra-se a polarização das relações internacionais na região, instigando o realinhamento de alianças militares e uma corrida armamentista.
Finalmente, infere-se que o mundo poderá ser abarcado por uma nova “Guerra Fria”, agora entre China e EUA e, ainda, possa voltar a se assombrado por um conflito armado de alcance mundial.
Mapa – Perspectivas geoestratégicas dos EUA e da China
Fonte: Defense News. Asia Pacific. Powers Jockey for Pacific Island Chain Influence. By Christopher P. Cavas. February 1, 2016. Disponível em: https://www.defensenews.com/global/asia-pacific/2016/02/01/ powers-jockey-for-pacific-island-chain-influence/
DIVULGAÇÃO: Agência Verde-Oliva/CCOMSEx
A China é o adversário que a URSS jamais conseguiu ser, ganhou momentum e agora dificilmente poderá ser contida. É bem possível que os americanos quebrem tentando acompanhar os chineses da mesma maneira que os soviéticos quebraram tentando acompanhar os americanos. A deterrência nuclear de ambos prevenirá uma guerra em larga escala, a não ser que o cenário de escassez de recursos piore muito.
Há uma guerra mundial em curso…O lado que vai sofrer mais?…O dos ingênuos…!!!…
O que aconteceu na URSS é mais complexo do que uma mera corrida armamentista. De fato, a URSS gastava 25% de seu PIB com as forças armadas (o que era um absurdo), mas o que derrubou a economia da URSS mesmo foi o preço do petróleo. A principal fonte de recursos soviético era a exportação de petróleo e gas e entre 1982 e 1986 o preço do barril caiu de US$40 para US$ 10 e ficou neste patamar o resto da década. O preço do barril só voltou para o patamar do começo da década de 80 (barril a US$ 40) após a segunda invasão do Iraque em 2003.
E a situação não se alterou muito.
A economia continua muito dependente da exportação dos recursos naturais.
Diferente da China e dos EUA em que a economia sustenta as Forças Armadas e não o contrário.
Essa porcentagem de 25% do PIB para a defesa soviética era uma estimativa exagerada de uma agência de inteligência americana, acho que da CIA(ou DIA) diga-se de passagem, e essa porcentagem não se mostrou verídica quando o Gorbachev declarou os gastos com as forças armadas no ano de 1989, se me recordo bem. A porcentagem no final dos anos 80 eram de 9%, embora a Glasnot não mostrasse o quanto realmente foi gasto nos anos 60 e 70, auge dos investimentos militares soviéticos.
E não, não foi o barril de petróleo que derrubou a URSS. A Rússia após a queda do petróleo na década passada depois do petróleo alcançar o patamar acima de US$100 não caiu e nem mesmo países árabes que tem como principal fonte de renda, o petróleo. Para destacar, os sauditas estão gastando uma porcentagem de 10% do PIB com as forças armadas e nem por isso caíram, mesmo o barril do petróleo com preço baixo. Essa tese é totalmente furada.
A matéria que conta os gastos com defesa na URSS: https://www.nytimes.com/1989/05/31/world/soviet-military-budget-128-billion-bombshell.html
“Não vem cá buscar nosso bem, vêm cá buscar nossos bens”
Pe. Antônio Vieira, em 1640, Salvador.
No sermão que pregou em Salvador, em 1640, na posse do Marques de Montalvão como vice-rei do Brasil (Sermão da Visitação de Nossa Senhora), o padre Antônio Vieira usou destas palavras fortes, e que ainda continuam extremamente atuais para os dias de hoje, mesmo tendo passado mais de três séculos e meio.
Vieira atacou os governantes enviados pelo rei de Portugal e os comparou às nuvens que se formam sobre a Bahia mas vão chover em lugares distantes: “Pois, nuvem ingrata, nuvem injusta, se na Bahia tomaste essa água, se na Bahia te encheste, porque não choves também na Bahia?”. É como se o jesuíta baiano tivesse adivinhado a ação do imperialismo e de governos servis a ele; é como se tivesse pensado (e de fato pensou e, em 1665, escreveu uma história do futuro) no que aconteceria tanto tempo depois.
As potências hegemônicas disputam entre si pelo o domínio e a influência sobre as nações mais fracas, onde cada uma se usa de narrativas contra a outra pra mascarar seus reais intentos por trás. Mas ainda tem gente que acha que potências estrangeiras querem que o Brasil prospere, que tenha empresas e indústrias competitivas pra concorrerem com as deles.
Interesse estadunidense ou russo/chinês? Nós temos mesmo que escolher a quem “obedecer”? Porque não se unem pelo interesse brasileiro?…
Era o rei de Portugal, não sei se era um rei Português.
E não tenho bem a certeza se não era contra Espanha ou contra o imperialismo.
Não temos, mas para responder a sua pergunta, porque temos sido governados por traidores e vendilhões da Pátria desde a redemocratização.
Encontro do G-7.
Biden: Uhu pessoal! Vamos lá! Está na hora de conter a China! Vamos entrar com um ‘migué’ falando sobre democracia, Xinjiang e etc.
Resto do pessoal do G-7: Pode ser, mas deixa para lá. Depois a gente vê isso. Na próxima reunião. Quem sabe?
Biden, deu um fora em um discurso rápido, trocando por várias vezes a Síria por Líbia, ao falar sobre a conversa que terá com Putin. Dizem que foi hilário. Eles não sabem nada de geografia, isso não muda na mente deles. Caso visite o Brasil, esse deve manter a tradição ao chegar a Brasília e dizer que adora Buenos Aires.
Acho que agora é meio tarde para conter a China, não?
Os dois lados fazem o que têm a fazer, um tenta conter, outro tenta crescer.
Mas a bola está do lado da China. Resta saber se vai crescer através intervenções militares ou com diplomacia/economia.
A primeira não correu muito bem para a União Soviética.
Ninguém cresce com intervenções militares, nem mesmo os EUA com sua complexa e onipresente indústria militar.
Nada. Ainda tem. Mas se fizer o direcionamento comercial/econômico eficiente, ao contrário do que fazia Trump e do que está fazendo o Biden.
Srs
O artigo parece defasado no tempo e limitado ao extremo oriente, ignorando:
1 – O evento Covid19 e suas consequências;
É certo que a pandemia do Covid19 é recente (está em curso), mas já tem mais de ano e é notório que a China está a se sair muito melhor que o resto do mundo, particularmente da Europa e dos EUA, tanto economicamente como do ponto de vista sociológico. Até agora não está claro quais serão as reações dos outros países quanto a dependência que tem hoje da China quanto a indústria, as consequências da forma como os chineses atuaram no início da pandemia e as dúvidas quanto a origem do vírus. Por enquanto, o que temos é que a China se saiu muito bem quanto a economia.
2 – O plano chinês popularmente denominado Nova Rota da Seda;
A Nova Rota da Seda é claramente uma abordagem de muito maior alcance do que o entorno da China, apesar de incluir um ramo que envolve o Mar do Sul da China. Além de se estender pela Ásia Central até a Europa, envolve a maioria dos países do sudeste asiático e a África Oriental. E não se trata apenas de acordos de cooperação e comércio, mas envolve a criação de toda uma infraestrutura, que atende a interesses chineses, e do estabelecimento de fortes laços econômicos via empréstimos para a implantação dela. É uma ação que permite criar uma forte dependência dos países que receberem tais empréstimos/investimentos, dependência que, conforme avança, se desdobra em apoio/subordinação política (isto já acontecia na África antes do lançamento de tal plan). É curioso que o autor não se preocupou com tal iniciativa, apesar dela ser a uma esfera muito maior que a região do Mar da China expondo intenções bem mais amplas que a disputa por ele.
3 – A declaração do líder chinês Xi Jimping em congresso do PCC em que expõe o objetivo da China em ser hegemônica no mundo (nos aspectos econômico, militar e cultural) até 2049 (centésimo aniversário da tomada de poder na China Continental).
Este é o ponto mais estranho pois o autor pouco se preocupou com os aspectos geopolíticos contidos nesta declaração.
Ora, tal objetivo se estende a muito mais que o Mar da China e, no que tange ao Brasil, é o aspecto de maior impacto nas próximas décadas.
Muito bem que a análise está voltada para um possível embate entre o Tio Sam e o Dragão, porém tal embate, conforme os objetivos chineses e suas ações, não se restringe ao Mar da China, mas sim envolve todo o planeta.
Ou seja, ou é um primeiro capítulo de uma análise mais ampla ou o autor está a viver/pensar pelo menos uma década atrás.
Sds
3 – A declaração do líder chinês Xi Jimping em congresso do PCC em que expõe o objetivo da China em ser hegemônica no mundo (nos aspectos econômico, militar e cultural) até 2049 (centésimo aniversário da tomada de poder na China Continental).
Indique fontes, isso foi dito explicitamente ou você leu a interpretação/ análise americana sobre o assunto?
Foi dito sim. Acho que no Congresso do PCC de 2017, onde o “presidente” Xi consolidou seu poder assim como declarou o panorama para a direção estratégica do país até o ano de 2050, ano em que ele acredita que a China deva ser a potência hegemônica do mundo.
Só para focar em apenas um ponto que ele disse, a internacionalização do yuan chinês, a moeda oficial da China. Ele acredita que a China pode superar o dólar como a principal moeda do mundo, algo que hoje ainda se encontra em caminhos bem curtos e possivelmente inúteis, o Ulrich fez um vídeo bem legal mostrando claramente como o yuan ainda é uma moeda sem confiança no mercado global, ao contrário do que o Kings divulga aqui no blog. Embora houvesse avanços na priorização de tornar o yuan uma moeda globalmente aceita, a verdade é que falta muito para que isso se concretize, e eu acredito sinceramente que até 2050, o dólar ou uma outra moeda fiat(desconsiderando outras moedas como criptomoedas) ainda seja a principal moeda do mundo.
China não tem interesse em ser moeda dominante,teria que liberalizar sua economia ao extremo.Coisa que eles não vão fazer,Jack Mam tentou uma jogada ousada mas logo tomou um strike do PCC.
Não é nem uma questão de liberalizar, mas sim da segurança jurídica que o país tem, Xi Jinping provou que na China ainda não há essa segurança e pelo que eu acompanho nem vai. O PCC nunca deixaria de ter controle sobre isso.
Mas interesse eles tem sim.
Matheus, ainda insisto na fonte, digo isso porque lembro de ler algo a respeito na época e procurando o discurso o que eu encontrei de citação com a palavra hegemonia foi:
Pesquisei em:
https://operamundi.uol.com.br/politica-e-economia/48290/leia-integra-do-discurso-de-xi-jinping-na-abertura-do-19-congresso-do-partido-comunista-da-china.
As vezes nós lemos as análises e achamos que estamos lendo o original, por isso estou pedindo a fonte.
Em relação a meta hegemônica em si, não me parece muito realizável, beira ao devaneio. pouco provável que tenha saída da boca de uma pessoa séria…
Olá matheus, meu comentário ficou retido, mas eu gostaria muito de uma fonte com este tal discurso, pelo que pesquisei fui justamente o oposto.
Você não vai ver exatamente com essas palavras, mas dependendo da interpretação que você tiver sobre o texto, ele realmente quis dizer isso.
Aqui vai a íntegra em português: http://www.cebri.org/portal/noticias/leia-integra-do-discurso-de-xi-jinping-na-abertura-do-19-congresso-do-partido-comunista-da-china
A próxima é o discurso dele completo em inglês.
Em inglês o discurso completo: http://www.xinhuanet.com/english/download/Xi_Jinping's_report_at_19th_CPC_National_Congress.pdf
Leia toda a íntegra do texto. Eu postei um link de um site que mostra a íntegra do discurso dele em português, mas aguarda liberação, mas procurando na internet você acha, pesquisando exatamente assim no google: “Leia íntegra do discurso de Xi Jinping na abertura do 19º congresso” do site Cebri ou do Opera Mundi.
Foi exatamente o que eu fiz matheus, e diz o exato oposto
…”A China adota a política de defesa preventiva. O desenvolvimento chinês não representa uma ameaça a nenhum país. Seja qual for o grau de seu desenvolvimento, a China não buscará a hegemonia nem o expansionismo.”
Nessa parte ele diz isso, mas em outras?
Ele sempre usa o termo cultura voltado pra dentro;
Economia sempre falando em parcerias e desenvolvimento do povo chinês;
A verdade que esse papo de hegemonia cultural economica e militar até 2050 foi uma análise de alguém, não é um objetivo declarado, nem razoável;
Pra mim serve pra alimentar a imagem de bicho papão;
Eu queria saber exatamente de onde partiu essa ideia, ela é amplamente difundida, certamente estou perdendo algo….
Aqui vai então:
“A entrada na nova época do socialismo com características chinesas significa que a nação chinesa, que sofreu por um longo tempo desde a época moderna, se impulsiona no progresso que obteve ao se erguer e enriquecer para dar o grande salto do fortalecimento do país, acolhendo a brilhante perspectiva da concretização da sua grande revitalização; significa que o socialismo científico lustrou a forte vitalidade na China do Século XXI, erguendo no alto a grande bandeira do socialismo com características chinesas perante o mundo; significa que o caminho, a teoria, o sistema e a cultura do socialismo com características chinesas têm-se desenvolvido constantemente, ampliando as vias rumo à modernização para os países em desenvolvimento, fornecendo opções completamente novas aos países e nações que desejam acelerar o seu desenvolvimento e, ao mesmo tempo, manter sua própria independência, e contribuindo com a sabedoria chinesa e o plano chinês para resolver os problemas da humanidade.”
“Temos de estar cientes de que a mudança da contradição principal da nossa sociedade não alterou o nosso julgamento sobre a fase histórica em que se encontra o socialismo do nosso país, não mudou a condição nacional básica de que a China ainda se encontra e se encontrará por longo tempo na fase inicial do socialismo, e mantem-se inalterado o status internacional da China como o maior país em desenvolvimento no mundo. Compreendendo firmemente esta condição nacional básica de que a China se encontra na fase inicial do socialismo, baseando-se solidamente nesta maior realidade e persistindo com firmeza na linha fundamental do Partido – linha vital do Partido e do Estado e linha de bem-estar de todo o povo, todo o Partido deve dirigir e unir o povo de todas as etnias do país, manter a construção econômica como tarefa central, persistir nos “quatro princípios fundamentais” e na reforma e abertura, apoiar-se nos próprios esforços, e trabalhar duro, a fim de lutar para converter a China em um poderoso país socialista modernizado, próspero, democrático, civilizado, harmonioso e belo.”
“O pensamento sobre o socialismo com características chinesas na nova época deixa bem claro o seguinte: a tarefa geral de seguir e desenvolver o socialismo com características chinesas reside na concretização da modernização socialista e da grande revitalização da nação chinesa, e na conversão da China, em dois passos, com base na conclusão da construção integral de uma sociedade moderadamente abastecida, em um poderoso país socialista modernizado, próspero, democrático, civilizado, harmonioso e belo até meados deste século;”
“o objetivo do Partido para o fortalecimento das Forças Armadas na nova época é construir um Exército Popular que obedeça ao comando do Partido, seja capaz de vencer e tenha um bom estilo, bem como transformá-lo em um exército de primeira categoria mundial; a nossa diplomacia de grande país com caraterísticas chinesas deve promover tanto o estabelecimento de um novo modelo das relações internacionais como a formação de uma comunidade de destino comum da humanidade; a característica mais inerente ao socialismo com características chinesas e a maior vantagem do seu sistema residem na liderança do Partido Comunista da China, que é a suprema força dirigente política, e que se deve ressaltar a construção política como importante posição na construção do Partido, conforme a exigência geral formulada para construção do Partido na nova época.”
“Na segunda fase, que começará em 2035 e seguirá até meados deste século, lutaremos alicerçados na concretização básica da modernização, por outros 15 anos, para transformar o nosso país em um poderoso país socialista modernizado próspero, democrático, civilizado, harmonioso e belo. Até lá, o país elevará integralmente o seu nível de civilização material, política, espiritual, social e ecológica, e concretizará a modernização do sistema e da capacidade de governança, se tornando um país avançado no poderio integral e na influência internacional. Todo o povo desfrutará basicamente de uma prosperidade comum e de uma vida mais feliz, segura e saudável, fazendo com que a nação chinesa permaneça firme e mais dinâmica entre as nações do mundo.”
““Quando reina o grande Tao, o mundo pertence a todos”. Com um vasto território de 9,6 milhões de quilômetros quadrados, absorvendo os nutrientes culturais sedimentados durante a luta prolongada da nação e reunindo a força majestosa de 1,3 bilhão de chineses, estamos decididos a seguir o nosso caminho do socialismo com características chinesas e temos um enorme palco, uma base histórica profunda e uma forte vontade para avançar. Que todo o Partido e o povo de todos os grupos étnicos do país se unam estreitamente ao redor do Comitê Central do Partido, mantenham no alto a grande bandeira do socialismo com características chinesas, se entreguem ao trabalho com maior empenho, avancem com o espírito empreendedor, e continuem a lutar para cumprir as três tarefas históricas – impulsionar a modernização, realizar a reunificação da Pátria, e defender a paz mundial promovendo o desenvolvimento comum – e para alcançar o triunfo definitivo de concluir a construção integral de uma sociedade moderadamente abastecida, conquistar a grande vitória do socialismo com características chinesas na nova época, materializar o sonho chinês da grande revitalização da nação chinesa e concretizar a aspiração do povo por uma vida melhor!”
Em algumas situações, época significa era, ou seja, nova era, você encontrará isso dezenas de vezes no discurso dele. Uma palavra também muito repetida é revitalização, ou seja, alcançar o patamar mais elevado dos seus antepassados, todos sabem que a China em alguns momentos chegou a representar 40% da economia global assim como um dos maiores exércitos do mundo, a dinastia Han tinha um exército de mais de 500.000 soldados em dado momento, muito mais do que o exército romano.
Eu concordo com você, ele não disse explicitamente que a China buscaria a hegemonia global, mas ganchos no discurso dele dão a entender exatamente o contrário. Ganchos como nova era, revitalização e sonho chinês são mais do que anúncios visando o cenário nacional, mas o internacional e a busca pelo direito que eles acham que devem exercer sobre o mundo, visto o seu longínquo passado hegemônico.
Tem mais, a reunificação no final do texto é claramente visando Taiwan, o último resquício do que eles interpretam como a última “humilhação” e os EUA que defende Taiwan como a potência agressora.
A interpretação do discurso dele em minha opinião deixa claro que eles buscam a hegemonia, embora não vão dizer isso publicamente, nenhum político iria dizer isso.
Esse discurso acontece de 5 em 5 anos, ano que vem será o outro. Vamos ver como será o do ano que vem.
Matheus,
Opa ok. agora chegamos num consenso.
A questão que existe diferença entre ser a maior e ser hegemônico, eu leio esse texto e vejo claramente que eles querem ser o maior. Hegemonia vem acompanhado de supremacia ou superioridade a nível mundial e isso não é a realidade nem de longe.
O Xings tem ódio doentio dos EUA e geralmente supervaloriza qq coisa que a China faz.
Estou vendo o vídeo do Ulrich . .
Ele tem três vídeos sobre o yuan. O que eu relatei é a comparação entre o dólar e o yuan que ele fez no vídeo “O yuan chinês vai substituir o dólar?”
Mas todos os três são ótimos.
A maioria de vocês tem amor doentio pelos EUA e geralmente supervaloriza qq coisa que os EUA faz. E esse amor doentio gera ódio doentio por tudo que for contrário aos EUA.
Jovem Carcará
Desculpe-me por demorar em responder (estive fora do ar), porém outros comentaristas supriram minha falta, respondendo ao seu questionamento.
Apenas para complementar:
O que me levou a questão foi um comentário no youtube sobre a ação da China sobre a CE, onde conseguiu bloquear uma ação de repúdio sobre sua política de direitos humanos devido a posição de alguns países do bloco que receberam investimentos/empréstimos chineses. No comentário foi citado o discurso de Xi Jinping.
Como sou curioso sobre o tema geopolítica, verifiquei o discurso de Xi Jinping no congresso do PCC (quando ele conseguiu mudar as regras e poder continuar no poder por mais que dois períodos).
É claro que ele não declara diretamente o objetivo de tornar a China hegemônica (isto seria diplomaticamente insensato), mas, dentro dos objetivos para até 2050, expressa o empenho chinês em chegar ao topo, seja econômico, seja militar, seja cultural.
Há também o discurso dele na famosa parada comemorativa das FA`s chinesas (não tenho a referência para o texto, mas há comentários na internet), onde declarou o objetivo de levar a China a ser o maior poder militar do mundo.
Porém, mais que comentários e declarações, que podem ser apenas “comentários e declarações”, há as ações chinesas nos últimos anos, inclusive aqui no Brasil.
Sds
Obrigado control,
Diria mais que insensato, também é inexequível, contudo ser o maior em alguns campos como econômico (mais) e militar (menos) parece provável. Culturalmente o conceito não se aplica, não são hegemônicos nem dentro da china.
Talvez a chave para conter a China esteja em fortalecer as Filipinas, vejam que a segunda linha da China visa justamente isolar as Filipinas, que são um grande produtor agrícola, de cobalto e de níquel.
Mas os EUA não se ligam muito nisso e os próprios filipinos não tem noção do perigo.